quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

No Natal, a festa é sua, é nossa e do seu pet também.

É Natal! Nascimento de Jesus. Os pastores nos arredores de Belém ouviram de um anjo a orientação: "Acharei um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura", diz o Evangelho de Lucas, capítulo 2, versículo 12.

José e Maria acomodaram Jesus em uma manjedoura, que nada mais é do que "um tabuleiro em que se deposita comida para vacas, cavalos e outros em estábulos", como ensina o Dicionário Houaiss (Editora Objetiva).

Não poderia haver maior reconhecimento da importância espiritual dos animais.

O Filho de Deus, na fé cristã, vem a nós não em berço de ouro, mas onde seres mansos e acolhedores iriam se alimentar. 

Em outra passagem, a chegada a Jerusalém, Jesus agora adulto entra sentado  sobre um humilde jumentinho. Não precisa dizer mais nada: "venho em paz".

Os pastores e a manjedoura inspiraram séculos depois (precisamente em 1223) a criação do primeiro presépio de Natal, montado por São Francisco de Assis, na gruta de Greccio, na Itália.

Hoje, os cristãos reproduzem em suas casas o conhecido Presépio. Há até quem ponha patinhos em um lago ao redor de Jesus, cavalinhos e (por que não?) cachorrinhos e gatinhos.

O Natal é uma celebração em família, por tradição. Os pets, membros essenciais de suas famílias, trazem conforto e alegria, às vezes destroem parte da decoração, brincam com as bolinhas da árvore, (oops!), e também ganham mimos e  presentes de Papai Noel! 

Uma festa! Que é sua, nossa, e dos pets também!

Mas isso não quer dizer que aquele peru ou tender temperado vai entrar na dieta dos pets. Isso pode acarretar lembranças não muito boas, da comilança de Natal, e até internação em clínica veterinária.

Além disso, saiba que seu cachorrinho e seu gatinho preferem mesmo o silêncio, aos fogos de artifício e à algazarra.

Devem ficar em um cômodo da casa sossegados, em vez de vivenciar o entra e sai de familiares e convidados que, por um lapso qualquer, podem deixar a porta ou portão aberto propiciando uma fuga do seu bichinho. Garanta o conforto e a segurança dos amigos de quatro patas.

Os animais parecem nos dizer: "um bebê nasceu, silêncio!"

domingo, 12 de dezembro de 2021

Moscas, o inferno dos pets.

   Com o calor e as chuvas, está aberta a temporada dos insetos. As moscas, das mais comuns à varejeira, podem fazer da vida de um cão ou de um gato um inferno: uma realidade cheia de larvas carnívoras, a devorá-lo dia e noite, provocando dor e coceira. Pior: o animal sozinho não consegue se livrar destes parasitas, que aumentam em tamanho e quantidade com os dias.  

As moscas causam as conhecidas bicheiras ou berne (o nome técnico é miíase)

Sim, são elas que põem os ovos na pele íntegra de cães e de gatos ou nas feridas abertas na pele, um machucado qualquer ou até uma assadura no bumbum, de forma a transformar o local em um verdadeiro berçário. Dezenas e mais dezenas de larvas vão eclodir em 24 horas e passar a se alimentar de tecido vivo ou morto do hospedeiro, conforme a espécie de mosca. Tudo rápido. 

Outros animais, como cavalos, ovelhas e até o ser humano são igualmente utilizados pelas moscas para a reprodução.

No reino animal, pets idosos são as vítimas favoritas. Isso porque um cãozinho e um gatinho idosos têm poucas chances de repelir as moscas. Você poderá observar que um jovem cão, por exemplo, tenta sempre abocanhar a mosca que chega perto dele, afugenta o inseto com mordidas, pois já sabe que ali está um inimigo com asas.

As bicheiras são graves, e costumam aparecer principalmente em orelhas, patas, barrigas e rabos. Mas há casos também dentro do nariz, dos ouvidos e até dentro do intestino. A lesão pode chegar até os ossos dos pacientes. Além da presença das larvas, a bicheira é agravada pela infecção bacteriana decorrente, que pode provocar febre. Um inferno completo.

Existem várias vilãs causadoras desse terror: 

A Miíase primária é provocada principalmente pela mosca-varejeira ou mosca-berneira, a Dermatobia hominis (berne é o nome que se dá ao tipo de lesão nodular, igual a um furúnculo). O alvo aqui é a pele íntegra. 

A Miíase secundária é causada por moscas comuns Cochliomyia hominivorax, Calliphora spp e espécies do gênero Lucilia. Neste caso, não ocorre apenas um ataque a um ferimento na pele, mas três tipos de ataques, ou depósitos seguidos de ovos destas espécies. 

Por isso é necessário evitar a presença de moscas no ambiente, e redobrar os cuidados com a higiene e a proteção de feridas dos pets. Mas quando ela aparece, o tratamento da bicheira exige uma visita ao médico veterinário. Há medicamentos de alta qualidade no mercado pet contra as larvas, sprays para o curativo, mas é preciso avaliar a necessidade de antibióticos, fazer a correta extração das larvas e nos casos graves considerar os procedimentos cirúrgicos.

Vade retro moscaiada!

 

sábado, 4 de dezembro de 2021

Delegacia de defesa dos bichos de São Paulo: on-line e 24 horas no ar.

  Os amigos e amigas dos bichos têm no Estado de São Paulo um aliado que não dorme, não fecha as portas e que pode receber denúncias de maus-tratos, de abandono ou de outros crimes contra os animais  ininterruptamente. É a Delegacia Eletrônica de Proteção aos Animais da Secretaria de Segurança Pública do estado que funciona 24 horas por dia, sete dias na semana, recebendo denúncias dos cidadãos sobre possíveis crimes. 

  Desta forma, o Estado é pioneiro: além das opções de registrar Boletim de Ocorrência nas Delegacias da Polícia Civil ou de acionar a Polícia Militar no telefone 190 no caso de flagrante de crimes contra animais, os amigos dos bichos têm à disposição uma delegacia que pode ser acessada pelo celular ou pelo computador. Não faltam canais para ajudar os animais.

 Por meio do site http://www.ssp.sp.gov.br/depa o cidadão pode fazer uma denúncia (inclusive optando por manter seus dados registrados em sigilo), descrever a ocorrência e dar informações sobre o denunciado para a equipe que irá investigar o caso. A página na internet oferece a possibilidade de incluir fotos e vídeos na denúncia, com locais para anexar os arquivos. O serviço foi criado em 2013.

 Nesta época do ano, em que férias e festividades estão previstas, aumentam os crimes de abandono de pets (e isso não ocorre somente no Brasil, é uma triste realidade em países como a França). O abandono, o confinamento em espaço inadequado, sem água ou comida, e o envenenamento por "chumbinho" são os crimes mais comuns. 

