sexta-feira, 26 de abril de 2024

Morte do cão Joca: uma tragédia anunciada!

   

O cão Joca e seu tutor/Fotos arquivo pessoal 

  Equipe da companhia aérea mal treinada, ausência de equipamentos para aferir temperatura dentro da caixa de transporte, desconhecimento dos riscos dos cães de apresentarem (no clima do Brasil) hipertermia (os cães não suam) e falta de um protocolo veterinário de emergência! 

    São alguns pontos que fazem da morte do Golden Retriever Joca, de 5 anos, durante voo pela companhia Gol, uma tragédia anunciada.    

   O embarque foi na segunda-feira, dia 22 de abril, no aeroporto de Guarulhos (São Paulo) e o destino era a cidade de Sinop, no Mato Grosso, mas Joca foi levado para Fortaleza, no Ceará, por um erro operacional da Gollog (braço da Gol). Lá aguardou dentro de caixa de transporte até ser reembarcado de volta para São Paulo onde chegou morto.

   Ele viajou no setor de carga da aeronave por causa do peso. Somente cães com peso inferior a 10 quilos (animal mais caixa) podem seguir com os passageiros dentro do avião.  

   Não foi o tempo extra de viagem que debilitou Joca. Há embarques em São Paulo para Portugal e Alemanha com 11 horas ou 12 horas de voo, mas os cães são mantidos sempre em ambiente a 22°C. Protocolo internacional!

   A equipe da Gol parece desconhecer que a raça Golden Retriever tem origem na Escócia. Então, a pelagem do Joca é feita para dificultar a perda de calor. O que agravou a situação.

    Somente as investigações e a autopsia vão indicar com clareza qual a causa da morte do Joca. Mas é certo que se tratava de um cão saudável e que a companhia garantira que o levaria em segurança até o destino. Não levou!

   A morte de Joca revela a necessidade urgente de uma legislação específica e de um novo plano de voo para o embarque de pets em avião no Brasil. 

   O caso teve grande repercussão nacional. O presidente Lula se manifestou sobre a perda do Joca, protetores de animais protestaram nas redes sociais, a Agência Nacional de Avião Civil (Anac) anunciou uma investigação sobre o caso e a companhia emitiu nota suspendendo por 30 dias qualquer embarque de pets no setor de carga viva dos aviões. 

   

ERRO GRAVE 

  O tutor do Joca, o engenheiro João Fantazzini, disse em entrevista a Ana Maria Braga, da TV Globo, que houve uma série de erros por parte da companhia e que a perda de seu "filho" é irreparável. 

   Fantazzini afirmou que encontrou o corpo de Joca todo molhado dentro da caixa de transporte. Se foi uma tentativa das equipes de resfriar o animal, trata-se de um grande erro. 

  Para sair da hipertermia é preciso oferecer ao cão ar frio (levar para o ar condicionado, por exemplo) para que inspire ar gelado e expire ar quente, retirando o calor interno, sobretudo do coração. Molhar um Golden Retriever adulto não ajuda, porque a camada de pelos (dupla) é praticamente impermeável, e mal chega a água à pele. 

   Outra falha: por que em Fortaleza Joca não foi examinado por um médico veterinário? Profissional capaz de aferir a temperatura retal, a frequência cardíaca e respiratória do cão!

  Pesquisas no Brasil não faltam. Em minha pesquisa de Mestrado pesquisei a "Termorregulação do Golden Retriever em exercício em clima subtropical", o de São Paulo. Lá estão os dados sobre o aumento da temperatura corporal da raça em temperatura ambiente alta. E quais locais do corpo são mais sensíveis ao calor. O artigo sobre a pesquisa ainda será publicado por revista científica.

    PET NÃO É BAGAGEM ! 

    Que Deus receba Joca e conforte seu tutor!                                     

   

domingo, 21 de abril de 2024

Saúde pet: exames sofisticados à disposição!

  Ultrassom, raio-x, tomografia, hemograma, triglicérides, citologia aspirativa, urina e ecocardiograma são apenas alguns dos exames laboratoriais e de imagem disponíveis aos cachorrinhos e aos gatinhos em cidades como São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro. 

  Já há na medicina veterinária brasileira técnicas sofisticadas e profissionais capacitados para os exames de rotina ou os de emergência para os bichinhos em todo o País. Alguns laudos são até emitidos à distância a partir das imagens recebidas.  

  No mundo pet, exames são tão necessários quanto no nosso universo humano. E deveriam fazer parte da rotina na prevenção de doenças.

  No entanto, muitos tutores acabam sempre adiando os exames de check-up de saúde, alegam falta de tempo e quando as doenças se manifestam os laudos não trazem boas notícias. 

  Na prática médica, é comum, por exemplo, tutores pedirem um "remedinho" porque seus cães ou gatos estão vomitando.

  Como é difícil convencer que são necessários exames para definir qual "remedinho" dar ao bichinho!

   O vômito tem inúmeras causas, vão da doença renal à ingestão de alimento estragado. O vômito é recurso complexo do organismo para expulsar toxinas do estômago e corrigir o pH do corpo. Na grande maioria dos casos, é necessário e saudável vomitar. 

   Somente exames laboratoriais e de imagem, como um Ultrassom, vão ajudar a fechar o diagnóstico. 

