sábado, 27 de maio de 2023

O seu cão tem ciúme de você? A ciência diz que sim!

   Se o seu cachorrinho latir, tentar impedir ou rosnar naquele momento em que você se aproxima ou acaricia outro cão, não se preocupe demais, é esperado, seu cão está simplesmente com ciúme. Sim, eles também sentem ciúme como nós, humanos! Isso não é surpresa para alguns tutores. 

  Embora praticamente ausente nos estudos sobre Comportamento Canino e na Medicina Veterinária, sobretudo no Brasil, o ciúme é um sentimento presente nos cães, mais do que imaginamos, e foi comprovado por pesquisas recentes de universidades dos Estados Unidos, da Hungria e Nova Zelândia. 

  Os pesquisadores conseguiram demonstrar que essas reações nada têm a ver com a defesa de território, disputa por liderança do grupo ou agressividade. Seres extremamente sociais, que recebem dos tutores alimentos, conforto, proteção e afeto, os cães valorizam essa relação e passaram a expressar o ciúme na longa evolução da convivência conosco. 

  O Canis familiaris (nome da espécie) expressa esse sentimento exatamente como as crianças em relação aos pais! 

   "É comumente assumido que o ciúme é exclusivo dos humanos, em parte por causa das cognições complexas frequentemente envolvidas nessa emoção. No entanto, de uma perspectiva funcional, pode-se esperar que uma emoção que evoluiu para proteger os laços sociais de intrusos possa existir em outras espécies sociais, particularmente uma tão cognitivamente sofisticada quanto o cão", afirma pesquisa da Universidade da Califórnia, em San Diego, intitulada Jealousy in Dogs (Ciúme nos cães) (*).

   Os pesquisadores norte-americanos adaptaram metodologia de estudos de bebês humanos para examinar o ciúme em cães domésticos e concluíram que os resultados fortalecem a hipótese de que há "uma forma primordial" deste sentimento em ambas espécies. 

    A definição clássica do ciúme está no Dicionário Houaiss, da língua portuguesa: "O ciúme é um estado emocional complexo que envolve um sentimento penoso provocado em relação a uma pessoa de que se pretende o amor exclusivo ou receio de que o ente amado dedique seu afeto a outrem." 

    Você pode encontrar esse estado emocional ou receio descritos em seu cão, se observar atentamente seu comportamento. Principalmente, se ele for "cão único" na família, acostumado a ter todas as atenções. 

RIVAL _ O artigo científico Investigating jealous behaviour in dogs (Investigando o ciúme no comportamento dos cães), publicado na revista Nature, em 11 de junho de 2018 na seção Scientific Reports (**), atesta essa realidade. Pesquisa realizada com 25 cães na Hungria não deixa dúvida: os resultados sugerem que o comportamento ciumento surge em cães e é funcionalmente semelhante ao observado em crianças em situações equivalentes. 

   Esses pesquisadores destacam que o sentimento tem a ver com a capacidade de adaptação da espécie nas famílias humanas e está relacionado com a luta pela sobrevivência. 

    "O comportamento ciumento surge quando uma relação importante com um parceiro social valorizado é ameaçada por um terceiro, um indivíduo rival", afirmam. O comportamento ciumento leva então o cão, um ser social, a tentar interromper a interação do parceiro com o rival, empurrando, atacando etc. Portanto, é certo, conforme os autores que o ciúme não é sentimento exclusivo dos humanos. "O comportamento ciumento surge em uma ampla gama de espécies animais, apesar de ter sido descrito quase exclusivamente em humanos", dizem os autores.

     Outro artigo científico, publicado na revista Psychological Science, em abril de 2021 (***), chega a afirmar que os cães, sim, "podem representar mentalmente interações sociais que induzem ao ciúme". Os autores do artigo Dogs Mentally represent Jealousy inducing social interactions, da universidade de Auckland, na Nova Zelândia, demonstram assim a capacidade dos cães de sentirem e expressarem emoções complexas.

    O autor do livro "Encantador de Cães", Cesar Millan, que mantém um centro de psicologia canina na Califórnia, concorda que o ciúme faz parte dos sentimentos de um cão e diz que pode se estender em relação à chegada de um bebê humano da família. Ele diz que é preciso preparar o cãozinho, apresentando-o ao novo membro e incluindo-o nas atenções dadas ao bebê, conforme ensina em seu site.   

