terça-feira, 10 de junho de 2025

Evolução da espécie torna o cão mais simpático

    Os primeiros cães adotados por humanos, ainda quando éramos nômades, tinham a função de ser caçadores e protetores do grupo. Essencialmente, eram animais de trabalho que comiam restos de ossos. Isso ocorreu por volta de 15 mil anos atrás, a data da domesticação da espécie.

    O surgimento da espécie Canis familiaris (nome científico do cão) é ainda polêmico: seria uma subespécie do lobo cinzento (Canis lupus) ou teria outra origem, de ascendente desconhecido pela ciência. 

    Menos arredios do que os demais canídeos, os primeiros cães domesticados passam a ter enorme vantagem evolutiva ao nosso lado e dão origem às cerca de 500 raças que conhecemos hoje espalhadas pelo mundo.

    As raças surgem da seleção artificial, aquela promovida pelo ser humano.  

   A evolução das espécies descrita pelo naturalista inglês Charles Darwin, no século 19, explica o surgimento e a posterior domesticação dos cachorros: a seleção dos mais apto a determinada realidade natural ou humana. 

   São essas a primeira e a segunda grandes fases da evolução do nosso amigo de quatro patas.

   Neste do século 21, cientistas estão anunciando uma terceira fase dessa longa evolução dos Canis familiaris

    Vêm aí os cães afetuosos, ainda mais amigáveis, cães de companhia e de serviço capazes de frequentar os ambientes sociais de seus tutores, público e privado. Essa é a nova adaptação exigida e que deverá transformar física e emocionalmente a espécie, pela seleção dos mais adequados. 

   São cães também capazes de dar suporte emocional e de ajudar humanos em suas dificuldades do cotidiano. Basicamente, animais de vida de interior de casa e apartamento, longe das características originais de vida livre, pastoreio de ovelhas e gado, de mergulhos em lagos congelantes e mares revoltos. 

   De certa forma, é o que ocorre com raças como Labrador e Golden Retrievers, criadas para o auxílio a pescadores e caçadores, e com o pastor de ovelhas, Border Collie. Hoje, são cães em grande parte de companhia, que pisam mais em calçadas e tacos do que em terra, e cuja biologia irá se transformar lentamente para essa nova realidade. 

   Quem revela essa "terceira onda" da evolução dos cães são os especialistas Brian Hare, antropólogo da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e a escritora Vanessa Woods, em artigo após consulta a inúmeras pesquisas recentes. 

   "À medida em que o papel que os cães desempenham em nossas vidas muda, de trabalhador para companheiro, mudam o comportamento e sua biologia", afirmam.

    E eles passam a fazer coisas ainda mais inacreditáveis!

   Um exemplo da direção da evolução está também em um vídeo que circula nas redes sociais que mostra um cachorrinho preto ajudando uma criança que aprende a caminhar. 

   Com aparente 1 ano de idade, ela tenta andar sobre um campo de areia, desequilibra aqui e ali, mas o cão a rodeia, de maneira espontânea passa de um lado, de outro, oferecendo o corpo como apoio e tem sucesso.

    Dos primeiros tempos, de quando éramos nômades, até este bebê que caminha com a ajuda do cão, há um salto evolutivo expressivo!  

   Tudo indica que o gene da simpatia do cão já está selecionado para o futuro!


Veja o vídeo: 

https://www.facebook.com/share/r/193jQ5wGBj/




terça-feira, 3 de junho de 2025

O boom do cão de serviço!

    Um cão treinado consegue auxiliar uma pessoa cega no seu cotidiano (é o cão guia) e pode ainda alertar um surdo ou uma surda em relação a avisos sonoros (é o cão ouvinte). Em outros casos, o cão preparado consegue dar suporte a pessoas ansiosas ou que tendem a vivenciar o pânico (é o cão de apoio emocional) e há ainda aqueles caninos indispensáveis aos autistas, por exemplo (é o cão de assistência). 

    Todos são modalidades de cães de serviço, um companheiro que está sendo cada vez mais requisitado no Brasil, e que existe nestas funções mundo afora. 

   No País, não há uma estatística precisa sobre essa demanda, mas ela é perceptível para quem trabalha com animais. Neste mês de junho, por exemplo, ao menos um instituto que desenvolve o treinamento desses cães suspendeu as inscrições de novos solicitantes porque a procura saltou de patamar.  

   O episódio do cão labrador Teddy, um cão de assistência, ocorrido em maio, favoreceu a divulgação deste tipo de trabalho canino. 

   O cão Teddy dá suporte a uma jovem autista, Alice, de 12 anos, mas foi impedido de embarcar com ela no avião da companhia portuguesa TAP, em voo de São Paulo para Lisboa. 

  Barrado na porta de embarque, Teddy ficou no Brasil e Alice seguiu com a família para Portugal. Foi a maior confusão, lógico, e a Justiça concedeu o direito de Teddy seguir em novo voo em direção à Alice. Na hora da segunda tentativa de embarque, o comandante da TAP preferiu cancelar o voo, assumir prejuízo de milhões de reais, a levar o cão de assistência dentro da aeronave, o que é direito de Teddy. Por fim, o governo federal entrou na briga e a TAP voltou atrás. 

  O drama de Teddy e Alice foi parar no Jornal Nacional e ganhou destaque na imprensa. Uma divulgação espontânea e ampla da figura do cão de serviço, e das várias áreas de sua atuação. 

 O País precisa, no entanto, aperfeiçoar a legislação que trata desse assunto e definir os institutos oficiais de treinamento desses cães, além de listar quais certificações são as válidas por aqui e internacionalmente. Afinal, quem atesta que uma pessoa precisa, por exemplo, de um suporte emocional, e ganha o direito de ir a restaurantes e viajar em avião e navios, ao lado de seu cão? 

  Uma parte do assunto é abordada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência e outra está em leis de inclusão. 

    Um segundo ponto, tão importante quanto o primeiro, é o de redigir os Direitos do Cão de Serviço no Brasil.

   As raças mais adotadas para o serviço são a Labrador e a Golden Retriever, mas esses seres obedientes e úteis gostam igualmente de correr, pegar bolinha e nadar. 

   O treinamento de um cão de serviço é árduo e dura em média dois anos. As tarefas impostas aos cães exigem principalmente que eles não se distraiam com o público e que não saiam cheirando tudo pelas ruas e edifícios. Alguns aspectos do comportamento natural são alterados. 

  O bem-estar e a saúde dos cães de serviço devem ser prioridades nas discussões. Um dos princípios de bem-estar diz que um animal deve conseguir expressar seu comportamento natural para ter uma vida saudável. 

  Embora raças já criadas pela seleção artificial para o trabalho (o Labrador ajudava na pesca no mar e o Golden trazia na boca aves abatidas nos lagos da Escócia), esses caninos precisam de horas de descanso, consultas com veterinários e exercícios ao ar livre, por exemplo. 

  O ponto de vista dos caninos deve ser considerado.

  Como diz o ditado, se há parceria, ela deve ser boa para todos!