   Recentemente, um gatinho idoso estava vomitando, e o exame de sangue com Função Renal mostrou que o paciente estava com a Creatinina altíssima. Diagnóstico: insuficiência nos rins!

   Na prevenção de doenças, são fundamentais. Raças como a Yorkshire tendem a apresentar pancreatite se os índices de triglicérides no sangue estiverem acima da referência.

   Um simples exame de sangue, feito de maneira preventiva, pode evitar uma internação hospitalar.     

   No entanto, é sempre bom lembrar: exames não são um fim, mas um meio, um recurso para iniciar o tratamento do paciente. Não adianta também pecar pelo excesso: exames demais e sem uma justificativa não ajudam!

    Não é raro clientes me procurarem para pedir avaliação de um paciente que já tem um calhamaço de exames feitos. 

     Os dados não falam por si só, exigem análise e interpretação em relação a laudos, índices e imagens. É preciso frisar isso. Não é fácil, mas essa parte mais árdua da interpretação é fundamental para a saúde do paciente cachorro ou gato!

segunda-feira, 15 de abril de 2024

O Pit Bull é uma invenção humana!

    Uma espécie de Frankenstein criado pelos seres humanos no século 19 na Inglaterra e na Escócia. Eles selecionaram cães bulldogs, donos de forte mordida, e cruzaram com terries, de reconhecida agilidade. E em algumas dezenas de anos obtiveram, por meio da seleção artificial, o pit bull.

    Fracassado caçador, o troncudo canídeo foi levado para os Estados Unidos, e ali foi jogado nas rinhas de lutas e teve sucesso no embate com outros cães. Nas terras norte-americanas surgiu o American Pit Bull Terrier, raça reconhecida em 1898 pelo United Kennel Club (UKC), localizado no Estado do Michigan, nos Estados Unidos.

    Já a Federação Cinológica Internacional (FCI), a mais importante entidade mundial do setor, com sede na Bélgica, NÃO reconhece o pit bull como uma das raças de cães. Ficou Frankenstein demais para os gostos da Federação. 

   Por sua vez, a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) incluiu o American Pit Bull Terrier no catálogo de raças oficiais, mas com a observação de que se trata de um padrão de cães não reconhecido pela a FCI, à qual a CBKC está subordinada.

    A Confederação brasileira  e a United Kennel Club informam que a raça pit bull é "amigável" com pessoas e crianças e que, atualmente, trata-se de um cão de companhia. No entanto, ressalta que é grande a agressividade dos pit bull com outros cães. A raça que tem força absurda "necessita de proprietários que socializem cuidadosamente os cães e que treinem obediência", ressaltam.

    No Brasil, ataques de cães pit bulls a humanos estão alarmando a população e estão presente no noticiário nacional. 

    O mais recente caso é o ataque de três cães pit bull contra a escritora Roseana Murray. Ao sair de sua casa para uma caminhada matinal, no município de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, Roseana foi mordida e derrubada por três pit bulls no meio da rua. 

   Os cães saltaram por cima do muro de uma casa vizinha, onde foi constatado que eram tratados com desleixo. Os ferimentos na escritora foram tão graves que, no hospital, a equipe médica precisou amputar o seu braço direito.

    O tutor dos cães foi preso e os animais recolhidos a abrigo da prefeitura.

    Em um texto, escrito no hospital, Roseana Murray compara o que ocorreu a um ataque de Cérbero, o cão da mitologia grega que pertencia a Hércules, e tinha três cabeças:

   ”Me lembro do mito de Cérbero, o cachorro de três cabeças que tomava conta da passagem dos recém-mortos para o outro mundo. Eles eram ferozes e ninguém os vencia. Os três cachorros que me atacaram pareciam Cérbero, o cão de três cabeças prontos para me levar para a morte. Não conseguiram. Estou viva, mas como no livro que lemos no Clube da Casa Amarela Escute as Feras, de Nastassja Martin, a história da mulher que foi atacada por um urso, lutou e venceu, e no final, é uma mulher meio humana meio ursa, eu também me sinto meio humana meio mulher selvagem, por que venci".

    Entretanto, os pit bulls da rua de Saquarema não vieram de nenhuma mitologia grega e nem são realmente de Hércules. 

    Os três são de raça criada neste mundo e pode-se dizer pela mente (violenta) de seres em humanos. 


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Mosaico atesta nossa longa amizade com os cães

 

Mosaico em Alexandria, Egito

   Em uma data aproximada entre 100 ou 200 anos Antes de Cristo, um artista fez um lindo mosaico de um cão branco, com manchas pretas, de porte médio, aparentemente sem raça definida. A obra tem 70 centímetros de largura e de altura e tudo indica foi feita na cidade de Alexandria, no litoral mediterrâneo do Egito.

   A cidade de Alexandria abrigava na época a famosa Biblioteca, que reunia papiros e obras, o principal acervo do conhecimento que temos hoje da Antiguidade. 

   A Biblioteca que foi destruída por um incêndio ainda Antes de Cristo. Recentemente, em uma obra da construção da Nova Biblioteca de Alexandria, em 1993, os operários encontraram esse mosaico com o cão branco e manchas pretas. A obra está atualmente no Museu Grego-Romano, nesta cidade egípcia.

