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O cachorrinho Apolo e Lourdes
Foto de Ricardo Osman |
“Vem para a rua que a rua é a maior
arquibancada do Brasil”. O hino dos estudantes que tomaram as ruas contra o
aumento das passagens de ônibus no País voltou a ecoar na manhã de ontem na
Avenida Paulista e na Consolação, em São Paulo. Desta vez, a manifestação, que
não reuniu apenas estudantes, protestava contra a falta de punição efetiva para
quem comete crimes contra animais domésticos no Brasil. A manifestação foi convocada pelo
Movimento Crueldade Nunca Mais e chegou, em seu ponto alto, a
ocupar dois quarteirões na pista da Consolação e reivindicou penas que vão de
dois a seis anos de cadeia para quem maltratar bichos, como cães e gatos. Segundo os organizadores, o ato reuniu 5 mil pessoas, ao contrário do que afirma o site G1 que noticiou a presença de apenas 100 pessoas, o que pode ser desmentido pelas fotos. O blog AnimaisOk apoia o Movimento Crueldade Nunca Mais. Parabenizamos os organizadores por ser uma manifestação focada e sem ocorrência de vandalismo. O Brasil mostra que não aceita mais a impunidade contra os animais. Esta foi a segunda grande mobilização do Movimento Crueldade Nunca Mais. A primeira ocorreu em janeiro de 2012.
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| A manifestação na rua da Consolação/Foto de Ricardo Osman |
O ato teve início às 10 horas no Masp, na Avenida
Paulista, e terminou às 14 horas na Praça Roosevelt, onde o coordenador do
Movimento Crueldade Nunca Mais, Allan Reinaldo, e a presidente do Quintal de
São Francisco, Angela Caruso, discursaram. A manifestação foi organizada também outras cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro. “Queremos
mostrar aos senadores que o País não aceita mais a impunidade nos crimes contra
os animais”, disse Allan Reinaldo, referindo-se à reforma do Código Penal em
tramitação no Senado, que pode alterar a atual legislação. A lei vigente, que é
a de Crimes Ambientais, prevê detenção de no máximo um ano para maus-tratos a
animais, o que na prática não leva ninguém para a cadeia, uma vez que penas
desta duração são geralmente convertidas em punições alternativas, como
pagamento de cesta básica ou prestação de serviços à comunidade. “Precisamos mudar essa realidade no País”,
disse a promotora de Justiça, Vânia Tuglio, que acompanha a votação do Novo
Código Penal. “Não temos hoje como punir efetivamente crimes contra os animais”,
acrescentou Vânia. A situação dos animais silvestres é diferente, a caça e o
aprisionamento são considerados crimes inafiançáveis, conforme artigo da lei de Crimes Ambientais.
Da manifestação em São Paulo participaram
também cachorros, como o vira-lata Apolo. Sua dona, a secretária Lourdes Soares
Gomes, de 49 anos, soube da convocação pelo Facebook, o principal instrumento
de divulgação do Movimento Crueldade Nunca Mais. “Moro aqui no Centro e não
poderia deixar de comparecer”, disse ela. De longe, veio o cozinheiro Aragonei
dos Santos, de 29 anos, que ficou conhecido por denunciar na internet a captura
de cães de rua, e a remoção dos animais para local deserto, em Santa Cruz do
Arari, na Ilha de Marajó, no Pará. Em maio deste ano, o prefeito da cidade teria
ordenado a remoção de 300 cães da comunidade e Aragonei postou imagens no
YouTube. “Hoje, estou sendo ameaçado de morte em Santa Cruz do Arari”, disse
Aragonei dos Santos, que, segundo afirmou, vive no momento em Belém sobre
proteção do Ministério Público, que apura a denúncia. Aragonei teve apoio de Correia do Mel e sua equipe de resgate animais que passaram 40 dias no Pará, inclusive resgatando os cães de barco. Na manifestação de ontem, Aragonei foi tratado como verdadeiro herói da causa animal. O ato teve apoio também do
Núcleo de Medicina Veterinária e Espiritualidade, que levou faixa para Avenida Paulista.
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O Núcleo que reúne Medicina Veterinária e Espiritualidade apoia a manifestação
/Foto de Ricardo Osman |
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| Angela Caruso, do Quintal de São Francisco |
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Aragonei dos Santos, o herói dos resgates em Santa Cruz do Arari
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CADEIA PARA QUEM
COMETE MAUS-TRATOS A ANIMAIS
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