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Um livro especial editado em 1943 me chegou às mãos. Com pinturas e desenhos de Alberto Apfel e curta apresentação de Guilherme de Almeida. Vejam a capa do livro. |
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Uma homenagem artística de 1943
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos é premiado no Jabuti 2015
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Os autores (a partir da esq.): Márcia Mery Kogika, João Pedro de Andrade Neto e Márcia Marques Jericó/Foto Divulgação Câmara Brasileira do Livro |

O livro Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos, dos médicos veterinários Márcia Marques Jericó, João Pedro de Andrade Neto e Márcia Mery Kogika, lançado em 2015, foi premiado na 57º edição do Prêmio Jabuti, a mais importante premiação do País criada em 1958. A premiação é organizada pela Câmara Brasileira do Livro e 27 categorias foram premiadas em 2015.
O Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos obteve o segundo lugar na categoria Ciências da Saúde. Essa é a primeira vez que um livro da área de Medicina Veterinária recebe o prêmio Jabuti, segundo reportagem publicada no site do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP)..
Trata-se, realmente, de um livro excepcional, que envolveu vários profissionais como Rodrigo Rabelo, Nestor Calderón, Rita de Cássia, Ana Claudia Balda, Ricardo Duarte e tantos outros.
É um livro indispensável na biblioteca de todo estudante de Medicina Veterinária e dos profissionais da área.
O resultado divulgado em dezembro de 2015
Ciências da Saúde
1º Lugar – Título: Tratado de Neuropsiquiatria Neurologia Cognitiva e do Comportamento e Neuropsicologia – Autor: Leonardo Caixeta –Editora: Editora Atheneu
2º Lugar – Título: Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos – Autor: Márcia Marques Jericó, João Pedro de Andrade Neto e Márcia Mery Kogika – Editora: Roca
3º Lugar – Título: Atualização em Hemorragia Digestiva: Novos Conceitos na sua Fisiopatologia, Diagnóstico e Tratamento – Autor:Bruno Zilberstein, Flair José Carrilho, Ivan Cecconello e Luiz Augusto Carneiro D’albuquerque – Editora: Editora Atheneu
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Rio Doce: uma tragédia anunciada do mar de lama.
domingo, 1 de novembro de 2015
IV Simpósio em Saúde Ambiental: lições da crise de água e energia podem contribuir para um mundo melhor.
No segundo dia de palestras e debates do IV Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Ambiental da FMU - Água e Energia, discutiu-se a herança que o País vai deixar para as futuras gerações. Mas nem tudo teve cores pessimistas. Foi ressaltado que é possível tirar das crises lições e avançar na direção de um mundo melhor.
Confira abaixo os debates realizados na sexta-feira, dia 30 de outubro de 2015, no prédio da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU, na rua Ministro Nelson Hungria.
Reportagem e fotos de Ricardo Osman
Os economistas costumam dizer que mesmo nas crises
surgem oportunidades de negócios e graças ao espírito empreendedor soluções
antes inimagináveis são postas na mesa. Os especialistas reunidos no segundo
dia do IV Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de Mestrado Profissional em
Saúde Ambiental da FMU também discutiram e apresentaram um legado positivo da
atual crise de água e energia que enfrenta o Brasil.
“Aprendemos que a água é finita, e que o ar pode ser
finito. Aprendemos a economizar água. Os governos perceberam a fraqueza do sistema
e os Ministérios Públicos Federal e Estadual estão mais eficazes em suas atuações”,
disse Alessandro Luiz Oliveira Azzoni, diretor da Opzione Fomento Mercantil e integrante
do Conselho de Meio Ambiente da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da
cidade de São Paulo, o primeiro palestrante do segundo dia do IV Simpósio, que
ocorreu na sexta-feira, dia 30 de outubro, em espaço da Faculdade de Medicina
Veterinária da FMU, campus Ponte Estaiada. “Acredito que não retornaremos mais
ao consumo anterior e as Agências Reguladoras estão mais atentas. Temos de
tirar proveito da crise sim. Se não fizermos nada a água e a energia podem
acabar.” A palestra de Azzoni tratou justamente da “Crise hídrica: seus efeitos
e seu legado”.
