sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Animais na pista! É possível reduzir atropelamentos e acidentes nas rodovias.

  Os motoristas que viajam pelas rodovias do País precisam estar atentos à presença de animais na pista. Neste feriado do início de novembro, as atenções devem ser redobradas, pois sempre há o risco de animais silvestres cruzarem a pista, assim como de domésticos, como o cão, invadirem o asfalto. 

 O ponto de vista dos bichos é diferente de quem está ao volante: há uma estrada no meio do caminho e não é possível contorná-la. 

 Nem os mais rápidos, como a onça parda, têm sorte nesta travessia. Por isso, são inúmeros os relatos de atropelamento e acidentes de veículos envolvendo  animais das matas, como a capivara e o tamanduá-bandeira, e de relatos que incluem os animais domésticos como o cão, o gato, a vaca e o cavalo.

 O problema bate também no bolso. Pesquisa de doutorado realizada na Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz', da Universidade de São Paulo, revelou que 39 mil mamíferos silvestres são atropelados por ano (em média) somente nas rodovias de São Paulo, acarretando 3 mil acidentes, o que corresponderia a prejuízo de R$ 56 milhões.

 O estudo é da bióloga Fernanda Abra do curso de Ecologia Aplicada da ESALQ, e trata do impacto do atropelamento de silvestres sobre a conservação da biodiversidade, a segurança humana, e a economia

 O Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia das Estradas (sim, existe no Brasil e funciona na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais) estima em mais de 2 milhões os animais silvestres de médio e grande porte atropelados por ano nas estradas do País. Estamos falando de médio e grande porte, os sapos e as cobras não entraram nesta estatística. A lista inclui o cachorro-do-mato, o tamanduá mirim e o tatu, segundo pesquisa do professor Alex Bager. 

 Os cientistas afirmam que há soluções e muitas são inspiradas em rodovias da Europa e dos Estados Unidos. É possível reter os bichos por meio de instalação de cercas, construir passagens subterrâneas para os animais cruzarem a pista ou levantar pontes sobre o asfalto de forma a reduzir o número de atropelamentos. A tecnologia tem também papel especial: inovações permitem identificar rapidamente a entrada de animais na pista e até as redes sociais podem ser utilizadas para o monitoramento e registro de incidentes. 

.Nesta última semana de outubro, um dos principais projetos do País sobre acidentes envolvendo animais em rodovias deu boa acelerada.  

 O professor Adroaldo José Zanella, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnica da Universidade de São Paulo (USP), coordena o desenvolvimento da Plataforma Unificada para Responder aos Acidentes de Trânsito Envolvendo Animais em Rodovias (PURAA).

 No dia 25 de outubro, Zanella e a turma do estágio em Bem-Estar Animal estiveram com o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Odemilson Donizete Mossero, para discutir ideias que incluam a atuação dos médicos veterinários na assistência aos animais.

  A Plataforma Unificada visa criar padrões operacionais nos atendimentos a acidentes rodoviários envolvendo animais, além de desenvolver sistema para aumentar a fiscalização ao transporte de animais vivos e para integrar a polícia rodoviária com outras instituições de forma a garantir o bem-estar de animais em trânsito ou ao redor das rodovias.

  Nada melhor para quem está ao volante e para os bichos. Demorou!

  Neste projeto, a USP tem parceria com a Policia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo, a Concessionária Intervias, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária de São Paulo (CDA) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

    Boa viagem!

 

Campanha da empresa Klabin, que tem Parque Ecológico no Paraná




sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Carrapato, um vilão da saúde dos cães.

  Uma caminhada com seu cãozinho por campos e parques pode terminar em pesadelo se faltar a proteção adequada contra os carrapatos. O parasita é atraído pelo calor do corpo e pela pelagem dos caninos e uma vez que se alimente do sangue pode transmitir duas doenças graves: a Erliquiose, provocada por uma bactéria, e a Babesiose, causada por protozoário. A infecção em gatos é mais rara.

  As duas doenças são consideradas graves, podem causar o óbito, uma vez que a bactéria Ehrlichia canis e o protozoário Babesia canis são hemoparasitas, portanto a infecção ocorre no sangue. 

