domingo, 28 de janeiro de 2024

Gatos são sábios: querem sombra e água fresca e corrente!

   Quem tem gato sabe que, vez ou outra, precisa abrir a torneira do banheiro para ele beber água fresca e corrente. Se o bichano ainda não fez isso, vai fazer. Os gatos são exigentes e sábios: eles preferem tomar água corrente, em movimento, por saberem que essa água é mais limpa do que a água parada, no pote ou empoçada no quintal.

    Qualquer escoteiro ou amante da natureza, sabe disso! O cantil deve ser cheio no rio de água corrente.

   Vejam que se trata de um instinto de sobrevivência apurado desta espécie doméstica que surgiu em regiões de clima seco, como o Egito, no norte da África, e na antiga Pérsia, atual Irã, no Oriente Médio. 

   Nos tempos atuais, de aquecimento do planeta, com temperaturas extremas registradas neste verão no Brasil, é fundamental que os tutores desses felinos saibam como oferecer água a eles. 

  Os gatos vieram de regiões desérticas, não desperdiçam e nem brincam na água, mas tendem a beber pouca água, o que explica os inúmeros problemas no sistema urinário registrados nas clínicas e hospitais veterinários. O pouco consumo leva a desidratação, perda de elasticidade da pele e até à formação de cálculos na bexiga.   

    Por isso, é preciso estimulá-los e atender suas exigências. 

  O mercado pet de todo o País tem inúmeras fontes de água, com pequenos motores elétricos, que simulam a água corrente, em movimento sobre pedras ou pequenas rampas. Mas trata-se de um circuito fechado e por isso é essencial que a água destas fontes sejam trocadas diariamente.

   Além disso, deve-se manter a oferta em potes, espalhados pela casa ou apartamento, sempre em locais altos e de preferência considerados seguros pelos gatos. Gato não gosta de beco sem saída, só o Manda-Chuva do antigo desenho animado. Gato prefere beber água em local em que possa ver o que ocorre ao redor e onde haja opção de fuga. 

   E não tente enganá-lo. O gato sabe pelo cheiro se a água está limpa ou suja, com restos de alimento, saliva ou poeira dos últimos dias.

   A torneira do banheiro é sempre a melhor opção, tem água limpa e corrente e está no alto, não no chão! Se o tutor ou tutora está sempre por ali, escovando os dentes, por exemplo, é porque a água é boa. 

     Nunca foi tão válido o ditado: bom mesmo é sombra e água fresca! 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Uso de focinheira em cães: lei manda, mas nem todos obedecem!

  Leis não faltam sobre a obrigatoriedade de cães de raças fortes e perigosas usarem focinheiras em locais públicos, como ruas e parques. Há leis estaduais, como em São Paulo e Rio de Janeiro, e leis municipais, como a da cidade de São José dos Campos. Lei federal não tem, apesar de um projeto escrito que não foi para frente. 

  Recentes ataques de cães de raças fortes a caninos menores levaram esse debate para o noticiário do País. O uso da focinheira teria evitado esses ataques e até mortes? E qual a responsabilidade dos tutores nestes casos? Um paralelo: o cavalo é potente, mas se derrubou parte do muro de uma casa é porque foi levado até lá pelo cavaleiro. Vai xingar o cavalo? 

  Cães podem e devem ser guiados por seus responsáveis. O problema está em saber se alguns tutores de cães sabem fazer passeios seguros, se têm conhecimento dessas leis e, se têm, se vão respeitá-las. 

  A cidade de São José dos Campos reeditou em novembro do ano passado nova lei sobre o assunto. É uma das mais detalhadas, assim como a do Estado de São Paulo, de novembro de 2003, ainda na gestão do governador Geraldo Alckmin. 

   Raças como o Mastim Napolitano, o Rottweiller, o Fila brasileiro e o American Staffordshire Terrier estão incluídas como perigosas em todas as leis, assim como o Pitbull, que não é raça reconhecida pela Confederação Brasileira de Cinofilia, faz parte da lista. 

   A lei de São José dos Campos chega a citar uma raça pouco conhecida, mas de grande porte: o presa-canário, um cão que pode chegar a 65 quilos oriundo das ilhas Canárias, na Espanha. E o Cane Corso, oriundo do sul da Itália. 

   Essa lei cita também os "cães de sem raça definida" (os SRD), os populares vira-latas, que sejam agressivos. Há aqui um problema: quem vai definir e a partir de quais critérios o que é um vira-lata de perfil agressivo. 

   O Fila brasileiro está em todas as listas porque não fica atrás dos estrangeiros. É um cão de guarda, de grande porte, valente e sua mordida é considerada das mais perigosas pelos especialistas.

   A lei ou o simples bom senso evitaria a maioria dos casos de violência. O Pitbull, por exemplo, é conhecido por não gostar de outros cães. Até fica bem no meio de sua família humana, mas ataca sim outros de quatro patas. No Rio de Janeiro, a lei diz que é obrigatória a castração dos cães Pitbull. Mas quem fiscaliza isso?

    Nos parques públicos da cidade de São Paulo não falta fiscalização em relação ao uso de focinheiras em cães de raças consideradas perigosas e há cartazes informando da exigência aos tutores. E guardas atentos a quem entra nos parques.

   As legislações estaduais e municipais preveem multas aos tutores que desobedecerem as regras. São irrisórias. Mais caro são os eventuais processos cível e criminal. 

   Somente com a punição exemplar de tutores irresponsáveis ou até que estimulam o ataque de seus cães a outros é que as estatísticas desse tipo de violência irão cair.  