 Neste sentido, o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP) está lançando agora a campanha Dezembro Verde, para incentivar a posse responsável de animais e combater o abandono. Um dos objetivos é de, também, alertar que pedir bichinho de presente a Papai Noel é coisa séria, e deve ser bem refletida por toda a família. Não se pode depois desistir do amigo de quatro patas!

 A lei de número 14.064, de 29 de setembro de 2020, aumentou as penas para os crimes de maus-tratos e abandono de cães e gatos previstos inicialmente em lei de 1998. As penas são agora de 2 anos a 5 anos de reclusão, além de multas e perda da guarda dos pets. Antes de 2020, a reclusão máxima prevista para o infrator era de 4 anos. 

  A Polícia Civil do Estado mantém também no Centro da Capital, na avenida São João, uma Divisão específica para crimes contra os animais e o meio ambiente. O atendimento neste caso é presencial. A equipe conta com recursos de laboratórios para exame de materiais e dá retorno sobre o andamento das investigações.

   Tantos cuidados das autoridades são necessários: quem comete crime contra os bichos pode cometer também contra as pessoas e a sociedade.

sábado, 27 de novembro de 2021

Caminhada com o cão, uma atividade física saudável também para você.

   A caminhada é a atividade física mais recomendada para o seu cachorrinho(a). Faz bem ao corpo e à mente dele. Isso porque os cães nasceram para caminhar e caminham ao lado dos homens desde quando nossa espécie era nômade, antes do surgimento das vilas e da agricultura.

  Um aspecto desta atividade, no entanto, é pouco ressaltado: o fato de que passear com o amigo canino é uma atividade física que traz grandes benefícios à  nossa saúde. Sim, um passo de cada vez é considerado exercício de leve a moderado. Não precisa correr! 

  O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos fez uma pesquisa nacional sobre "A caminhada com o cão e a atividade física" que concluiu ser este passeio, embora mais lento do que uma corrida, uma oportunidade para adotarmos um estilo de vida saudável. 

  Segundo o estudo de 2006, a atividade física regular resulta na prevenção da obesidade e de doenças crônicas, como diabetes, além de criar condições para reduzir riscos de artrite, de hipertensão e do colesterol alto. Os pesquisadores sugerem que a caminhada com os cães seja adotada como estratégia de manutenção da saúde, tanto os tutores quanto dos cães,  considerando-se que a população está cada vez mais sedentária. 

  Os resultados apontaram que 58,9% dos tutores entrevistados acumularam mais de 30 minutos de caminhada em um único dia. A maioria fez três passeios, com média de 10 minutos. 

  Os benefícios desta atividade física para os cães são semelhantes ao dos humanos na prevenção de doenças cardíacas e da obesidade. Além disso, é um exercício definido como mente-e-corpo, ou seja o melhor recurso para reduzir o estresse dos cães ao proporcionar uma diversidade de estímulos sensoriais e motores.

  Mas, ainda que nossos cães sejam considerados membros da família, é bom lembrar que são de uma espécie diferente. Ou seja:

1) Os cães não suam como nós. A transpiração é um sistema eficiente de resfriamento do organismo com o qual, infelizmente, nossos amigos caninos não podem contar. 

A temperatura interna de um cão é de 38,5 °C, mais alta do que a nossa, de 36,1°C a 37°C.

Para resfriar o corpo, aquecido pela musculatura em movimento e a radiação do sol, os cães têm como principal recurso o ofego, aquela respiração rápida pela boca aberta com a língua de fora, que busca evaporar saliva e secreções nasais para dissipar o calor.

Então, precisam de muita água nos passeios, para não superaquecerem!  

2) Um cão adulto aprecia longas caminhadas e necessita delas para se manter saudável, uma hora por dia, pelo menos. Os 10 minutos de passeio, declarados no estudo pela maioria dos tutores norte-americanos, é pouco para eles. 

Passear é bem diferente de ir até a calçada em frente da casa, ou do edifício. Se a temperatura ambiente estiver amena (isso é fundamental para os caninos, algo igual ou abaixo de 22°C), o passeio pode ser de 3, 5 ou até 10 quilômetros.

E observem, caros leitores,  que eu escrevi PASSEIO, NÃO CORRIDA. Eles preferem sempre caminhar ao nosso lado, com paradas aqui e ali para cheirar e fazer xixi, em vez de uma corrida que não proporciona grandes experiências, além da atividade física. 

Entretanto, há restrições para os passeios dos cães de focinho curto, os chamados  braquicefálicos, das raças Shih-tzu, Boxer, Pug e Buldogue francês. As alterações na anatomia trouxeram dificuldades respiratórias para esses cães, e a respiração (como disse acima) é o principal sistema de resfriamento. Portanto, animais destas raças não se dão bem com o calor. Um passeio além da conta pode levar a hipertermia grave e a oxigenação inadequada do organismo.

3) Humanos caminham de tênis e os cães caminham "descalços", com os coxins (as "almofadas" das patinhas) tocando direto o chão. A temperatura da calçada ou do asfalto pode causar queimaduras nos coxins, ou mesmo na barriga de cães de raças baixinhas como os Daschund, por exemplo. Há ainda outras ameaças, como cacos de vidro, aos quais normalmente não damos atenção por termos nossos pés protegidos, por isso é preciso sempre avaliar a situação do trecho por onde caminhamos com nossos amigos. 

 É sempre bom consultar o veterinário antes de iniciar uma rotina de passeios.

Dicas de segurança no passeio:

* Mantenha sempre seu cão na guia e na coleira

* Leve água para ele nos passeios

* Caminhe sempre pela calçada em horas frescas do dia

* Não deixe que ele pegue e coma coisas do chão

* Pare ao ver um carro saindo da garagem de uma casa. Se houver outro     cão na residência, ele pode escapar para a rua e "se desentender " com     o seu cão.

* Leve sempre os saquinhos para recolher as fezes.

 

Para saber mais: "Dog Walking and Physical Activity in the United States", https://www.cdc.gov/pcd/issues/2006/apr/05_0106.htm



sexta-feira, 19 de novembro de 2021

São Francisco Xavier, o refúgio do macaco Muriqui.

  Se a onda principal da Pandemia já está ficando para trás, e a vacinação permitiu a retomada de passeios e viagens, por que não ir tomar um ar puro na terra do maior primata das Américas, o macaco muriqui?

 Ao contrário do que se imagina, este local não fica longe para quem está no eixo Rio-São Paulo. Um distrito de São José dos Campos, batizado com nome de santo missionário católico, é o refúgio do belíssimo macaco Muriqui-do-Sul, que pode chegar a 15 quilos. 

