terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O CÃO QUE GANHOU UMA ESTÁTUA NO CENTRAL PARK, EM NOVA YORK, POR SEU HEROÍSMO.

REPORTAGEM EXCLUSIVA PARA O BLOG ANIMAIS OK

JORNALISTA LUIZ ANTÔNIO MACIEL, DE NOVA YORK

C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA CANON\IMG_9038.JPG
A estátua do cão Balto no Central Park
(Foto de Luiz Antônio Maciel)

          Os cidadãos norte-americanos gostam de cultuar seus heróis humanos, virtuais ou imaginários e até animais – sejam os que dedicaram uma vida inteira anônima de fidelidade e amor a seus donos, perpetuada em memoriais discretos em parques públicos, sejam os que realizaram feitos memoráveis,  eternizados em bronze, mármore ou pedra, para conhecimento e veneração das gerações futuras.

         Quem percorre os limites externos ou os sinuosos caminhos internos do Central Park, no coração de Manhattan, se depara com vários monumentos em homenagem a esses heróis. Um deles é a escultura em bronze de anônimos soldados norte-americanos que combateram na Primeira Guerra Mundial; outro, a estátua equestre de Simon Bolivar; um conjunto de personagens de Alice no País das Maravilhas;  a estátua em bronze de Hans Christian Andersen, sentado em um banco de granito lendo seu livro de histórias infantis. Ou ainda o obelisco, também conhecido como a Agulha de Cleópatra, encomendado pelo faraó Thutmosis III, por volta do ano 1450 antes de Cristo, e transportado para Nova York no século 19, em troca de uma ajuda norte-americana ao governo do Egito.

File:Gunnar Kaasen with Balto.jpg

Gunnar Kaasen e Balto, em fotografia tirada provavelmente em 1925. (Foto Brown Brothers, Wikimedia Commons)
                 No Portão do Comerciante, a entrada sul do Central Park, no alto de um pilar, fica o Monumento a Maine, uma homenagem aos 260 marinheiros norte-americanos que morreram em 15 de fevereiro de 1898, quando o navio de guerra Maine explodiu no porto de Havana, Cuba, sob domínio espanhol. Dois meses depois a Espanha declarou guerra aos Estados Unidos. E na entrada da Rua 59, uma estátua eqüestre homenageia o general William T. Sherman, que foi um dos mais renomados comandantes da Guerra Civil norte-americana, junto com Ulysses Grant e Robert E. Lee.

          
C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA CANON\IMG_9042.JPG
Foto Luiz Antônio Maciel
Mas entre a Rua 67 e a Rua 66 Leste (East Drive), uma pequena entrada no muro que cerca o Central Park conduz a um caminho sinuoso, entre gramados, jardins e árvores, onde, sobre uma pedra de granito, uma estátua em bronze, inaugurada em 17 de dezembro de 1925, presta homenagem a um herói ainda hoje cultuado em várias partes do país, mas principalmente no Alasca: o cão husky siberiano Balto (Bolto, na pronúncia dos norte-americanos).

        Além dos méritos próprios, Balto simboliza o esforço de 150 cães e 20 condutores de trenós que, no rigoroso inverno de 1925, percorreram 674 milhas (1.084 quilômetros) para levar uma carga de 20 libras (cerca de 9 quilos) de soro contra difteria da cidade de Nenana até Nome, que estava ilhada pelo inverno e registrava uma epidemia da doença. Causada pela toxina de um bacilo, a difteria ou crupe tinha possibilidade de se tornar altamente contagiosa para a população local, a maioria de origem esquimó, sem defesas naturais para enfrentá-la. O único médico da cidade diagnosticou a doença em janeiro, em um menino esquimó; logo em seguida, quatro crianças morreram e 18 ficaram seriamente doentes.

C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA GE-AGOSTO-SETEMBRO\GEDC5595.JPG

Um pedido de socorro

        Em 20 de janeiro de 1925, da cidade de Nome partiu um apelo desesperado: “Nome chamando... Nome chamando... Temos um surto de difteria. Nenhum soro. Precisamos de ajuda urgente. Nome chamando... Nome chamando...”
A cidade de Seattle respondeu, dizendo que tinha soro à disposição e um avião disponível para o transporte. Mas as condições do inverno em Nome impediam o pouso, e o avião nem decolou.