    É um mosaico que atesta a longa amizade que mantemos com os cães. Segundo os estudos científicos, o cão (nome da espécie é Canis familiaris) foi o primeiro animal domesticado, ou seja que passou a conviver e a interagir com os humanos, lá para os anos 15 mil Antes de Cristo.

    Vemos, com essa obra, o valor que os egípcios davam aos cães. Um amigo utilizado na caça e na guarda das casas. O Egito é o berço do gato doméstico que foi venerado ali nos tempos dos faraós.    

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Cães e gatos são 'coisa'?

    Os cães e os gatos são tratados pelo Direito brasileiro como "coisa", ou seja um objeto, algo que pode ser propriedade do cidadão, sem direitos intrínsecos e sem a proteção obrigatória do Estado.
  Mas em todo o mundo e no Brasil há um novo status legal sendo discutido para os animais domésticos. Em Brasília, no Senado, tramita o Estatuto do Animal Doméstico que pretende uma revolução do ponto de vista legal para os animais. 
 Nossos totós e bichanos deixariam de ser "coisa" para adquirirem a condição de "seres", um sujeito agora de direito que tem reconhecida a existência e passa a contar com a proteção do Estado.
 Mas proposta desta alteração está parada nas comissões desta Casa legislativa. 
    O ponto principal está no artigo oitavo do PL 2070 de 2023:
   Art. 8º Os animais domésticos possuem natureza jurídica sui generis, sendo sujeitos de direitos despersonificados, dos quais podem gozar e obter a tutela jurisdicional em caso de violação, por intermédio dos seus tutores ou por representante do Estado, sendo vedado o seu tratamento como coisa. 

   O simples fato de deixar para trás a qualificação de "coisa" para animais domésticos em nosso ordenamento jurídico já abre um novo horizonte no direito de proteção e bem-estar de nossos amigos. 
    Essa é uma tendência mundial em relação ao Direito. E uma forma da Humanidade evoluir em direção ao respeito às outras espécies que vivem neste planeta. 
    Não, o Homo Sapiens não é o dono do mundo! 



segunda-feira, 25 de março de 2024

PF atrás dos traficantes de animais silvestres

 

Flagrante no tráfico/Reprodução PF

 

  A Polícia Federal realizou importantes investigações no Rio de Janeiro que levaram aos suspeitos da morte da vereadora Marielle. Está nas manchetes dos jornais e sites. Mas a PF está também na caça de traficantes de animais silvestres nas terras fluminenses. 

  No dia 12 de março último, a PF lançou a operação "Defaunação no Rio" para cumprir três mandatos de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão na região de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Grande Rio. Segundo a Agência Brasil, os chefes da quadrilha foram presos e entre eles um integrante do Corpo de Bombeiros.

  Os traficantes comercializavam araras, pagagaios, cervos, iguanas, diversos pássaros e macacos. 

   Infelizmente, os traficantes estão sofisticando o crime e neste caso conseguiram até, de forma fraudulenta, o cadastro dos animais no Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre (Sisfauna) e no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass). São sistemas sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

   A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), uma ONG com sede em Brasília, informa que 38 milhões de animais são retirados da natureza no Brasil todos os anos. E 9 de 10 animais nas mãos dos traficantes morrem por maus-tratos ainda nos cativeiros. 

    A Polícia Federal, pelo visto, terá muito trabalho pela frente, ao lado das polícias ambientais estaduais. 


Para saber mais:

https://renctas.org.br/

 

   


domingo, 17 de março de 2024

Coelhinho não põe ovo, nem na Páscoa!

  Está aberta a temporada de compra de coelhinhos pelas mamães e pela criançada! Depois da Páscoa, neste mês de março, essa temporada se encerra e abre-se outra, a da doação dos coelhinhos pelas mamães atormentadas com o bichinho e as crianças que perderam o encanto com a novidade.

  Coelhinho não põe ovo e muito menos de chocolate! Não é brinquedo e não deve ser comprado na Páscoa. 

  É um mamífero fofinho, orelhudo, que gosta de namorar e cuja gestação  tem tempo médio de 30 dias. Os filhotes nascem aos montes em tocas e em dias estão pulando pelo quintal ou pela natureza. 

  São símbolos da Páscoa, exatamente por essa fecundidade! 

  A Páscoa é uma festividade com origem no hemisfério norte, que marca o início da estação Primavera por lá. Aqui no Brasil, no hemisfério sul, estamos entrando no outono. Para representar a Primavera, estação da vida, do plantio e dos acasalamentos na natureza, nada melhor do que o coelho!

   Na religião cristã, a Páscoa é também a data da Paixão de Cristo, sua crucificação e ressurreição.

   De onde veio o chocolate? Não sei, deve ser porque é gostoso! Ou foi ideia de algum fabricante com estoque lotado.

   Já adotei uma coelha, a Gogô, abandonada logo após a Páscoa. A família percebeu que criar coelhos dentro de residência não é fácil. As fezes ficam por todos os lados, são pequenas bolinhas, e o coelho, que é um roedor, costuma destruir sandálias e a fiação dos aparelhos eletrônicos da casa ou do apartamento. 

  Gogô viveu muitos anos comigo e ganhou até uma casa especial no quintal, o Coelhódromo. Acredito que foi feliz e nunca mais virou presente de Páscoa para ninguém!  

