sábado, 25 de maio de 2024

Depois da tempestade, vem a leptospirose!

 A doença da urina do rato! Assim é mais conhecida a Leptospirose, causada pela bactéria leptospira, encontrada nos rins de roedores silvestres e domésticos. Depois das tempestades e enchentes, surge esse perigo, principalmente para humanos e cães: uma infecção capaz de levar a grave insuficiência renal e ao óbito.

 No fim de semana (25/05 e 26/05), havia 800 casos suspeitos de leptospirose em humanos no Rio Grande do Sul, com quatro óbitos confirmados, e número ainda indefinido em cães. 

 Essa zoonose é reemergente em humanos e cães em todo o mundo.

 A doença foi descrita há mais de um século na Alemanha pelo cientista Adolfo Weil, conforme o artigo "Leptospirose", do Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos (Jericó, Neto e Kogika, 2015). A infecção em humanos e em cães ocorre pelo contato com a água contaminada ou pela ingestão de água e alimentos.    

 Nos roedores, a presença da bactéria nos rins é assintomática, mas esses animais excretam a leptospira na urina. A bactéria sobrevive bem em meio ambiente úmido, córregos, lagos e estábulos com excesso de umidade.

  Nos gatos, a doença é raríssima. Os felinos domésticos têm uma resistência à leptospira, provavelmente pela seleção natural dos mais adaptados já que o gato é caçador (e come) ratos! Há um sorogrupo que é capaz de infectá-los, mas eles não desenvolvem as formas graves da doença. Os estudos científicos são poucos.

  Para os cães, a boa notícia são as vacinas de qualidade. As vacinas estão disponíveis em todo o Brasil, devem ser aplicadas anualmente, e estão dentro da chamada vacina V10 (contra dez doenças), obrigatória para os caninos.  

  Nos abrigos de pets no Rio Grande do Sul, dentro do possível, a vacinação, após um exame clínico, poderá contribuir para conter os casos de leptospirose no estado. Um cão infectado, doente, mas sem diagnóstico definido, pode transmitir a doença aos humanos pela urina. 

  Por isso, considerando a proteção da família humana e do cão, é fundamental os tutores vacinarem seus animais todos os anos contra a leptospirose.   


segunda-feira, 20 de maio de 2024

Resgates no Sul: ninguém larga a pata de ninguém!

 O resgate de animais domésticos em situação de desastres naturais no Brasil ganhou um marco histórico na tragédia que assola o Rio Grande do Sul. Nada mais será como antes. Já há um antes e um depois deste maio de 2024 em relação ao socorro aos bichos.

 A gigantesca mobilização de voluntários, a capacidade de ONGs e até a disposição de autoridades gaúchas e de todo o País para salvar os animais vítimas das inundações revelam algo inédito no compromisso com outras espécies.  

 Desta vez, jornais, sites e TVs também fazem uma cobertura dos resgates dos animais como jamais fizeram. O resgate do cavalo Caramelo foi transmitido ao vivo para todo o Brasil de um helicóptero. E o Jornal Nacional, da TV Globo, divulgou, todas as noites, o site paraquemdoar nesta tragédia do Rio Grande do Sul e esse site inclui o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD).   

 O GRAD conseguiu assim não só resgatar como construir abrigos para os pets. Além disso, dois hospitais de campanha para atendimento aos cães e gatos foram montados no Rio Grande, um na cidade de Canoas e outro na capital Porto Alegre. Hospitais com centros cirúrgicos. 

 O hospital de campanha de Canoas foi montado pela Prefeitura de São Paulo, que enviou para lá toda a estrutura e equipamentos, além de 8 médicos veterinários. No plano nacional, a primeira-dama do País, Janja, se dedicou pessoalmente à causa, visitou abrigos e até adotou uma cachorrinha em Canoas.

  Nesta tragédia, foi criado o Comitê de Crise da Causa Animal, que reúne a Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do estado, o gabinete do vice-governador, as equipes do GRAD e a Secretaria Nacional de Proteção e da Defesa Civil. Segundo a coordenação do comitê, mais de 10 mil animais foram resgatados. 

  São avanços significativos para os que acreditam que todas as vidas devem ser salvas!

 Nestes tempos, de eventos extremos devido às mudanças climáticas, são novas atitudes e organizações que vieram para ficar!

 "Ninguém larga a pata de ninguém!", virou o lema nos abrigos de pets do Rio Grande e de todo o Brasil. 

  

      

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Caramelo é símbolo de nova era: ninguém fica para trás!

  

Cena comovente: helicóptero de canal de TV revelou o drama do cavalo Caramelo.

  Uma imagem vale mais do que mil palavras e não é diferente na tragédia das inundações que afligem o Rio Grande do Sul. 

   A imagem de TV mostrou na quarta-feira, dia 8 de maio, um cavalo marrom de pé, sem poder ir para frente e nem para trás, sobre um telhado cercado por águas barrentas na cidade de Canoas. 

   Cabeça abaixada, patas e rabo imóveis, a magreza aparente. Sinal de desânimo, tristeza, abatimento. Uma presa encurralada pelas enchentes. Os animais têm emoções como nós humanos e podem expressar seus sentimentos pela postura do corpo. 

   O cavalo, batizado de Caramelo, pedia socorro!

  Símbolo das tradições gaúchas e dos pampas, equino domesticado pelo homem há cerca de 5 mil anos, ele comoveu o País. E não foi deixado para trás. Toda vida importa ser salva nesta que é a maior tragédia do Rio Grande, afirmam os envolvidos nas operações. 