 As doenças causam apatia, falta de apetite, febre e anemia nos animais. No exame laboratorial, o número de plaquetas aparecem em níveis baixos alarmantes, o que ocasiona sangramentos no paciente. O diagnóstico correto exige exames de sorologia para Ehrlichia e Babesia, e até PCR. Na forma crônica da doença, os sintomas muitas vezes demoram meses para aparecer. 

  A ocorrência da Erliquiose vem aumentando em todo o Brasil devido principalmente a presença do vetor, o carrapato Rhipicephalus sanguineus, conhecido como carrapato "marrom do cão", em áreas  rurais e urbanas, afirma Daniel Moura de Aguiar, na tese de doutorado "Aspectos Epidemiológicos da Erliquiose Canina no Brasil", defendida na Universidade de São Paulo (USP), em 2006.

  O tratamento é complexo e longo. Na verdade, são dois tratamentos: um a base de antibiótico e outro com antiparasitário injetável. A certeza de cura no caso da Erliquiose não é de 100%, uma vez que a bactéria pode não estar mais na circulação sanguínea, mas abrigar-se no baço. 

  Neste caso, vale mesmo o ditado: prevenir é melhor do que remediar. 

  É necessário manter os amigos caninos protegidos contra os carrapatos. Não podemos nem pensar em parar de passear com os cães, pois eles são caminhantes por natureza, e necessitam também do contato com outros da espécie. A solução adequada é o uso regular nos cães de produtos de qualidade contra carrapatos. São produtos disponíveis nas petshops de todo o País: alguns na forma de pipeta com soluções a serem despejadas na pele do dorso, outros na forma de comprimidos mastigáveis e ainda as do tipo coleiras contra carrapato. No entanto, a ação da maioria destes produtos de qualidade é limitada a um mês. Os tutores não podem esquecer a data de renovação da proteção. 


O vilão: Rhipicephalus sanguineus


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Acidentes domésticos: saiba como tornar o lar seguro para os pets.

   O lar doce lar é também cenário de acidentes graves envolvendo os pets. Por isso, é necessário preparar a sua casa ou o apartamento para receber um cachorrinho ou um gatinho. Se você já tem um animal de estimação, veja como tornar a residência um local seguro para seu amigo de quatro patas. 

  A experiência demonstra que nosso lar, local onde os cães e os gatos passam a maior parte de suas vidas, tem pontos perigosos. Vejam a relação dos principais pontos:

  A lista tem início pelas janelas. Cães e gatos podem cair das janelas dos apartamentos e de sobrados. Eles são curiosos, querem saber o que se passa na rua. É preciso, portanto, instalar telas de proteção nas janelas e nas varandas para evitar quedas. 

  As reformas ou obras no terraço das casas devem ter cerca provisória ou portão que impeça o acesso dos animais. A queda de cães do alto das lajes é um dos acidentes mais comuns atendidos em hospitais de emergência.

  A garagem das casas parece um local sem riscos. Tanto é assim que tornou-se comum deixar o cãozinho ali, com o carro, vendo o movimento da rua por meio do portão, latindo para outros cachorrinhos. No entanto, na hora de tirar o carro da garagem na pressa de ir para o trabalho, a desatenção pode custar caro. O pet pode estar deitado justamente sob as rodas do carro. 

  No calor da primavera e do verão (que se aproxima) ninguém dispensa um banho de piscina. Embora cães e gatos sejam exímios nadadores, o problema está na incapacidade que têm de sair da piscina, uma vez que caiam lá dentro em hora que ninguém esteja vendo ou à noite. Os cães têm maior dificuldade de sair de uma piscina, por causa da diferença entre o nível da água e a borda (da altura de  um ladrilho convencional, na maioria delas). Ele põe as duas patas dianteiras na borda, mas não consegue puxar o corpo. Nesta situação, nem latir para pedir ajuda ele consegue. A solução é instalar uma das "escadas de piscinas para cachorro" disponíveis em lojas do setor e na internet, em vários modelos. 