        Em 25 de janeiro, chegou uma mensagem, procedente da cidade de Anchorage, a maior do Alasca. “Anchorage chamando... Anchorage chamando... 300 mil unidades de soro localizadas aqui no hospital da ferrovia. O pacote pode ser despachado por trem para Nenana... O pacote pesa 20 libras... O soro pode ser transportado para Nome pela trilha Iditarod por condutores dos correios e equipes de cães.”
A carga chegou a Nenana por trem no dia 27 de janeiro. A temperatura caia rapidamente: 20 graus abaixo de zero, 30 graus... Mesmo assim o primeiro condutor, “Wild Bill” Shannon, arreou seus cães ao trenó e decidiu percorrer 52 milhas (84 quilômetros), enfrentando temperaturas de até 50 graus negativos, para chegar ao ponto do próximo revezamento.


http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/dogSled.jpg

A Corrida do Soro

        Condutores esquimós, índios e brancos se sucederam nessa corrida de 674 milhas, que se tornou conhecida como a Corrida do Soro de Nome (Nome Serum Run) ou  a Grande Corrida da Misericórdia (Grand Race of Mercy) e deu origem a uma competição esportiva que se mantém até os dias atuais, sempre no mês de março, conhecida como a Corrida de Cães de Trenós na Trilha Iditarod (Iditarod Trail Sled Dog Race).

      As várias equipes de homens e cães superaram suas próprias forças e numerosos perigos para cumprir a missão. No dia 30 de janeiro, um jovem índio recém-casado George Nollner, percorreu parte de um total de 30 milhas (48 km) cantando velhas canções de amor, mas a partir de determinado trecho teve de colocar os arreios nele mesmo e ajudar os cães a puxar o trenó depois que dois animais de sua equipe ficaram com as patas congeladas.

       No dia seguinte, Leonhard Seppala, uma lenda viva entre os condutores de trenós, criador de huskies siberianos e considerado o pai da raça, enfrentou problemas sérios. Ele havia saído de Nome, a 150 milhas (241 km), para apanhar o soro em algum ponto da trilha usada pelos correios e voltar para a cidade. Em Shaktoolik, pegou a carga com o condutor russo esquimó  Henry Ivanoff. O cão líder de Seppala era Togo, filho de um cão metade husky siberiano e metade malamute do Alasca e de uma cadela husky importada da Sibéria. O nome era uma homenagem ao almirante japonês Heihachiro Togo, que lutou na guerra entre a Rússia e Japão (1904-1905).


Salvo pelo cão 

    Togo era considerado o melhor líder de equipe do Alasca, capaz de conduzir os demais cães com habilidade e senso de perigo pela rota mais segura. Ao chegar à enseada de Norton Sound, Seppala pretendia cortar caminho pela superfície congelada, para ganhar tempo, mas a decisão ficou com Togo, que percorreu uma parte do caminho no gelo, mas logo preferiu a segurança da terra firme. Três horas depois, a superfície congelada de Norton Sound foi destruída por uma ventania, que jogava a água do mar com força sobre o gelo. Ao chegar a Golovin, depois de percorrer 91 milhas (146 km), os cães estavam exaustos e Seppala transferiu a carga para a equipe de Charlie Olson, que percorreu 25 milhas  (40 km) até Bluff.

    Nessa cidade, no dia 1° de fevereiro, quando o número de vítimas da difteria em Nome já chegava a 28, o condutor norueguês Gunnar Kaasen recebeu o soro das mãos de Olson, que chegou em péssimas condições físicas, depois de enfrentar um frio de 57 graus negativos e ventos de até 130 quilômetros por hora. O soro precisava ser entregue no menor prazo possível, porque a quantidade de doses só dava para atender, no máximo, 30 pacientes. Era preciso chegar antes que a difteria se espalhasse ainda mais.


Um líder sem passado

      Kaasen decidiu colocar o cão Balto como guia da equipe, embora até aquela data ele nunca tivesse liderado uma matilha nem corrido grandes distâncias. Havia apenas trabalhado no transporte de mercadorias em pequenos trajetos, principalmente na empresa de mineração de ouro Hammon Consolidated Gold Fields.