  O distrito de São Francisco Xavier, localizado na Serra da Mantiqueira, a cerca de 54 quilômetros do centro do município de São José, reúne as condições ideais para o Brachyteles arachnoides, nome científico do Muriqui-do-Sul, descrito pela primeira vez por E. Geoffroy em 1806. Mata atlântica de altitude, frutos silvestres e rios acolhem esses primatas. 

  Em Minas Gerais e Espírito Santo existe o Muriqui do Norte, o Brachyteles hypoxanthus, que assim como seu primo do Sul é encontrado somente no Brasil.

  No entanto, os grupos de São Francisco Xavier são uma raridade: alguns estudos afirmam que de 100 a 200 indivíduos vivem nas matas daquele distrito, de um total de 1,3 mil indivíduos estimado para todo o Brasil pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)

  Embora vivam em bandos que têm em média de 10 a 20 indivíduos, não é fácil avistá-los. Melhor assim, quanto menos visíveis, mais protegidos de pessoas que não prezam as matas e seus habitantes.

   Mas se você for aquela pessoa de sorte e tem paixão pela natureza, pode tentar avistá-los com o auxílio de guias locais, que orientam sobre como adentrar seus habitats sem prejudicar ou assustar os bandos. Quem já conseguiu garante que vê-los em grupos saltando sobre galhos, com suas pelagens claras, é uma experiência incrível.

  Aqueles que conseguirem esse momento raro de comunhão com a natureza preservada podem agradecer ao Criador e a São Francisco, neste caso ao Xavier, o espanhol que pregou na China e foi inspirar comunidade da Serra da Mantiqueira. Amém!


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Alergias, nenhum pet merece!

   Os cães e os gatos não estão livres das incômodas alergias, e boa parte dessas reações de hipersensibilidade do organismo provocam aquela coceira nos bichinhos. Os principais vilões das alergias caninas e felinas têm nome e sobrenome e são perseguidos em todo o mundo: são as pulgas e os ácaros. 

  A alergia desencadeada pela pulga é tão frequente que ganhou até um título na medicina veterinária: Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP). A saliva desse inseto contém 15 componentes potencialmente alergênicos, então imagine o que significam várias picadas do inseto pelo corpo. 

 Os aracnídeos não fazem por menos. Os adultos que infestam os pets têm oito patas e costumam escavar a pele! Não precisa explicar muito mais. O sistema imunológico do pet pode reagir mal e vigorosamente, o que chamamos de alergia. Os ácaros são responsáveis por doenças como a sarna.

  O Manual de Doenças da Pele do Cão e do Gato, de Sue Paterson (Guanabara Koogan), lista ainda como principais tipos de alergias a Atopia canina e felina (predisposição a reação a alérgenos do ambiente); a Hipersensibilidade de contato (reação ao material de limpeza, borracha, plantas e outros materiais); e a Hipersensibilidade alimentar (alergia a determinadas proteínas da dieta).

  A coceira, presente na maioria dos casos, surge como consequência da reação do organismo e quanto mais o animal coça a pele pior fica a situação. O que tem início como resposta imunológica alta vira ferida, com pelos arrancados e pele dilacerada. Uma festa agora para as bactérias!

  Em pouco dias, o quadro é de uma piodermite (infecção na pele). Mais vermelhidão, mais coceira. Uma bola crescente de problemas para os pacientes e seus tutores. A atopia felina tem um complicador: problemas respiratórios, com sinais de bronquite e asma. 

  Os tratamentos exigem a consulta a um médico veterinário ou a um especialista, dermatologista de pets. Sim, existe essa especialidade na medicina dos bichos e a Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária foi a primeira do tipo da América Latina, fundada em 2000.

  Os tratamentos para alergias a picada de pulga e de ácaro são relativamente simples. Os pets recebem medicamentos de proteção contra esses insetos e o ambiente passa a ser limpo com maior frequência. O caso da Hipersensibilidade de contato, de diagnóstico difícil, tem solução rápida com a retirada do material que causou o problema. 

  Já a Atopia e a Hipersensibilidade alimentar são testes de paciência para tutores e veterinários. E haja paciência e talento para investigação! Esses diagnósticos são fechados por exclusão dos casos anteriores. Na alergia a alimentos é preciso testar vários tipos de proteínas para se descobrir o vilão para aquele pet, o que pode levar meses. No caso da Atopia, em que a alergia pode ser desencadeada por poeira ou pólen, o diagnóstico é a sentença de uma doença crônica e de um tratamento de controle trabalhoso.

  O atendimento veterinário em domicílio ensina, porém, que uma pequena medida preventiva pode ser adotada dentro da casa ou do apartamento. Refiro-me aos tapetes! Verdadeiros criadouros de pulgas e ácaros, e atração para cães e gatos, esses tecidos vão poucas vezes para as lavanderias. Como nós humanos não deitamos de costas nuas nos tapetes sujos (ao menos, não sempre), não experimentamos na pele o que os bichinhos sentem nas barrigas. A vermelhidão e a coceira podem surgir quase que imediatamente.

   Portanto, considere seriamente sumir com os tapetes se perceber que seu pet se coça demais. 


Para saber mais: https://www.sbdv.com.br/index.php


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Férias no litoral, mas longe do verme do coração.

  Se você está planejando passar as férias de verão ou o feriado de fim de ano com seu cãozinho ou gatinho no litoral, é melhor iniciar agora a prevenção contra uma doença grave, transmitida por mosquito: a Dirofilariose, mais conhecida como enfermidade do "verme do coração". Na mala de viagem, não poderá faltar o medicamento usado na prevenção, a ser dado para seu pet também na praia.
  A doença é causada pelo nematóide Dirofilaria immitis e acomete principalmente os cães (sim, logo nossos melhores amigos). É uma zoonose, rara ainda em seres humanos, e de distribuição geográfica mundial, com maior incidência em regiões de clima quente e úmido.
   No estado de São Paulo, regiões litorâneas são consideradas endêmicas, como as cidades de Bertioga e Guarujá, assim como pontos da costa do Rio de Janeiro, de Santa Catarina, Alagoas e do Pará, embora haja registros em cidades do interior. 
  O mosquito (das espécies Culex, Aedes e Anopheles) pica um animal infectado (os canídeos são os hospedeiros definitivos) e as larvas passam a se desenvolver no inseto. O próximo animal picado corre o risco de receber o parasita, na forma inicial de microfilárias. 
  Você deve estar se perguntando se não entendeu algo errado. Verme do coração? Mas parasitas não ficam no intestino? Nem todos, trata-se de algo inimaginável, mas é real: a Dirofilaria immitis adulta, que chega a medir de 20 a 30 centímetros, instala-se no coração do seu cãozinho em dezenas, e em muitos casos isso ocorre de maneira imperceptível. Nos gatos, o pulmão é o orgão mais afetado por estes vermes longos e delgados.
  São uma das piores fotografias exibidas nas aulas das faculdades de Medicina Veterinária. O tratamento para a doença é complexo e todos entendem a razão disto: uma vez no coração e em artérias do pulmão, se forem mortos por fármacos os parasitas podem causar embolia pulmonar ou parada cardíaca. 
  O melhor, portanto, é a prevenção, simples e de custo acessível
  Vermífugos capazes de proteger cães e gatos contra a infecção pela Dirofilaria immitis estão à venda nas prateleiras das petshops do País.  
  Consulte o veterinário de seu pet
  É preciso fazer um programa de prevenção correto e seguir o calendário das doses mensais à risca. Uma dica importante: o programa começa agora, dois meses antes de alguém gritar dentro de casa "Vamos pra praiiiiaaaa".
   Cuide do coração de seu pet! Ele com certeza merece!

