sexta-feira, 19 de junho de 2015

Papa Francisco: Carta Encíclica fala dos cuidados com o planeta e o respeito por todos os animais.

CARTA ENCÍCLICA
LAUDATO SI’
DO SANTO PADRE
FRANCISCOSOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM


Alguns trechos selecionados pelo autor deste blog:



 Perda de biodiversidade
32. Os recursos da terra estão a ser depredados também por causa de formas imediatistas de entender a economia e a actividade comercial e produtiva. A perda de florestas e bosques implica simultaneamente a perda de espécies que poderiam constituir, no futuro, recursos extremamente importantes não só para a alimentação mas também para a cura de doenças e vários serviços. As diferentes espécies contêm genes que podem ser recursos-chave para resolver, no futuro, alguma necessidade humana ou regular algum problema ambiental.
33. Entretanto não basta pensar nas diferentes espécies apenas como eventuais «recursos» exploráveis, esquecendo que possuem um valor em si mesmas. Anualmente, desaparecem milhares de espécies vegetais e animais, que já não poderemos conhecer, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre. A grande maioria delas extingue-se por razões que têm a ver com alguma actividade humana. Por nossa causa, milhares de espécies já não darão glória a Deus com a sua existência, nem poderão comunicar-nos a sua própria mensagem. Não temos direito de o fazer.
34. Possivelmente perturba-nos saber da extinção dum mamífero ou duma ave, pela sua maior visibilidade; mas, para o bom funcionamento dos ecossistemas, também são necessários os fungos, as algas, os vermes, os pequenos insectos, os répteis e a variedade inumerável de microorganismos. Algumas espécies pouco numerosas, que habitualmente nos passam despercebidas, desempenham uma função censória fundamental para estabelecer o equilíbrio dum lugar. É verdade que o ser humano deve intervir quando um geosistema cai em estado crítico, mas hoje o nível de intervenção humana numa realidade tão complexa como a natureza é tal, que os desastres constantes causados pelo ser humano provocam uma nova intervenção dele de modo que a actividade humana torna-se omnipresente, com todos os riscos que isto implica. Normalmente cria-se um círculo vicioso, no qual a intervenção humana, para resolver uma dificuldade, muitas vezes ainda agrava mais a situação. Por exemplo, muitos pássaros e insectos, que desaparecem por causa dos agro-tóxicos criados pela tecnologia, são úteis para a própria agricultura, e o seu desaparecimento deverá ser compensado por outra intervenção tecnológica que possivelmente trará novos efeitos nocivos. São louváveis e, às vezes, admiráveis os esforços de cientistas e técnicos que procuram dar solução aos problemas criados pelo ser humano. Mas, contemplando o mundo, damo-nos conta de que este nível de intervenção humana, muitas vezes ao serviço da finança e do consumismo, faz com que esta terra onde vivemos se torne realmente menos rica e bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto ao mesmo tempo o desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a avançar sem limites. Assim, parece que nos iludimos de poder substituir uma beleza insuprível e irrecuperável por outra criada por nós.


A Criação
66. As narrações da criação no livro do Génesis contêm, na sua linguagem simbólica e narrativa, ensinamentos profundos sobre a existência humana e a sua realidade histórica. Estas narrações sugerem que a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a Bíblia, estas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. Esta ruptura é o pecado. A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas. Este facto distorceu também a natureza do mandato de «dominar» a terra (cf. Gn 1, 28) e de a «cultivar e guardar» (cf. Gn 2, 15). Como resultado, a relação originariamente harmoniosa entre o ser humano e a natureza transformou-se num conflito (cf. Gn 3, 17-19). Por isso, é significativo que a harmonia vivida por São Francisco de Assis com todas as criaturas tenha sido interpretada como uma sanação daquela ruptura. Dizia São Boaventura que, através da reconciliação universal com todas as criaturas, Francisco voltara de alguma forma ao estado de inocência original.[40] Longe deste modelo, o pecado manifesta-se hoje, com toda a sua força de destruição, nas guerras, nas várias formas de violência e abuso, no abandono dos mais frágeis, nos ataques contra a natureza.