     Nascido no canil de Seppala em 1919, Balto era um husky preto azeviche, com marcações brancas nas patas, no peito, na barriga e na ponta do focinho. Aos seis meses foi castrado, porque Seppala concluiu que seu fenotipo não era adequado para o trabalho de puxar trenós e, portanto, não deveria procriar. Era um pouco quadrado e tinha o que os cinófilos chamam de costelas de barril, o que fez com que suas pernas dianteiras crescessem um pouco arqueadas, dificultando o movimento de correr ao puxar o trenó.

    Apesar desses pontos negativos, Kaasen confiou no cão. E Balto foi muito além do que era esperado. Liderou a equipe na noite escura, através da neve que se acumulava na trilha, em áreas alagadas e subindo a montanha Topkok. Balto percorria o caminho instintivamente, confiante e seguro, apesar da baixa visibilidade que, muitas vezes, até impedia o condutor de ver os cães mais próximos do trenó.

http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/map.jpg

     Acidente e susto

   Durante o trajeto, uma rajada de vento muito forte levantou os cães e virou o trenó. Depois de ajeitar os arreios nos cães e colocar o carro na posição correta, Kaasen teve um choque ao perceber que o pacote com o soro havia caído na neve. Seu coração quase parou. Desesperado, ele começou a cavar a neve com as mãos, sem luvas, para facilitar a busca. Felizmente, apesar dos ferimentos causados pelo gelo nos dedos, pouco depois Kaasen encontrou o pacote.
A equipe chegou às 3 horas da madrugada do dia 2 de fevereiro, antes do horário previsto,  a Point Safety (Ponto de Segurança), onde um novo condutor, Ed Rohn, deveria substituir Kaasen. No entanto, Rohn dormia e, como os cães estavam correndo bem, o norueguês decidiu fazer o trajeto final de 25 milhas (40 km) até Nome, depois de um rápido descanso, durante o qual aproveitou para manter o soro aquecido, na temperatura adequada.


“Cão danado de bom!”
    Às 5h30, Kaasen entrou na Front Street, em Nome, parando o trenó diante do Merchants & Miners Bank. As poucas testemunhas que estavam acordadas naquele momento e foram para a rua dizem que o condutor caminhou cambaleante até a frente da equipe de cães e se ajoelhou diante de Balto dizendo: “Damn fine dog!” (“Cão danado de bom!”)
    Em poucas horas, a notícia se espalhou pelos Estados Unidos e a equipe de cães se tornou manchete em vários jornais do país. Balto foi considerado um herói. A corrida de 674 milhas (1.084 km) havia sido completada em 127 horas e trinta minutos. Um verdadeiro recorde.
Na verdade, até esse momento, o líder da equipe não tinha nome, ou tinha um nome comum, desses que são dados a cães. A partir de então, porém, passou a ser chamado de Balto, em homenagem a Samuel Balto, explorador norueguês que, em 1888, participou da primeira travessia da Groenlândia.
     Balto passou a ser uma atração nacional, com dias de glória e outros nem tanto. O produtor de Hollywood Sol Lesser contratou Kaasen, Balto e os demais cães para uma viagem a Los Angeles, onde o cão teve direito a uma suite no California Biltmore Hotel. Em Mount Rainier, Estado de Washington, filmou em dois rolos um curta-metragem  intitulado “Balto’s race to Nome” (“A corrida de Balto até Nome”), que foi oficialmente lançado em junho de 1925, quatro meses após o feito. Infelizmente, com o passar dos anos, esse filme se perdeu. Só sobraram alguns fotogramas.



Estátua no Central Park

      Em 17 de dezembro de 1925, no Central Park, de Nova York, foi inaugurada uma estátua em bronze de Balto, a primeira da cidade em homenagem a um cão. Ela foi feita pelo escultor Frederick George Richard Roth (1872-1944), especializado em retratar animais vivos. Balto e Gunnar Kaasen participaram da cerimônia. 

Depois desses momentos de glória, vários empresários do setor de entretenimento compraram sucessivamente os cães para exibi-los pelos Estados Unidos, muitas vezes em espetáculos de segunda categoria. Em 19 de março de 1927, Balto e mais seis cães sobreviventes foram resgatados de um “museu” popular onde eram exibidos com entradas ao preço de um dime (10 centavos), e levados para o Brookside Zoo, em Cleveland, Ohio, onde viveram até o último de seus dias desfrutando de bom tratamento.
  
