sábado, 27 de novembro de 2021

Caminhada com o cão, uma atividade física saudável também para você.

   A caminhada é a atividade física mais recomendada para o seu cachorrinho(a). Faz bem ao corpo e à mente dele. Isso porque os cães nasceram para caminhar e caminham ao lado dos homens desde quando nossa espécie era nômade, antes do surgimento das vilas e da agricultura.

  Um aspecto desta atividade, no entanto, é pouco ressaltado: o fato de que passear com o amigo canino é uma atividade física que traz grandes benefícios à  nossa saúde. Sim, um passo de cada vez é considerado exercício de leve a moderado. Não precisa correr! 

  O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos fez uma pesquisa nacional sobre "A caminhada com o cão e a atividade física" que concluiu ser este passeio, embora mais lento do que uma corrida, uma oportunidade para adotarmos um estilo de vida saudável. 

  Segundo o estudo de 2006, a atividade física regular resulta na prevenção da obesidade e de doenças crônicas, como diabetes, além de criar condições para reduzir riscos de artrite, de hipertensão e do colesterol alto. Os pesquisadores sugerem que a caminhada com os cães seja adotada como estratégia de manutenção da saúde, tanto os tutores quanto dos cães,  considerando-se que a população está cada vez mais sedentária. 

  Os resultados apontaram que 58,9% dos tutores entrevistados acumularam mais de 30 minutos de caminhada em um único dia. A maioria fez três passeios, com média de 10 minutos. 

  Os benefícios desta atividade física para os cães são semelhantes ao dos humanos na prevenção de doenças cardíacas e da obesidade. Além disso, é um exercício definido como mente-e-corpo, ou seja o melhor recurso para reduzir o estresse dos cães ao proporcionar uma diversidade de estímulos sensoriais e motores.

  Mas, ainda que nossos cães sejam considerados membros da família, é bom lembrar que são de uma espécie diferente. Ou seja:

1) Os cães não suam como nós. A transpiração é um sistema eficiente de resfriamento do organismo com o qual, infelizmente, nossos amigos caninos não podem contar. 

A temperatura interna de um cão é de 38,5 °C, mais alta do que a nossa, de 36,1°C a 37°C.

Para resfriar o corpo, aquecido pela musculatura em movimento e a radiação do sol, os cães têm como principal recurso o ofego, aquela respiração rápida pela boca aberta com a língua de fora, que busca evaporar saliva e secreções nasais para dissipar o calor.

Então, precisam de muita água nos passeios, para não superaquecerem!  

2) Um cão adulto aprecia longas caminhadas e necessita delas para se manter saudável, uma hora por dia, pelo menos. Os 10 minutos de passeio, declarados no estudo pela maioria dos tutores norte-americanos, é pouco para eles. 

Passear é bem diferente de ir até a calçada em frente da casa, ou do edifício. Se a temperatura ambiente estiver amena (isso é fundamental para os caninos, algo igual ou abaixo de 22°C), o passeio pode ser de 3, 5 ou até 10 quilômetros.

E observem, caros leitores,  que eu escrevi PASSEIO, NÃO CORRIDA. Eles preferem sempre caminhar ao nosso lado, com paradas aqui e ali para cheirar e fazer xixi, em vez de uma corrida que não proporciona grandes experiências, além da atividade física. 

Entretanto, há restrições para os passeios dos cães de focinho curto, os chamados  braquicefálicos, das raças Shih-tzu, Boxer, Pug e Buldogue francês. As alterações na anatomia trouxeram dificuldades respiratórias para esses cães, e a respiração (como disse acima) é o principal sistema de resfriamento. Portanto, animais destas raças não se dão bem com o calor. Um passeio além da conta pode levar a hipertermia grave e a oxigenação inadequada do organismo.

3) Humanos caminham de tênis e os cães caminham "descalços", com os coxins (as "almofadas" das patinhas) tocando direto o chão. A temperatura da calçada ou do asfalto pode causar queimaduras nos coxins, ou mesmo na barriga de cães de raças baixinhas como os Daschund, por exemplo. Há ainda outras ameaças, como cacos de vidro, aos quais normalmente não damos atenção por termos nossos pés protegidos, por isso é preciso sempre avaliar a situação do trecho por onde caminhamos com nossos amigos. 

 É sempre bom consultar o veterinário antes de iniciar uma rotina de passeios.