  Na varanda dos apartamentos e nos quintais, a presença de lindas  plantas ornamentais pode ser indigesta. Nem tudo que é bonito, faz bem. Nossos amigos de quatro patas (o cão, onívoro; e o gato, carnívoro) podem mastigar plantas. Algumas como o Antúrio (Anthurium andraeanum) causam estomatite e dermatite de contato nos animais domésticos. A Comigo-Ninguém-Pode (Dieffenbachia amoena), como o nome já diz, provoca dor intensa quando ingerida, salivação e estomatite. Até a Costela-de-adão (Monstera deliciosa) está na lista causando problemas de saúde semelhantes aos do Antúrio. 

  Mas um dos maiores perigos, motivo de atendimentos de emergência em hospitais veterinários, é encontrado normalmente sobre a mesa do jantar, nas estantes e até nos sofás, ao lado do controle da TV: são os tabletes,  bombons e  bolos de chocolate

  O chocolate, que nós humanos adoramos e nos faz bem, causa intoxicação nos  cães e gatos. O cacau tem um alcaloide, a teobromina, que é metabolizada muito lentamente pelos caninos e felinos. Nos cães ficam em média 17,5 horas no organismo e provocam diarreia e vômitos. A quantidade de gordura e de açúcar dos chocolates causa ainda desidratação, excitação e taquicardia. Não adianta pensar que o chocolate na embalagem e os bombons na caixa estão protegidos:  eles abrem, ou comem com embalagem e tudo!

  material de limpeza e banho, principalmente sabonetes, são outra dor de cabeça para os tutores. Esses itens devem estar em estantes altas, fora do alcance dos animais domésticos. Cães e gatos podem pegar sabonetes para mastigar e ter problemas gástricos, como vômito e diarreia.

  O mais básico dos riscos, no entanto, é a porta de entrada da casa ou do apartamento,  por onde os pets podem escapar,  e terminar perdidos ou atropelados. Tenha atenção redobrada sobretudo nos dias de festas, ao receber convidados, no Natal e Réveillon, quando pode ocorrer queima de fogos, o que por si só deixa os pets assustados. No entra e sai, ninguém percebe o amiguinho saindo de fininho  da  festividade barulhenta. Nessas ocasiões, é melhor manter seu pet em um cômodo seguro, ventilado e que garanta a ele a privacidade. A festa do cão é uma bela caminhada na manhã seguinte, e a do gato, como caçador, uma boa brincadeira de caça à bolinha. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Dia das Crianças também é dia de pets

   O feriado de 12 de outubro é data também de corrida às petshops para a compra do brinquedinho do cãozinho ou do gatinho. É uma corrida que cresce a cada ano. Afinal, os cães e gatos são hoje considerados membros da família e estão presente em milhões de domicílios do País. 
   A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, revelou que o número de domicílios do País que tinham pelo menos um cão era de 44,3%, e o dos que possuíam pelo menos um gato era de 17,7%. O resultado apontava total de 52,2 milhões de cães no Brasil e de 22,1 milhões de gatos, em uma população humana estimada na época em 201 milhões de habitantes. 
   Mas o que levaria um tutor a correr para uma petshop às vésperas do Dia das Crianças atrás de bolinhas, ossinhos e ratinhos de pano? 
   A Ciência explica. 
   Assim como uma mãe humana libera altos níveis do hormônio ocitocina no parto e ao abraçar e olhar para seu bebê, os tutores têm igualmente seus níveis de ocitocina aumentados na interação com seus bichinhos.  
   Pesquisa realizada por três universidades do Japão (Azabu, Jichi e de Tóquio) comprovou que a troca de olhares entre humanos e cães é capaz de fazer com que cada um libere em seu sistema nervoso o hormônio ocitocina, que é chamado o hormônio do prazer e do amor maternal. A descoberta foi divulgada em abril de 2015 na revista Science. 
   O estudo Oxytocin-gaze positive loop and the coevolution of human-dog bonds ajuda a explicar como o homem e o cão deram os passos para se tornarem os melhores amigos. E ajuda a entender porque hoje temos um mercado pet capaz de oferecer diversos produtos, brinquedos, roupinhas e rações de qualidade. 
   Takefumi Kikusui, da Universidade de Azabu, e seus colegas afirmam nas conclusões que o comportamento contemplativo de cães aumentou a concentração urinária de ocitocina nos tutores, o que consequentemente facilitou o sentimento de amar como aos filhos nesses tutores. Os cães igualmente respondem com satisfação, com a liberação de níveis mais altos do hormônio na troca de olhares com o tutor, seguidos por níveis intermediários provocados pelo toque do tutor e pela "conversa" com o tutor. 