Artigos citados:

(*) Harris CR, Prouvost C (2014) Jealousy in Dogs. PLoS ONE 9(7): e94597. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0094597

(**) Abdai, J., Baño Terencio, C., Pérez Fraga, P. et al. Investigating jealous behaviour in dogs. Sci Rep 8, 8911 (2018). https://doi.org/10.1038/s41598-018-27251-1

(*** ) Bastos, A. P. M., Neilands, P. D., Hassall, R. S., Lim, B. C., & Taylor, A. H. (2021). Dogs Mentally Represent Jealousy-Inducing Social Interactions. Psychological Science, 32(5), 646–654. https://doi.org/10.1177/0956797620979149


sexta-feira, 12 de maio de 2023

Rita Lee, fã de uma ursa de verdade!


  A roqueira Rita Lee amava além da música os animais. Olhos e ouvidos atentos aos bichos, Rita Lee escreveu um livro infantil sobre uma ursa de verdade, grande e de longos pelos marrons, a Rowena. 

   A cantora faleceu aos 75 anos, no dia 8 de maio, mas deixa nas livrarias o "Amiga Ursa", onde conta a história de uma ursinha, que nasceu na Sibéria, na Rússia, onde foi caçada e transportada para o Brasil. Por aqui, teve uma vida infeliz com apresentações em picadeiro de circos até ir viver no zoológico de Teresina (capital do Piauí). 

  Solitária em seu cativeiro, em ambiente quente e úmido, a ursa quase morreu de tristeza. Um esforço conjunto de autoridades e protetores de animais, conseguiu dar nova vida para Rowena: ela foi retirada do zoológico no Piauí e levada para um santuário de animais localizado no interior de São Paulo, o Rancho dos Gnomos. 

   No Rancho dos Gnomos uma casa foi especialmente construída para Rowena, com um lindo tanque de água para ela se banhar. E lá havia a companhia de outros ursos! Não se sabe se houve banho de espuma, como diz a música de Rita Lee.  

  Essa ONG é especializada em recuperação de animais silvestres e exóticos vítimas de maus-tratos (os exóticos são aqueles selvagens que vivem em habitats de fora do Brasil, como ursos e leões). 

 A cantora visitou Rowena em sua nova casa no Rancho dos Gnomos para escrever o livro e o encontro foi um verdadeiro "auê".

Para saber mais: https://ranchodosgnomos.org.br/novo/   


  

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Rei Charles III inaugura o reinado dos Jack Russel

Rainha Camila e Rei Charles III com os Jack Russell: foto Clarence House

  A coroação do rei Charles III, da Grã-Bretanha, e da rainha Camila, no sábado, dia 6 de maio, em Londres, marca o reinado dos cães da raça Jack Russel Terrier. 

  O casal tem dois cães desta raça, adotados do abrigo Battersea Dogs and Cats Home, localizado na capital da Inglaterra: Beth e Bluebell. 

  Os novos moradores caninos do Palácio de Buckingham são os súditos de quatro patas mais admirados pelo rei Charles III. Nem sempre foram os favoritos da família real britânica. 

 

  Com a coroação de Charles III, saem de cena, e dos tablóides, os adoráveis Welsh Corgi, cães criados pela rainha Elizabeth, sua mãe. 

  Os Jack Russell em nada lembram os Welsh Corgi. A origem da raça é a Inglaterra, já os Welsh são do país de Gales (que faz parte da Grã-Bretanha).

   Os Jack Russel Terrier são exímios caçadores e não gostam de muita pompa. Preferem brincar e correr ao ar livre, nos gramados e nos parques, e gastar a energia quase inesgotável. 

   Ao contrário, os Welsh Corgi são do tipo pastores, de patinhas curtas, calmos e ótimas companhias dentro dos salões e dos palácios. 

  Ao optar pela adoção dos cães Beth e Bluebell, sua majestade Charles III contribui para o que já é uma tendência mundial: a adoção de cães e não a compra.  

  God Save de King, and his dogs!