67. Não somos Deus. A terra existe antes de nós e foi-nos dada. Isto permite responder a uma acusação lançada contra o pensamento judaico-cristão: foi dito que a narração do Génesis, que convida a «dominar» a terra (cf. Gn 1, 28), favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. Mas esta não é uma interpretação correcta da Bíblia, como a entende a Igreja. Se é verdade que nós, cristãos, algumas vezes interpretámos de forma incorrecta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do facto de ser criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas. É importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que nos convidam a «cultivar e guardar» o jardim do mundo (cf. Gn 2, 15). Enquanto «cultivar» quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, «guardar» significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Cada comunidade pode tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras. Em última análise, «ao Senhor pertence a terra» (Sl 24/23, 1), a Ele pertence «a terra e tudo o que nela existe» (Dt 10, 14). Por isso, Deus proíbe-nos toda a pretensão de posse absoluta: «Nenhuma terra será vendida definitivamente, porque a terra pertence-Me, e vós sois apenas estrangeiros e meus hóspedes» (Lv 25, 23).
68. Esta responsabilidade perante uma terra que é de Deus implica que o ser humano, dotado de inteligência, respeite as leis da natureza e os delicados equilíbrios entre os seres deste mundo, porque «Ele deu uma ordem e tudo foi criado; Ele fixou tudo pelos séculos sem fim e estabeleceu leis a que não se pode fugir!» (Sl 148, 5b-6). Consequentemente, a legislação bíblica detém-se a propor ao ser humano várias normas relativas não só às outras pessoas, mas também aos restantes seres vivos: «Se vires o jumento do teu irmão ou o seu boi caídos no caminho, não te desvies deles, mas ajuda-os a levantarem-se. (...) Se encontrares no caminho, em cima de uma árvore ou no chão, um ninho de pássaros com filhotes, ou ovos cobertos pela mãe, não apanharás a mãe com a ninhada» (Dt 22, 4.6). Nesta linha, o descanso do sétimo dia não é proposto só para o ser humano, mas «para que descansem o teu boi e o teu jumento» (Ex 23, 12). Assim nos damos conta de que a Bíblia não dá lugar a um antropocentrismo despótico, que se desinteressa das outras criaturas.
69. Ao mesmo tempo que podemos fazer um uso responsável das coisas, somos chamados a reconhecer que os outros seres vivos têm um valor próprio diante de Deus e, «pelo simples facto de existirem, eles O bendizem e Lhe dão glória»[41], porque «o Senhor Se alegra em suas obras» (Sl 104/103, 31). Precisamente pela sua dignidade única e por ser dotado de inteligência, o ser humano é chamado a respeitar a criação com as suas leis internas, já que «o Senhor fundou a terra com sabedoria» (Pr 3, 19). Hoje, a Igreja não diz, de forma simplicista, que as outras criaturas estão totalmente subordinadas ao bem do ser humano, como se não tivessem um valor em si mesmas e fosse possível dispor delas à nossa vontade; mas ensina – como fizeram os bispos da Alemanha – que, nas outras criaturas, «se poderia falar da prioridade doser sobre o ser úteis».[42] O Catecismo põe em questão, de forma muito directa e insistente, um antropocentrismo desordenado: «Cada criatura possui a sua bondade e perfeição próprias. (...) As diferentes criaturas, queridas pelo seu próprio ser, reflectem, cada qual a seu modo, uma centelha da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É por isso que o homem deve respeitar a bondade própria de cada criatura, para evitar o uso desordenado das coisas».[43]...


A mensagem de cada criatura na harmonia de toda a criação
84. O facto de insistir na afirmação de que o ser humano é imagem de Deus não deveria fazer-nos esquecer que cada criatura tem uma função e nenhuma é supérflua. Todo o universo material é uma linguagem do amor de Deus, do seu carinho sem medida por nós. O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia de Deus. A história da própria amizade com Deus desenrola-se sempre num espaço geográfico que se torna um sinal muito pessoal, e cada um de nós guarda na memória lugares cuja lembrança nos faz muito bem. Quem cresceu no meio de montes, quem na infância se sentava junto do riacho a beber, ou quem jogava numa praça do seu bairro, quando volta a esses lugares sente-se chamado a recuperar a sua própria identidade.
85. Deus escreveu um livro estupendo, «cujas letras são representadas pela multidão de criaturas presentes no universo».[54] E justamente afirmaram os bispos do Canadá que nenhuma criatura fica fora desta manifestação de Deus: «Desde os panoramas mais amplos às formas de vida mais frágeis, a natureza é um manancial incessante de encanto e reverência. Trata-se duma contínua revelação do divino».[55]Os bispos do Japão, por sua vez, disseram algo muito sugestivo: «Sentir cada criatura que canta o hino da sua existência é viver jubilosamente no amor de Deus e na esperança».[56] Esta contemplação da criação permite-nos descobrir qualquer ensinamento que Deus nos quer transmitir através de cada coisa, porque, «para o crente, contemplar a criação significa também escutar uma mensagem, ouvir uma voz paradoxal e silenciosa».[57] Podemos afirmar que, «ao lado da revelação propriamente dita, contida nas Sagradas Escrituras, há uma manifestação divina no despontar do sol e no cair da noite».[58] Prestando atenção a esta manifestação, o ser humano aprende a reconhecer-se a si mesmo na relação com as outras criaturas: «Eu expresso-me exprimindo o mundo; exploro a minha sacralidade decifrando a do mundo».[59]
86. O conjunto do universo, com as suas múltiplas relações, mostra melhor a riqueza inesgotável de Deus. São Tomás de Aquino sublinhava, sabiamente, que a multiplicidade e a variedade «provêm da intenção do primeiro agente», o Qual quis que «o que falta a cada coisa, para representar a bondade divina, seja suprido pelas outras»,[60] pois a sua bondade «não pode ser convenientemente representada por uma só criatura».[61] Por isso, precisamos de individuar a variedade das coisas nas suas múltiplas relações.[62] Assim, compreende-se melhor a importância e o significado de qualquer criatura, se a contemplarmos no conjunto do plano de Deus. Tal é o ensinamento do Catecismo: «A interdependência das criaturas é querida por Deus. O sol e a lua, o cedro e a florzinha, a águia e o pardal: o espectáculo das suas incontáveis diversidades e desigualdades significa que nenhuma criatura se basta a si mesma. Elas só existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no serviço umas das outras».[63]
87. Quando nos damos conta do reflexo de Deus em tudo o que existe, o coração experimenta o desejo de adorar o Senhor por todas as suas criaturas e juntamente com elas, como se vê neste gracioso cântico de São Francisco de Assis:
«Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumia.
E ele é belo e radiante com grande esplendor:
de Ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã lua e pelas estrelas,
que no céu formaste claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
pelo ar, pela nuvem, pelo sereno, e todo o tempo,
com o qual, às tuas criaturas, dás o sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
pelo qual iluminas a noite:
ele é belo e alegre, vigoroso e forte».[64]
88. Os bispos do Brasil sublinharam que toda a natureza, além de manifestar Deus, é lugar da sua presença. Em cada criatura, habita o seu Espírito vivificante, que nos chama a um relacionamento com Ele.[65] A descoberta desta presença estimula em nós o desenvolvimento das «virtudes ecológicas».[66] Mas, quando dizemos isto, não esqueçamos que há também uma distância infinita, pois as coisas deste mundo não possuem a plenitude de Deus. Esquecê-lo, aliás, também não faria bem às criaturas, porque não reconheceríamos o seu lugar verdadeiro e próprio, acabando por lhes exigir indevidamente aquilo que, na sua pequenez, não nos podem dar....