Coordenadora da Faculdade de Medicina Veterinária, professora Ana Cláudia Balda, abre o segundo dia do IV Simpósio em Saúde Ambiental da FMU |
A palestrante Fernanda Macedo |
A segunda palestrante do dia foi Fernanda Lopes Macedo, zootecnista pela Unesp e mestre em Ciência Animal e Pastagem pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). Ela falou sobre o “Uso racional de água e de fontes alternativas de energia na bovinocultura leiteira.” Mas chamou atenção em sua palestra o esforço necessário para que uma nova consciência sobre o uso de água e energia se difunda entre pequenos e médios produtores e o papel relevante que tem a academia neste processo.
Com o debate aberto, a estudante Nicole Deguide, de
22 anos, que cursa o 5º período da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU,
observou para todos que faltou informação à população sobre a dimensão da crise
hídrica de 2015. “A população só foi informada quando a crise chegou a um ponto
crítico. Os governos deveriam ter explicado à população o motivo da falta de água
desde o início.” Suas palavras alimentaram intenso debate sobre o papel da mídia
e a qualidade da informação fornecida por órgãos governamentais ao longo deste
ano.
O IV Simpósio tornou-se cenário da discussão da “crise
de informação” que esteve ao lado das da água e da energia – e o objetivo do
evento, “de levantar a discussão”, como ressaltou o professor Donini na
abertura, pareceu alcançado.
OS
TRABALHOS CIENTÍFICOS
Avaliação simultânea dos trabalhos científicos apresentados para o IV Simpósio |
Depois das palestras e do debate, os participantes
do IV Simpósio em Saúde Ambiental da FMU seguiram para sala do programa de
Mestrado em Saúde Ambiental para acompanhar de perto a tarefa de revisores na
avaliação dos trabalhos científicos apresentados para o evento. Vinte e dois
trabalhos científicos, previamente aprovados do total inscrito, foram avaliados
simultaneamente por revisores diante da plateia convidada.
Os revisores puderam sentar ao lado dos autores dos
trabalhos científicos e, diante de computadores, conhecer o texto dos estudos e
receber explicações na hora da avaliação. Foram dadas notas para vários
aspectos dos 22 trabalhos científicos e quatro serão indicados como os melhores,
os vencedores do IV Simpósio, após a contagem dos pontos, o que deve ocorrer
nos próximos dias.
Autora de trabalho científico (à esq.) apresenta o estudo aos revisores do IV Simpósio |
Todos os 22 trabalhos científicos previamente
aprovados serão publicados como anais na revista científica eletrônica Atas de Saúde Ambiental – ASA, conforme
informou a professora Andrea Roberto Bueno Ribeiro, coordenadora deste processo
de seleção e avaliação e editora da revista eletrônica ASA. Desta forma, os trabalhos científicos apresentados para o IV
Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de Mestrado Profissional em Saúde
Ambiental da FMU poderão ser conhecidos facilmente por todos.
O endereço eletrônico da revista ASA é: http://revistaseletronicas.fmu.br/index.php/ASA/index
Pesquisa:
“Detecção de Circovírus suíno 2
(PCV2) por reação em cadeia pela polimerase (PCR) nas fezes e baia de suínos
em granja sem vacinação”
|
Autores:
Alessandra Barone Briani Fernandes;
Carlos Henrique Quarello de Moraes; Elmar de Azevedo Alvarenga; Fernanda
Rodrigues da Silveira; Suzana Cristina Quintanilha ; Alessandra M. M. Gomes
de Castro e Flávio Baldisseri Jr.