   

     

segunda-feira, 11 de março de 2024

Hora da prevenção da gripe nos pets

  O outono neste ano tem início no dia 20 de março e a nova estação, mais fresca, é temporada das gripes em cães e gatos. A exemplo do que ocorre com os seres humanos, convocados a tomar vacinas contra a gripe nos postos de saúde, os pets também precisam estar com suas vacinas em dia para os meses de maior incidência de doenças respiratórias. 

  A principal doença nos cães é a conhecida Tosse dos Canis. Trata-se de infecção altamente contagiosa que, tecnicamente, leva o nome de 'tranqueobronquite infecciosa canina'. 

  A infecção e decorrente inflamação ocorre nas chamadas vias respiratórias anteriores (ou superiores) na traqueia e laringe, e não é, ao menos inicialmente, uma moléstia que alcança o pulmão. 

   A Tosse dos Canis, como o próprio nome informa, causa uma tosse persistente, muitas vezes com secreção e vômito desta secreção. Nos sintomas mais graves, parece que o paciente tem um corpo estranho preso à garganta. 

   Mas a causa dessa tosse é microscópica: vírus e uma bactéria. A Tosse dos Canis é causada pelo adenovírus canino tipo 2, o vírus da parainfluenza e o herpes vírus canino tipo 1. Além da bactéria Bordetella bronchiseptica.

   As vacinas V8 ou V10 disponíveis no mercado pet previnem contra os vírus envolvidos na Tosse dos Canis, ao menos os principais: o adenovírus e a parainfluenza. E há vacina específica dos grandes laboratórios para a bactéria Bordetella.

    Os gatos conseguem se defender naturalmente dessa bactéria, e são raros os casos de infecção por Bordetella bronchiseptica. No entanto, a mais comum doença respiratória das vias anteriores dos felinos é a Rinotraqueíte, uma espécie de gripe provocada pelo herpes vírus felino. Provoca espirros e secreções nasais. Em alguns casos, a infecção, e a decorrente inflamação da traqueia, ocasiona a tosse nos gatos. 

   Os mercado pet tem vacina para prevenção da Rinotraqueíte. Consulte um médico veterinário para ter as vacinas de seu pet devidamente atualizadas. 

       Prevenir é melhor do que remediar!

domingo, 3 de março de 2024

Dr Google: risco maior para o seu pet!

  O site de busca Google já é utilizado pelas pessoas para se automedicarem, mas agora vendo sendo recurso cada vez mais utilizado na medicação de pets. O que é um risco para a saúde de cães e gatos. Não é raro tutores chegarem na consulta com a frase: "Eu já sei o que o bichinho tem, vi no Google!" 

    Nem com bola de cristal, das lendas e magias, é tão fácil assim.

   Se fosse fácil, seria até bom para os pets, mas não é assim que o equilíbrio entre saúde e doença funciona na realidade. A medicina veterinária exige pelo menos 5 anos no curso de graduação e mais uns 5 ou 10 anos na prática clínica para começar a compreender o complexo universo do organismo, seja de um cão, de um gato ou de um cavalo. 

   Um mesmo sintoma, como o vômito ou a diarreia, tem pelo menos dezenas de causas. "Foi algo que ele comeu", costumam dizer. Mas essa afirmação não ajuda muito. Comeu algo ruim que levou a infecção intestinal, ou comeu algo extremamente gorduroso, e a depender da raça, causou uma pancreatite, que é uma inflamação do pâncreas? Ou é sinal de doença renal, no caso de geriatras?

  No Google, o tutor é ensinado a hidratar o paciente que está vomitando. Mas nesta pesquisa vem uma pergunta automática: "Que dar de remédio para o cão vomitando? E segue uma lista de medicamentos chamados anti-eméticos, usados para interromper o vômito. 

    Ora, o vômito é um sintoma de algo errado, e não a doença em si. 

   É um recurso sofisticado do organismo de cães, gatos e seres humanos para limpar o estômago e tentar corrigir o pH ácido do sangue. Eliminando a acidez gástrica leva-se o pH do sangue para o básico. 

    Portanto, está errado querer interromper esse processo sem conhecer melhor o que ocorre com o paciente. Evidente que a hidratação do paciente é fundamental, mas talvez não seja possível por via oral. 

   Há casos em que o Dr. Google realmente não tem como ajudar, muitos são os detalhes. Um mesmo medicamento elimina vermes intestinais e o protozoário Giárdia, mas a dose para os vermes e a dose contra a giárdia são totalmente diferentes. 

  Os tutores costumam dizer: "Mas eu já dei o medicamento tal... e não funcionou". Lógico que não funcionou, para cada moléstia há uma dose específica. Como para cada tipo de bactéria, um antibiótico é mais eficaz. 

  Se for buscar no Google o por quê do cão estar com a cabeça inclinada, o site vai dizer que ele está em "busca de atenção". Sim, pode ser, se ele fizer isso de vez em quando, mas se o cão mantiver sempre a cabeça inclinada é sinal de problema grave, a Síndrome Vestibular Canina.

  Nada a ver com prova para ingressar na faculdade. A maioria dos tutores nem desconfia, mas os ouvidos são fonte de equilíbrio do corpo em relação ao chão. Há entre os ouvidos o Sistema Vestibular que leva informações sobre a posição do corpo e da cabeça em relação ao solo para o cérebro. A visão e o tato, das patas ou dedos no chão, completam esse sistema autônomo.