 

      

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Animais na pista! É possível reduzir atropelamentos e acidentes nas rodovias.

  Os motoristas que viajam pelas rodovias do País precisam estar atentos à presença de animais na pista. Neste feriado do início de novembro, as atenções devem ser redobradas, pois sempre há o risco de animais silvestres cruzarem a pista, assim como de domésticos, como o cão, invadirem o asfalto. 

 O ponto de vista dos bichos é diferente de quem está ao volante: há uma estrada no meio do caminho e não é possível contorná-la. 

 Nem os mais rápidos, como a onça parda, têm sorte nesta travessia. Por isso, são inúmeros os relatos de atropelamento e acidentes de veículos envolvendo  animais das matas, como a capivara e o tamanduá-bandeira, e de relatos que incluem os animais domésticos como o cão, o gato, a vaca e o cavalo.

 O problema bate também no bolso. Pesquisa de doutorado realizada na Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz', da Universidade de São Paulo, revelou que 39 mil mamíferos silvestres são atropelados por ano (em média) somente nas rodovias de São Paulo, acarretando 3 mil acidentes, o que corresponderia a prejuízo de R$ 56 milhões.

 O estudo é da bióloga Fernanda Abra do curso de Ecologia Aplicada da ESALQ, e trata do impacto do atropelamento de silvestres sobre a conservação da biodiversidade, a segurança humana, e a economia

 O Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia das Estradas (sim, existe no Brasil e funciona na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais) estima em mais de 2 milhões os animais silvestres de médio e grande porte atropelados por ano nas estradas do País. Estamos falando de médio e grande porte, os sapos e as cobras não entraram nesta estatística. A lista inclui o cachorro-do-mato, o tamanduá mirim e o tatu, segundo pesquisa do professor Alex Bager. 

 Os cientistas afirmam que há soluções e muitas são inspiradas em rodovias da Europa e dos Estados Unidos. É possível reter os bichos por meio de instalação de cercas, construir passagens subterrâneas para os animais cruzarem a pista ou levantar pontes sobre o asfalto de forma a reduzir o número de atropelamentos. A tecnologia tem também papel especial: inovações permitem identificar rapidamente a entrada de animais na pista e até as redes sociais podem ser utilizadas para o monitoramento e registro de incidentes. 

.Nesta última semana de outubro, um dos principais projetos do País sobre acidentes envolvendo animais em rodovias deu boa acelerada.  

 O professor Adroaldo José Zanella, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnica da Universidade de São Paulo (USP), coordena o desenvolvimento da Plataforma Unificada para Responder aos Acidentes de Trânsito Envolvendo Animais em Rodovias (PURAA).

 No dia 25 de outubro, Zanella e a turma do estágio em Bem-Estar Animal estiveram com o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Odemilson Donizete Mossero, para discutir ideias que incluam a atuação dos médicos veterinários na assistência aos animais.

  A Plataforma Unificada visa criar padrões operacionais nos atendimentos a acidentes rodoviários envolvendo animais, além de desenvolver sistema para aumentar a fiscalização ao transporte de animais vivos e para integrar a polícia rodoviária com outras instituições de forma a garantir o bem-estar de animais em trânsito ou ao redor das rodovias.

  Nada melhor para quem está ao volante e para os bichos. Demorou!

  Neste projeto, a USP tem parceria com a Policia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo, a Concessionária Intervias, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária de São Paulo (CDA) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

    Boa viagem!

 

Campanha da empresa Klabin, que tem Parque Ecológico no Paraná




sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Carrapato, um vilão da saúde dos cães.

  Uma caminhada com seu cãozinho por campos e parques pode terminar em pesadelo se faltar a proteção adequada contra os carrapatos. O parasita é atraído pelo calor do corpo e pela pelagem dos caninos e uma vez que se alimente do sangue pode transmitir duas doenças graves: a Erliquiose, provocada por uma bactéria, e a Babesiose, causada por protozoário. A infecção em gatos é mais rara.

  As duas doenças são consideradas graves, podem causar o óbito, uma vez que a bactéria Ehrlichia canis e o protozoário Babesia canis são hemoparasitas, portanto a infecção ocorre no sangue. 

 As doenças causam apatia, falta de apetite, febre e anemia nos animais. No exame laboratorial, o número de plaquetas aparecem em níveis baixos alarmantes, o que ocasiona sangramentos no paciente. O diagnóstico correto exige exames de sorologia para Ehrlichia e Babesia, e até PCR. Na forma crônica da doença, os sintomas muitas vezes demoram meses para aparecer. 

  A ocorrência da Erliquiose vem aumentando em todo o Brasil devido principalmente a presença do vetor, o carrapato Rhipicephalus sanguineus, conhecido como carrapato "marrom do cão", em áreas  rurais e urbanas, afirma Daniel Moura de Aguiar, na tese de doutorado "Aspectos Epidemiológicos da Erliquiose Canina no Brasil", defendida na Universidade de São Paulo (USP), em 2006.

  O tratamento é complexo e longo. Na verdade, são dois tratamentos: um a base de antibiótico e outro com antiparasitário injetável. A certeza de cura no caso da Erliquiose não é de 100%, uma vez que a bactéria pode não estar mais na circulação sanguínea, mas abrigar-se no baço. 

  Neste caso, vale mesmo o ditado: prevenir é melhor do que remediar. 

  É necessário manter os amigos caninos protegidos contra os carrapatos. Não podemos nem pensar em parar de passear com os cães, pois eles são caminhantes por natureza, e necessitam também do contato com outros da espécie. A solução adequada é o uso regular nos cães de produtos de qualidade contra carrapatos. São produtos disponíveis nas petshops de todo o País: alguns na forma de pipeta com soluções a serem despejadas na pele do dorso, outros na forma de comprimidos mastigáveis e ainda as do tipo coleiras contra carrapato. No entanto, a ação da maioria destes produtos de qualidade é limitada a um mês. Os tutores não podem esquecer a data de renovação da proteção. 