       Em 14 de março de 1933, às 14h15, Balto foi sacrificado pelo veterinário R. R. Powell, assistido por Curley Wilson, coordenador do zoológico. Aos 14 anos, ele estava praticamente cego e surdo e sofria de artrite nas patas traseiras. Em seguida, foi empalhado e é uma das atrações do Museu de História Natural de Cleveland, embora a cor de seu pelo, de preto azeviche, tenha mudado para “mahogany-brown” (castanho acaju) devido ao efeito do tempo e da iluminação nos locais onde é exposto. Por sua história de heroísmo, seu corpo embalsamado ainda é requisitado para exibição em várias partes dos Estados Unidos.

C:\Users\Luiz Antonio Maciel\Documents\Luis Antonio Maciel\Luiz Antonio Maciel\FOTOS DA VIAGEM AOS EUA-AGOSTO-SETEMBRO-2013\FOTOS COM CÂMERA CANON\IMG_9040.JPG

A placa em homenagem ao espírito vencedor dos cães que participaram da Corrida do Soro no Alasca (Foto Luiz Antônio Maciel)




Personagem de Spielberg


   Em memória ao feito de Balto e dos demais cães, no ano de comemoração de 70 anos da Corrida do Soro, em 1995, a Amblin Entertainment, empresa do cineasta Steve Spielberg, e a Universal Pictures, lançaram um filme de animação intitulado “Balto”, contando a história dos fatos ocorridos em 1925, misturada com um pouco de ficção, para atrair espectadores. Depois, no ano de 2000, e novamente em 2004, a Universal Cartoon Studios produziu duas sequências do primeiro filme: “Balto 2 –  Wolf Quest” e “Balto 3 – Wings of Change”, ambos de ficção. Alguns desses filmes podem ser encontros em DVD, nos Estados Unidos e também no Brasil.
Ainda hoje, visitantes do Central Park, em Nova York, procuram a estátua de Balto para tirar fotos ou ser fotografados ao lado do cão eternizado por sua coragem, destacada numa placa de bronze, com o desenho, em alto relevo, de cães puxando um trenó:

"Dedicado ao indomável espírito dos cães puxadores de trenós que se revezaram no transporte de antitoxinas 600 milhas sobre gelo áspero e através de águas traiçoeiras e tempestades de neve do Ártico a partir de Nenana, para alívio de Nome, no inverno de 1925.
Resistência. Fidelidade. Inteligência.”


http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/banner.jpg

Manchete de jornal de Cleveland do dia 1° de fevereiro de 1925 informa que Nome tem esperança à medida que os cães se aproximam da cidade (Reprodução do Cleveland Museum of Natural History)

http://cmnh.org/site/Img/AtTheMuseum/PermanentExhibits/Balto/baltoMount.jpg
O herói Balto.




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Estação de Cananéia, parada obrigatória para alguns animais que chegam e que partem do Brasil.

Parte interna da Estação Quarentenária de Cananéia (SP): vista da passagem da zona 2 para a zona 3 de proteção sanitária. O nível máximo onde ficam os animais é o 5.
Na foto, de azul, profissional com equipamentos de proteção, e de preto funcionário da segurança. O local é de trânsito restrito. Os visitantes não deixam o carro.
Foto de Ricardo Osman 