  Uma infecção de ouvido grave pode levar o paciente a perder a audição e a pender a cabeça para um dos lados. Como explicar para um tutor que os ouvidos não são só para ouvir e que uma simples infecção de ouvido por provocar danos graves e irreversíveis no equilíbrio do pet? 

  O Dr. Google ajuda, mas tem seus limites! 

  Saiba que o primeiro médico de seu cachorrinho e de seu gatinho é o próprio organismo dele! O organismo dele é muito mais complexo e inteligente que o Google e que a Inteligência Artificial.

   Cuidado para não atrapalhar a resolução de um problema!

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Os cães podem devorar objetos indigestos, como meias e tampas. Saiba por quê?

  Meias, tampas de garrafas plásticas, bolinhas de isopor, sapatos, xuxinhas de cabelo e todo tipo de material indigesto podem ser mordidos, picados ou não, e engolidos pelos cães. Que terrível! Mas isso é uma realidade, que em nada tem a ver com fome! 

   Na fase da infância, os cães mordiscam esse tipo de objetos durante a troca dos dentes, dos provisórios para os definitivos, nos primeiros seis meses de vida. A prática é instintiva e visa ajudar na troca dos dentes. Mas é um perigo, e dá uma enorme dor de cabeça aos tutores!

   Os filhotes de raças de médio a grande porte podem acabar com uma sapateira inteira e até arranhar o para-choque dos carros. Não param diante do pote de plástico ou de alumínio da ração, mordem ele também.

  Nas demais fase da vida, adulta e geriatra, alguns cães abocanham e podem engolir objetos em nada orgânicos devido à 'ansiedade de separação', problema emocional comum na espécie que ocorre devido a ausência dos tutores, mesmo que seja por algumas horas do dia. 

  Uma cadela pastora alemã de 1 ano de idade certa vez fatiou e engoliu uma bolsa plástica inteira, porque ficou sozinha em um cômodo da casa por algumas horas. A ansiedade vai para a boca e daí para o inimaginável!

   Os tutores responsáveis pelos cães devem saber como proceder diante desta realidade, para evitar problemas graves como irritação de laringe, lesão em estômago e até obstrução parcial ou total do intestino por corpo estranho. 

   Em relação aos filhotes, o jeito é sempre deixar a residência limpa de pequenos objetos, nenhuma tampinha ao alcance do cãozinho e sapatos guardados em locais altos. Nem folha de papel pode ficar no chão. Há ossos naturais defumados que não lascam e que podem ser dados aos filhotes, com segurança, para que atendam à necessidade de morder e favorecer a troca dos dentes.  Recomendo consultar um veterinário e evitar os muitos brinquedos de plásticos à disposição nas prateleiras dos petshops.

   Os adultos e geriatras precisam de condições que evitem a 'ansiedade de separação' de seus tutores. Nem todos os cães apresentam esse problema, mas é coisa comum na espécie: 20% de todos os cães, segundo o autor John Bradshaw (Cãosenso, Editora Record, 2011) têm 'ansiedade de separação'.

  Os cães gostam de companhias, seja de outros cachorros ou de pessoas familiares ou funcionários, além disso há sempre o truque de deixar a televisão ligada para eles, pois o aparelho remete à presença dos tutores na casa. 

SINAIS DE PROBLEMA _ Antes de perceber a falta de um objeto, uma meia, por exemplo, os tutores costumam informar aos veterinários que o cãozinho está vomitando ou tentando vomitar algo. Depois relatam a dificuldade de defecar e a apatia do paciente. Pronto! Suspeita de obstrução por corpo estranho no sistema gastrointestinal. 

   São solicitados exames de Ultrassom e de raio-X para fechar o diagnóstico. Se for confirmado, a primeira providência é chamar um médico veterinário endoscopista, antes de ir ao cirurgião. Muitos objetos no estômago são retirados pela endoscopia, o que evita os transtornos e riscos de uma cirurgia abdominal.

    Se você acha que esses casos não são tão frequentes, recomendo bater um papo com um médico veterinário endoscopista de cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, onde este tipo de serviço está mais disponível. Se é que o endoscopista vai ter horário livre para atender. Normalmente o profissional está correndo de um lado para outro para salvar um cachorrinho. 

        

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Quer ter filhotes de seu pet? Saiba que a natureza não faz tudo!

   Alguns tutores de cães e gatos, não muitos, sonham em ter filhotes de seus pets em casa. Falam do projeto como se fosse um conto de fadas, e descrevem cenas que poderiam estar no filme Dálmatas, de Walt Disney.

   Donos do macho e da fêmea, ou apenas da fêmea ou apenas do macho, eles buscam nas vizinhanças ou na internet um namorado/namorada para seu bichinho de estimação e combinam o cruzamento. 

   Mas logo a realidade bate à porta. Primeiro, a natureza não faz tudo sozinha como dizem os que defendem a procriação de pets em casa por tutores que não são criadores profissionais. Segundo, os custos financeiros com os exames da mamãe e os cuidados com os filhotes são razoavelmente altos. Terceiro, há imprevistos nos cerca de dois meses de gestação (caninos e felinos) e no parto. Nem tudo sai como o planejado e isso dá trabalho. 