Dicas de segurança no passeio:

* Mantenha sempre seu cão na guia e na coleira

* Leve água para ele nos passeios

* Caminhe sempre pela calçada em horas frescas do dia

* Não deixe que ele pegue e coma coisas do chão

* Pare ao ver um carro saindo da garagem de uma casa. Se houver outro     cão na residência, ele pode escapar para a rua e "se desentender " com     o seu cão.

* Leve sempre os saquinhos para recolher as fezes.

 

Para saber mais: "Dog Walking and Physical Activity in the United States", https://www.cdc.gov/pcd/issues/2006/apr/05_0106.htm



sexta-feira, 19 de novembro de 2021

São Francisco Xavier, o refúgio do macaco Muriqui.

  Se a onda principal da Pandemia já está ficando para trás, e a vacinação permitiu a retomada de passeios e viagens, por que não ir tomar um ar puro na terra do maior primata das Américas, o macaco muriqui?

 Ao contrário do que se imagina, este local não fica longe para quem está no eixo Rio-São Paulo. Um distrito de São José dos Campos, batizado com nome de santo missionário católico, é o refúgio do belíssimo macaco Muriqui-do-Sul, que pode chegar a 15 quilos. 

  O distrito de São Francisco Xavier, localizado na Serra da Mantiqueira, a cerca de 54 quilômetros do centro do município de São José, reúne as condições ideais para o Brachyteles arachnoides, nome científico do Muriqui-do-Sul, descrito pela primeira vez por E. Geoffroy em 1806. Mata atlântica de altitude, frutos silvestres e rios acolhem esses primatas. 

  Em Minas Gerais e Espírito Santo existe o Muriqui do Norte, o Brachyteles hypoxanthus, que assim como seu primo do Sul é encontrado somente no Brasil.

  No entanto, os grupos de São Francisco Xavier são uma raridade: alguns estudos afirmam que de 100 a 200 indivíduos vivem nas matas daquele distrito, de um total de 1,3 mil indivíduos estimado para todo o Brasil pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)

  Embora vivam em bandos que têm em média de 10 a 20 indivíduos, não é fácil avistá-los. Melhor assim, quanto menos visíveis, mais protegidos de pessoas que não prezam as matas e seus habitantes.

   Mas se você for aquela pessoa de sorte e tem paixão pela natureza, pode tentar avistá-los com o auxílio de guias locais, que orientam sobre como adentrar seus habitats sem prejudicar ou assustar os bandos. Quem já conseguiu garante que vê-los em grupos saltando sobre galhos, com suas pelagens claras, é uma experiência incrível.

  Aqueles que conseguirem esse momento raro de comunhão com a natureza preservada podem agradecer ao Criador e a São Francisco, neste caso ao Xavier, o espanhol que pregou na China e foi inspirar comunidade da Serra da Mantiqueira. Amém!


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Alergias, nenhum pet merece!

   Os cães e os gatos não estão livres das incômodas alergias, e boa parte dessas reações de hipersensibilidade do organismo provocam aquela coceira nos bichinhos. Os principais vilões das alergias caninas e felinas têm nome e sobrenome e são perseguidos em todo o mundo: são as pulgas e os ácaros. 

  A alergia desencadeada pela pulga é tão frequente que ganhou até um título na medicina veterinária: Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP). A saliva desse inseto contém 15 componentes potencialmente alergênicos, então imagine o que significam várias picadas do inseto pelo corpo. 

 Os aracnídeos não fazem por menos. Os adultos que infestam os pets têm oito patas e costumam escavar a pele! Não precisa explicar muito mais. O sistema imunológico do pet pode reagir mal e vigorosamente, o que chamamos de alergia. Os ácaros são responsáveis por doenças como a sarna.

  O Manual de Doenças da Pele do Cão e do Gato, de Sue Paterson (Guanabara Koogan), lista ainda como principais tipos de alergias a Atopia canina e felina (predisposição a reação a alérgenos do ambiente); a Hipersensibilidade de contato (reação ao material de limpeza, borracha, plantas e outros materiais); e a Hipersensibilidade alimentar (alergia a determinadas proteínas da dieta).

  A coceira, presente na maioria dos casos, surge como consequência da reação do organismo e quanto mais o animal coça a pele pior fica a situação. O que tem início como resposta imunológica alta vira ferida, com pelos arrancados e pele dilacerada. Uma festa agora para as bactérias!

  Em pouco dias, o quadro é de uma piodermite (infecção na pele). Mais vermelhidão, mais coceira. Uma bola crescente de problemas para os pacientes e seus tutores. A atopia felina tem um complicador: problemas respiratórios, com sinais de bronquite e asma. 

