sexta-feira, 29 de julho de 2022

Varíola dos Macacos: nome incorreto para surto que não é culpa dos primatas.

  Os primatas não humanos do Brasil (saguis, micos e bugios, por exemplo) nada têm a ver com a Varíola dos Macacos. Na verdade, nem os macacos da África, onde o vírus foi inicialmente detectado por seres humanos intrusos, são os únicos reservatórios do vírus no mundo. O poxvírus deste surto de varíola é encontrado em roedores e esquilos, além de outras espécies. 

    Mas o nome mais popular pegou (Varíola dos Macacos) e representa um risco para as espécies, uma vez que pessoas podem maltratar os animais, até feri-los e matá-los por pura ignorância. Eles nada têm a ver com o problema. Situações como estas ocorreram, por exemplo, no recente surto de Febre Amarela no Brasil, uma doença transmitida por mosquito, mas capaz de atingir humanos e macacos. 

  A história da chamada Varíola dos Macacos tem início em 1958 quando seres humanos capturaram e levaram macacos do Congo para a Dinamarca,  e lá observaram a ocorrência da doença.    

  A cientista Viviane Bottosso, diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, afirma, em entrevista publicada no site da instituição, que o termo varíola dos macacos não reflete a origem do vírus. "Não é correto falarmos varíola dos macacos. Esse foi o nome que ficou conhecido popularmente, porque o vírus foi detectado inicialmente em macacos que foram exportados da África para a Dinamarca e a doença foi verificada e identificada neles como um poxvírus. Porém, se sabe que roedores adquirem a doença", afirma a virologista.

  Portanto, trata-se de uma zoonose (doença que pode ser transmitida de animais para os humanos), que envolve várias espécies, como ocorre na origem de outras patologias, e cuja transmissão atual é principalmente entre humanos.   

  O vírus do atual surto é da família Poxviridae, do gênero Orthopoxvirus, as mesmas classificações do vírus da varíola humana. Mas a doença atual é clinicamente menos grave do que a varíola humana que fez milhões de vítimas em todo o mundo nos últimos séculos. 

  Na sexta-feira, dia 29 de julho, o Ministério da Saúde informou a morte de um homem, em Minas Gerais, vítima do surto atual. No mundo inteiro, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) são cinco mortes. A OMS declarou neste mês de julho a Varíola dos Macacos como "emergência de saúde global", chamando a atenção dos governantes para o rápido aumento do número de casos.

   A varíola humana foi considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980, graças às vacinas. Foi o médico inglês Edward Jenner que desenvolveu a vacina no século 18 ao perceber que mulheres que ordenhavam vacas (rebanho que tinha uma versão mais branda de varíola), não contraíam a versão mais perigosa, que era a varíola humana. As mulheres ganhavam certa imunidade para o vírus mais fatal ao terem contato com uma versão menos agressiva. 

  A Varíola dos Macacos é considerada endêmica em países da África, além do Congo, Camarões, Costa do Marfim e Nigéria. 

  Já há vacinas no Reino Unido, Espanha, Estados Unidos e Canadá para  a prevenção desta doença viral, mas ainda não há previsão para a produção em larga escala suficiente para a vacinação de populações de diversos países.     

  

  