  Neste sentido, pense duas vezes se pretende ter filhotes de seu cachorro e de seu gatinho.

   O drama tem início ainda na gravidez. A consulta com médico veterinário e os resultados dos exames de imagem (de raio-x e Ultrassom) é que devem determinar se está tudo ok e o parto será natural ou por cesariana, principalmente em relação aos cães. Sim, há raças de cães, como o American Bully, em que essa dúvida existe até o último momento.       

  As cadelas de grande porte podem surpreender. Uma Golden Retriever, que atendi, teve 10 filhotes!  

  Nem todos os filhotes sobrevivem ao parto, o que é uma regra já leva à tristeza. 

  O nascimento é momento de grandes e decisivas mudanças no coração (circulação sanguínea), pulmão e sistema imunológico, que depende nos primeiros dias do colostro da mãe. Se algo não estiver certo, será difícil salvar. 

  É verdade que as mamães caninas e felinas fazem o possível nestas horas: dão de mamar, aquecem e limpam o ninho onde estão os bebês. Mas elas ficam também exaustas. O caminho é longo: somente após 13 a 14 dias é que os olhos irão se abrir e as pequenas criaturas começarão a encantar a todos. 

   É uma alegria com curto prazo de validade. Logo os tutores vão saber que não podem receber visitas, principalmente de quem tem cachorro ou gato, por causa das doenças infecciosas. Por no mínimo dois a três meses, é preciso proteger os filhotes que não estão ainda vacinados dos vírus e bactérias espalhados pelo planeta. 

  A primeira vacinação a gente nunca esquece! 

  O calendário é longo e tem seu custo financeiro! A primeira série de vacinas contra doenças como Cinomose, Parvovirose e Coronavírus, no caso do cão, e contra a Rinotraqueíte e Panleucopenia, no caso dos gatos, leva cerca de 60 dias para ficar completa. Depois, precisa tomar a vacina contra raiva, que é obrigatória.  

   Superada essa fase, chega-se à pergunta: o que fazer com os filhotes? E agora? Quem quer e tem condições de cuidar deles com amor?

  Depois de meses ao lados das pequenas criaturas, a maioria dos tutores que conheci não quis se livrar deles; ao contrário, arrumaram um espaço na residência e no coração para todos os filhotes. Quem doou para algum familiar ou conhecido, ficou ligando dias depois para saber se estavam bem, com saúde! Uma preocupação que parece não ter fim.

    "Foi a primeira e a última gestação", disse-me uma cliente.

     

   

   

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Mosquitos: uma ameaça também à saúde dos pets!

  Os mosquitos que são vetores para doenças humanas graves como Dengue, Zica Vírus e Febre Amarela ameaçam também a saúde dos pets, podendo transmitir o Verme do Coração (a Dirofilariose) e a Leishmaniose. Além de ferir a pele de cães e gatos com suas picadas, e provocar inchaços e alergias. 

   Não dê moleza aos pernilongos! Tamanho aqui não é documento!

  O Ministério da Saúde anunciou no sábado, dia 3 de fevereiro deste ano, a criação do Centro de Operações de Emergência em Brasília para tentar evitar uma epidemia da Dengue no País. Já há dados alarmantes de caso da doença em várias regiões.

   Os cães e gatos não pegam a Dengue, mas o mosquito transmissor da dessa doença é o Aedes aegypti, o mesmo inseto, mas não o único, que infecta cães e gatos com a larva do verme Dirofilaria immitis. Em todo o litoral paulista, a Dirofilariose é considerada doença endêmica. 

   O verme uma vez no corpo do animal se instala e cresce nas câmaras do coração e a partir daí a doença evolui para um quadro gravíssimo.

   Um mosquito de outro tipo de gênero, conhecido popularmente como "mosquito palha", é o principal transmissor da doença parasitária Leishmaniose em cães e em gatos. Trata-se de uma zoonose, ou seja, o protozoário pode passar de um cão, por exemplo, para um ser humano por meio do vetor, que é o mosquito. 

   Além de tudo isso, as picadas dos mosquitos, concentradas em pontos com menos pelos, como perto dos olhos, provocam infecção, irritação e até inchaços na pele. 

   Os tutores ficam intrigados com esses sintomas, uma vez que muitos deles usam produtos para eliminar pulgas e carrapatos, mas nestes casos a ameaça veio voando!

    Há medicamentos para a prevenção da Dirofilariose em cães e gatos e repelentes contra mosquitos para uso seguro. Consulte um veterinário e busque orientação profissional. No caso da prevenção contra a Leishmaniose, havia no Brasil até o ano passado uma vacina para cães disponível, mas a informação é que a produção foi suspensa. Neste caso, o recurso é o repelente e a já divulgada estratégia de não manter em casa ou no apartamento pontos com água parada!  

domingo, 28 de janeiro de 2024

Gatos são sábios: querem sombra e água fresca e corrente!

   Quem tem gato sabe que, vez ou outra, precisa abrir a torneira do banheiro para ele beber água fresca e corrente. Se o bichano ainda não fez isso, vai fazer. Os gatos são exigentes e sábios: eles preferem tomar água corrente, em movimento, por saberem que essa água é mais limpa do que a água parada, no pote ou empoçada no quintal.