       

    

domingo, 14 de janeiro de 2024

Tosar o cão no verão é tirar o filtro solar dele

  Tosar ou não o seu cão? Eis a questão, que se coloca em todo o verão, principalmente no Brasil e agora, com o aquecimento global.

    Ao contrário do que se possa imaginar, a pelagem dos caninos, seja curta ou longa, como a de um Golden Retriever, tem a função de proteção térmica no verão, age como um guarda-sol ou filtro solar, mantendo longe da pele os raios de sol. Por isso, a temperatura da pele é sempre menor do que a temperatura registrada sobre os pelos. 

   Em relação aos gatos, ocorre a mesma coisa. Um gato persa, conhecido por ser peludo, tem uma proteção térmica contra o calor e os efeitos nocivos dos raios de sol.

     A recomendação do American Kennel Club (AKC) é clara: não mexa nos pelos de seus cães, no máximo para uma tosa higiênica, que é aquela realizada em apenas alguns pontos do animal para deixá-lo mais limpo e confortável. E sempre procure um profissional nestas horas, nada de tentar fazer cortes de pelo em casa. 

  "A pelagem do seu cachorro atua realmente como um isolante", afirma  o Dr. Jerry Klein, Diretor Veterinário do AKC. "Tosar ou raspar a pelagem para reduzir a queda dos pelos ou supostamente para manter o cão fresco elimina a camada isolante do pelo, e torna o cão suscetível à insolação." 

  Além do risco de comprometer o crescimento adequado do pelo, a tosa ou raspagem aumenta o risco de câncer de pele nos animais. 

  Quem já abriu os pelos dos cachorros e gatos sabe que a pele deles é delicada, clara e até ligeiramente rosa (quase transparente). Raios solares podem provocar queimaduras graves e podem desencadear neoplasias de pele.

    Os cães e os gatos não suam, como nós humanos, e para diminuir a temperatura corporal contam, principalmente, com o ofego e com o contato da barriga no chão frio. Diante disso, o mais importante é sempre mantê-los à sombra no verão e protegidos em local fresco com água à disposição. Banho de rio, de mangueira e de piscina também ajudam.

   Algumas raças de cães, como o Golden Retriever, o Labrador e o Cocker Spaniel Inglês são classificadas como de cães de dupla camada de pelos. Há uma camada mais curta e fina junto da pele e outra formada por pelos longos, chamada de camada externa. 

   Na época da troca natural dos pelos, por exemplo antes do verão, a queda dos pelos da camada interna pode ser desagradável para os tutores. São bolas e bolas de pelo que saem. Neste caso, é preciso escovar diariamente o animal e pode ser feita uma tosa higiênica. 

    É certo que os únicos pelos dos cães que devem ser sempre aparados são os que estão entre os coxins (as almofadas das patinhas). Os tutores falam muito pouco sobre isso. Esses pelos fazem com que cães de médio e grande porte escorreguem nos pisos lisos dos apartamentos. Para evitar problemas ortopédicos, os coxins devem estar à mostra, livre de pelos que crescem entre os dedos, para que tenham boa aderência.    

      Em resumo: NÃO confunda os pelos de seu cão e de seu gato com um casaco grosso e horrível. A natureza e a evolução da espécie seguem caminhos inteligentes, e a adaptação dos caninos e felinos em todo o planeta se deu graças a uma roupa tão oportuna no inverno quanto no verão.  

domingo, 7 de janeiro de 2024

Os pets invadem as prisões e os detentos agradecem!

Detentos dos EUA treinam cães-guia/Foto divulgação Leader Dogs

   O ditado diz que os cães e gatos são leais na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença. Agora, deve acrescentar: na liberdade ou na prisão! Deu no The New York Times: os totós e bichanos são capazes de conviver e confortar até aqueles que estão atrás das grades, os detentos que cumprem penas nas penitenciárias e quase nada têm a oferecer.

  O repórter Jack Nicas visitou os detentos da maior penitenciária do  Chile, em Santiago, conhecida como "la Peni", onde 300 gatos (todos sem raça definida) convivem com os mais de 5 mil presos. Os gatos chegaram na cadeia décadas atrás, literalmente pulando os muros para caçar ratos. Eram gatos de rua, e hoje fazem parte do dia-a-dia da penitenciária.  

  Para dar certo, a experiência chilena conta com o apoio da organização não-governamental Fundación Felinnos e da Humane Society International, que cuidam da saúde dos gatinhos e realizam campanha de castração dos felinos, para controle da população. Os afagos ficam por conta dos presos, que só elogiam os felinos! 

     Essa não é a única experiência positiva no mundo. Nos Estados Unidos, há programas em penitenciárias do Michigan e do Arizona onde presos convivem e ajudam a treinar cães e cavalos. No caso dos cães, o treinamento é para cão-guia, que exige uma longa convivência dos filhotes com os detentos. O programa chamado Prison Puppies é realizado pela Leader Dogs for the Blind. 

    No Brasil, em penitenciária de Pelotas, no Rio Grande do Sul, os detentos que gostam dos bichos podem reduzir a pena construindo casas de madeira para cães de rua. 

    Pesquisa realizada na Espanha revela que a convivência de detentos com os animais melhora a empatia e até a relação dos presos com os funcionários da prisão. Mas o trabalho aponta que são necessários estudos específicos e mais elaborados para esclarecer o grau de contribuição dessas experiências. 

Para saber mais: 

Effects of Dog-Based Animal-Assisted Interventions in Prison Population: A Systematic Review, de 2020.