              EXCLUSIVO __    A Estação Quarentenária de Cananéia, no litoral sul de São Paulo, faz parte do Brasil que dá certo, do que funciona a favor da saúde de nossos rebanhos, fauna e aves, daquilo que temos de excelência em Medicina Veterinária. A Estação de Cananéia pertence ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e é a única oficial no País para a quarentena de animais. Há outras de propriedade de empresas. Foi criada em 1971 por decreto presidencial.
Vale a pena conhecer um pouco deste trabalho na reportagem exclusiva do blog AnimaisOk
           A Estação de Cananéia, localizada a 264 quilômetros da capital paulista, é parada obrigatória para animais vivos, como bovinos, equinos, suínos e aves, que são exportados ou importados de países que têm acordo bilateral com o Brasil e exigem quarentena do animal entre as medidas sanitárias. Por exemplo, se um cavalo de raça é exportado por um produtor rural brasileiro para a Europa, muito provavelmente haverá a exigência de quarentena deste animal, ou seja um período tanto aqui no Brasil, antes do embarque, quanto lá na Europa, no desembarque, de reclusão do equino para avaliação correta de sua saúde. 
Vista geral da Estação de Cananéia/
Foto Ricardo Osman
        Esta reclusão, ou quarentena, é um método adotado em epidemiologia e seu principal objetivo é evitar que determinada doença entre no Brasil ou seja levada lá para fora por meio de um animal. 
Um animal pode estar infectado por vírus, por bactéria ou por um parasita (vermes e protozoários) em fase interna de incubação, o que só seria descoberto tempo depois com os primeiros sintomas da doença _ neste caso, poderia ser tarde, em termos de saúde de rebanhos e da fauna silvestre, e também de saúde pública, ponto importante, pois há os casos de zoonoses que se espalham igualmente pelo mundo.
A legislação brasileira não exige quarentena de cães e gatos que chegam ao País e nem dos que partem daqui. São exigidos documentos como atestado de saúde e de vacinação. Mas os países de destino podem exigir essa quarentena.
O diretor da Estação Quarentenária de Cananéia é o Médico Veterinário Odemilson Mossero, formado em 1979, na Unesp de Jaboticabal. Na terça-feira, dia 25 de novembro deste ano, o Dr. Odemilson Mossero recebeu na Estação alunos do último ano da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU, que tem sede em São Paulo, para uma visita ao Quarentenário. Foi uma visita especial, que teve início por valiosa palestra de Mossero sobre os principais trabalhos realizados na Estação de Cananéia, um centro de referência em medidas sanitárias reconhecido em todo o mundo. "O trânsito de animais, de seus subprodutos e produtos é uma das preocupações nossas", disse Mossero aos estudantes da FMU, acompanhados pelas professoras Bianca Santos e Ana Júlia Alves. 
O diretor Odemilson Mossero em palestra
para os estudantes de Medicina 
Veterinária da FMU.


  O Dr. Mossero lembrou a história do local. O Brasil chegou a importar 6 mil bovinos na década de 1960 da Índia, da raça nelore. Logo em seguida, percebeu-se a necessidade de proteger o rebanho nacional de novas doenças. Hoje há mais de 200 milhões de cabeças de gado no Brasil. E doenças como a peste bovina, a febre aftosa, o mormo são preocupações da equipe da Estação Quarentenária de Cananéia, tanto no embarque como no desembarque de animais do Brasil.  Há na Estação um espaço específico para as aves, muitas aves ornamentais são importadas dos Estados Unidos.







O 'túnel' por onde passam todos veículos que trabalham na Estação,
 para a limpeza das rodas. É método para evitar a transmissão
de doenças. Foto de Ricardo Osman

A lavanderia na passagem da zona 2 para a 3.
Todas as roupas e equipamentos
utilizados no contato com os animais são deixados aí.
Foto: Ricardo Osman


O autor do blog AnimaisOk, Ricardo Osman,
estudante de Medicina Veterinária na FMU


A turma do 9º semestre da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU
diante do prédio administrativo da Estação.
Ao centro, as professoras e o diretor Odemilson Mossero.



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Olhe onde você pisa. As formigas têm emoções!