"Assim nos damos conta de que a Bíblia não dá lugar a um antropocentrismo despótico, que se desinteressa das outras criaturas", Papa Francisco.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

IBGE: Brasil tem 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos em domicílios.

       O IBGE divulgou nesta quarta-feira, dia 3 de junho de 2015, Pesquina Nacional de Saúde, realizada em 2013, que estimou a proporção de domicílios com cachorros ou gatos. Segundo o instituto, a informação apoiará o planejamento do Ministério da Saúde, por exemplo, na programação de compras de vacinas contra a raiva em todo o País. 
        Em 2013, a pesquisa estimou que 44,3% dos domicílios do País possuíam pelo menos um cachorro, o equivalente a 28,9 milhões de unidades domiciliares. 
       A Região Sul apresentou a maior proporção (58,6%), e a Região Nordeste, a menor (36,4%). 
       Na área rural, a proporção de domicílios com algum cachorro (65,0%) era superior à observada na área urbana (41,0%). 
      A população de cachorros em domicílios brasileiros foi estimada em 52,2 milhões, o que indicou uma média de 1,8 cachorro por domicílio com esse animal. 
      Em relação à presença de gatos, 17,7% dos domicílios do País possuíam pelo menos um, o equivalente a 11,5 milhões de unidades domiciliares. A população de gatos em domicílios brasileiros foi estimada em 22,1 milhões, o que representa aproximadamente 1,9 gato por domicílio com esse animal.
     As Regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores proporções (22,7% e 23,6%, respectivamente), ao passo que as Regiões Sudeste e Centro-Oeste, as menores (13,5% e 14,3%, respectivamente). 
     Considerando a situação do domicílio, a área urbana (14,2%) apresentou proporção inferior à observada na área rural (39,4%). 
      É importante ressaltar neste blog que a pesquisa do IBGE refere-se apenas aos cães e gatos que vivem em residência, apartamentos, casas e chácaras, e não inclui a população de cães e gatos que vivem nas ruas das cidades e nem nos parques públicos do País, muitos abandonados e muitos na condição de animais cuidados pela comunidade. 

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)




sexta-feira, 17 de abril de 2015

Revista Science, um segredo desvendado: o 'hormônio do amor' que liga cães e humanos.

Capa da revista Science

       A revista Science, edição desta sexta-feira, dia 17 de abril de 2015, publica importante reportagem para todos os que gostam dos cães: pesquisa realizada no Japão revela que os cães têm os níveis do hormônio ocitocina aumentados ao olharem ou terem contatos próximos com seus amigos e donos. A ocitocina é considerado o "hormônio do amor", responsável pela sensação de bem-estar e felicidade, e é produzida pela hipófise, localizada no cérebro. É um hormônio ligado nas fêmeas à maternidade e à amamentação.
        A Ciência já sabia que nós humanos temos 'descargas' de ocitocinas todas as vezes que acariciamos, olhamos ou abraçamos uma criança ou um cachorrinho querido. Mas agora os cientistas descobriram que, no outro lado da relação, os cães também produzem ocitocina todas as vezes que nos olham fixo ou estão em contato conosco. 
        Nem todos os animais que convivem conosco têm esta características. Canídeos silvestres, como os lobos, não reagem desta forma. Segundo a pesquisa, nem os lobos que foram 'domesticados' produzem o 'hormônio do amor" em contato com os seus criadores.