   Na manhã seguinte, dia 9 de maio, o socorro chegou em botes. Equipe de bombeiros e de médicos veterinários conseguiram chegar ao telhado onde ele estava, em bairro de casas de Canoas, depois de 40 minutos de navegação. Após a aplicação de um sedativo, Caramelo tombou suavemente em um bote e foi resgatado.

  Tudo transmitido ao vivo de um helicóptero por canais de TV e da internet. Uma vez em terra seca, um caminhão do Exército levou Caramelo para um hospital veterinário, onde chegou desidratado e com lesão muscular em pata, pelo tempo que permaneceu de pé e imóvel. Ele se recupera muito bem!

  Caramelo tornou-se símbolo da resiliência e da esperança, necessárias diante da tragédia das inundações no Rio Grande do Sul. E de uma nova era, de maior solidariedade e compreensão com o sofrimentos dos animais em situação de desastres.

  As cenas de resgates de animais no Rio Grande do Sul se repetem a cada dia nesta tragédia, que fez de telhados ilhas de salvação. Em Porto Alegre, segundo a Prefeitura, já foram salvos mais de 5 mil animais domésticos, principalmente cães e gatos.

  Nós, humanos, somos capazes de compreender o que nos dizem os animais, ainda mais os mamíferos como nós, em situação de risco. 

   A expressão do sofrimento é linguagem universal e perceptível, como ensina o naturalista Charles Darwin, do século 19, em seu clássico livro "A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais". 

   Nos telhados das casas de  Porto Alegre, de Canoas, de Pelotas e outras cidades gaúchas ainda estão  milhares de cães, gatos, porcos e aves refugiadas precariamente sobre as telhas. A maior parte dos desabrigados humanos pelas inundações já foi retirada das casas para abrigos seguros. 

   Voluntários e integrantes de ONGs de proteção aos animais ainda têm muito trabalho pela frente. E eles sabem muito bem como ver principalmente os pedidos de socorro de cães e gatos nestes telhados. Não precisam nem latir ou miar já que sua linguagem corporal é entendida por nós. 

   Há na expressão dos olhos de caninos e felinos uma súplica por ajuda. 

  Sobre o que restou de casas, abatidos, a maioria dos animais apresenta movimentos lentos, cabeça e orelhas baixas, flexão das patas em sinal de submissão ao socorrista. Uns poucos, tomados pela emoção do medo, podem alterar essa linguagem,  esconder o rabo e mostrar os dentes (por receio de um ataque).

      A expressão das emoções nos bichos são inatas e hereditárias, já definiu Charles Darwin. Ou seja, eles já nascem com essa linguagem corporal e nós humanos, de certa forma, também as temos por instinto.

    A tragédia no Rio Grande do Sul tem mostrado uma solidariedade gigante dos brasileiros e brasileiras com pets e cavalos. A ponto desse tema ser assunto nos principais telejornais e veículos de comunicação do País. 

    Afinal, temos hoje a consciência de que esses eventos extremos da natureza, consequências das mudanças climáticas, em nada têm a ver com os bichos. Os animais sofrem com os eventos extremos, mas não os causaram. As causas do aquecimento da temperatura do planeta decorrem das ações humanas, principalmente dos últimos dois séculos.    

       

     

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Chuvas no Sul: saiba como ajudar no resgate de pets!

 

Resgate de cão na cidade de Canoas/ Foto GrupoAmoremPatas/Instagram

   Equipes do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) já estão realizando operações de salvamento de pets e outros bichos em cidades do Rio Grande do Sul, assoladas pelas enchentes dos últimos dias. 

   Além disso, Organizações Não-Governamentais (ONGs) protetoras de animais, com sede no estado, como a 101 Vira-lata, localizada na cidade de Canoas, estão recolhendo animais para seus abrigos. No domingo, a primeira-dama Janja visitou a 101 Vira-lata e lá adotou uma cadelinha, de nome Esperança. 

   Além das vítimas humanas e da destruição de casas e empresas, as inundações afligem também os animais domésticos, e muitos cães e gatos estão sendo resgatados de barcos no telhado das casas abandonadas. 

   Infelizmente, em alguns pontos, por causa das fortes correntezas, não é possível chegar nem com barcos mais equipados. Os primeiros relatos indicam que será preciso aguardar ainda as águas baixarem para fazer alguns salvamentos. 

   Por meio do site desse Grupo (https://gradbrasil.org.br/) é possível ajudar, registrando online casos em que os resgate são urgentes. As ocorrências registradas no site ajudam a coordenação do GRAD, que montou uma base em Porto Alegre, a direcionar as equipes.

   O GRAD oferece também a possibilidade dos gaúchos registrarem no site os animais que estão perdidos, que se afastaram de suas famílias durante as chuvas. 

   O Grupo é formado por voluntários, médicos veterinários e bombeiros, todos treinados em resgate de animais. Mantém parceria com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e com a Fiocruz, no Rio de Janeiro, importante centro de pesquisas. 

   A mais recente operação é realizada em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente e de Infraestrutura do Rio Grande do Sul. 

   No Instagram, o Grupo publicou nesta segunda-feira, 6/05:

     "Nunca imaginamos algo dessa proporção, as demandas não param de chegar. O povo gaúcho e seus animais precisam da nossa ajuda e desistir nunca será uma opção!"

   Bom trabalho a todos!