Professor Walter Hugo Cunha/Fotos de Ricardo Osman
   ESPECIAL         Se você passar o dedo em meio a uma fileira de formigas no quintal de casa ou no parque e esmagar algumas delas, as demais formigas desta fila vão imediatamente reagir, algumas vão recuar, outras sairão correndo perturbadas e outras ainda, conforme a espécie, poderão até ficar paralisadas. Nada disso seria uma reação instintiva das formigas que chegam ao local onde o dedo foi passado, nem reflexo ou reação automática aos ferormôneos exalados pelas formigas mortas (ferormônios são substâncias químicas  captadas por animais de uma mesma espécie e permitem o reconhecimento mútuo dos indivíduos, segundo Wikipedia).
             Os comportamentos das formigas descritos acima seriam reações emocionais, ações gratuitas e arbitrárias desses insetos, que estariam ligadas diretamente às memórias individuais. É esta a conclusão inédita do professor Walter Hugo Cunha, aposentado do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Psicologia Experimental pela Universidade do Kansas (nos Estados Unidos) e doutor em Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da USP. Ele começou a pesquisar as formigas em 1960 e fez inúmeras pesquisas no País. 
             "Afirmo que estas reações das formigas (na fila cortada pelo dedo, onde algumas foram esmagadas) não são reações aos ferormônios, mas perturbações diante de alterações no ambiente costumeiro", disse o professor Cunha, em palestra realizada na tarde desta terça-feira, dia 28, em auditório da FMU, no Campus Santo Amaro, um evento promovido pela Faculdade de Medicina Veterinária e pelo Mestrado em Saúde Ambiental da própria FMU. "Trata-se de uma resposta emocional, porque está ligada ao passado destas formigas." 
             O professor observou que, na natureza, a reação emocional poderia não ser uma vantagem para o formigueiro. "A emoção está relacionada diretamente à memória, mas a memória sim é que é uma vantagem evolutiva." 
Professor Donald Broom
O professor vai lançar um livro sobre suas conclusões e apresentar o resultado das pesquisas que fez não só com fileiras cortadas por dedo, mas usando diversos produtos e situações. A tese de Walter Hugo Cunha vai contra a crença estabelecida na Ciência mundial de que as formigas, diante da fila cortada, reagem automáticamente aos ferormôneos liberados pelas que foram agredidas ou mortas. Sendo um comportamento de grupo da espécie e não respostas emocionais e individuais dos insetos.

               Depois desta apresentação, o professor emérito de Bem-Estar Animal da Universidade de Cambridge, Donald Broom, fez uma palestra. Ele falou sobre os sentimentos nos animais, dos mais simples aos mais complexos. Broom é considerado o primeiro professor de Bem-Estar Animal do mundo. Na palestra, ele lembrou que todos os animais têm sentimentos, e deu o exemplo do coelho. Seja doméstico, seja selvagem, seja animal de laboratório, não importa, qualquer coelho tem sentimentos e sente dor. Por isso, destacou o professor, os conceitos de Bem-Estar animal são tão importantes atualmente. 
               As palestras e o debate foram promovidos pela Faculdade de Medicina Veterinária da FMU e pela coordenação do Mestrado em Saúde Ambiental desta faculdade. O evento contou com apoio do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal da UNESP, de Jaboticabal.       
                            
Auditório da FMU, em São Paulo: lotado de estudantes e professores.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Show de Talentos abre Projeto "Consciência com Ciência" da FMU, em São Paulo.





Reportagem e fotos de Ricardo Osman

Ao som de “Counting Stars”, da banda norte-americana OneRepublic, a estudante Andrezza, do 9º Semestre da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU, e o amigo Gabriel, no violão, arrancaram aplausos da plateia reunida na manhã do sábado, dia 11 de outubro, no auditório Euriclydes Zerbini, no Campus Santo Amaro da FMU. Foram os acordes iniciais do 1º Show de Talentos do Projeto Consciência com Ciência (já conhecido como Cons ciência), idealizado pela professora Paula Bastos e promovido pela equipe de professores e pela direção da Faculdade de Medicina Veterinária (Campus Ponte Estaiada).
Após essa canção, Andrezza e a colega de classe Alejandra emocionaram os participantes do projeto com bela interpretação da romântica canção “Someone like You”, música conhecida mundialmente na voz de Adele:

"I heard that you're settled down/
That you found a girl and you're married now/
I heard that your dreams came true/
Guess she gave you things I didn't give to you…"

Andrezza e Gabriel em "Counting Stars" 

O show teve continuidade com a estudante Juliana Zanchi, caloura no curso de Medicina Veterinária da FMU, e o marido Enrico Bovo, que foram aplaudidos na interpretação de "Titanium", música do francês David Guetta.

O 1º Show de Talento do Projeto Consciência com Ciência teve ainda Deep Purple, na interpretação da banda Phoenix Hard Rock, e Capital Inicial, do grupo que tem a participação do professor Sérgio Netto Vitaliano.

Como foi possível constatar no auditório, estudantes de Medicina Veterinária são afinados, além de entenderem de cães, gatos e da saúde do rebanho. A estudante Teca Mello e sua irmã Magali recordaram as forças das mudanças com a canção de Geraldo Vandré “Pra não dizer que  não falei das flores”:
"Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou não... …/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer...”
O evento teve apresentação de dança e o teatro musical de Alexandra Matos que, em apresentação solo no palco, lembrou a trajetória de Jesus Cristo e a verdade de que todos devem se sentir “especiais”.