O vilão: Rhipicephalus sanguineus


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Acidentes domésticos: saiba como tornar o lar seguro para os pets.

   O lar doce lar é também cenário de acidentes graves envolvendo os pets. Por isso, é necessário preparar a sua casa ou o apartamento para receber um cachorrinho ou um gatinho. Se você já tem um animal de estimação, veja como tornar a residência um local seguro para seu amigo de quatro patas. 

  A experiência demonstra que nosso lar, local onde os cães e os gatos passam a maior parte de suas vidas, tem pontos perigosos. Vejam a relação dos principais pontos:

  A lista tem início pelas janelas. Cães e gatos podem cair das janelas dos apartamentos e de sobrados. Eles são curiosos, querem saber o que se passa na rua. É preciso, portanto, instalar telas de proteção nas janelas e nas varandas para evitar quedas. 

  As reformas ou obras no terraço das casas devem ter cerca provisória ou portão que impeça o acesso dos animais. A queda de cães do alto das lajes é um dos acidentes mais comuns atendidos em hospitais de emergência.

  A garagem das casas parece um local sem riscos. Tanto é assim que tornou-se comum deixar o cãozinho ali, com o carro, vendo o movimento da rua por meio do portão, latindo para outros cachorrinhos. No entanto, na hora de tirar o carro da garagem na pressa de ir para o trabalho, a desatenção pode custar caro. O pet pode estar deitado justamente sob as rodas do carro. 

  No calor da primavera e do verão (que se aproxima) ninguém dispensa um banho de piscina. Embora cães e gatos sejam exímios nadadores, o problema está na incapacidade que têm de sair da piscina, uma vez que caiam lá dentro em hora que ninguém esteja vendo ou à noite. Os cães têm maior dificuldade de sair de uma piscina, por causa da diferença entre o nível da água e a borda (da altura de  um ladrilho convencional, na maioria delas). Ele põe as duas patas dianteiras na borda, mas não consegue puxar o corpo. Nesta situação, nem latir para pedir ajuda ele consegue. A solução é instalar uma das "escadas de piscinas para cachorro" disponíveis em lojas do setor e na internet, em vários modelos. 

  Na varanda dos apartamentos e nos quintais, a presença de lindas  plantas ornamentais pode ser indigesta. Nem tudo que é bonito, faz bem. Nossos amigos de quatro patas (o cão, onívoro; e o gato, carnívoro) podem mastigar plantas. Algumas como o Antúrio (Anthurium andraeanum) causam estomatite e dermatite de contato nos animais domésticos. A Comigo-Ninguém-Pode (Dieffenbachia amoena), como o nome já diz, provoca dor intensa quando ingerida, salivação e estomatite. Até a Costela-de-adão (Monstera deliciosa) está na lista causando problemas de saúde semelhantes aos do Antúrio. 

  Mas um dos maiores perigos, motivo de atendimentos de emergência em hospitais veterinários, é encontrado normalmente sobre a mesa do jantar, nas estantes e até nos sofás, ao lado do controle da TV: são os tabletes,  bombons e  bolos de chocolate

  O chocolate, que nós humanos adoramos e nos faz bem, causa intoxicação nos  cães e gatos. O cacau tem um alcaloide, a teobromina, que é metabolizada muito lentamente pelos caninos e felinos. Nos cães ficam em média 17,5 horas no organismo e provocam diarreia e vômitos. A quantidade de gordura e de açúcar dos chocolates causa ainda desidratação, excitação e taquicardia. Não adianta pensar que o chocolate na embalagem e os bombons na caixa estão protegidos:  eles abrem, ou comem com embalagem e tudo!

  material de limpeza e banho, principalmente sabonetes, são outra dor de cabeça para os tutores. Esses itens devem estar em estantes altas, fora do alcance dos animais domésticos. Cães e gatos podem pegar sabonetes para mastigar e ter problemas gástricos, como vômito e diarreia.

  O mais básico dos riscos, no entanto, é a porta de entrada da casa ou do apartamento,  por onde os pets podem escapar,  e terminar perdidos ou atropelados. Tenha atenção redobrada sobretudo nos dias de festas, ao receber convidados, no Natal e Réveillon, quando pode ocorrer queima de fogos, o que por si só deixa os pets assustados. No entra e sai, ninguém percebe o amiguinho saindo de fininho  da  festividade barulhenta. Nessas ocasiões, é melhor manter seu pet em um cômodo seguro, ventilado e que garanta a ele a privacidade. A festa do cão é uma bela caminhada na manhã seguinte, e a do gato, como caçador, uma boa brincadeira de caça à bolinha. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Dia das Crianças também é dia de pets

   O feriado de 12 de outubro é data também de corrida às petshops para a compra do brinquedinho do cãozinho ou do gatinho. É uma corrida que cresce a cada ano. Afinal, os cães e gatos são hoje considerados membros da família e estão presente em milhões de domicílios do País. 
   A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, revelou que o número de domicílios do País que tinham pelo menos um cão era de 44,3%, e o dos que possuíam pelo menos um gato era de 17,7%. O resultado apontava total de 52,2 milhões de cães no Brasil e de 22,1 milhões de gatos, em uma população humana estimada na época em 201 milhões de habitantes. 
   Mas o que levaria um tutor a correr para uma petshop às vésperas do Dia das Crianças atrás de bolinhas, ossinhos e ratinhos de pano? 
   A Ciência explica. 
   Assim como uma mãe humana libera altos níveis do hormônio ocitocina no parto e ao abraçar e olhar para seu bebê, os tutores têm igualmente seus níveis de ocitocina aumentados na interação com seus bichinhos.  
   Pesquisa realizada por três universidades do Japão (Azabu, Jichi e de Tóquio) comprovou que a troca de olhares entre humanos e cães é capaz de fazer com que cada um libere em seu sistema nervoso o hormônio ocitocina, que é chamado o hormônio do prazer e do amor maternal. A descoberta foi divulgada em abril de 2015 na revista Science. 
   O estudo Oxytocin-gaze positive loop and the coevolution of human-dog bonds ajuda a explicar como o homem e o cão deram os passos para se tornarem os melhores amigos. E ajuda a entender porque hoje temos um mercado pet capaz de oferecer diversos produtos, brinquedos, roupinhas e rações de qualidade. 
   Takefumi Kikusui, da Universidade de Azabu, e seus colegas afirmam nas conclusões que o comportamento contemplativo de cães aumentou a concentração urinária de ocitocina nos tutores, o que consequentemente facilitou o sentimento de amar como aos filhos nesses tutores. Os cães igualmente respondem com satisfação, com a liberação de níveis mais altos do hormônio na troca de olhares com o tutor, seguidos por níveis intermediários provocados pelo toque do tutor e pela "conversa" com o tutor. 