    Qualquer escoteiro ou amante da natureza, sabe disso! O cantil deve ser cheio no rio de água corrente.

   Vejam que se trata de um instinto de sobrevivência apurado desta espécie doméstica que surgiu em regiões de clima seco, como o Egito, no norte da África, e na antiga Pérsia, atual Irã, no Oriente Médio. 

   Nos tempos atuais, de aquecimento do planeta, com temperaturas extremas registradas neste verão no Brasil, é fundamental que os tutores desses felinos saibam como oferecer água a eles. 

  Os gatos vieram de regiões desérticas, não desperdiçam e nem brincam na água, mas tendem a beber pouca água, o que explica os inúmeros problemas no sistema urinário registrados nas clínicas e hospitais veterinários. O pouco consumo leva a desidratação, perda de elasticidade da pele e até à formação de cálculos na bexiga.   

    Por isso, é preciso estimulá-los e atender suas exigências. 

  O mercado pet de todo o País tem inúmeras fontes de água, com pequenos motores elétricos, que simulam a água corrente, em movimento sobre pedras ou pequenas rampas. Mas trata-se de um circuito fechado e por isso é essencial que a água destas fontes sejam trocadas diariamente.

   Além disso, deve-se manter a oferta em potes, espalhados pela casa ou apartamento, sempre em locais altos e de preferência considerados seguros pelos gatos. Gato não gosta de beco sem saída, só o Manda-Chuva do antigo desenho animado. Gato prefere beber água em local em que possa ver o que ocorre ao redor e onde haja opção de fuga. 

   E não tente enganá-lo. O gato sabe pelo cheiro se a água está limpa ou suja, com restos de alimento, saliva ou poeira dos últimos dias.

   A torneira do banheiro é sempre a melhor opção, tem água limpa e corrente e está no alto, não no chão! Se o tutor ou tutora está sempre por ali, escovando os dentes, por exemplo, é porque a água é boa. 

     Nunca foi tão válido o ditado: bom mesmo é sombra e água fresca! 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Uso de focinheira em cães: lei manda, mas nem todos obedecem!

  Leis não faltam sobre a obrigatoriedade de cães de raças fortes e perigosas usarem focinheiras em locais públicos, como ruas e parques. Há leis estaduais, como em São Paulo e Rio de Janeiro, e leis municipais, como a da cidade de São José dos Campos. Lei federal não tem, apesar de um projeto escrito que não foi para frente. 

  Recentes ataques de cães de raças fortes a caninos menores levaram esse debate para o noticiário do País. O uso da focinheira teria evitado esses ataques e até mortes? E qual a responsabilidade dos tutores nestes casos? Um paralelo: o cavalo é potente, mas se derrubou parte do muro de uma casa é porque foi levado até lá pelo cavaleiro. Vai xingar o cavalo? 

  Cães podem e devem ser guiados por seus responsáveis. O problema está em saber se alguns tutores de cães sabem fazer passeios seguros, se têm conhecimento dessas leis e, se têm, se vão respeitá-las. 

  A cidade de São José dos Campos reeditou em novembro do ano passado nova lei sobre o assunto. É uma das mais detalhadas, assim como a do Estado de São Paulo, de novembro de 2003, ainda na gestão do governador Geraldo Alckmin. 

   Raças como o Mastim Napolitano, o Rottweiller, o Fila brasileiro e o American Staffordshire Terrier estão incluídas como perigosas em todas as leis, assim como o Pitbull, que não é raça reconhecida pela Confederação Brasileira de Cinofilia, faz parte da lista. 

   A lei de São José dos Campos chega a citar uma raça pouco conhecida, mas de grande porte: o presa-canário, um cão que pode chegar a 65 quilos oriundo das ilhas Canárias, na Espanha. E o Cane Corso, oriundo do sul da Itália. 

   Essa lei cita também os "cães de sem raça definida" (os SRD), os populares vira-latas, que sejam agressivos. Há aqui um problema: quem vai definir e a partir de quais critérios o que é um vira-lata de perfil agressivo. 

   O Fila brasileiro está em todas as listas porque não fica atrás dos estrangeiros. É um cão de guarda, de grande porte, valente e sua mordida é considerada das mais perigosas pelos especialistas.

   A lei ou o simples bom senso evitaria a maioria dos casos de violência. O Pitbull, por exemplo, é conhecido por não gostar de outros cães. Até fica bem no meio de sua família humana, mas ataca sim outros de quatro patas. No Rio de Janeiro, a lei diz que é obrigatória a castração dos cães Pitbull. Mas quem fiscaliza isso?

    Nos parques públicos da cidade de São Paulo não falta fiscalização em relação ao uso de focinheiras em cães de raças consideradas perigosas e há cartazes informando da exigência aos tutores. E guardas atentos a quem entra nos parques.

   As legislações estaduais e municipais preveem multas aos tutores que desobedecerem as regras. São irrisórias. Mais caro são os eventuais processos cível e criminal. 

   Somente com a punição exemplar de tutores irresponsáveis ou até que estimulam o ataque de seus cães a outros é que as estatísticas desse tipo de violência irão cair.  

       

    

domingo, 14 de janeiro de 2024

Tosar o cão no verão é tirar o filtro solar dele

  Tosar ou não o seu cão? Eis a questão, que se coloca em todo o verão, principalmente no Brasil e agora, com o aquecimento global.

