segunda-feira, 22 de julho de 2024

Srs. pets, tenham uma boa viagem!

   Uma comissão está trabalhando desde o dia 18 deste mês de julho para consolidar em definitivo as novas regras de embarque e transporte de pets, sobretudo cães e gatos, em aviões e em navios no Brasil. O objetivo é dar mais seguranças aos passageiros de quatro patas e, se possível, garantir vaga dentro das cabines e não no porão de carga.

   A comissão foi criada pelo Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e surge três meses depois da morte do cão Joca, um Golden Retriever, que embarcou em avião da Gol para destino errado, ficou exposto ao calor de Fortaleza e ao retornar para São Paulo teve parada cardíaca e morreu. 

   A tragédia com o cão Joca deve ser um marco na história do transporte aéreo de pets no Brasil. Segundo a Anac, mais de oitenta mil pets são transportados em aviões por ano no Brasil, um número considerável, que merece regras claras, unificadas e que ponha a segurança e o bem-estar acima do lucro. 

  "Essa legislação tem que ser feita, até porque as companhias aéreas não podem agir da forma como elas agem, elas fazem o que querem com a gente", disse João Fantazzini, que era tutor do Joca, em entrevista à Agência Brasil, na cerimônia de instalação da comissão.  "A forma como o Joca foi levado, foi fora da realidade, foi muito grave, foi uma crueldade muito grande e isso precisa ser mudado. Elas [as companhias aéreas] têm que seguir uma legislação bem rígida de transporte de animais, até porque eles fazem parte da nossa família", acrescentou Fantazzini.      

    A comissão tem até 18 de agosto para apresentar as novas regras para o setor e devem analisar mais de 3 mil sugestões encaminhadas por representantes da sociedade civil, durante consulta pública. Alguns pontos, como maior presença dos pets na cabine das aeronaves estão em discussão e a obrigatoriedade de cada aeroporto manter um médico veterinário de plantão. 

   A International Air Transport Association (IATA), importante associação do setor, lançou um guia com orientação para passageiros que queiram levar seus cães ou gatos na cabine. Nesta orientação, a IATA reforça que há restrições quanto a idade dos pets, exigências de documentos e que não há uma regra única para todas as companhias aéreas. 

   Eis o desafio que o Brasil pretende enfrentar e até quem sabe assumir certo protagonismo em defesa dos bichinhos e seus tutores. 

   Senhores petssageiros (não é erro de digitação, é pet + passageiros!) apertem o cinto de segurança e tenham uma boa viagem!   

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Abuso dos anti-inflamatórios ameaça a saúde dos pets

  Os anti-inflamatórios estão na moda, principalmente entre os tutores leigos em medicina veterinária, e depois do advento do Dr Google. 

  Os tutores e tutoras de pet estão dando aos bichinhos anti-inflamatório para tudo: contra coceiras, contra dores musculares, contra problemas gástricos (o que só piora), tosse e quaisquer tipo de feridas e inchaços. 

  O problema é que os anti-inflamatórios são medicamentos imunossupressores, ou seja, eles abaixam as defesas do organismo, irritam o estômago e alteram taxas de hormônios! Além disso, têm inúmeros efeitos colaterais! 

  Os glicocorticóides causam hiperglicemia, aumentam consumo de água e produção de xixi, inibem na pele a síntese de material conjuntivo (colágeno, por exemplo) e causam fraqueza muscular. 

  O que facilita o uso dos anti-inflamatórios é o fato de que, ao contrário dos antibióticos, a compra não exige receita. Como em alguns casos, o efeito favorável é imediato, todos ficam felizes. Mas é preciso destacar que inflamação é um processo (sequência inflamatória), deve ser vista como um sintoma, e não como a doenças, a infecções ou o trauma. 

   Um cachorro com infecção pela Tosse dos Canis, bactéria que se fixa na garganta, necessita na verdade de antibiótico específico. Um anti-inflamatório e um antitussígeno estarão amenizando os sintomas e a dor. Sendo que se a tosse tiver secreção, é contra indicado tentar suspendê-la com um antitussígeno.

    Um paciente canino que toma anti-inflamatório com frequência para reduzir a coceira, o que é comum ver nos consultórios, em vez de tratar corretamente o problema dermatológico, corre o risco de apresentar baixa imunidade.