A notícia saiu no Jornal da Nacional da edição de quinta-feira à noite. O texto é do correspondente de Nova York: 
"Um estudo de pesquisadores japoneses publicado pela revista Science encontrou motivos da ligação tão forte que existe entre o homem e o cachorro. Eles são companheiros fiéis, carinhosos. Às vezes, parece até que entendem os nossos sentimentos. Mas qual é a explicação para os laços profundos que unem cachorros e humanos?
A resposta pode estar em uma substância: a ocitocina, um hormônio produzido na glândula hipófise superior, que tem conexão com o hipotálamo, região do cérebro ligada ao bem estar, às emoções. E que geralmente é produzida quando estamos perto de quem gostamos muito. Por isso é chamada de “hormônio do amor”. 
Quando um bebê olha fixamente para os olhos da mãe, os níveis de ocitocina no cérebro dela aumentam, reforçando a ligação dos dois. Pesquisas já haviam demonstrado que a produção de ocitocina também aumenta quando fazemos carinho ou olhamos fixamente para um cachorro. Agora, uma pesquisa divulgada na revista Science mostrou que o cérebro dos cães reage do mesmo jeito."

Resumo da reportagem publicada pela revista Science.

Human-like modes of communication, including mutual gaze, in dogs may have been acquired during domestication with humans. We show that gazing behavior from dogs, but not wolves, increased urinary oxytocin concentrations in owners, which consequently facilitated owners’ affiliation and increased oxytocin concentration in dogs. Further, nasally administered oxytocin increased gazing behavior in dogs, which in turn increased urinary oxytocin concentrations in owners. These findings support the existence of an interspecies oxytocin-mediated positive loop facilitated and modulated by gazing, which may have supported the coevolution of human-dog bonding by engaging common modes of communicating social attachment.

Para saber mais: http://www.sciencemag.org/content/348/6232/333.full



Arqueologia mostra laços antigos entre cães e homens/Revista Science

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Carta aberta aos novos veterinários

Vale a pena ler o discurso de Sergio Manzini na colação de grau dos formandos de 2014 da faculdade de Medicina Veterinária da FMU. O discurso foi feito na solenidade no Senac de Santo Amaro, na quinta-feira, dia 5 de fevereiro, e mostra com clareza os desafios dos novos profissionais.


"A minha vontade hoje é de apenas Fazer um pedido a vocês Novos Veterinários.

Mas, antes, quero dividir com vocês algumas observações que eu venho fazendo sobre eles que serão os pacientes e clientes de vocês.

Aqui no Brasil estão acontecendo muitas mudanças comportamentais que estão provocando uma verdadeira revolução nos costumes quando o assunto é tratamento, abandono e cuidado com os animais.

Muitos casais estão deixando de ter filhos e estão optando por ter animais de estimação, mas a dedicação a esses bichinhos está sendo igual ou até maior do que se fosse com uma criança e o reflexo desse comportamento é muito grande.

Hoje, cachorros vão de perua escolar para as ditas creches, para não ficarem o dia todo sozinhos em casa e lá têm brinquedos, piscina, cuidadores, professores etc.

Hoje, temos os especialistas em grande porte, pequeno porte, aves, répteis, tem oftalmologista, dermatologista, dentista, cardiologista e outras várias especialidades.

Aqueles que se dedicarão principalmente aos chamados “animais de pequeno porte” se preparem, pois vocês não serão vistos como veterinários, mas sim como pediatras, professores, cuidadores, tios, etc.  Minha filha fez estágio numa clínica que também tem a tal creche e acreditem, no final do ano, vários cachorros levaram presentinhos de Natal para a Tia que cuidou deles...

Hoje, está mais fácil encontrar uma clínica veterinária ou um pet shop do que uma farmácia.       Já existe até convênio médico pet.

Vários hotéis para nós humanos já estão aceitando animais para não perder cliente,,,

Antigamente quando o problema de saúde era um pouco mais grave, já surgia aquela perguntinha:  Dr., não tem aquela injeçãozinha para acabar com o sofrimento dele ?   grande desculpa essa do “sofrimento dele” !!!  Hoje, até cadeirinha de rodas já tem para eles...  Quanta diferença...

Até os testes de novos produtos em animais está quase chegando ao fim.