   Não é preciso dizer mais nada.

   Vamos às compraasss!!!!  🐶🐱😅

Para saber mais:
NAGASAWA, M. et al. Oxytocin-gaze positive loop and the coevolution of human-dog bonds. Science, v. 348, issue 6232, p. 333-336, 2015

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

São Francisco de Assis, o Santo dos pets.

  Os cachorrinhos e gatinhos têm também o seu santo. Basta perguntar aos tutores de cães e gatos para quem eles rezam na hora de pedir saúde para os bichinhos. Boa parte, cristãos católicos ou protestantes, e até fiéis de outras religiões e agnósticos, citam São Francisco de Assis, o protetor dos animais. Nesta segunda-feira, dia 4 de outubro, e por toda a semana, a vida e a obra do santo católico são comemoradas em todo o mundo e com muito fervor no Brasil. 
  Francisco, da cidade de Assis, na Itália, inovou entre os religiosos, em pleno início do século 13, ao afirmar que o Criador deu seu sopro de vida tanto aos homens quanto aos animais e às plantas. Um Pai comum, universal. 
  São Boaventura, seu discípulo, disse que ele "enchendo-se de ternura ao considerar a origem comum de todas as coisas, dava a todas as criaturas, por mais desprezíveis que parecessem, o doce nome de irmãos e irmãs", registra a Carta Encíclica Laudato Si sobre o Cuidado da Casa Comum, do Papa Francisco (aliás, o nome papal adotado por Jorge Mario Bergoglio é em homenagem ao religioso de Assis).
  Portanto, no rigoroso conceito franciscano, podemos dizer "irmão cachorro" e "irmão gatinho".
  
  A VIDA _ O homenageado de outubro nasceu no ano de 1182 com o nome de Giovanni di Pietro di Bernardone, mas foi batizado pelo pai comerciante como Francesco, em uma referência a amigos franceses. Na juventude se desentendeu com o pai rico, entregou-lhe até as roupas do corpo e foi viver na pobreza, disposto a pregar os Evangelhos cristãos com fraternidade e humildade. Conseguiu ser recebido pelo Papa e criou a ordem franciscana.  
  O escritor Herman Hesse, autor de uma das melhores biografias de Francisco (Francisco de Assis, Editora Record, 2019), afirma que o italiano tinha a capacidade de conversar com os pássaros que vinham pousar em seus ombros. No dia de sua morte, teria havido sobre o túmulo uma revoada expressiva de andorinhas. Ele também pregou às flores e às florestas.
 "Muitas histórias e lendas contam como era grande o amor de Francisco pelos animais, em especial pelos pássaros", escreveu Hesse. 
  O escritor alemão revela, porém, que de tantas canções entoadas por Francisco ao longo da vida apenas uma de fato chegou aos nossos dias: é o Cântico do irmão sol . Conheça um dos primeiros parágrafos do cântico:
 "Sê louvado, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o senhor irmão Sol, 
que é o dia, e por meio dele nos iluminas..."  

  Atualmente, Francisco de Assis é considerado pela Igreja Católica como verdadeiro ecologista. Um defensor da ecologia integral, como diz a Carta Encíclica já citada. Para muitos, é protetor das espécies de animais ameaçadas de extinção e ainda para outros o principal socorro dos cães e gatos abandonados. Por isso, dá seu nome a uma das principais e mais antigas ONGs da cidade de São Paulo, o Quintal de São Francisco.