segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Os cães podem devorar objetos indigestos, como meias e tampas. Saiba por quê?

  Meias, tampas de garrafas plásticas, bolinhas de isopor, sapatos, xuxinhas de cabelo e todo tipo de material indigesto podem ser mordidos, picados ou não, e engolidos pelos cães. Que terrível! Mas isso é uma realidade, que em nada tem a ver com fome! 

   Na fase da infância, os cães mordiscam esse tipo de objetos durante a troca dos dentes, dos provisórios para os definitivos, nos primeiros seis meses de vida. A prática é instintiva e visa ajudar na troca dos dentes. Mas é um perigo, e dá uma enorme dor de cabeça aos tutores!

   Os filhotes de raças de médio a grande porte podem acabar com uma sapateira inteira e até arranhar o para-choque dos carros. Não param diante do pote de plástico ou de alumínio da ração, mordem ele também.

  Nas demais fase da vida, adulta e geriatra, alguns cães abocanham e podem engolir objetos em nada orgânicos devido à 'ansiedade de separação', problema emocional comum na espécie que ocorre devido a ausência dos tutores, mesmo que seja por algumas horas do dia. 

  Uma cadela pastora alemã de 1 ano de idade certa vez fatiou e engoliu uma bolsa plástica inteira, porque ficou sozinha em um cômodo da casa por algumas horas. A ansiedade vai para a boca e daí para o inimaginável!

   Os tutores responsáveis pelos cães devem saber como proceder diante desta realidade, para evitar problemas graves como irritação de laringe, lesão em estômago e até obstrução parcial ou total do intestino por corpo estranho. 

   Em relação aos filhotes, o jeito é sempre deixar a residência limpa de pequenos objetos, nenhuma tampinha ao alcance do cãozinho e sapatos guardados em locais altos. Nem folha de papel pode ficar no chão. Há ossos naturais defumados que não lascam e que podem ser dados aos filhotes, com segurança, para que atendam à necessidade de morder e favorecer a troca dos dentes.  Recomendo consultar um veterinário e evitar os muitos brinquedos de plásticos à disposição nas prateleiras dos petshops.

   Os adultos e geriatras precisam de condições que evitem a 'ansiedade de separação' de seus tutores. Nem todos os cães apresentam esse problema, mas é coisa comum na espécie: 20% de todos os cães, segundo o autor John Bradshaw (Cãosenso, Editora Record, 2011) têm 'ansiedade de separação'.

  Os cães gostam de companhias, seja de outros cachorros ou de pessoas familiares ou funcionários, além disso há sempre o truque de deixar a televisão ligada para eles, pois o aparelho remete à presença dos tutores na casa. 

SINAIS DE PROBLEMA _ Antes de perceber a falta de um objeto, uma meia, por exemplo, os tutores costumam informar aos veterinários que o cãozinho está vomitando ou tentando vomitar algo. Depois relatam a dificuldade de defecar e a apatia do paciente. Pronto! Suspeita de obstrução por corpo estranho no sistema gastrointestinal. 

   São solicitados exames de Ultrassom e de raio-X para fechar o diagnóstico. Se for confirmado, a primeira providência é chamar um médico veterinário endoscopista, antes de ir ao cirurgião. Muitos objetos no estômago são retirados pela endoscopia, o que evita os transtornos e riscos de uma cirurgia abdominal.

    Se você acha que esses casos não são tão frequentes, recomendo bater um papo com um médico veterinário endoscopista de cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, onde este tipo de serviço está mais disponível. Se é que o endoscopista vai ter horário livre para atender. Normalmente o profissional está correndo de um lado para outro para salvar um cachorrinho. 

        

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Quer ter filhotes de seu pet? Saiba que a natureza não faz tudo!

   Alguns tutores de cães e gatos, não muitos, sonham em ter filhotes de seus pets em casa. Falam do projeto como se fosse um conto de fadas, e descrevem cenas que poderiam estar no filme Dálmatas, de Walt Disney.

   Donos do macho e da fêmea, ou apenas da fêmea ou apenas do macho, eles buscam nas vizinhanças ou na internet um namorado/namorada para seu bichinho de estimação e combinam o cruzamento. 

   Mas logo a realidade bate à porta. Primeiro, a natureza não faz tudo sozinha como dizem os que defendem a procriação de pets em casa por tutores que não são criadores profissionais. Segundo, os custos financeiros com os exames da mamãe e os cuidados com os filhotes são razoavelmente altos. Terceiro, há imprevistos nos cerca de dois meses de gestação (caninos e felinos) e no parto. Nem tudo sai como o planejado e isso dá trabalho. 

  Neste sentido, pense duas vezes se pretende ter filhotes de seu cachorro e de seu gatinho.