|
Pesquisa:
“Caprinocultura leiteira: aspectos
econômicos e avaliação de atratividade do negócio”
|
Autores:
Gilmar de Oliveira
Pinheiro; Erico da Silva Lima; Vitória Souza de Oliveira Nascimento
|
Revisão Bibliográfica:
“Coliformes termotolerantes: Bioindicadores da
qualidade da água destinada ao consumo”
|
Autores:
José Alexandre de
Oliveira; Maria Claudia H.G dos Santos; Nair Massumi Itaya; Ricardo Moreira
Calil
|
Revisão Bibliográfica:
“Agroecologia como
ferramenta de sustentabilidade nas pastagens”
|
Autores:
Tiago Neves Pereira
Valente; Erico da Silva Lima; Crislen
Adrielle Luz Sobrinho; Vitória Gallo Borges de Lima; Sandro de Castro
Santos
|
O
periódico Atas de Saúde Ambiental - ASA, ISSN 2357-7614, é uma iniciativa do corpo
docente do Curso de Mestrado Profissional em Saúde Ambiental das Faculdades
Metropolitanas Unidas – FMU, com interesse multidisciplinar nas áreas diversas
que compõem a temática central do Curso: Saúde e Ambiente. O corpo editorial da revista eletrônica é composto por renomados
pesquisadores e docentes de diversas instituições nacionais e internacionais.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
SAÚDE AMBIENTAL DO PAÍS ESTÁ NA UTI, AFIRMAM ESPECIALISTAS EM SIMPÓSIO, REALIZADO EM SP.
Vereador Gilberto Natalini (PV) em palestra para plateia no auditório da OAB-SP |
Para salvar recursos como a água e garantir produção
de energia é preciso ação inovadora dos cidadãos e planejamento dos governos
Reportagem Ricardo Osman
Crise hídrica, de energia, rios encobertos na cidade
de São Paulo, resíduos que podem gerar energia, falta de planejamento
governamental, direito ambiental e até portos planejados para manguezal no
litoral norte paulista, foram os assuntos que fizeram parte das palestras e dos
debates do primeiro dia do IV Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de
Mestrado Profissional em Saúde Ambiental da FMU. O evento foi realizado nesta
quinta-feira, dia 29, na sede paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
ao lado da catedral da Sé, e lotou o auditório do 2º andar, com a presença de
mais de 100 participantes.
Nenhum tema relevante da atualidade ficou de fora e
não faltaram alertas de que a situação da cidade, do País e até do mundo exige
dos governos e cidadãos uma nova atitude. Afinal, a crise de abastecimento de água
conhecida dos paulistanos, a energia elétrica cada vez mais cara e a poluição
do meio ambiente ameaçam a atual e as futuras gerações.
O coordenador do Programa de Mestrado em Saúde
Ambiental da FMU, professor e pesquisador João Carlos Shimada Borges, ressaltou
o papel da academia, mas também de cada cidadão, nas mudanças que se fazem
necessárias para o uso dos recursos hídricos e da energia no País. “O que vamos
fazer com estas informações?”, quis saber ele. “Precisamos trabalhar na quebra
de paradigmas, vamos quebrar nossos hábitos”, acrescentou ele.
Não só de recursos escassos e outros renováveis se
limitou a análise. “Vivemos no País uma crise de respeito. A nossa história
explica que não temos consciência do que é nosso”, afirmou o professor Carlos
Donini, que abriu o IV Simpósio, pela manhã.
Professor Ricardo Calil, segundo da esq. para direita |
O presidente da mesa no debate inicial foi o professor
Ricardo Moreira Calil e da composição fez parte o representante da Comissão de
Meio Ambiente da OAB, Juarez Eduardo de Andrade Fortes.
Professora Marta Angela |
Denúncia: rios enterrados vivos em São Paulo. |
“Estamos diante de uma oportunidade ímpar de
discutir situações importantes para a sociedade”, observou o professor Ricardo
Calil, presidente da mesa. “Vemos que não há planejamento para enfrentar os
problemas. Vemos somatória de equívocos e sabemos que vamos pagar uma conta enorme
por isso.” Para Calil, a juventude tem responsabilidade pelas mudanças
necessárias ao País. “A juventude precisa ver que os rios enterrados são
problemas dela também.”
Palestrante Valquiria de Alencar |
À tarde, no último debate deste primeiro dia, a
professora e pesquisadora Renata Marques Ferreira presidiu a mesa e a
palestrante foi a professora e Doutora em Direitos Difusos e Coletivos, Gisele
Bernardo Gonçalves Hunold, que integra a Comissão Permanente do Meio Ambiente
da OAB-SP.
