quarta-feira, 4 de julho de 2018

Homenagem aos cães bombeiros



O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP) fez uma homenagem em seu site aos cães heróis do Corpo de Bombeiro. Foi publicada reportagem elaborada pela assessoria de comunicação do CRMV-SP sobre o Dia do Bombeiro e além dos homens heróis a reportagem lembrou os cães heróis. 
Nossos amigos caninos salvam muitas vidas todas semanas. Na reportagem, há entrevista com o professor e médico veterinário, Carlos Donini, um amigo e ex-professor do autor deste blog. 

Leia abaixo a reportagem da equipe da Assessoria de Comunicação do Conselho que conta em detalhes quem são esses cães, como são treinados e o valor que mostram a cada dia nos resgates. Vale a pena:




  Nesta semana, em que se comemora o Dia do Bombeiro Brasileiro (2 de julho), 
além dos homens que vestem a farda dessa corporação, os cães também merecem grande
reconhecimento, por desempenharem função importante em resgates. 
A partir do potencial do faro inerente à espécie, os animais são treinados para encontrar 
vítimas em casos de desmoronamento ou deslizamento de terra e também em situações
de pessoas desaparecidas.
Para se ter uma ideia de como isso é possível, basta fazer um comparativo simples 
da capacidade olfativa dos cachorros com a dos seres humanos. "Enquanto os homens
têm cinco milhões de células olfativas, os cães possuem, em média, 200 milhões”, comenta 
o médico-veterinário Rodrigo Mainardi, presidente da Comissão Técnica de Clínicos 
de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo
(CRMV-SP).
O médico-veterinário Carlos Augusto Donini, Conselheiro no CRMV-SP, argumenta
que essa capacidade mencionada por Mainardi pode ser ainda maior, dependendo da raça,
destacando-se Golden Retriever, Labrador, Pastor Alemão, Pastor Belga de Malinois,
Bloodhound, Beagle e Bassethound. “Há séculos essas raças foram mantidas e 
reproduzidas para caça, por que identificavam a ‘pista da presa’ pelo olfato aguçado.”
Outro fator que os médicos-veterinários ressaltam e que influencia nesse potencial
 é a capacidade que os cães têm de movimentar suas narinas de forma independente
uma da outra, o que possibilita distinguir de qual direção vem o odor.
“Com isso, conseguem segregar 20 odores diferentes simultaneamente, habilidade 
que é ainda mais estimulada com condicionamento técnico e adestramento
especializados”, afirma Donini, que frisa que, dessa forma, os cães podem identificar
partículas de gases, substâncias químicas e biológicas, 
resíduos de cadáveres (mesmo incinerados) e até corpos submersos.


Eficiência nas operações

De acordo com o Sargento Clóvis B. de Souza, do Canil Corpo de Bombeiros do 

Estado de São Paulo, essas capacidades permitem que o animal vá eliminando 
trechos de áreas de busca em uma ocorrência, por exemplo, tornando as operações
 muito mais eficientes.
“Isso aumenta as chances de resgate de vítima com vida, pois enquanto 20 homens, 
vasculhando uma área pequena, levariam em torno de uma hora para localizar uma
pessoa, um único cão conseguiria encontrar a vítima em aproximadamente 
20 minutos em um trecho do mesmo tamanho”, afirma Sargento Clóvis.
Para o médico-veterinário Carlos Augusto Donini, Conselheiro no CRMV-SP, essa
eficiência também pode ser atribuída, especialmente em casos de vítimas vivas soterradas,
à outra “habilidade extraordinária” e distinta dos cachorros: a audição. “Enquanto os
humanos percebem sons entre 16.000 e 20.000 hertz, os cães ouvem até 40.000 hertz.”

Treinamento complexo
Diferentes dos cachorros de faro de polícias, que são preparados principalmente para
identificar substâncias entorpecentes e materiais explosivos, os do Corpo de Bombeiros
aprendem a reconhecer o odor das cédulas humanas, o que significa desenvolver
uma habilidade ainda mais aguçada, uma vez que o cheiro do corpo humano
pode variar consideravelmente de acordo com sexo, idade e até hábitos de vida
das vítimas.
“Os odores mudam de homem para mulher, de idoso para criança, e de pessoas
que fumam, consomem bebidas alcoólicas ou fazem uso de drogas 
para as que não possuem esses hábitos. Todos esses fatores tornam mais difícil
o treinamento dos cães, que pode chegar a um ano e meio”, explica o Sargento 
do Corpo de Bombeiros Clóvis B. de Souza.
Para aumentar  a eficiência dos trabalhos de preparo dos animais, 
que começam logo após o desmame dos  filhotes, o Corpo de Bombeiros 
aplica as técnicas, baseadas em brincadeiras para instigar os cachorros,
não apenas no quartel, mas principalmente em matas e escombros.

20 anos do canil de SP
Em setembro deste ano o Canil do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, 
que é referência no treinamento e operações com cães de busca e salvamento no País, 
completará 20 anos de sua criação.
A iniciativa de instituir o canil foi do Major Wilker e do Tenente Pugliese, que 
verificaram a necessidade de oferecer um tempo de resposta maior para a busca de 
vítimas soterradas ou sob escombros e observaram os bons resultados das equipes 
de resgate com cães em países como Estados Unidos, México, Chile, Colômbia, Espanha 
e Japão.
No dia 6 de julho de 2001, a cadela Anny e seu condutor, então Cabo Panagassi,
 localizaram um operário que ficou preso sob escombros por aproximadamente 3 horas 
em um desabamento na zona leste de São Paulo. Foi a primeira vítima a ser
localizada com vida por um cão no Brasil.
Anny e sua irmã, Dara, foram destaques entre os cães que atenderam ocorrências
de grandes proporções no início dos anos 2000. Em 2007, por exemplo, elas atuaram 
no atendimento à ocorrência da queda do avião da TAM, que matou 199 pessoas. 
No ano seguinte, ambas se aposentaram oficialmente, sendo adotadas pelos
bombeiros que as conduziram em serviço, o Sargento Clóvis, na época Cabo, e o 
Cabo Panagassi.

O efetivo atual dos bombeiros de quatro patas
O contingente de cães no canil segue composto exclusivamente por fêmeas e o
Sargento Clóvis explica o motivo: “Os animais não são castrados para que não
haja interferência em seus comportamentos naturais. Porém, os cães machos 
acabam perdendo a atenção mais facilmente, pela necessidade de marcar
 território ou por sentirem o cheiro de fêmeas no cio, por exemplo.”
Atualmente há sete cadelas, das quais quatro estão em serviço: Hope, Cléo e Vasty, 
da raça Pastor Belga de Malinois, e Sarah, da raça Labrador. Elas atuaram
nas operações do Corpo de Bombeiros em atendimento à tragédia do edifício 
Wilton Paes de Almeida, no Centro de São Paulo, que desabou depois de
incendiar, em maio deste ano. Os trabalhos transcorreram por 13 dias.
Vasty, a mais experiente delas, com quase sete anos de idade, conseguiu identificar
o maior número de corpos sob os escombros. Sara foi responsável por confirmar
a localização dessas vítimas.

TEXTO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CRMV-SP EM HOMENAGEM
AO DIA DO BOMBEIRO. PUBLICADO EM 4 DE JULHO DE 2018
NO SITE DO CONSELHO.
           

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