sábado, 31 de julho de 2021

São Paulo abaixo de zero: alegrias e desconfortos no maior Zoológico do Brasil.


  
 Visitantes no Zoológico                       
A massa polar que derrubou a temperatura nas regiões Sul e Sudeste do País trouxe alegrias e desconfortos aos moradores do Zoológico de São Paulo, localizado na zona sul da capital, onde na madrugada da última sexta-feira registrou-se recorde de frio em Engenheiro Marsilac com -3°C. O lobo-guará (
Chrysocyon brachyurus), o maior canídeo silvestre da América do Sul, habitante do quente cerrado e do Pantanal, refugiou-se em sua toca e desapareceu da vista dos visitantes para proteger-se do vento gélido da tarde de ontem. Com a temperatura às 16 horas na faixa de 10°C, a Iguana-verde (Iguana iguana) precisou de uma forcinha das tratadoras para ir mais cedo para o abrigo aquecido para não correr o risco de morrer de frio. Os repteis são animais de sangue frio o que significa que não mantêm a temperatura do corpo constante e essa varia de acordo com a temperatura do ambiente.   

Tratadoras do Zoo recolhem Iguana-verde

  Já os felinos como a Suçuarana (Puma concolor), que vivem em território que vai da costa oeste dos Estados Unidos, passando pelo Brasil até o sul da Argentina, não se incomodaram muito com a massa polar destes dias, embora exibissem certo mal humor. Na tarde de sexta-feira, 30, a Suçuarana desfilava elegante diante dos visitantes do zoológico. Suas primas, as leoas (Panthera leo), da África subsaariana e da Ásia, preferiram, na dúvida subir em uma plataforma do recinto em busca do calor do sol. Neste ponto os visitantes não se arrependeram de enfrentar a baixa temperatura porque puderam contemplar a beleza das rainhas da selva.

  

Leoas correm para o sol 
 Enquanto os flamingos chilenos (
Phoenicopterus chilensis) encantavam com suas cores rosas o público, afinal esta ave vive no Chile em habitat que chega próximo da Patagônia, momentos de tensão passaram despercebidos para a maioria dos visitantes no recinto do Jabuti-Gigante de Aldabra (Aldabrachelys gigantea), espécie
endêmica das ilha Seicheles, de clima tropical úmido, localizada no Oceano Índico, a leste da África. Com o pôr do sol previsto para as 17h40 na sexta-feira, equipe do zoológico adentrou o recinto as 16h30 para recolher os répteis ao abrigo, onde cinco aquecedores elétricos mantêm a temperatura interna a 30°C. Não é uma Seicheles, mas do lado de fora para estes gigantes, provavelmente, o ambiente estava parecendo com o Polo Sul.

Onça-parda: frio e mal humor.
  Quem curtiu um pouco a tarde fria, foram nossos primos chimpanzés (Pan troglodytes), originários da África Central. Os tratadores espalharam cobertores pelo recinto, mas o que se via eram as sobras deles. O sol estava tão convidativo que uma mãe saiu para passear pelo recinto com seu filhote nas costas. Com certeza, uma das primeiras massas polares rigorosas que o pequeno enfrenta na vida. Mas ele não se intimidou e arriscou até a subir em uma plataforma pelas cordas. Assustou-se foi com os urubus que encontrou lá em cima, mas a mãe zelosa imediatamente foi em seu socorro e pôs as aves para voar. 
  As possíveis tias do filhote, no entanto, acharam que o frio e o vento não estavam para brincadeiras, Três delas ajuntaram-se bem pertinho, fechando o círculo, de costas para o vento, como fazemos também nós os humanos. As 17 horas em ponto, já acostumados com a rotina do zoológico (que fecha nesta hora), o macho líder da família gritou e mostrou os dentes dizendo que era hora de todos se recolherem. Depois das damas e do filhote, ele adentrou o abrigo, semelhante a um quarto, e logo os tratadores fecharam a porta de ferro atrás do grande chimpanzé. Em poucas horas, a noite ao ar livre registrou 9° C na cidade de São Paulo, com previsão de chegar a 6° C na madrugada deste sábado, 31. 
     
Chimpanzé com o filhote 
  Um morador do Zoológico em particular parecia estar muito feliz. O leão-marinho (Otaria byronia) que habita a Patagônia. Longe de sua casa natural, aproveitou a massa polar que fez a temperatura despencar no Sudeste do Brasil para matar a saudade do friozinho. No entanto, preferiu se refestelar longe dos olhos dos visitantes, em uma área mais reservada do recinto. 
  O inverno no hemisfério sul termina em setembro, quando irá prevalecer em São Paulo o clima sub-tropical de altitude, com seu calor característico e a umidade intensa. As mudanças climáticas no planeta provocadas pela ação dos humanos deixam os bichos meio que perdidos. Mas a previsão é de que tudo se inverta no Zoo a partir da primavera: será a vez das tartarugas e iguanas sorrirem ao sol e do lobo-guará mostrar suas esplendorosas beleza e elegância ao público. 

Tratadoras recolhem Jabuti-Gigante


Onça-pintada: feno na toca para aquecer


Os flamingos-chilenos adaptados ao frio









Nenhum comentário:

Postar um comentário