‘THE VOICE’
O clima descontraído permitiu até uma brincadeira que remete ao programa “The Voice”, da TV Globo, que tem Claudia Leite e Daniel entre os jurados. Três poltronas giratórias no palco foram usadas para que integrantes da plateia aprovassem as interpretações das músicas girando a cadeira para frente, a exemplo do que ocorre no programa The Voice. Foi um sucesso. Entre os jurados, a professora Ana Julia Silva e Alves e convidados da platéia. Os jurados aprovaram todas as músicas. “Neste  nosso The Voice”, como disse o apresentador. “Não há uma competição, todos ganham.”

A coordenadora da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU (Campus Ponte Estaiada), professora Dra. Ana Claudia Balda, presente ao Show de Talentos, falou sobre o projeto. “Era importante fazer algum movimento para a integração dos docentes com os alunos. Pensamos em abrir um espaço para o aluno se manifestar, de forma cultural, com objetivo de aproximar o aluno do corpo docente. Vamos planejar outras ações, que vão ter a ver com a parte acadêmica”, disse Ana Claudia Balda.



ENTREVISTA/OBJETIVOS

O 1º Show de Talentos deu o pontapé inicial em um projeto inédito que tem o desafio de entender o estudante de Medicina Veterinário como um cidadão em permanente amadurecimento. Neste sentido, a trajetória de calouro a formando, após cinco anos no curso, inclui o crescimento pessoal e profissional, e a consciência de seu papel na faculdade e na sociedade.
A professora Dra. Paula Bastos destacou os pontos relevantes do projeto. “O objetivo do projeto é a valorização do indivíduo em sua integralidade. Nós somos indivíduos da Ciência, mas também somos indivíduos com talentos, com obras sociais..., neste sentido o projeto abrange o indivíduo nesta integralidade. O projeto está sendo lançado hoje, com o Show de Talentos. Mas vai ter seus desdobramentos com ações técnicas, com ações em comunidades, com a apresentação de nova visão sobre vacinação, por exemplo, e na avaliação dos profissionais. É um projeto que vai se dar de maneira permanente.”








Professor Sérgio Netto Vitaliano



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Comovente preocupação de papai e mamãe Elefante com filhote

Morte do cão Excalibur gera polêmica na Europa

Javier com seu cachorro Excalibur, de 12 anos/Reprodução arquivo pessoal
       Uma polêmica toma conta hoje da Espanha. Segundo o jornal El País, o cachorro Excalibur, de 12 anos, foi sacrificado na manhã desta quarta-feira, dia 8 de outubro, por autoridades da área de Saúde de Madri, apesar do protesto de manifestantes que ficaram em frente à casa de seus donos, a enfermeira Teresa Romero e o marido Javier. No confronto com policiais, dois manifestantes ficaram feridos, informa o El País.Uma campanha na internet reuniu 300 mil assinaturas a favor da vida do animal.
        Trata-se de uma sequência de equívocos que parece ocorrer em um país subdesenvolvido, e não na Espanha, onde a Medicina tem grau elevado (a gente supõe): a enfermeira foi contaminada pelo vírus da doença ebola ao tratar dois pacientes que chegaram a hospital de Madri. Os pacientes morreram. Teresa diz que deve ter se contaminado "ao coçar o olho" no momento de tirar o traje. Um erro técnico grave, que joga por terra o uso de luvas.  
        Em seguida, as autoridades da área de saúde decidiram sacrificar Excalibur com quem ela conviveu alguns dias antes de aparecerem os sintomas da doença, por ser possível fonte de infecção (mas não comprovada). Hoje, Teresa está em um hospital de Madri. Seu marido foi quem denunciou na internet a intenção das autoridades de sacrificar e incinerar o corpo de Excalibur. 
         A medida é, sem dúvida, precipitada porque os meios de transmissão do vírus ebola são conhecidos e o animal poderia ser posto em quarentena, justamente para ser estudado. É o que dizem cientistas. O ebola é uma zoonose e foi possivelmente transmitida de morcegos e macacos para os seres humanos na África.
Vejam reportagem do El País:
"Não matem o cão, porque ele é importante do ponto de vista científico." disse ontem Eric Leroy, diretor-geral do Centro Internacional de Pesquisa Médica, em Franceville, Gabão, referindo-se a Excalibur. Mas apenas algumas horas mais tarde, o animal foi sacrificado apesar dos protestos de numerosos vizinhos e amantes dos animais. 
Leroy afirmou que o caso surgiu como oportunidade para o estudo do ebola nos cães: "O cão deve ser isolado em Madrid, e deve-se estudar os parâmetros biológicos. Vejam se alguém foi infectado e descubram se o vírus é excretado. Isso é muito importante do ponto de vista científico." 


