sexta-feira, 12 de julho de 2024

Abuso dos anti-inflamatórios ameaça a saúde dos pets

  Os anti-inflamatórios estão na moda, principalmente entre os tutores leigos em medicina veterinária, e depois do advento do Dr Google. 

  Os tutores e tutoras de pet estão dando aos bichinhos anti-inflamatório para tudo: contra coceiras, contra dores musculares, contra problemas gástricos (o que só piora), tosse e quaisquer tipo de feridas e inchaços. 

  O problema é que os anti-inflamatórios são medicamentos imunossupressores, ou seja, eles abaixam as defesas do organismo, irritam o estômago e alteram taxas de hormônios! Além disso, têm inúmeros efeitos colaterais! 

  Os glicocorticóides causam hiperglicemia, aumentam consumo de água e produção de xixi, inibem na pele a síntese de material conjuntivo (colágeno, por exemplo) e causam fraqueza muscular. 

  O que facilita o uso dos anti-inflamatórios é o fato de que, ao contrário dos antibióticos, a compra não exige receita. Como em alguns casos, o efeito favorável é imediato, todos ficam felizes. Mas é preciso destacar que inflamação é um processo (sequência inflamatória), deve ser vista como um sintoma, e não como a doenças, a infecções ou o trauma. 

   Um cachorro com infecção pela Tosse dos Canis, bactéria que se fixa na garganta, necessita na verdade de antibiótico específico. Um anti-inflamatório e um antitussígeno estarão amenizando os sintomas e a dor. Sendo que se a tosse tiver secreção, é contra indicado tentar suspendê-la com um antitussígeno.

    Um paciente canino que toma anti-inflamatório com frequência para reduzir a coceira, o que é comum ver nos consultórios, em vez de tratar corretamente o problema dermatológico, corre o risco de apresentar baixa imunidade.

    É clássico na medicina veterinária os efeitos da imunossupressão registrados em um exame de sangue.

    O leucograma do cão exibe alta dos neutrófilos segmentados (células de defesa maduras). A partir do uso de anti-inflamatório esses neutrólifos segmentados ficam "retidos" na circulação sanguínea, e não seguem para os locais de infecção ou trauma.  

    O leucograma exibe ainda queda significativa no número de Eosinófilos (um tipo de célula de defesa mobilizada normalmente contra parasitas intestinais) e queda no número de Linfócitos típicos. Os linfócitos são dirigidos para locais como linfonodos e baço, e saem da circulação sanguínea.

    Por fim, o exame de sangue revela alta dos monócitos na circulação. Essas células, também conhecidas como monócitos fagocitários, igualmente ficam retidas no sangue circulante e não são apresentadas aos antígenos (invasores) ou partículas de materiais.

   Nos gatos, o resultado do exame de sangue é um pouco diferente, mas normalmente apresenta no leucograma alta dos monócitos (retidos na circulação sanguínea).   

   Fácil ver que diante do abuso de anti-inflamatório o cão ou o gato estão sujeitos a quaisquer tipos de infecções, pois trata-se de um quadro de imunossupressão. Há um bloqueio no sistema de defesa do corpo. 

    A medicina humana alerta para os riscos da automedicação. No universo veterinário, vale também esse alerta. 

   Evite a medicação improvisada, a auto-pet-medicação!

   Consulte sempre um médico veterinário. Seu pet merece todos os cuidados.  

    

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