  Os tratamentos exigem a consulta a um médico veterinário ou a um especialista, dermatologista de pets. Sim, existe essa especialidade na medicina dos bichos e a Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária foi a primeira do tipo da América Latina, fundada em 2000.

  Os tratamentos para alergias a picada de pulga e de ácaro são relativamente simples. Os pets recebem medicamentos de proteção contra esses insetos e o ambiente passa a ser limpo com maior frequência. O caso da Hipersensibilidade de contato, de diagnóstico difícil, tem solução rápida com a retirada do material que causou o problema. 

  Já a Atopia e a Hipersensibilidade alimentar são testes de paciência para tutores e veterinários. E haja paciência e talento para investigação! Esses diagnósticos são fechados por exclusão dos casos anteriores. Na alergia a alimentos é preciso testar vários tipos de proteínas para se descobrir o vilão para aquele pet, o que pode levar meses. No caso da Atopia, em que a alergia pode ser desencadeada por poeira ou pólen, o diagnóstico é a sentença de uma doença crônica e de um tratamento de controle trabalhoso.

  O atendimento veterinário em domicílio ensina, porém, que uma pequena medida preventiva pode ser adotada dentro da casa ou do apartamento. Refiro-me aos tapetes! Verdadeiros criadouros de pulgas e ácaros, e atração para cães e gatos, esses tecidos vão poucas vezes para as lavanderias. Como nós humanos não deitamos de costas nuas nos tapetes sujos (ao menos, não sempre), não experimentamos na pele o que os bichinhos sentem nas barrigas. A vermelhidão e a coceira podem surgir quase que imediatamente.

   Portanto, considere seriamente sumir com os tapetes se perceber que seu pet se coça demais. 


Para saber mais: https://www.sbdv.com.br/index.php


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Férias no litoral, mas longe do verme do coração.

  Se você está planejando passar as férias de verão ou o feriado de fim de ano com seu cãozinho ou gatinho no litoral, é melhor iniciar agora a prevenção contra uma doença grave, transmitida por mosquito: a Dirofilariose, mais conhecida como enfermidade do "verme do coração". Na mala de viagem, não poderá faltar o medicamento usado na prevenção, a ser dado para seu pet também na praia.
  A doença é causada pelo nematóide Dirofilaria immitis e acomete principalmente os cães (sim, logo nossos melhores amigos). É uma zoonose, rara ainda em seres humanos, e de distribuição geográfica mundial, com maior incidência em regiões de clima quente e úmido.
   No estado de São Paulo, regiões litorâneas são consideradas endêmicas, como as cidades de Bertioga e Guarujá, assim como pontos da costa do Rio de Janeiro, de Santa Catarina, Alagoas e do Pará, embora haja registros em cidades do interior. 
  O mosquito (das espécies Culex, Aedes e Anopheles) pica um animal infectado (os canídeos são os hospedeiros definitivos) e as larvas passam a se desenvolver no inseto. O próximo animal picado corre o risco de receber o parasita, na forma inicial de microfilárias. 
  Você deve estar se perguntando se não entendeu algo errado. Verme do coração? Mas parasitas não ficam no intestino? Nem todos, trata-se de algo inimaginável, mas é real: a Dirofilaria immitis adulta, que chega a medir de 20 a 30 centímetros, instala-se no coração do seu cãozinho em dezenas, e em muitos casos isso ocorre de maneira imperceptível. Nos gatos, o pulmão é o orgão mais afetado por estes vermes longos e delgados.
  São uma das piores fotografias exibidas nas aulas das faculdades de Medicina Veterinária. O tratamento para a doença é complexo e todos entendem a razão disto: uma vez no coração e em artérias do pulmão, se forem mortos por fármacos os parasitas podem causar embolia pulmonar ou parada cardíaca. 
  O melhor, portanto, é a prevenção, simples e de custo acessível
  Vermífugos capazes de proteger cães e gatos contra a infecção pela Dirofilaria immitis estão à venda nas prateleiras das petshops do País.  
  Consulte o veterinário de seu pet
  É preciso fazer um programa de prevenção correto e seguir o calendário das doses mensais à risca. Uma dica importante: o programa começa agora, dois meses antes de alguém gritar dentro de casa "Vamos pra praiiiiaaaa".
   Cuide do coração de seu pet! Ele com certeza merece!