É, parece que finalmente a valorização dos animais chegou.  E quando falo animais não falo só de cachorrinhos e gatinhos... É geral !!!    Até no excesso de jumentos no Rio Grande do Norte os defensores se envolveram,  ou quando aparece alguém maltratando um cavalo numa carroça, todo mundo já cai de pau.

É claro que as redes sociais têm uma importância fabulosa nessas mudanças, pois tudo nelas ganha muito espaço e divulgação e, para os animais, isso é excelente.  É através delas, (as redes sociais) que tomamos conhecimento de mudanças na legislação e também vamos descobrindo a enorme quantidade de associações e ONG’s que estão se formando em prol dos animais, como:

Clube dos Vira-latas; Associação Natureza em Forma; Associação Maxmello de Amparo à Vida Animal; AcãoChego;
e Associação Vivacão: na qual um Padre que cuida de 200 cachorros e usa toda a verba que consegue nos casamentos que faz para comprar ração e cuidar dos animais. Ele não se acanha em postar sua mensagem no Face:  “hoje estamos sem dinheiro para comprar a ração dos animais...”.  essa é uma luta diária dele
Asseama: Para os seguidores da doutrina espírita, esta é uma casa kardecista voltada exclusivamente para atendimento aos animais.   Eles também tem um local que chamam de Santuário, onde mantém vários animais resgatados.
Cãodomínio: Em Florianópolis, um senhor montou um condomínio para cães de rua numa praça pública e ele mesmo cuida da manutenção.

A coisa está melhorando tanto para os animais que até o número de vegetarianos está aumentando e muito.   E na cola dos vegetarianos estão vindo os radicais Veganos.  Eu uso a palavra “radicais” não como crítica, muito pelo contrário, uso pela pura força da palavra, pois além de não comerem a carne de nenhum animal, eles também não se utilizam de nada que tenha origem animal.  Desde os comuns derivados, tipo leite, queijo, ovos, como também couros, lã.  Nem gelatina eles comem, pois também tem origem animal.

Tenho uma amiga vegana que adora usar uma camiseta com o desenho da cara de uma vaca e com os dizeres: “vai tomar o leite da sua Mãe”.

Tem mais uma coisa que eu gostaria de destacar, que a princípio é um pouco feia, mas se olharmos com outros olhos, até dá pra entender.  Hoje muitas pessoas estão pegando animais abandonados e deixando na frente das clínicas. São caixas cheias de filhotes ou cachorrinhos doentes ou tem aqueles que os deixam pra tomar banho e não voltam para buscar.   Entendo que as clínicas não gostem disso, pois com certeza representa um gasto a mais, mas se a gente olhar por um ângulo diferente, o fato das pessoas estarem fazendo isso, é um sinal de que o ser humano está mudando e mudando para melhor.  É uma demonstração de que os homens já não estão mais tão indiferentes aos bichinhos abandonados.  Melhor isso do que largar pelo mundo, como alguns poucos ainda fazem.  Por outro lado, tenho certeza de que essa caridade, que as clínicas fazem “aceitando” esses “abandonados”, será recompensada de alguma forma, não faltando nada para elas.



Será que está havendo uma Humanização no tratamento dispensado aos animais ??  Sinceramente, eu não chamaria de humanização...   Isso está mais para animalização no tratamento dos animais, pois nós humanos estamos é aprendendo com os animais, o que é uma amizade pura e sincera, o que é o tal amor incondicional e o que é respeitar um ser vivo, independentemente de sua espécie ou raça.


Bem,  dito tudo isso,  eu gostaria de finalizar as minhas palavras com um pedido direcionado a vocês Novos Profissionais da Medicina Veterinária:


Reservem nas agendas de vocês, algum tempo como doação, ajudando a essas ONG’s  e  Associações, seja em tratamentos, cirurgias ou em campanhas de castração, afinal esses legítimos "sem-teto", “sem-comida”, “sem-carinho”,    dedicam a vida deles para nós e diante disso, o que serão algumas horinhas cuidando deles ?

Nós da plateia, podemos doar ração e até carinho, mas vocês podem salvar vidas.

Muito obrigado e Que Deus abençoe a todos vocês.

Sérgio Manzini

(O autor do discurso é pai da médica-veterinária Anna Manzini, formada nesta turma)


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O CÃO QUE GANHOU UMA ESTÁTUA NO CENTRAL PARK, EM NOVA YORK, POR SEU HEROÍSMO.

REPORTAGEM EXCLUSIVA PARA O BLOG ANIMAIS OK

JORNALISTA LUIZ ANTÔNIO MACIEL, DE NOVA YORK

C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA CANON\IMG_9038.JPG
A estátua do cão Balto no Central Park
(Foto de Luiz Antônio Maciel)

          Os cidadãos norte-americanos gostam de cultuar seus heróis humanos, virtuais ou imaginários e até animais – sejam os que dedicaram uma vida inteira anônima de fidelidade e amor a seus donos, perpetuada em memoriais discretos em parques públicos, sejam os que realizaram feitos memoráveis,  eternizados em bronze, mármore ou pedra, para conhecimento e veneração das gerações futuras.