sexta-feira, 22 de julho de 2022

Conheça as vantagens e desvantagens do atendimento veterinário em domicílio

 A residência de um cão ou de um gato, seja uma casa, um apartamento ou uma chácara, é o território de inúmeros agentes que causam doenças dermatológicas. É no lar doce lar que ocorrem acidentes domésticos como ingestão de plantas tóxicas ou de produto de limpeza. Nos banheiros dos gatos ou no quintal aberto aos cães, as fezes dos animais podem indicar muitas coisas, inclusive verminoses que podem ser transmitidas aos seres humanos.  
 Portanto, há muitas vantagens no atendimento médico-veterinário realizado em domicílio, uma tendência crescente nos dias atuais. 
  Nas residências, por exemplo, é possível fazer um bom exame clínico, pois os animais estão menos estressados do que em clínicas e hospitais, é facilitada a aplicação de vacinas e não há risco de infecções cruzadas (doenças adquiridas de outros pacientes). 
 No caso dos felinos, que detestam ambientes estranhos, até a realização de fluidoterapias subcutâneas têm maior chance de sucesso em casa do que em clínicas.   
  A medicina veterinária de atendimento em domicílio está de acordo com conceitos modernos da medicina humana. O programa Estratégia Saúde da Família, que prevê a visita de equipes de médicos e agentes de saúde, nos domicílios tem o apoio do escritor e médico Drauzio Varella, conforme descreve em seu livro de Memórias "O Exercício da Incerteza" (Companhia das Letras, 2022). Ele chega a dizer que é possível resolver a maioria dos casos clínicos apenas com uma cesta básica de medicamentos, sem nenhum equipamento além do estetoscópio.
  Certa vez, resolvi um caso de dermatite complicado ao observar que o tapete onde a paciente canina descansava estava completamente sujo e com ectoparasitas microscópicos. Não havia neste caso medicamento que curasse a paciente do problema. Em outro caso clínico, o vômito interminável era consequência da dedetização no prédio, em área em que a cachorrinha tinha acesso. Nenhum antiemético daria conta do problema.
 O atendimento a domicílio, porém, tem seus limites e exige do profissional conhecimento sobre suas vantagens e desvantagens. A maioria dos procedimentos médicos só podem ser feitos em clínicas e hospitais que têm condições e equipe para isso. Uma obstrução urinária que pode ser desfeita com sonda, por exemplo, deve ser realizada nas condições oferecidas pelos hospitais. A simples aplicação de injeções de medicamentos que podem alterar a frequência cardíaca também exige salas especiais, com o recurso do oxigênio medicinal. 
  Não há certezas fáceis nem na medicina veterinária e nem na humana. Por isso, é preciso que cada modalidade de atendimento faça a sua parte em favor do paciente.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Câncer, uma ameaça aos pets!

 Um gatinho com vômito e diarreia, uma cachorrinha com nódulos na pele, um cão da raça labrador com uma ferida no dedo que não cicatriza e uma gatinha com inchaço na face. O que há em comum entre estes pets? Sinais iniciais de neoplasia maligna, de câncer.

 No primeiro caso, o diagnóstico foi de linfoma (neoplasia nos linfócitos); o segundo, de mastocitoma (neoplasia em mastócitos); o terceiro de melanoma (em células chamadas melanócitos) e o quarto um tumor ósseo não identificado completamente. Todos estas neoplasia levaram os pacientes a óbito um ano depois dos problemas iniciais. 

  Hoje, temos a impressão de que os cães e os gatos apresentam mais cânceres do que antigamente, no tempo de nossos avós. E muitos tutores ficam apontando culpados no ambiente ou na nutrição. 

 Mas não é bem assim. A oncologia veterinária, o estudo das neoplasias, avançou expressivamente no Brasil nos últimos 20 anos. Atualmente, os avanços da tecnologia permitem melhor e mais rápido diagnóstico deste tipo de doença e, além disso, os cães e os gatos têm maior expectativa de vida, sendo que os estudos demonstram maior presença de cânceres na geriatria.

  Um estudo demonstrou que 45% dos cães e gatos idosos, com idade entre 6 a 10 anos, tinham algum tipo de câncer. A casuística inclui pets de raça e sem raça definida (SRD) e é citada em Epidemiologia dos Tumores no Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos (Jericó, Neto e Kogika).

  O cânceres estão associados a fatores de risco, como hereditariedade, alterações genéticas e fatores ambientais, entre os quais se incluem os virais, os poluentes e os nutricionais. 

  A recomendação aos tutores de pets é a mesma feita para os seres humanos: quanto mais cedo for feito o diagnóstico em seu pet, mais chances do tratamento conservador, quimioterápico ou cirúrgico ser bem-sucedido. 

  Portanto, faça um check-up oncológico quando seu pet entrar na fase geriátrica, normalmente em torno dos 7 anos de idade. 

  Vale reforçar que a castração dos machos de ambas as espécies evita o câncer de testículo e a castração precoce das fêmeas de ambas as espécies reduz o risco de carcinoma mamário. 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Vai deixar o pet em um hotel? Saiba como evitar sustos e riscos nesta hora.

    O cachorrinho Bob, da raça Yorkshire, morreu no dia 28 de junho passado dentro de um hotel para pets na cidade de Jacareí, no interior de São Paulo. Sua morte virou notícia porque a tutora suspeitou que Bob foi vítima do ataque de outro cão, pelos tipos de ferimentos, e registrou Boletim de Ocorrência na delegacia da região. O caso será investigado pela polícia. Em nota, os donos do hotel lamentaram o incidente e se colocaram à disposição da tutora, mas não explicaram o que poderia ter levado Bob ao óbito.
  A morte de Bob serve de alerta neste momento de férias escolares, quando as famílias programam viagens e deixam seus pets em hotéis. O setor é carente de profissionalização, e por não ser regulamentado e nem exigir nível de formação, deixa poucos parâmetros aos tutores na hora de escolher o melhor hotelzinho para seu cão ou gato. 
  Acidentes podem ocorrer em qualquer ramo de atividade, mas é preciso comprovar que foi feito todo treinamento e obtida toda experiência possível para evitá-los. 
  Afinal, não basta gostar de pets ou se interessar por um mercado aquecido para trabalhar com cães e gatos, hoje integrados às famílias. É preciso saber como garantir bem-estar, segurança e saúde aos hóspedes. 

