Os remédios estão cada vez mais sendo tratados como juiz de futebol, se a melhora do pet não é imediata ele leva a culpa por tudo; e ainda bem que não tem mãe.
Nestes tempos de redes sociais e de Inteligência Artificial, tutores estão ainda mais ansiosos por uma melhora instantânea dos males que sofrem seus cachorrinhos e gatinhos!
Mas há um tempo para tudo nesta vida, e os organismos, que não são máquinas, têm fisiologia complexa, etapas para cada resposta a uma enfermidade e por isso as coisas não são imediatas.
Atualmente, a pressa, inimiga da perfeição, virou também adversária da cura, do restabelecimento da saúde dos pets em muitos casos em que há bons tratamento e medicamentos.
Por dois motivos: o primeiro é que toda recuperação, seja de um vômito, uma verminose ou uma diarreia é lenta, exige a correção de um desequilíbrio eletrolítico, de pH do organismo, e isso obedece à curva de ação do medicamento e ao relógio celular de todos os seres vivos. O segundo motivo é que todo remédio (todos) tem algum efeito colateral. Mesmo a simples Dipirona, comumente usada como analségico.
Há, porém, os casos mais alarmantes no cotidiano da medicina veterinária: aqueles em que o tutor apressado culpa o efeito correto (e esperado) de um medicamento de ser esse efeito o próprio problema.
Um exemplo: o tratamento para os casos de infecção de cães e gatos por vermes intestinais e pelo protozoário Giárdia exige o uso de vermífugos. Seja aqui, seja nos Estados Unidos ou no Japão, as bulas dos vermífugos explicam que os vermes e a Giárdia serão mortos DENTRO DO INTESTINO.
Esses parasitas não saem do paciente se arrastando para morrer fora do corpo.
Fulminados dentro do intestino, vermes e protozoários liberam toxinas que vão provocar curta diarreia ou até vômito. Um mal estar passageiro, e previsto.
Se a expectativa é de cura imediata, sem transtornos, pronto, está formado o caldeirão em que o remédio (vermífugo) será o alvo das queixas.
_ O problema foi esse remédio esquisito, diz a acusação. Meu bichinho não estava tão mal assim.
A bulas no Brasil e as internacionais explicam que a intensidade da diarreia ou do vomito, nestes casos, são diretamente proporcionais ao grau de infeção por vermes ou protozoários.
Mas parece que ninguém tem mais tempo nem para ler a bula!
Nenhum comentário:
Postar um comentário