Leia na íntegra a carta de Javier, em espanhol:
"Hola, me llamo Javier L. R. [facilita sus apellidos], soy el marido de Teresa R. R. [facilita sus apellidos], la auxiliar contagiada de ébola por tratar de forma voluntaria a los dos pacientes contagiados que fueron repatriados a España.
Quiero denunciar públicamente que un tal Zarco, creo que es jefe de sanidad de la Comunidad de Madrid, me ha dicho que tienen que sacrificar a mi perro así, sin más. Me pide mi consentimiento a lo cual me he negado rotundamente. Dice que entonces pedirán una orden judicial para entrar por la fuerza en mi casa y sacrificarle.
Yo antes de venir al hospital le deje varios cubos de agua, la bañera también con agua y un saco de pienso de 15Kg para que tuviera comida y agua. También le deje la terraza abierta para que haga sus necesidades.
Me parece injusto que por un error de ellos quieran solucionar esto por la vía rápida.
Un perro no tiene porque contagiar nada a una persona y al revés tampoco.
Si tanto les preocupa este problema creo que se pueden buscar otro tipo de soluciones alternativas, como por ejemplo poner al perro en cuarentena y observación como se ha hecho conmigo. O acaso hay que sacrificarme a mí por si acaso.
Pero claro, un perro es más fácil, no importa tanto".


Comentários:
"Como sempre animais pagam pela incompetência humana...Pelo  menos Excalibur foi amado e defendido por seus amigos. Vivas a Javier e Teresa!", enviado por Claudia Regina Silveira Aguiar, funcionária pública.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Uma missa aberta aos animais

         
Missa na Igreja da Fraternidade São Francisco de Assis em São Paulo/
Foto de Ricardo Osman
            No sábado, dia 4 de outubro, a Igreja da Fraternidade São Francisco de Assis, localizada na rua Borges Lagoa, na Vila Clementino, em São Paulo, abriu suas portas para os animais, como cachorros, gatos e pássaros. O dia 4 de outubro é o dia do Santo italiano São Francisco, o amigo da Natureza e dos animais, aquele que compreendeu a Criação de Deus como um todo e o planeta como residência de todas as formas de vida. 
         Durante todo o sábado, missas foram rezadas de hora em hora com a presença dos animais e seus donos no interior da Igreja. Essa Igreja fica perto do Parque do Ibirapuera. Os franciscanos deram bençãos aos bichos. Uma feirinha com doces e medalhas completou a bonita e agradável festa. Essa missa ocorre todos os anos no dia 4 de outubro. Já anote na sua agenda.
HISTÓRIA 
A Igreja de S. Francisco de Assis, localizada na rua Borges Lagoa n° 1.209, foi surgindo, pouco a pouco, com a ajuda da comunidade que doou bancos, imagens e até o sino, que conclamava os fiéis para os atos de fé. Conforme consta no livro do Tombo da Igreja, sua inauguração oficial se deu a 29 de junho de 1941 quando foi empossado o primeiro vigário, o frei Afonso Turges. "(…) que com sua bondade personificada e espírito religioso a dirigiu até seu afastamento por motivo de moléstia grave, fato esse verificado em fins do ano de 1941."


SERVIÇO
SEDE PROVINCIAL
Arquidiocese de São Paulo - Regional Ipiranga
Rua Borges Lagoa, 1209 – A
Vila Clementino
SÃO PAULO – SP
CEP. 04038-033
Fone: (11) 5576-7960 – Fax: (11) 5576 – 7961
paroquiavila@franciscanos.org.br
PADROEIRO
São Francisco de Assis







O autor do blog, Ricardo Osman, com seus cachorros
Bug e Gordo/Foto Claudia Aguiar