    É clássico na medicina veterinária os efeitos da imunossupressão registrados em um exame de sangue.

    O leucograma do cão exibe alta dos neutrófilos segmentados (células de defesa maduras). A partir do uso de anti-inflamatório esses neutrólifos segmentados ficam "retidos" na circulação sanguínea, e não seguem para os locais de infecção ou trauma.  

    O leucograma exibe ainda queda significativa no número de Eosinófilos (um tipo de célula de defesa mobilizada normalmente contra parasitas intestinais) e queda no número de Linfócitos típicos. Os linfócitos são dirigidos para locais como linfonodos e baço, e saem da circulação sanguínea.

    Por fim, o exame de sangue revela alta dos monócitos na circulação. Essas células, também conhecidas como monócitos fagocitários, igualmente ficam retidas no sangue circulante e não são apresentadas aos antígenos (invasores) ou partículas de materiais.

   Nos gatos, o resultado do exame de sangue é um pouco diferente, mas normalmente apresenta no leucograma alta dos monócitos (retidos na circulação sanguínea).   

   Fácil ver que diante do abuso de anti-inflamatório o cão ou o gato estão sujeitos a quaisquer tipos de infecções, pois trata-se de um quadro de imunossupressão. Há um bloqueio no sistema de defesa do corpo. 

    A medicina humana alerta para os riscos da automedicação. No universo veterinário, vale também esse alerta. 

   Evite a medicação improvisada, a auto-pet-medicação!

   Consulte sempre um médico veterinário. Seu pet merece todos os cuidados.  

    

domingo, 30 de junho de 2024

SOS fauna: depois das águas no Sul, o fogo no Pantanal.

     
Pantanal junho de 2024/Marcelo Camargo -Agência Brasil


   Os animais silvestres estão entre as principais vítimas dos eventos extremos registrados no Brasil neste ano. Depois das inundações no Rio Grande do Sul, que afetaram até quem sabe nadar, os peixes e aves aquáticas, surgem os incêndios no seco Pantanal, que mata até quem sabe voar, os tuiuiús. 
   O sistema atmosférico que reteve as nuvens carregadas no Sul do País é o mesmo que manteve sem chuvas o Centro-Oeste e o Sudeste. A Polícia Federal investiga se o fogo teve início a partir de ação humana, mas de qualquer forma se alastrou sobre uma nova realidade ambiental. 
 Neste momento, integrantes da Força Nacional e ONGs (com experiência em resgate de animais) se concentram longe de Porto Alegre, na região de Corumbá (MS).
  A Força Aérea Brasileira (FAB) destinou para o combate ao fogo o avião  KC-390 Millenium, super cargueiro, capaz de despejar milhares de litros de água sobre o terreno em chamas.  
  Os animais agradecem. A atual tragédia do fogo já supera em números a de 2020. Do dia 1º de junho a 19 de junho deste ano, os focos de incêndio cresceram 2951% no Pantanal, se comparados com o mesmo período de 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 
  O calor e as chamas não deixam chances de vida para bichos como jacarés, sabutis, filhotes de mamíferos e de aves. Ameaçam sobretudo os tuiuiús, ave símbolo do Pantanal, que faz ninhos com galhos secos em cima de árvores. E até onças adultas podem morrer encurraladas pelas queimadas. 
  CAVALO CARAMELO _ Da região Sul, vem boa notícia sobre a situação do cavalo Caramelo, resgatado de cima de um telhado nos dias de inundação em Canoas, no Rio Grande do Sul. O equino passa bem e recebeu um microchip implantado sob a pele neste mês de junho. Isso ajuda em sua identificação daqui para frente. Ele continua em hospital da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) já que ninguém conseguiu provar ser seu dono/tutor. Mas há fila de interessados em adotá-lo. 
  







segunda-feira, 24 de junho de 2024

Mais de 1 milhão de pets têm o verme do coração nos EUA

    A Sociedade Americana para a prevenção do Verme do Coração (American HeartWorm Society) divulgou em seu site que mais de 1 milhão de pets nos Estados Unidos sofrem da doença conhecida como Verme do Coração, ou Dirofilariose. 