         Quem percorre os limites externos ou os sinuosos caminhos internos do Central Park, no coração de Manhattan, se depara com vários monumentos em homenagem a esses heróis. Um deles é a escultura em bronze de anônimos soldados norte-americanos que combateram na Primeira Guerra Mundial; outro, a estátua equestre de Simon Bolivar; um conjunto de personagens de Alice no País das Maravilhas;  a estátua em bronze de Hans Christian Andersen, sentado em um banco de granito lendo seu livro de histórias infantis. Ou ainda o obelisco, também conhecido como a Agulha de Cleópatra, encomendado pelo faraó Thutmosis III, por volta do ano 1450 antes de Cristo, e transportado para Nova York no século 19, em troca de uma ajuda norte-americana ao governo do Egito.

File:Gunnar Kaasen with Balto.jpg

Gunnar Kaasen e Balto, em fotografia tirada provavelmente em 1925. (Foto Brown Brothers, Wikimedia Commons)
                 No Portão do Comerciante, a entrada sul do Central Park, no alto de um pilar, fica o Monumento a Maine, uma homenagem aos 260 marinheiros norte-americanos que morreram em 15 de fevereiro de 1898, quando o navio de guerra Maine explodiu no porto de Havana, Cuba, sob domínio espanhol. Dois meses depois a Espanha declarou guerra aos Estados Unidos. E na entrada da Rua 59, uma estátua eqüestre homenageia o general William T. Sherman, que foi um dos mais renomados comandantes da Guerra Civil norte-americana, junto com Ulysses Grant e Robert E. Lee.

          
C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA CANON\IMG_9042.JPG
Foto Luiz Antônio Maciel
Mas entre a Rua 67 e a Rua 66 Leste (East Drive), uma pequena entrada no muro que cerca o Central Park conduz a um caminho sinuoso, entre gramados, jardins e árvores, onde, sobre uma pedra de granito, uma estátua em bronze, inaugurada em 17 de dezembro de 1925, presta homenagem a um herói ainda hoje cultuado em várias partes do país, mas principalmente no Alasca: o cão husky siberiano Balto (Bolto, na pronúncia dos norte-americanos).

        Além dos méritos próprios, Balto simboliza o esforço de 150 cães e 20 condutores de trenós que, no rigoroso inverno de 1925, percorreram 674 milhas (1.084 quilômetros) para levar uma carga de 20 libras (cerca de 9 quilos) de soro contra difteria da cidade de Nenana até Nome, que estava ilhada pelo inverno e registrava uma epidemia da doença. Causada pela toxina de um bacilo, a difteria ou crupe tinha possibilidade de se tornar altamente contagiosa para a população local, a maioria de origem esquimó, sem defesas naturais para enfrentá-la. O único médico da cidade diagnosticou a doença em janeiro, em um menino esquimó; logo em seguida, quatro crianças morreram e 18 ficaram seriamente doentes.

C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA GE-AGOSTO-SETEMBRO\GEDC5595.JPG

Um pedido de socorro

        Em 20 de janeiro de 1925, da cidade de Nome partiu um apelo desesperado: “Nome chamando... Nome chamando... Temos um surto de difteria. Nenhum soro. Precisamos de ajuda urgente. Nome chamando... Nome chamando...”
A cidade de Seattle respondeu, dizendo que tinha soro à disposição e um avião disponível para o transporte. Mas as condições do inverno em Nome impediam o pouso, e o avião nem decolou.

        Em 25 de janeiro, chegou uma mensagem, procedente da cidade de Anchorage, a maior do Alasca. “Anchorage chamando... Anchorage chamando... 300 mil unidades de soro localizadas aqui no hospital da ferrovia. O pacote pode ser despachado por trem para Nenana... O pacote pesa 20 libras... O soro pode ser transportado para Nome pela trilha Iditarod por condutores dos correios e equipes de cães.”
A carga chegou a Nenana por trem no dia 27 de janeiro. A temperatura caia rapidamente: 20 graus abaixo de zero, 30 graus... Mesmo assim o primeiro condutor, “Wild Bill” Shannon, arreou seus cães ao trenó e decidiu percorrer 52 milhas (84 quilômetros), enfrentando temperaturas de até 50 graus negativos, para chegar ao ponto do próximo revezamento.


http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/dogSled.jpg

A Corrida do Soro

        Condutores esquimós, índios e brancos se sucederam nessa corrida de 674 milhas, que se tornou conhecida como a Corrida do Soro de Nome (Nome Serum Run) ou  a Grande Corrida da Misericórdia (Grand Race of Mercy) e deu origem a uma competição esportiva que se mantém até os dias atuais, sempre no mês de março, conhecida como a Corrida de Cães de Trenós na Trilha Iditarod (Iditarod Trail Sled Dog Race).

