De dia ou de noite, até de madrugada, é comum o médico veterinário receber no Whatsapp a foto de um vômito de um cão com a pergunta de seu tutor ao lado: "Qual remedinho eu posso dar para ele?"
O tutor não tem ideia do enigma que está lançando!
Decifrar a causa de um vômito de um cão, diante das inúmeras possibilidades de origem, não é tarefa fácil; e ainda pior é indicar um único remedinho que vai resolver um sintoma tão complexo de que há algo errado com o cachorrinho.
Vomitar não é doença, porque o vômito é um sintoma!
Nem pode ser interrompido a qualquer custo sem se saber antes o que está ocorrendo. Qual a cor? o cheiro? A composição? Quanto tempo ocorreu após a última refeição? Isso é só o começo!
A causa mais comum é a gastrite, inflamação da mucosa do estômago. Mas as razões da gastrite são várias: vão de um estresse, à intoxicação por medicamento ou plantas, a infecções bacterianas ou ingestão de corpo estranho, uma tampinha de garrafa por exemplo.
Vomitar é um recurso complexo do organismo para tentar resolver "um problema" interno. Faz bem tentar se livrar de excesso de ácido gástrico, das toxinas de uma infecção e de sangue (em parte digerido), nos casos mais graves.
Tutores e médicos veterinários precisam somar forças para investigar e descobrir o que ocorre de verdade com o cão. O que exige exames de imagem, tempo etc.
"Mas é só um vômito", insistem alguns tutores, ansiosos por uma solução rápida.
O problema reside justamente aí: vomitar pode ser sinal de coisas graves, gravíssimas, não pode ser rebaixado a sintoma de menor importância!
Nos dois casos em que atuei em meados de maio, uma região do estômago chamada piloro estava absolutamente inflamada (revelação feita pelo exame de Ultrasson). O piloro é a região que liga o estômago ao intestino delgado.
Portanto, é fácil a conclusão de que se o piloro está severamente inflamado a passagem dos alimentos para o intestino está "estrangulada".
Nestes casos, a retenção de alimentos no estômago vai gerar gases e vômito! Se a gastrite levar a uma úlcera, pode haver sangue no vômito, o que é alarmante.
São apenas dois exemplos, que exigem mais do que um "remedinho". Sem falar, no risco de desidratação que o ato de vomitar provoca.
Uma nutrição saudável e balanceada, e uma vida emocional adequada, com momentos relaxantes no dia, e nível de ansiedade baixo, fazem parte da prevenção do problema.
Além disso, fundamental é vigiar o cãozinho para não pôr bobagem na boca. Isso eles fazem e muito! Não podem pegar restos de comida nem em casa e nem na rua, e devem ficar longe de petiscos ultra-processados.
Ah, sim, importante: esconda todos os remédios da família dentro do armário!