domingo, 15 de setembro de 2024

Liminar garante água aos animais silvestres no Pantanal

   

Onça bebe água no Pantanal/Foto biólogo Gustavo Figueiroa/Arquivo Pessoal

 
  Uma onça ou uma anta do Pantanal tem o direito de beber água de um pequeno reservatório artificial neste tempo de seca e de fogo? 

   O que o leitor e a leitora acham desta questão?

  A pergunta foi o ponto principal de uma audiência pública online realizada na segunda-feira, dia 9 de setembro, a partir de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso, pelo Ministério Público.

   A audiência foi convocada pelo Ministério Público para debater com o governo do estado, o Ibama e o ICMBIO a proposta do Grupo de Resposta a Animais em Desastre (GRAD), uma ONG, de levar água por meio de caminhões pipa para pontos da rodovia Transpantaneira, na região de Poconé.   

  Mas o governo do estado não concordou com o projeto!

  O representante da Secretaria estadual do Meio Ambiente, Eder Toledo, disse não haver nenhuma necessidade deste suprimento de água nas margens da Transpantaneira e alegou que os animais silvestres vivem de acordo com as estações secas e chuvosas do ano. "O Pantanal tem comportamento próprio", afirmou ele, negando que a situação atual seja extraordinária. Ainda disse que esses pontos artificiais iriam atrair diversos animais e juntos poderiam ser vítimas do fogo. 

  Os representantes do GRAD apresentaram um levantamento sobre a seca de 2024 e defenderam o imediato fornecimento de água nas regiões das pontes 69 e 75 da Transpantaneira. Melhor, a própria ONG iria providenciar os caminhões pipas e os reservatórios artificiais, sem nenhum custo para o contribuinte

    "Temos de garantir o mínimo para aqueles animais, a água. A questão é urgente diante das mudanças climáticas, da seca e de tudo o que estamos vendo no Pantanal", disse a médica veterinária Vânia Plaza Nunes, vice-presidente do GRAD. "Isso é o mínimo." 

  O diretor do GRAD, Enderson Barreto, acrescentou: "o que estamos vendo aqui (na audiência) é uma narrativa de poder", afirmou, referindo-se à negativa da Secretaria do Meio Ambiente.  O GRAD dependia, na ocasião, de autorização para realizar o projeto.

   A representante do IBAMA ficou, na audiência, em cima do muro, disse que há questões legais e burocráticas a considerar em uma intervenção com silvestres. O representante do ICMBIO afirmou que, neste momento, não via necessidade deste fornecimento de água artificial.

    Os opositores da ideia do GRAD não apresentaram nenhum estudo para defender a posição. "Preciso de um tempinho para ver um novo relatório", alegou Eder Toledo ao Ministério Público.

   A promotora Ana Luiza Ávila Peterlini de Souza, que convocou a audiência pública, disse não compreender a negativa do orgão estadual e comentou: "Acho uma celeuma pequena dentro de um contexto grave de seca e calor." Mas ao encerrar a reunião concedeu alguns dias para a Secretaria  apresentar uma posição final.

   No entanto, no sábado, dia 14 de setembro, cinco dias depois da audiência, o GRAD anunciou, por meio do Instagram, que conseguiu uma liminar na Justiça para realizar o projeto de fornecer água aos animais silvestres da região da rodovia Transpantaneira!

   Ufa! Que alívio para todos que amam a Natureza e a fauna. E rezam todos os dias para que os bichos tenham, pelo menos, água para beber. 

  Valeu a liminar e a fé. Já declarou Jesus: quem der água a um dos meus pequeninos que tem sede é a mim que está dando água.

  

    

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Adeus ao Ice, o "pescador" de gente!

   

Na foto, o salva-vidas Ice/Divulgação CBMSC

   Se um banhista estava se afogando, lá ia o Ice, exímio nadador, levando pela boca uma corda amarrada a uma boia e uma vez que o banhista agarrasse o flutuante ele o puxava para a praia. Mais uma vida estava salva! 

   Inteligente, corajoso e com muita disposição para o trabalho. Essas eram as qualidades e a rotina de Ice, considerado o primeiro cão salva-vidas do País, treinado e adotado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.

  Não só na água esse herói prestava serviços valorosos, mas em terra também. Ice foi convocado para ajudar em resgate de vítimas e encontro de corpos na tragédia de Mariana, em Minas Gerais. Em novembro de 2015, uma barragem rompeu nesta cidade mineira fazendo dezenas de vítimas. 

  O incansável salva-vidas canino morreu nesta segunda-feira, dia 9 de setembro, na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, aos 15 anos e já curtindo a aposentadoria. Embora continuasse a visitar pacientes em hospitais para levar sua alegria. Sempre ajudando...

  Ice faz parte de uma raça que surgiu na Ilha de Terra Nova, no Canadá, já em meio ao mar. Seus tataravós ajudavam pescadores a puxarem as redes e recuperavam peixes que pulavam dos barcos. 

   Ice foi um pescador de gente! 

  Como diria o apóstolo Paulo, Ice combateu o bom combate e manteve a Fé, de todos nós, banhistas!    


segunda-feira, 2 de setembro de 2024

O que os bichos estão achando de nós?

  Um Homo Sapiens, primata bípede, surge correndo com uma tocha nas mãos e põe fogo nas matas e nos canaviais, o que acarreta um grande incêndio, capaz de destruir animais e vegetais e ameaçar outros Homo Sapiens. Isso ocorreu no estado de São Paulo em agosto deste ano (de clima muito seco) em uma e outra localidade, segundo as investigações da Polícia, que prendeu 11 incendiários.  

  Fico, portanto, matutando o que os bichos devem achar de nós humanos. Os que sobreviveram às chamas, claro! 

  Os hominídeos descobriram como usar o fogo há 1,4 milhão de anos, o que foi um passo gigante na evolução da espécie, a data é da  Enciclopédia Britânica. Usavam o fogo para se aquecer e cozinhar os alimentos, como fazemos ainda hoje. 

  No entanto, hoje, o domínio sobre as labaredas pelos humanos virou motivo de alarme por toda a Natureza. 

  O Pantanal está em chamas, o interior de São Paulo também, e há quem diga que a maior parte das queimadas foi iniciada por humanos. E não, por exemplo, por raios! Nem chovendo está neste inverno!

   Onças, antas, jacarés, lobos e diversos outros bichos foram queimados nos últimos dias em uma tragédia registrada em vídeos pelas equipes de resgate!

   Os animais silvestres devem ter percebido que foi depois que chegamos aos milhões que o relógio do clima começou a desandar. Hora mais rápido, pulando do outono para o inverno, e hora mais lento, parando em um quase eterno verão.

   O que teria sido do mundo se um destes incendiários tivesse entrado na Arca de Noé? Perguntam os religiosos.

   Os bichos falam, nós é que não os entendemos ainda. Mas quem sabe, um dia, até com a ajuda da IA, falaremos direta e francamente com os animais das matas e campos. 

  Do interior paulista e do Pantanal, virá, com certeza, uma pergunta: "quem eram aqueles irracionais com as tochas nas mãos?"