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Onça bebe água no Pantanal/Foto biólogo Gustavo Figueiroa/Arquivo Pessoal |
Uma onça ou uma anta do Pantanal tem o direito de beber água de um pequeno reservatório artificial neste tempo de seca e de fogo? O que o leitor e a leitora acham desta questão?
A pergunta foi o ponto principal de uma audiência pública online realizada na segunda-feira, dia 9 de setembro, a partir de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso, pelo Ministério Público.
A audiência foi convocada pelo Ministério Público para debater com o governo do estado, o Ibama e o ICMBIO a proposta do Grupo de Resposta a Animais em Desastre (GRAD), uma ONG, de levar água por meio de caminhões pipa para pontos da rodovia Transpantaneira, na região de Poconé.
Mas o governo do estado não concordou com o projeto!
O representante da Secretaria estadual do Meio Ambiente, Eder Toledo, disse não haver nenhuma necessidade deste suprimento de água nas margens da Transpantaneira e alegou que os animais silvestres vivem de acordo com as estações secas e chuvosas do ano. "O Pantanal tem comportamento próprio", afirmou ele, negando que a situação atual seja extraordinária. Ainda disse que esses pontos artificiais iriam atrair diversos animais e juntos poderiam ser vítimas do fogo.
Os representantes do GRAD apresentaram um levantamento sobre a seca de 2024 e defenderam o imediato fornecimento de água nas regiões das pontes 69 e 75 da Transpantaneira. Melhor, a própria ONG iria providenciar os caminhões pipas e os reservatórios artificiais, sem nenhum custo para o contribuinte.
"Temos de garantir o mínimo para aqueles animais, a água. A questão é urgente diante das mudanças climáticas, da seca e de tudo o que estamos vendo no Pantanal", disse a médica veterinária Vânia Plaza Nunes, vice-presidente do GRAD. "Isso é o mínimo."
O diretor do GRAD, Enderson Barreto, acrescentou: "o que estamos vendo aqui (na audiência) é uma narrativa de poder", afirmou, referindo-se à negativa da Secretaria do Meio Ambiente. O GRAD dependia, na ocasião, de autorização para realizar o projeto.
A representante do IBAMA ficou, na audiência, em cima do muro, disse que há questões legais e burocráticas a considerar em uma intervenção com silvestres. O representante do ICMBIO afirmou que, neste momento, não via necessidade deste fornecimento de água artificial.
Os opositores da ideia do GRAD não apresentaram nenhum estudo para defender a posição. "Preciso de um tempinho para ver um novo relatório", alegou Eder Toledo ao Ministério Público.
A promotora Ana Luiza Ávila Peterlini de Souza, que convocou a audiência pública, disse não compreender a negativa do orgão estadual e comentou: "Acho uma celeuma pequena dentro de um contexto grave de seca e calor." Mas ao encerrar a reunião concedeu alguns dias para a Secretaria apresentar uma posição final.
No entanto, no sábado, dia 14 de setembro, cinco dias depois da audiência, o GRAD anunciou, por meio do Instagram, que conseguiu uma liminar na Justiça para realizar o projeto de fornecer água aos animais silvestres da região da rodovia Transpantaneira!
Ufa! Que alívio para todos que amam a Natureza e a fauna. E rezam todos os dias para que os bichos tenham, pelo menos, água para beber.
Valeu a liminar e a fé. Já declarou Jesus: quem der água a um dos meus pequeninos que tem sede é a mim que está dando água.