    Ao contrário do que se possa imaginar, a pelagem dos caninos, seja curta ou longa, como a de um Golden Retriever, tem a função de proteção térmica no verão, age como um guarda-sol ou filtro solar, mantendo longe da pele os raios de sol. Por isso, a temperatura da pele é sempre menor do que a temperatura registrada sobre os pelos. 

   Em relação aos gatos, ocorre a mesma coisa. Um gato persa, conhecido por ser peludo, tem uma proteção térmica contra o calor e os efeitos nocivos dos raios de sol.

     A recomendação do American Kennel Club (AKC) é clara: não mexa nos pelos de seus cães, no máximo para uma tosa higiênica, que é aquela realizada em apenas alguns pontos do animal para deixá-lo mais limpo e confortável. E sempre procure um profissional nestas horas, nada de tentar fazer cortes de pelo em casa. 

  "A pelagem do seu cachorro atua realmente como um isolante", afirma  o Dr. Jerry Klein, Diretor Veterinário do AKC. "Tosar ou raspar a pelagem para reduzir a queda dos pelos ou supostamente para manter o cão fresco elimina a camada isolante do pelo, e torna o cão suscetível à insolação." 

  Além do risco de comprometer o crescimento adequado do pelo, a tosa ou raspagem aumenta o risco de câncer de pele nos animais. 

  Quem já abriu os pelos dos cachorros e gatos sabe que a pele deles é delicada, clara e até ligeiramente rosa (quase transparente). Raios solares podem provocar queimaduras graves e podem desencadear neoplasias de pele.

    Os cães e os gatos não suam, como nós humanos, e para diminuir a temperatura corporal contam, principalmente, com o ofego e com o contato da barriga no chão frio. Diante disso, o mais importante é sempre mantê-los à sombra no verão e protegidos em local fresco com água à disposição. Banho de rio, de mangueira e de piscina também ajudam.

   Algumas raças de cães, como o Golden Retriever, o Labrador e o Cocker Spaniel Inglês são classificadas como de cães de dupla camada de pelos. Há uma camada mais curta e fina junto da pele e outra formada por pelos longos, chamada de camada externa. 

   Na época da troca natural dos pelos, por exemplo antes do verão, a queda dos pelos da camada interna pode ser desagradável para os tutores. São bolas e bolas de pelo que saem. Neste caso, é preciso escovar diariamente o animal e pode ser feita uma tosa higiênica. 

    É certo que os únicos pelos dos cães que devem ser sempre aparados são os que estão entre os coxins (as almofadas das patinhas). Os tutores falam muito pouco sobre isso. Esses pelos fazem com que cães de médio e grande porte escorreguem nos pisos lisos dos apartamentos. Para evitar problemas ortopédicos, os coxins devem estar à mostra, livre de pelos que crescem entre os dedos, para que tenham boa aderência.    

      Em resumo: NÃO confunda os pelos de seu cão e de seu gato com um casaco grosso e horrível. A natureza e a evolução da espécie seguem caminhos inteligentes, e a adaptação dos caninos e felinos em todo o planeta se deu graças a uma roupa tão oportuna no inverno quanto no verão.  

domingo, 7 de janeiro de 2024

Os pets invadem as prisões e os detentos agradecem!

Detentos dos EUA treinam cães-guia/Foto divulgação Leader Dogs

   O ditado diz que os cães e gatos são leais na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença. Agora, deve acrescentar: na liberdade ou na prisão! Deu no The New York Times: os totós e bichanos são capazes de conviver e confortar até aqueles que estão atrás das grades, os detentos que cumprem penas nas penitenciárias e quase nada têm a oferecer.

  O repórter Jack Nicas visitou os detentos da maior penitenciária do  Chile, em Santiago, conhecida como "la Peni", onde 300 gatos (todos sem raça definida) convivem com os mais de 5 mil presos. Os gatos chegaram na cadeia décadas atrás, literalmente pulando os muros para caçar ratos. Eram gatos de rua, e hoje fazem parte do dia-a-dia da penitenciária.  

  Para dar certo, a experiência chilena conta com o apoio da organização não-governamental Fundación Felinnos e da Humane Society International, que cuidam da saúde dos gatinhos e realizam campanha de castração dos felinos, para controle da população. Os afagos ficam por conta dos presos, que só elogiam os felinos! 

     Essa não é a única experiência positiva no mundo. Nos Estados Unidos, há programas em penitenciárias do Michigan e do Arizona onde presos convivem e ajudam a treinar cães e cavalos. No caso dos cães, o treinamento é para cão-guia, que exige uma longa convivência dos filhotes com os detentos. O programa chamado Prison Puppies é realizado pela Leader Dogs for the Blind. 

    No Brasil, em penitenciária de Pelotas, no Rio Grande do Sul, os detentos que gostam dos bichos podem reduzir a pena construindo casas de madeira para cães de rua. 

    Pesquisa realizada na Espanha revela que a convivência de detentos com os animais melhora a empatia e até a relação dos presos com os funcionários da prisão. Mas o trabalho aponta que são necessários estudos específicos e mais elaborados para esclarecer o grau de contribuição dessas experiências. 

Para saber mais: 

Effects of Dog-Based Animal-Assisted Interventions in Prison Population: A Systematic Review, de 2020.