      As várias equipes de homens e cães superaram suas próprias forças e numerosos perigos para cumprir a missão. No dia 30 de janeiro, um jovem índio recém-casado George Nollner, percorreu parte de um total de 30 milhas (48 km) cantando velhas canções de amor, mas a partir de determinado trecho teve de colocar os arreios nele mesmo e ajudar os cães a puxar o trenó depois que dois animais de sua equipe ficaram com as patas congeladas.

       No dia seguinte, Leonhard Seppala, uma lenda viva entre os condutores de trenós, criador de huskies siberianos e considerado o pai da raça, enfrentou problemas sérios. Ele havia saído de Nome, a 150 milhas (241 km), para apanhar o soro em algum ponto da trilha usada pelos correios e voltar para a cidade. Em Shaktoolik, pegou a carga com o condutor russo esquimó  Henry Ivanoff. O cão líder de Seppala era Togo, filho de um cão metade husky siberiano e metade malamute do Alasca e de uma cadela husky importada da Sibéria. O nome era uma homenagem ao almirante japonês Heihachiro Togo, que lutou na guerra entre a Rússia e Japão (1904-1905).


Salvo pelo cão 

    Togo era considerado o melhor líder de equipe do Alasca, capaz de conduzir os demais cães com habilidade e senso de perigo pela rota mais segura. Ao chegar à enseada de Norton Sound, Seppala pretendia cortar caminho pela superfície congelada, para ganhar tempo, mas a decisão ficou com Togo, que percorreu uma parte do caminho no gelo, mas logo preferiu a segurança da terra firme. Três horas depois, a superfície congelada de Norton Sound foi destruída por uma ventania, que jogava a água do mar com força sobre o gelo. Ao chegar a Golovin, depois de percorrer 91 milhas (146 km), os cães estavam exaustos e Seppala transferiu a carga para a equipe de Charlie Olson, que percorreu 25 milhas  (40 km) até Bluff.

    Nessa cidade, no dia 1° de fevereiro, quando o número de vítimas da difteria em Nome já chegava a 28, o condutor norueguês Gunnar Kaasen recebeu o soro das mãos de Olson, que chegou em péssimas condições físicas, depois de enfrentar um frio de 57 graus negativos e ventos de até 130 quilômetros por hora. O soro precisava ser entregue no menor prazo possível, porque a quantidade de doses só dava para atender, no máximo, 30 pacientes. Era preciso chegar antes que a difteria se espalhasse ainda mais.


Um líder sem passado

      Kaasen decidiu colocar o cão Balto como guia da equipe, embora até aquela data ele nunca tivesse liderado uma matilha nem corrido grandes distâncias. Havia apenas trabalhado no transporte de mercadorias em pequenos trajetos, principalmente na empresa de mineração de ouro Hammon Consolidated Gold Fields.

     Nascido no canil de Seppala em 1919, Balto era um husky preto azeviche, com marcações brancas nas patas, no peito, na barriga e na ponta do focinho. Aos seis meses foi castrado, porque Seppala concluiu que seu fenotipo não era adequado para o trabalho de puxar trenós e, portanto, não deveria procriar. Era um pouco quadrado e tinha o que os cinófilos chamam de costelas de barril, o que fez com que suas pernas dianteiras crescessem um pouco arqueadas, dificultando o movimento de correr ao puxar o trenó.

    Apesar desses pontos negativos, Kaasen confiou no cão. E Balto foi muito além do que era esperado. Liderou a equipe na noite escura, através da neve que se acumulava na trilha, em áreas alagadas e subindo a montanha Topkok. Balto percorria o caminho instintivamente, confiante e seguro, apesar da baixa visibilidade que, muitas vezes, até impedia o condutor de ver os cães mais próximos do trenó.

http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/map.jpg

     Acidente e susto

   Durante o trajeto, uma rajada de vento muito forte levantou os cães e virou o trenó. Depois de ajeitar os arreios nos cães e colocar o carro na posição correta, Kaasen teve um choque ao perceber que o pacote com o soro havia caído na neve. Seu coração quase parou. Desesperado, ele começou a cavar a neve com as mãos, sem luvas, para facilitar a busca. Felizmente, apesar dos ferimentos causados pelo gelo nos dedos, pouco depois Kaasen encontrou o pacote.
A equipe chegou às 3 horas da madrugada do dia 2 de fevereiro, antes do horário previsto,  a Point Safety (Ponto de Segurança), onde um novo condutor, Ed Rohn, deveria substituir Kaasen. No entanto, Rohn dormia e, como os cães estavam correndo bem, o norueguês decidiu fazer o trajeto final de 25 milhas (40 km) até Nome, depois de um rápido descanso, durante o qual aproveitou para manter o soro aquecido, na temperatura adequada.