   Não é preciso dizer mais nada.

   Vamos às compraasss!!!!  🐶🐱😅

Para saber mais:
NAGASAWA, M. et al. Oxytocin-gaze positive loop and the coevolution of human-dog bonds. Science, v. 348, issue 6232, p. 333-336, 2015

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

São Francisco de Assis, o Santo dos pets.

  Os cachorrinhos e gatinhos têm também o seu santo. Basta perguntar aos tutores de cães e gatos para quem eles rezam na hora de pedir saúde para os bichinhos. Boa parte, cristãos católicos ou protestantes, e até fiéis de outras religiões e agnósticos, citam São Francisco de Assis, o protetor dos animais. Nesta segunda-feira, dia 4 de outubro, e por toda a semana, a vida e a obra do santo católico são comemoradas em todo o mundo e com muito fervor no Brasil. 
  Francisco, da cidade de Assis, na Itália, inovou entre os religiosos, em pleno início do século 13, ao afirmar que o Criador deu seu sopro de vida tanto aos homens quanto aos animais e às plantas. Um Pai comum, universal. 
  São Boaventura, seu discípulo, disse que ele "enchendo-se de ternura ao considerar a origem comum de todas as coisas, dava a todas as criaturas, por mais desprezíveis que parecessem, o doce nome de irmãos e irmãs", registra a Carta Encíclica Laudato Si sobre o Cuidado da Casa Comum, do Papa Francisco (aliás, o nome papal adotado por Jorge Mario Bergoglio é em homenagem ao religioso de Assis).
  Portanto, no rigoroso conceito franciscano, podemos dizer "irmão cachorro" e "irmão gatinho".
  
  A VIDA _ O homenageado de outubro nasceu no ano de 1182 com o nome de Giovanni di Pietro di Bernardone, mas foi batizado pelo pai comerciante como Francesco, em uma referência a amigos franceses. Na juventude se desentendeu com o pai rico, entregou-lhe até as roupas do corpo e foi viver na pobreza, disposto a pregar os Evangelhos cristãos com fraternidade e humildade. Conseguiu ser recebido pelo Papa e criou a ordem franciscana.  
  O escritor Herman Hesse, autor de uma das melhores biografias de Francisco (Francisco de Assis, Editora Record, 2019), afirma que o italiano tinha a capacidade de conversar com os pássaros que vinham pousar em seus ombros. No dia de sua morte, teria havido sobre o túmulo uma revoada expressiva de andorinhas. Ele também pregou às flores e às florestas.
 "Muitas histórias e lendas contam como era grande o amor de Francisco pelos animais, em especial pelos pássaros", escreveu Hesse. 
  O escritor alemão revela, porém, que de tantas canções entoadas por Francisco ao longo da vida apenas uma de fato chegou aos nossos dias: é o Cântico do irmão sol . Conheça um dos primeiros parágrafos do cântico:
 "Sê louvado, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o senhor irmão Sol, 
que é o dia, e por meio dele nos iluminas..."  

  Atualmente, Francisco de Assis é considerado pela Igreja Católica como verdadeiro ecologista. Um defensor da ecologia integral, como diz a Carta Encíclica já citada. Para muitos, é protetor das espécies de animais ameaçadas de extinção e ainda para outros o principal socorro dos cães e gatos abandonados. Por isso, dá seu nome a uma das principais e mais antigas ONGs da cidade de São Paulo, o Quintal de São Francisco.  
   




segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Comissão do CRMV-SP atua em resgate de animais durante incêndio no Parque do Juquery

Toda a equipe de resgate no Parque do Juquery/Foto Comunicação do CRMV-SP 


    Um balão provocou um incêndio devastador no Parque Estadual do Juquery. no domingo dia 22 de agosto. Localizado na região metropolitana de São Paulo, no município de Franco da Rocha, o parque tem vegetação de cerrado. O clima seco de agosto deixou a flora e fauna vulneráveis a incêndios e o balão desencadeou a tragédia: em poucos dias, 80% da área do parque foi destruída pelo fogo. 
    Além do Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental e voluntários, a própria Comissão de Resgate Técnico de Animais e Medicina Veterinária de Desastres do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) entrou em campo, liderando os trabalhos de salvamento dos bichos. Uma importante providência da Comissão foi divulgar um vídeo desmentindo fake news que se espalharam pela internet, e esclarecendo o que estava sendo feito de fato para ajudar a flora e a fauna. Muitos animais foram resgatados pelos médicos veterinários.  

Resgate de animais queimados/Foto Comunicação CRMV-SP

    Segundo comunicado no site do CRMV-SP, a Comissão de Resgate Técnico Animal e Medicina Veterinária de Desastres (CRTAMVD) foi criada por meio da Resolução CRMV-SP nº 2969/2021. E tem o objetivo de ampliar o diálogo e fomentar políticas públicas no estado de São Paulo para atendimento a ocorrências com animais em situação de emergência, tais como incêndios florestais, deslizamentos de terra, rompimento de barragens, entre outros desastres e catástrofes ambientais. 


Foto: Comunicação CRMV-SP





 

sábado, 28 de agosto de 2021

ONG tenta resgatar 200 cães e gatos do Afeganistão. Um voo teria decolado hoje de Cabul com parte dos animais e da equipe.

 

O ex-militar Pen Farthing em Cabul
O ex- militar britânico Pen Farthing, fundador da ONG Nowzad (https://www.nowzad.com/), está tentando retirar de Cabul, no Afeganistão, em voos fretados com financiamento particular, cerca de duzentos cães e gatos, além de toda a equipe da ONG. 

Depois de um embarque frustrado na sexta-feira, dia de um atentado terrorista no aeroporto de Cabul que provocou a morte de 170 pessoas, neste sábado um avião decolou em segurança com parte da equipe da ONG e parte dos animais, segundo comunicado da Nowzad em rede social. 

No entanto, alguns funcionários da Nowzad e animais "ficaram para trás", conforme a nota oficial. "Os nossos pensamentos por enquanto estão com a nossa equipa e com as muitas pessoas e animais que também foram deixados para trás. Faremos o possível para ajudá-los", diz o comunicado.

A tensão aumenta no Afeganistão neste fim de semana. A retirada completa das forças norte-americanas do país está prevista para a terça-feira, dia 31/08. Até lá cidadãos de diversos países e afegãos tentam deixar o país, fugindo do governo do Talibã, que recuperou o poder neste mês de agosto depois que os EUA anunciaram que retirariam todas as suas tropas do país asiático. 