  É uma doença gravíssima porque uma vez adulto o verme se instala dentro das câmaras cardíacas dos pets. Trata-se de uma zoonose, transmitida por mosquitos, mas nos humanos o pulmão é o orgão mais afetado. 

  Os casos nos Estados Unidos concentram-se nos estados do sul da costa leste norte-americana, de clima mais quente.

  Os dados norte-americanos são alarmantes para todos, inclusive no Brasil. Se um dos países mais ricos do planeta, com uma medicina veterinária avançada e uma indústria farmacêutica de vanguarda, os casos se alastraram, imaginem como está o problema no Brasil onde as pesquisas e estatísticas são precárias.

   A Dirofilariose é considera doença endêmica em todo o litoral paulista e em parte do litoral do Rio de Janeiro e do Nordeste. A larva do verme é transmitida a cães e gatos por meio dos mosquitos comuns, inclusive pelo inseto transmissor da Dengue. 

  Se há mosquitos, há risco de uma epidemia de Dirofilariose. 

  A boa notícia é que há prevenção contra o Verme do Coração. E há exames de sangue capazes de dizer se o cão ou gato estão ou não infectados. O tratamento precoce é fundamental. Consulte um médico veterinário sobre o assunto. 

Para saber maishttps://www.heartwormsociety.org/  

domingo, 16 de junho de 2024

Nova lei tornará mais rígido comércio de pets em SP

  Os cães e gatos à venda em todo o estado de São Paulo não poderão mais ser expostos em vitrines das petshops. E somente deverão ser entregues a seus novos tutores com idade mínima de dois meses, vacinados e com laudo veterinário de saúde. Além disso, a venda de pets por pessoas físicas estará proibida em todas as cidades paulistas. 

  A Assembleia Legislativa do estado de São Paulo aprovou na segunda semana deste mês de junho projeto de lei que cria essas novas regras para o comércio e tantas outras para a adoção de pets. O projeto de lei segue agora para a sanção pelo governador Tarcísio, que deve aprová-lo.

  Com as novas regras, apenas empresas com o título de criadoras e petshops, devidamente registradas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e na Receita Federal, poderão comercializar caninos e felinos domésticos. A lei inclui  o universo da internet: a comercialização por plataformas digitais obedecerão a essa legislação. 

   A venda e a compra continuam permitidos no estado, mas dentro de normas que protegem mais os animais e garantem o bem-estar dos bichinhos. A nova lei paulista segue a tendência internacional que visa regulamentar esse comércio e evitar os abusos, sobretudo na internet. 

   Um avanço é a extinção das exposições de filhotes em vitrines. Seja em loja de rua ou de shopping, é sempre um desgaste para os filhotes. Na rua, o sol pode esquentar a vitrine, nos shoppings o barulho e o manuseio dos filhotes por curiosos afeta o bem-estar destes pequenos seres. 

  Outras regras protegem as mamães (procriadoras). A partir dessa lei, somente após um ano e meio de idade os pets poderão procriar, e apenas duas gestações por ano. Aos cinco anos, devem ser castradas e curtir uma aposentadoria.

  Além disso, será obrigatório o convívio dos filhotes com a mãe por pelo menos 60 dias de vida. 

  Neste comércio, e em muitos outros, o lucro não pode ser obtido a partir de desrespeito e maus-tratos aos animais. Há criadores de cães de raça sérios, que ajudam em pesquisas de bem-estar animal, registrados por exemplo no Kenel Clube de São Paulo. Mas infelizmente há clandestinos que desconsideram os cuidados mínimos, visando o lucro a qualquer custo. 

   A lei a ser sancionada é necessária e a fiscalização também! 

   No primeiro artigo do projeto, consta entre os fundamentos da lei a seguinte frase: "O reconhecimento dos animais domésticos como seres sencientes dotados de natureza biológica e emocional passíveis de sofrimento."

   Há muita coisa ainda por melhorar, mas é uma boa notícia!

terça-feira, 4 de junho de 2024

Os hospedeiros indesejáveis do intestino dos pets

   Os cães e os gatos andam "descalços" nas ruas, na terra e na lama, e põem os focinhos em todos os cantos e fezes que encontram no caminho, para saber pelo cheiro quem andou por ali. Além disso, os pets podem ter pulgas e outros parasitas na pelagem. 

