quarta-feira, 21 de maio de 2025

Se seu cão vomitar, fique em alerta!

    De dia ou de noite, até de madrugada, é comum o médico veterinário receber no Whatsapp a foto de um vômito de um cão com a pergunta de seu tutor ao lado: "Qual remedinho eu posso dar para ele?"

     O tutor não tem ideia do enigma que está lançando! 

  Decifrar a causa de um vômito de um cão, diante das inúmeras possibilidades de origem, não é tarefa fácil; e ainda pior é indicar um único remedinho que vai resolver um sintoma tão complexo de que há algo errado com o cachorrinho. 

  Vomitar não é doença, porque o vômito é um sintoma! 

  Nem pode ser interrompido a qualquer custo sem se saber antes o que está ocorrendo. Qual a cor? o cheiro? A composição? Quanto tempo ocorreu após a última refeição? Isso é só o começo!

  A causa mais comum é a gastrite, inflamação da mucosa do estômago. Mas as razões da gastrite são várias: vão de um estresse, à intoxicação por medicamento ou plantas, a infecções bacterianas ou ingestão de corpo estranho, uma tampinha de garrafa por exemplo. 

  Vomitar é um recurso complexo do organismo para tentar resolver "um problema" interno. Faz bem tentar se livrar de excesso de ácido gástrico, das toxinas de uma infecção e de sangue (em parte digerido), nos casos mais graves. 

  Tutores e médicos veterinários precisam somar forças para investigar e descobrir o que ocorre de verdade com o cão. O que exige exames de imagem, tempo etc. 

  "Mas é só um vômito", insistem alguns tutores, ansiosos por uma solução rápida.  

  O problema reside justamente aí: vomitar pode ser sinal de coisas graves, gravíssimas, não pode ser rebaixado a sintoma de menor importância! 

  Nos dois casos em que atuei em meados de maio, uma região do estômago chamada piloro estava absolutamente inflamada (revelação feita pelo exame de Ultrasson). O piloro é a região que liga o estômago ao intestino delgado. 

   Portanto, é fácil a conclusão de que se o piloro está severamente inflamado a passagem dos alimentos para o intestino está "estrangulada". 

    Nestes casos, a retenção de alimentos no estômago vai gerar gases e vômito! Se a gastrite levar a uma úlcera, pode haver sangue no vômito, o que é alarmante. 

    São apenas dois exemplos, que exigem mais do que um "remedinho". Sem falar, no risco de desidratação que o ato de vomitar provoca. 

  Uma nutrição saudável e balanceada, e uma vida emocional adequada, com momentos relaxantes no dia, e nível de ansiedade baixo, fazem parte da prevenção do problema. 

   Além disso, fundamental é vigiar o cãozinho para não pôr bobagem na boca. Isso eles fazem e muito! Não podem pegar restos de comida nem em casa e nem na rua, e devem ficar longe de petiscos ultra-processados.

    Ah, sim, importante: esconda todos os remédios da família dentro do armário!

        


       

      

    

terça-feira, 6 de maio de 2025

Um lindo jardim, mas com perigos para os pets!

  

Foto do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox)

 Um colorido jardim doméstico ou em praça pública com Antúrios, Crisântemos amarelos, Comigo-ninguém-pode e as vermelhas Bico-de-papagaio é um banquete para os olhos humanos. E há ainda o esplendor da Cyca Revoluta, o Sagu-de-Jardim. Mas o paraíso termina aí. 

  Esse jardim é terreno perigosíssimo para os cães e gatos, está cheio de elementos tóxicos nas folhas e flores, que causam desconforto gástrico, vômitos, diarreia e podem levar à morte.

 Caninos e felinos têm o hábito ancestral de comer gramas para "limpar" o estômago da acidez excessiva. O problema surge quando, na ausência destas gramíneas, o pet se arrisca ao morder e engolir plantas coloridas e venenosas. 

  Pode anotar: grande parte das plantas ornamentais é tóxica para os pets! 

 Não é incomum que, levados pelo hábito, os cães, principalmente, engulam pedaços da Costela-de-adão, da Azaleia, da Hortênsia ou da Hera do quintal. A depender da quantidade ingerida, o caso pode levar ao coma e à morte do animal. 

   Nos primeiros dias deste mês de maio, jornais noticiaram a morte do cão da raça labrador, o Pudim, de 9 anos de idade, após comer folhas e sementes da Cyca Revoluta em um canteiro de empresa na cidade de São Paulo. 

  Essas plantas ornamentais têm ações tóxicas que provocam vômitos, náuseas, dermatites, distúrbios neurológicos e até cardíacos nos animais. O antúrio, por exemplo, tem como princípio tóxico os cristais de oxalato de cálcio que provocam edema na boca e vômito. 

  O nome da Comigo-ninguém-pode já diz tudo. Planta muito comum em vasos e jardins tem como princípio tóxico cristais de oxalato de cálcio e proteínas tóxicas. A ingestão causa dor no bichinho, inflamação na garganta, vômito e tremor de cabeça.

  As azaleias costumam intoxicar gravemente cães. A ingestão de flores e folhas leva à salivação, lacrimejamento, vômito e diarreia. A ação tóxica se estende aos músculos e pode levar o animal ao coma. Esses são dados científicos presentes no "Manual de Toxicologia Veterinária" de Rosa Maria Barilli Nogueira e Silvia Franco Andrade (Editora ROCA). 

  O atendimento aos casos de cães e gatos intoxicados por plantas ornamentais deve ser feito em clínica ou hospital veterinário! 

  O tratamento exige conhecimento e procedimentos específicos, que levam em conta cada princípio ativo e seus danos no organismo.

  Na hora da emergência, é preciso levar uma foto ou a folha ou flores da planta tóxica para o hospital veterinário. A identificação correta da planta ajuda a equipe médica veterinária a ganhar tempo. 

   O que seu pet precisa, de vez em quando, é de um fresco capim!


Para saber mais: https://sinitox.icict.fiocruz.br/plantas-toxicas


Foto Sinitox/Divulgação