MATILHA _  Em um hotel, por exemplo, o grupo é formado aleatoriamente, não sendo uma matilha com hierarquia definida e laços de amizade. Por isso, qualquer disputa, seja por atenção, seja por um brinquedo ou alimentação, pode levar a uma briga arriscada para os menores. Um dos problemas registrados nos hotéis de pets é o de reunir cães, ou gatos, em espaço nem sempre amplo e supervisionado. 
  Em relação aos gatos, o problema é ainda mais grave, pois não é possível formar grupos de hóspedes felinos que não se conhecem. Além disso, gatos saltam, escalam árvores, pulam de janelas, e o risco de fuga de um felino é enorme em comparação aos cães.
   Já há sites e aplicativos de hospedagens de pets no Brasil, que por meio de interação de quem quer hospedar com quem tem disponível tempo e espaço, acomodam animais em residências familiares. O modelo tem pontos positivos, mas se a família que vai receber seu cão ou seu gato já tiver seus próprios animais de estimação, os riscos persistem.
  Um outro ponto que exige atuação de profissionais é o relacionado às doenças infecciosas e a transmissão de ectoparasitas. Os melhores hotéis somente recebem pets vacinados, vermifugados e que façam uso de produtos contra pulgas e carrapatos.  

   Para ajudar a você, leitor/leitora deste blog, elaboramos um checklist para facilitar a escolha do hotelzinho de seu pet.

CHECKLIST PARA TUTORES DE CÃES:

1)  Verifique quantos animais o hotel costuma receber nas férias e se há espaço para separação dos hóspedes por porte ou por temperamento. Se você tem um cão de raça pequena ou sem raça definida de porte pequeno, não é recomendável que fique ao lado de raças fortes e maiores. 

2)  O hotel devem manter instrutores 24 horas por dia próximos dos animais e, no melhor caso, manter médico veterinário no estabelecimento para qualquer emergência.

3)  Os cães costumam ficar ansiosos na ausência dos tutores. Diante disso, questione o hotel sobre quais atividades eles adotam, como passeios ou brincadeiras, por exemplo, para reduzir a ansiedade de separação dos hóspedes. 

4)  Se seu cão é muito ciumento, ele vai ter dificuldades de conviver em um grupo. É preciso saber neste caso quais serviços o hotel oferece para este tipo de hóspede, que precisa de maior atenção e privacidade.

5) Certifique-se de quais medidas de prevenção a doenças são exigidas pelo hotel. Saiba que o rigor das regras neste caso vem a seu favor. Todos os hóspedes precisam, por exemplo, estar vacinados. 

6) Deixe o contato do veterinário particular de seu pet com a turma do hotelzinho.


CHECKLIST PARA TUTORES DE GATOS:

1) Os gatos são animais de temperamento reservado e não gostam de estranhos. Se não puder deixá-los na residência aos cuidados de um profissional ou familiar, é preciso optar por um hotel que garanta privacidade a seu bichano. 

2) Certifique-se que o gatinho ficará em uma dependência do hotel totalmente isolada por telas para que não haja risco de fuga. É fundamental que o local tenha janelas, por onde entre luz solar.

3) O gato hóspede costuma ficar tão assustado nos primeiros dias que nem come ou somente come a noite, quando não há movimentação nenhuma no hotelzinho. Verifique o treinamento da equipe do hotel para este tipo de situação, que exige a recuperação do peso assim que o felino estiver mais a vontade. 

4) Procure saber se a equipe do hotel tem experiência com a medicina veterinária de felinos ou contatos de clínicas especializadas. Os gatos não são cachorros, e em alguns casos somente médicos especialistas conseguem ajudar.

5) Vale a pena checar quantas caixas de areia estão disponíveis no hotel para os hóspedes. Isso é um ponto fundamental para a higiene e para a saúde dos felinos. A caixa de areia é considerada área de transmissão das doenças infecciosas e de vermes.