   O drama tem início ainda na gravidez. A consulta com médico veterinário e os resultados dos exames de imagem (de raio-x e Ultrassom) é que devem determinar se está tudo ok e o parto será natural ou por cesariana, principalmente em relação aos cães. Sim, há raças de cães, como o American Bully, em que essa dúvida existe até o último momento.       

  As cadelas de grande porte podem surpreender. Uma Golden Retriever, que atendi, teve 10 filhotes!  

  Nem todos os filhotes sobrevivem ao parto, o que é uma regra já leva à tristeza. 

  O nascimento é momento de grandes e decisivas mudanças no coração (circulação sanguínea), pulmão e sistema imunológico, que depende nos primeiros dias do colostro da mãe. Se algo não estiver certo, será difícil salvar. 

  É verdade que as mamães caninas e felinas fazem o possível nestas horas: dão de mamar, aquecem e limpam o ninho onde estão os bebês. Mas elas ficam também exaustas. O caminho é longo: somente após 13 a 14 dias é que os olhos irão se abrir e as pequenas criaturas começarão a encantar a todos. 

   É uma alegria com curto prazo de validade. Logo os tutores vão saber que não podem receber visitas, principalmente de quem tem cachorro ou gato, por causa das doenças infecciosas. Por no mínimo dois a três meses, é preciso proteger os filhotes que não estão ainda vacinados dos vírus e bactérias espalhados pelo planeta. 

  A primeira vacinação a gente nunca esquece! 

  O calendário é longo e tem seu custo financeiro! A primeira série de vacinas contra doenças como Cinomose, Parvovirose e Coronavírus, no caso do cão, e contra a Rinotraqueíte e Panleucopenia, no caso dos gatos, leva cerca de 60 dias para ficar completa. Depois, precisa tomar a vacina contra raiva, que é obrigatória.  

   Superada essa fase, chega-se à pergunta: o que fazer com os filhotes? E agora? Quem quer e tem condições de cuidar deles com amor?

  Depois de meses ao lados das pequenas criaturas, a maioria dos tutores que conheci não quis se livrar deles; ao contrário, arrumaram um espaço na residência e no coração para todos os filhotes. Quem doou para algum familiar ou conhecido, ficou ligando dias depois para saber se estavam bem, com saúde! Uma preocupação que parece não ter fim.

    "Foi a primeira e a última gestação", disse-me uma cliente.

     

   

   

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Mosquitos: uma ameaça também à saúde dos pets!

  Os mosquitos que são vetores para doenças humanas graves como Dengue, Zica Vírus e Febre Amarela ameaçam também a saúde dos pets, podendo transmitir o Verme do Coração (a Dirofilariose) e a Leishmaniose. Além de ferir a pele de cães e gatos com suas picadas, e provocar inchaços e alergias. 

   Não dê moleza aos pernilongos! Tamanho aqui não é documento!

  O Ministério da Saúde anunciou no sábado, dia 3 de fevereiro deste ano, a criação do Centro de Operações de Emergência em Brasília para tentar evitar uma epidemia da Dengue no País. Já há dados alarmantes de caso da doença em várias regiões.

   Os cães e gatos não pegam a Dengue, mas o mosquito transmissor da dessa doença é o Aedes aegypti, o mesmo inseto, mas não o único, que infecta cães e gatos com a larva do verme Dirofilaria immitis. Em todo o litoral paulista, a Dirofilariose é considerada doença endêmica. 

   O verme uma vez no corpo do animal se instala e cresce nas câmaras do coração e a partir daí a doença evolui para um quadro gravíssimo.

   Um mosquito de outro tipo de gênero, conhecido popularmente como "mosquito palha", é o principal transmissor da doença parasitária Leishmaniose em cães e em gatos. Trata-se de uma zoonose, ou seja, o protozoário pode passar de um cão, por exemplo, para um ser humano por meio do vetor, que é o mosquito. 

   Além de tudo isso, as picadas dos mosquitos, concentradas em pontos com menos pelos, como perto dos olhos, provocam infecção, irritação e até inchaços na pele. 

   Os tutores ficam intrigados com esses sintomas, uma vez que muitos deles usam produtos para eliminar pulgas e carrapatos, mas nestes casos a ameaça veio voando!

    Há medicamentos para a prevenção da Dirofilariose em cães e gatos e repelentes contra mosquitos para uso seguro. Consulte um veterinário e busque orientação profissional. No caso da prevenção contra a Leishmaniose, havia no Brasil até o ano passado uma vacina para cães disponível, mas a informação é que a produção foi suspensa. Neste caso, o recurso é o repelente e a já divulgada estratégia de não manter em casa ou no apartamento pontos com água parada!