“Cão danado de bom!”
    Às 5h30, Kaasen entrou na Front Street, em Nome, parando o trenó diante do Merchants & Miners Bank. As poucas testemunhas que estavam acordadas naquele momento e foram para a rua dizem que o condutor caminhou cambaleante até a frente da equipe de cães e se ajoelhou diante de Balto dizendo: “Damn fine dog!” (“Cão danado de bom!”)
    Em poucas horas, a notícia se espalhou pelos Estados Unidos e a equipe de cães se tornou manchete em vários jornais do país. Balto foi considerado um herói. A corrida de 674 milhas (1.084 km) havia sido completada em 127 horas e trinta minutos. Um verdadeiro recorde.
Na verdade, até esse momento, o líder da equipe não tinha nome, ou tinha um nome comum, desses que são dados a cães. A partir de então, porém, passou a ser chamado de Balto, em homenagem a Samuel Balto, explorador norueguês que, em 1888, participou da primeira travessia da Groenlândia.
     Balto passou a ser uma atração nacional, com dias de glória e outros nem tanto. O produtor de Hollywood Sol Lesser contratou Kaasen, Balto e os demais cães para uma viagem a Los Angeles, onde o cão teve direito a uma suite no California Biltmore Hotel. Em Mount Rainier, Estado de Washington, filmou em dois rolos um curta-metragem  intitulado “Balto’s race to Nome” (“A corrida de Balto até Nome”), que foi oficialmente lançado em junho de 1925, quatro meses após o feito. Infelizmente, com o passar dos anos, esse filme se perdeu. Só sobraram alguns fotogramas.



Estátua no Central Park

      Em 17 de dezembro de 1925, no Central Park, de Nova York, foi inaugurada uma estátua em bronze de Balto, a primeira da cidade em homenagem a um cão. Ela foi feita pelo escultor Frederick George Richard Roth (1872-1944), especializado em retratar animais vivos. Balto e Gunnar Kaasen participaram da cerimônia. 

Depois desses momentos de glória, vários empresários do setor de entretenimento compraram sucessivamente os cães para exibi-los pelos Estados Unidos, muitas vezes em espetáculos de segunda categoria. Em 19 de março de 1927, Balto e mais seis cães sobreviventes foram resgatados de um “museu” popular onde eram exibidos com entradas ao preço de um dime (10 centavos), e levados para o Brookside Zoo, em Cleveland, Ohio, onde viveram até o último de seus dias desfrutando de bom tratamento.
  
       Em 14 de março de 1933, às 14h15, Balto foi sacrificado pelo veterinário R. R. Powell, assistido por Curley Wilson, coordenador do zoológico. Aos 14 anos, ele estava praticamente cego e surdo e sofria de artrite nas patas traseiras. Em seguida, foi empalhado e é uma das atrações do Museu de História Natural de Cleveland, embora a cor de seu pelo, de preto azeviche, tenha mudado para “mahogany-brown” (castanho acaju) devido ao efeito do tempo e da iluminação nos locais onde é exposto. Por sua história de heroísmo, seu corpo embalsamado ainda é requisitado para exibição em várias partes dos Estados Unidos.

C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA CANON\IMG_9040.JPG

A placa em homenagem ao espírito vencedor dos cães que participaram da Corrida do Soro no Alasca (Foto Luiz Antônio Maciel)




Personagem de Spielberg


   Em memória ao feito de Balto e dos demais cães, no ano de comemoração de 70 anos da Corrida do Soro, em 1995, a Amblin Entertainment, empresa do cineasta Steve Spielberg, e a Universal Pictures, lançaram um filme de animação intitulado “Balto”, contando a história dos fatos ocorridos em 1925, misturada com um pouco de ficção, para atrair espectadores. Depois, no ano de 2000, e novamente em 2004, a Universal Cartoon Studios produziu duas sequências do primeiro filme: “Balto 2 –  Wolf Quest” e “Balto 3 – Wings of Change”, ambos de ficção. Alguns desses filmes podem ser encontros em DVD, nos Estados Unidos e também no Brasil.
Ainda hoje, visitantes do Central Park, em Nova York, procuram a estátua de Balto para tirar fotos ou ser fotografados ao lado do cão eternizado por sua coragem, destacada numa placa de bronze, com o desenho, em alto relevo, de cães puxando um trenó:

"Dedicado ao indomável espírito dos cães puxadores de trenós que se revezaram no transporte de antitoxinas 600 milhas sobre gelo áspero e através de águas traiçoeiras e tempestades de neve do Ártico a partir de Nenana, para alívio de Nome, no inverno de 1925.
Resistência. Fidelidade. Inteligência.”


http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/banner.jpg

Manchete de jornal de Cleveland do dia 1° de fevereiro de 1925 informa que Nome tem esperança à medida que os cães se aproximam da cidade (Reprodução do Cleveland Museum of Natural History)

http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/baltoMount.jpg
O herói Balto.