A atuação da ONG Nowzad no Afeganistão já foi notícia neste blog em 2014. A ONG foi fundada durante a guerra contra terroristas em 2007 e reúne principalmente militares britânicos preocupados com a vida e o bem-estar dos animais no Afeganistão.  

Fundadores e funcionários de outras ONGs de resgate de animais do Afeganistão estão em meio a confusão no aeroporto de Cabul. As informações disponíveis em redes sociais são às vezes desencontradas. Neste sábado, a  Kabul Small Animal Rescue afirmou que tenta obter o apoio de autoridades da Inglaterra para o embarque de animais resgatados no Afeganistão e de sua equipe.




terça-feira, 17 de agosto de 2021

O paraíso dos cachorros no coração do Ibirapuera


Liberdade no Parque do Ibirapuera/Foto do autor

   Uma das áreas de lazer mais famosas do País, o Parque do Ibirapuera, localizado na cidade de São Paulo, tem um local para um saudável convívio das pessoas com os seus cães. É o Parque dos Cachorros.

Ocupando o espaço de um campo de futebol de areia, tendo ao redor gramados e árvores, o Parque dos Cachorros pode ser chamado de paraíso dos caninos. Neste local (entre os portões 6 e 7), os cães podem correr e brincar livremente sem as coleiras e as guias obrigatórias nas demais vias públicas e parques da cidade. Ao contrário de outros espaços destinados aos cães na cidade, este não é cercado.

Trata-se, portanto, de exceção a regras municipais e estaduais que exigem a permanente condução de cães por seus tutores.

Neste canto do Ibirapuera, no entanto, a liberdade exige maiores responsabilidade e vigilância dos donos dos animais. A regra é clara: não pode haver estresse entre os animais ou entre animais e usuários do parque e todas as fezes devem ser recolhidas pelos tutores.

A administração do Ibirapuera instalou no local um bebedouro para os cachorros. Aos sábados e domingo, o Parque dos Cachorros fica repleto dos amigos de quatro patas, com cães vira-latas e de raça se misturando, filhotes e idosos brincando, uma alegria geral.

Já a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo do Estado busca reforçar a regra com a campanha Passeio Responsável”, que conta com o apoio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. A campanha informa aos tutores a maneira como deve ser feito um passeio e destaca a necessidade da condução de cães em guias e coleiras nas áreas públicas.

 






sábado, 14 de agosto de 2021

Apesar dos problemas da Pandemia, vacinação de cães e gatos contra a raiva é necessária.

Agosto é conhecido como mês do “Cachorro Louco”.

Ninguém sabe ao certo de onde veio a designação, mas uma das versões atribui ao oitavo mês do ano alto índice de cadelas no cio, e por consequência machos alvoroçados. Último mês do inverno (no hemisfério sul) seria convidativo ao namoro, já que os rebentos nasceriam na primavera.

Seja qual for a razão, agosto é mês de serem lembradas as campanhas de vacinação de cães e gatos contra a doença raiva, transmitida por um vírus presente em morcegos (único mamífero voador). O Manual Técnico do Instituto Pasteur (referência na pesquisa da raiva no País desde 1903) sugere que o Dia de Vacinação contra a Raiva deva ocorrer entre julho e setembro.

A vacinação anual de cães e gatos é a principal forma de controle da doença nas áreas urbanas e de prevenção contra a infecção em seres humanos. Por isso, ela é obrigatória por lei nas principais cidades brasileiras.

Na capital São Paulo, porém, não há notícia da campanha de vacinação com postos volantes espalhados pela cidade, que sempre aconteceu em agosto. A vacinação pública dos cachorrinhos e gatinhos é oferecida somente nas dependências do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e em campanhas de castração da Prefeitura. Também em cidades como São José dos Campos ainda não há anúncios dos postos de vacinação que em anos anteriores foram espalhados pela cidade no mês de setembro, com muita adesão da população (chegou-se a vacinar 4.700 animais em único fim de semana).

Representantes dos laboratórios Pfizer/Zoetis e Boehringer Ingelheim, fabricantes tradicionais de vacinas contra a raiva para caninos e felinos,  informaram na semana passada não dispor do imunizante (Defensor e Rabisin, respectivamente) para entregar a clínicas veterinárias particulares da zona sul de São Paulo. A falta do produto em dois laboratórios é absolutamente incomum. 

O laboratório Sanofi, que tem parceria com o Instituto Pasteur e com o Butantã, para fornecimento de vacinas contra a doença em humanos, fez um alerta em jornal de circulação nacional para a importância de se manter a vacinação anual de cães e gato para o controle da doença. O texto do informe publicitário afirma que, em todo o mundo, principalmente na África e Ásia, 60 mil pessoas morrem por ano da doença. O morcego é o principal transmissor para os humanos, seguido por cães e gatos.

No Brasil, as campanhas realizadas nos últimos 30 anos reduziram os casos em humanos de 155 na década de 1980 para dois no ano passado. Isso porque a doença foi reduzida nos animais de estimação.  

Em 2020 e 2021, a Pandemia de Covid19 trouxe novos desafios para as autoridades da área de Saúde Pública. As campanhas tradicionais de vacinação de bichinhos poderiam criar aglomerações humanas e contrariar as medidas de prevenção ao novo coronavírus. No entanto, novos protocolos de ação e de comunicação não chegaram a ser apresentadas ao público.  

O vírus que causa a Covid19 é o SARS COV- 2, da família Corona. Sua origem está em em morcego da Ásia. Segundo esta teoria, aceita pelos principais cientistas do mundo, o vírus do mamífero voador sofreu uma mutação que lhe permitiu conquistar uma nova espécie, o Homo Sapiens. Mutações acontecem frequentemente e a interferência humana na natureza aumenta os riscos de epidemias. Nada indica, porém, que morcegos sejam reservatórios naturais do SARS COV-2. 

Já em relação ao vírus da raiva os morcegos são o reservatório natural, em todo o mundo. Esse vírus não é um corona, mas pertence à família Rhabdoviridae, e é do gênero Lissavirus.  A transmissão para os demais mamíferos, humanos, vacas, cavalos, os cães e gatos, é direta por meio da saliva do animal. Mas nem pensem em brigar com esses bichinhos voadores, eles são úteis na natureza, basta respeitá-los e a seu habitat.

A doença é gravíssima e fatal, uma vez manifestada na vítima. O vírus ataca o Sistema Nervoso e deixa os cães absolutamente atordoados. Foi o francês Louis Pasteur quem desenvolveu a vacina contra a raiva no final do século 19 e abriu as portas de nossas casas para os amigos peludos. Até hoje a vacina em cães e em gatos é a principal forma de controle da doença nas áreas urbanas e em humanos, é usada na prevenção de grupos de risco e no tratamento dos casos de infecção por mordedura.