   É por isso que nossos pets têm, comumente, infecções por vermes, os mais comuns são os intestinais, chamados nematódeos (vermes redondos) e cestóides (vermes chatos).

   É uma coleção de seres horrorosos com nomes complicados, como por exemplo: Ancylostoma caninum, Taenia ovis, Toxocara cati e Dipylidium. E o protozoário Giardia lamblia 

    A infecção ocorre tanto através da pele como por meio do leite materno para os filhotes! Por isso, mesmo cãezinhos e gatinhos com um ou dos meses de idade, sem contato com o ambiente exterior, podem ter vermes. Alguns estão dentro de parasitas como as pulgas, o caso do Dipylidium, que é transmitido quando os pets engolem o inseto. 

    Neste universo de parasitas, há segredos que podem enganar os leigos: uma tosse em um cão pode ser provocada pelo verme Ancylostoma caninum. Isso porque antes de se fixar no intestino, a larva tem um ciclo no organismo que inclui passagem pelos pulmões, entrando e saindo pela traquéia, de onde segue para o sistema digestivo.

  Já a Taenia ovis pode chegar a dois metros de comprimento dentro do intestino do cão. O protozoário Giárdia fere gravemente as mucosas do intestino de cães e gatos por ter um "disco adesivo" na superfície ventral do seu corpo, que é achatado.   

     O mais grave de tudo é que estes hospedeiros indesejáveis são também discretos e silenciosos; quase não dão sinal de vida. Podem provocar anemia, diarréia e vômito, desnutrição e enfraquecimento do corpo. 

     Portanto, já está claro que seu pet precisa ser vermifugado a cada ano ou a cada seis meses, dependendo do ambiente em que costuma passear. No caso de filhotes, o intervalo é mais curto. Deve-se consultar um médico veterinário. Os tutores também devem procurar um médico para serem tratado de vez em quando.

      Na hora de dormir com seu pet, tenha certeza de que não há esses seres indesejáveis por perto!

      

sábado, 25 de maio de 2024

Depois da tempestade, vem a leptospirose!

 A doença da urina do rato! Assim é mais conhecida a Leptospirose, causada pela bactéria leptospira, encontrada nos rins de roedores silvestres e domésticos. Depois das tempestades e enchentes, surge esse perigo, principalmente para humanos e cães: uma infecção capaz de levar a grave insuficiência renal e ao óbito.

 No fim de semana (25/05 e 26/05), havia 800 casos suspeitos de leptospirose em humanos no Rio Grande do Sul, com quatro óbitos confirmados, e número ainda indefinido em cães. 

 Essa zoonose é reemergente em humanos e cães em todo o mundo.

 A doença foi descrita há mais de um século na Alemanha pelo cientista Adolfo Weil, conforme o artigo "Leptospirose", do Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos (Jericó, Neto e Kogika, 2015). A infecção em humanos e em cães ocorre pelo contato com a água contaminada ou pela ingestão de água e alimentos.    

 Nos roedores, a presença da bactéria nos rins é assintomática, mas esses animais excretam a leptospira na urina. A bactéria sobrevive bem em meio ambiente úmido, córregos, lagos e estábulos com excesso de umidade.

  Nos gatos, a doença é raríssima. Os felinos domésticos têm uma resistência à leptospira, provavelmente pela seleção natural dos mais adaptados já que o gato é caçador (e come) ratos! Há um sorogrupo que é capaz de infectá-los, mas eles não desenvolvem as formas graves da doença. Os estudos científicos são poucos.

  Para os cães, a boa notícia são as vacinas de qualidade. As vacinas estão disponíveis em todo o Brasil, devem ser aplicadas anualmente, e estão dentro da chamada vacina V10 (contra dez doenças), obrigatória para os caninos.  

  Nos abrigos de pets no Rio Grande do Sul, dentro do possível, a vacinação, após um exame clínico, poderá contribuir para conter os casos de leptospirose no estado. Um cão infectado, doente, mas sem diagnóstico definido, pode transmitir a doença aos humanos pela urina. 

  Por isso, considerando a proteção da família humana e do cão, é fundamental os tutores vacinarem seus animais todos os anos contra a leptospirose.