sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Luto pela perda de um pet deve ser respeitado!

  A perda de um cão ou de um gato, seja de forma inesperada ou previsível por velhice, tem um forte impacto na vida de seus tutores e de suas famílias. Nesta semana, o luto pela morte de um pet foi assunto nos jornais e nas redes sociais. O especialista em comportamento animal, Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, anunciou na quarta-feira, dia 20, a morte de sua cachorrinha Estopinha, aos 14 de idade, companheira em suas atividades profissionais e nas mídias sociais.  

   Ao contrário do que se possa imaginar, menos para os que têm cães e gatos, e sabem do intenso relacionamento afetivo, o luto pelo falecimento de um animal de estimação é coisa séria. Esse processo é vivenciado, muitas vezes, se não na maioria das vezes, de maneira semelhante à dor e à perda de um familiar humano.  

   A psiquiatria enumera 5 fases do luto nos seres humanos: a primeira é a negação; seguida pela raiva (uma fase preocupante, que envolve a culpa); depois vem o ressentimento pela perda e a esperança de que essa seja revertida; o quarto estágio é de solidão e saudade intensa, e o quinto o da aceitação da morte do ente querido. A superação não significa ausência de dor, mas de sentimentos mais positivos em relação à perda, com destaque para as boas lembranças. 

  Um dos problemas diante da morte de um pet está na culpa que tutores manifestam nesta hora. Afinal, hoje, eles se apresentam como 'papai' e 'mamãe' dos animais, responsáveis, portanto, pela alimentação, bem-estar e saúde dos bichinhos. No caso de mortes por acidente ou doenças infeccionas, o nível de sofrimento é terrível, como pode ser visto nos hospitais e clínicas veterinárias. 

   No caso de óbito de cães e gatos idosos, a situação não é muito melhor. Isso porque os números das idades enganam: um cão com 14 anos ou 15 anos é um geriatra, possivelmente com insuficiência cardíaca ou renal, mas essa idade, na contagem humana, significa apenas a adolescência. Um cão de grande porte, como o Golden Retriever, nesta idade, está com quase 100 anos na cronologia humana! 

  Outro problema no luto pelos animais é o reconhecimento ainda precário da sociedade dessa realidade e a dificuldade dos tutores de expressarem seus sentimentos em público. 

  A dor pela perda de um animal de estimação ainda não é tão bem aceita socialmente, tanto que não se pode ser liberado do trabalho pela morte de um cão ou de um gato e nem citar isso como desculpa para não ir ao futebol de domingo. 

   A psicóloga Márcia Nubia Fonseca Vieira é autora de artigo científico sobre o assunto. "Quando morre o animal de estimação: um estudo sobre o luto", publicado em Psicologia em Revista, em 2019. 

    Vieira entrevistou para seu artigo tutores de cães que estavam em luto. Trata-se de rara pesquisa que busca entender no Brasil o luto por animais de estimação. Os tutores disseram estar vivenciando dor semelhante a da perda de um integrante humano da família, mas que não se sentiam acolhidos pelo seu círculo social e nem autorizados a expressar seus sentimentos em público. 

Transcrevo abaixo suas:

   Para a maior parte dos entrevistados, a expressão de seus sentimentos foi a tarefa mais árdua, devido ao fato de que não obtiveram reconhecimento da perda de seus cães como perdas significativas. Assim, não puderam chorar e lamentar publicamente e, como consequência, não obtiveram apoio, conforto e solidariedade, tão fundamentais nesse momento. Dessa maneira, vivenciaram o luto não autorizado (Worden, 2013; Casellato, 2013).

  Por todo o exposto, foi-nos possível concluir que os entrevistados, por estabelecerem um forte vínculo de apego com seus cães, vivenciaram um processo de luto semelhante ao vivenciado pela perda de um ser humano.

  A constatação dessa realidade nos alerta para a importância de se validar a dor das pessoas que perdem um animal de estimação, a fim de que lhes possa ser concedido o suporte social necessário a seu luto, uma vez que a ausência desse reconhecimento pode levá-las à inibição de seu pesar, repressão de seus sentimentos e minimização de suas perdas, gerando-se intenso sofrimento psíquico e consequente impacto negativo em sua saúde mental.    


Fonte do artigo de Marcia Núbia Fonseca Vieira 

Psicologia em Revista

versão impressa ISSN 1677-1168

Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.25 no.1 Belo Horizonte jan./abr. 2019

http://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2019v25n1p239-257 

sábado, 9 de setembro de 2023

Saiba como ajudar os animais atingidos pelo ciclone no Sul

  O ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul neste início de setembro causou 41 mortes humanas (dados oficiais da sexta-feira, 8) e inúmeras de animais domésticos e silvestres. Uma vaca foi parar no telhado de uma casa na cidade de Estrela devido às enchentes e vários cães foram resgatados de dentro de rios. 

    Trata-se de um evento climático extremo, causado pelo aquecimento do planeta, e sem precedente na história do Rio Grande do Sul. Ao todo, 85 municípios foram atingidos pelo ciclone. 

  O Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD) está com uma equipe na região e, por meio do site, divulga os locais para onde podem ser enviadas  doações, como ração, para ajudar os animais retirados das inundações. 

  O site é o https://gradbrasil.org.br/

  A vaca na cidade de Estrela foi resgatada na sexta-feira, dia 8, pelos próprios moradores da região. A Defesa Civil do Estado confirmou o salvamento de 30 cães de ilhas do rio Guaíba, na região de Porto Alegre.

    

Resgate no RG do Sul/Foto divulgação GRAD

   

          

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Obesidade e dieta inadequada, riscos crescentes para os pets!

  Hábitos alimentares saudáveis e exercícios regulares são a receita de saúde para os seres humanos e também para seus cães e seus gatos. No entanto, a cada dia torna-se mais comum na clínica veterinária os casos de pet com sobrepeso ou obesos, e os casos de resultado de exame de sangue indicando "lipemia" (presença excessiva de gordura no sangue do paciente). Isso quer dizer, em grande parte dos casos e em uma investigação mais detalhada, triglicérides alto.

  A causa não é, normalmente, a ração (há marcas de qualidade no mercado e até rações low fat) ou a opção por comida caseira balanceada. 

  Na grande maioria das vezes, ou as porções são exageradas ou o vilão são os petiscos e os pedaços de pizza, de bolos, de queijo e pão com manteiga que os cães, principalmente, roubam das mesas ou ganham de seus tutores. Sem falar nos churrascos nos finais de semana!

  A baixa atividade física também é responsável pelo problema, e os gatos são testemunhas disso.  

  Ao contrário dos seres humanos, que terão o coração afetado pelo excesso de gordura no sangue, os pets têm o pâncreas e o sistema gastrointestinal comprometidos por este desequilíbrio.

  Raças como os Yorkshires têm predisposição para pancreatite, inflamação do pâncreas, cuja principal causa são os níveis altos de triglicérides.

  Ingestão de gordura, portanto, causa problemas de saúde graves e levam à obesidade. Gatos obesos, por exemplo, invariavelmente tornam-se diabéticos.

  Nos Estados Unidos, segundo a Association for Pet Obesity Prevention, o problema é gravíssimo: 59% dos cachorros e 61% dos gatos foram classificados como tendo sobrepeso ou obesidade em 2022. Portanto, mais da metade dos pets norte-americanos estão acima do peso! 

 Para saber mais: https://www.petobesityprevention.org/