Pintura de época: o cientista Louis Pauster

Segundo o Instituto Pasteur, 70% dos casos notificados em seres humanos nos países em desenvolvimento têm o cão como transmissor da doença. Mamíferos silvestres como as raposas podem também transmitir a raiva a seres humanos. Os gatos precisam ser vacinados porque como caçadores podem pegar morcegos doentes.  

Por tudo isso, a gente pergunta: cadê as campanhas de orientação aos tutores e de vacinação dos bichinhos?


  



sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Por que devo castrar meu cão e meu gato?

Foto da Prefeitura de São José dos Campos sobre Meu Pet Feliz (Adenir Britto)

  
A prefeitura de São José dos Campos (SP) abriu inscrições nesta semana para a campanha gratuita de castração de cães e gatos dos moradores da cidade. Trata-se da 12º edição da campanha Meu Pet Feliz e um total de mil castrações devem ser realizadas a partir deste mês.

  Na capital do Estado, a prefeitura também incentiva os moradores a castrarem seus pets por meio do Programa Permanente de Controle Reprodutivo de Cães e Gatos. Cada morador da cidade de São Paulo tem direito a inscrever até 10 animais para o procedimento gratuito. Na cidade do Rio de Janeiro, porém, as castrações realizadas pelo poder público estão restritas aos felinos, segundo o site do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), devido à Pandemia da Covid19.   

  As prefeituras têm demonstrado preocupação crescente com o controle de natalidade em cães e gatos para assegurar melhor qualidade de vida dos bichos e reduzir os índices de doenças zoonóticas (aquelas transmitidas pelos animais aos humanos).

  A consciência de que a cirurgia nas fêmeas (a técnica mais usada é a retirada do útero e dos ovários) e nos machos (exclusão dos testículos) é solução definitiva para ninhadas indesejadas já está presente entre os responsáveis pelos animais.

 O que pouca gente sabe são dos benefícios à saúde dos animais que a esterilização cirúrgica proporciona.

 Um dos maiores benefícios das castrações de fêmeas de ambas as espécies é a redução do risco do câncer de mama. Pesquisas internacionais já comprovaram que a retirada dos ovários, e consequentemente dos hormônios reprodutores, é prevenção ao câncer mama.

 A American Veterinary Medical Association (AVMA) defende o procedimento em bases científicas. “Metade de todas as neoplasias mamárias em cães e mais de 85% de todas as neoplasias mamárias em gatos são malignas, e a esterilização de animais de estimação fêmeas antes dos 12 meses de idade reduz esse risco”, informa. “A castração dos machos elimina o risco de câncer testicular”, acrescenta o artigo, disponível no site da AVMA.

 A organização World Animal Protection estima que “99% das cadelas castradas antes do primeiro cio não desenvolvem a doença” e afirma que, em gatas, a castração reduz as chances de câncer de mama entre 40% a 60%. Importante ressaltar que o câncer de mama maligno, capaz de apresentar metástase no pulmão e fígado, pode ser fatal, gera alto sofrimento, desgaste emocional na família, e o tratamento principal é a excisão de toda a cadeia mamária.

  A retirada dos ovários e útero das fêmeas traz outros benefícios à saúde. Sem o órgão reprodutor, não há o risco de piometra, nome técnico da infecção de útero (mais comum do que se imagina) A World Animal Protection destaca: “As fêmeas não ficam mais vulneráveis a infecções uterinas graves, uma vez que o seu aparelho reprodutor é removido.” Doenças sexualmente transmissíveis, como o Tumor Venéreo Transmissível (TVT), deixam de ser também um risco.

  A literatura científica recomenda que cães e gatos sejam castrados somente após a série de vacinas que tem início aos 2 meses de idade e vão terminar 60 dias depois, ou por volta dos 6 meses de idade. Isso porque os hormônios reprodutores de machos e de fêmeas fazem parte do crescimento e definem características importantes dos animais. A castração precoce pode provocar incontinência urinária nas fêmeas, informa a AVMA. Nos machos, é preciso aguardar que os testículos desçam para o saco escrotal.

  Uma vez castrados, os machos ficam menos agressivos e deixam de urinar por toda a residência, o que reduz conflito com a família humana. Um cão macho com testículos demarca todo o território com xixi na tentativa de atrair uma fêmea da vizinhança. O xixi neste caso é uma espécie de Whatsapp do mundo canino, a principal comunicação com a namorada. Ele não larga seu Whatsapp nem de dia e nem de noite.

 Com os gatos machos, a mesma coisa acontece. Mas há um risco ainda maior: gatos pulam, sobem árvores e muros, saltam obstáculos. Acabam indo para as ruas e nas lutas inevitáveis do acasalamento de felinos podem contrair doenças virais graves, como a Leucemia Viral Felina, ou Felv, e a Imunodeficiência Viral Felina, Fiv, que foi confundida com a Aids humana na década de 1980. Ambas doenças imunológicas não têm cura.  

  Sem o impulso de ir para a rua, é reduzido com o procedimento o risco de atropelamento. As campanhas anunciadas visam sobretudo diminuir o número de filhotes de cães e de gatos abandonados nas avenidas, ruas e parques das cidades brasileiras. 

 Por tudo isso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) de São Paulo reforça ser fundamental a realização de projetos educativos junto das campanhas de castração. 


O tutor deve fazer a sua parte:

As campanhas oferecidas pelas prefeituras exigem dos tutores dos animais atenção aos pré-requisitos e ao pós-operatório:

  • 1)   O animal deve estar em jejum de ração e água no dia da cirurgia (de 8 horas a 12 horas, varia conforme cada protocolo)
  • 2)   O animal deve estar saudável, comendo e bebendo normalmente e com fezes com consistência normal
  • 3)   Fêmeas não podem estar no cio, prenhas ou amamentando para entrar em uma campanha
  • 4)   Cães e cadelas precisam usar roupinhas cirúrgicas
  • 5)   Os gatos devem ir em caixa de transporte de felinos domésticos
  • 6)   Os medicamentos prescritos devem ser administrados corretamente. Programa-se para dar atenção ao seu pet.
  • 7)   Mantenha as vacinas de seu pet em dia  

 

 Para mais informações:


Prefeitura de São José dos Campos – Programa Meu Pet Feliz:

https://www.sjc.sp.gov.br/servicos/saude/meu-pet-feliz/

 

Prefeitura de São Paulo – Centro de Controle de Zoonoses:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/

 

Prefeitura do Rio de Janeiro – Centro de Controle de Zoonoses:

http://www.rio.rj.gov.br/web/vigilanciasanitaria/castracao