Dra. Gisele Bernardo (à esq.) e professora Renata Marques Ferreira |
A Doutora Gisele Bernardo discorreu sobre o direito ambiental,
relatou casos, mas o debate esquentou quando ela observou a importância do
cidadão na defesa e vigilância do meio ambiente, ao lado de instituições como o
Ministério Público. “Quantas pessoas têm o conhecimento de que são donos e
responsáveis pelos bens ambientais?”, perguntou. Concordou que sociedade deve
ficar vigilante ao responder pergunta sobre o projeto de construção de um porto
(alguns chamam de ampliação) em São Sebastião, no litoral norte paulista, exatamente
sobre uma área de manguezal, de grande importância biológica. O projeto está
parado por decisão da Justiça, mas, segundo depoimentos, parece avançar a cada
dia no entorno de São Sebastião.
O segundo dia do IV Simpósio ocorre nesta
sexta-feira, dia 30, no campus da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU
(Ponte Estaiada), localizado na rua Ministro Nelson Hungria, e será aberto pela
coordenadora do Curso de Medicina Veterinária da FMU, professora Ana Cláudia
Balda.
Auditório lotado |
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Caçador americano mata leão Cecil na África
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O dentista Walter Palmer (à esq.) e o leão morto/Arquivo pessoal no Facebook |
O fato é criminoso. Palmer matou o Rei da Selva em uma caçada cruel, primeiro o retirou da área da reserva onde vivia protegido, atraindo-o para uma emboscada, e o matou a flechadas, segundo divulgou o Jornal Nacional na noite desta quarta, dia 29 de julho de 2015. As autoridades do Zimbábue estão processando o dentista Walter Palmer pelo crime e querem sua extradição.
O governo dos Estados Unidos deveria extraditar Walter Palmer, que vive no Minnesota, para ser julgado e condenado na África e lá cumprir pena por seu crime.
Realmente, alguns seres humanos conseguem nos surpreender por suas barbaridades e o pendor para a violência e o crime.
O leão Cecil fazia parte de um programa de pesquisa da Oxford University e tinha um colar GPS. Segundo a BBC, o crime ocorreu no ínicio deste mês de julho. No último dia 13 de julho, a Associação de Caçadores e Guias Profissionais do Zimbábue (ZPHGA, na sigla em inglês) confirmou a morte do animal durante um safári em área particular, e informou a abertura de apuração.
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O leão Cecil no seu parte, antes de ser morto/Foto do Parque Nacional do Zimbábue |
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Papa Francisco: Carta Encíclica fala dos cuidados com o planeta e o respeito por todos os animais.
CARTA ENCÍCLICA
LAUDATO SI’DO SANTO PADRE
FRANCISCOSOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM
LAUDATO SI’DO SANTO PADRE
FRANCISCOSOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM
Alguns trechos selecionados pelo autor deste blog:
Perda de biodiversidade
32. Os recursos da terra estão a ser depredados também por causa de formas imediatistas de entender a economia e a actividade comercial e produtiva. A perda de florestas e bosques implica simultaneamente a perda de espécies que poderiam constituir, no futuro, recursos extremamente importantes não só para a alimentação mas também para a cura de doenças e vários serviços. As diferentes espécies contêm genes que podem ser recursos-chave para resolver, no futuro, alguma necessidade humana ou regular algum problema ambiental.
33. Entretanto não basta pensar nas diferentes espécies apenas como eventuais «recursos» exploráveis, esquecendo que possuem um valor em si mesmas. Anualmente, desaparecem milhares de espécies vegetais e animais, que já não poderemos conhecer, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre. A grande maioria delas extingue-se por razões que têm a ver com alguma actividade humana. Por nossa causa, milhares de espécies já não darão glória a Deus com a sua existência, nem poderão comunicar-nos a sua própria mensagem. Não temos direito de o fazer.
34. Possivelmente perturba-nos saber da extinção dum mamífero ou duma ave, pela sua maior visibilidade; mas, para o bom funcionamento dos ecossistemas, também são necessários os fungos, as algas, os vermes, os pequenos insectos, os répteis e a variedade inumerável de microorganismos. Algumas espécies pouco numerosas, que habitualmente nos passam despercebidas, desempenham uma função censória fundamental para estabelecer o equilíbrio dum lugar. É verdade que o ser humano deve intervir quando um geosistema cai em estado crítico, mas hoje o nível de intervenção humana numa realidade tão complexa como a natureza é tal, que os desastres constantes causados pelo ser humano provocam uma nova intervenção dele de modo que a actividade humana torna-se omnipresente, com todos os riscos que isto implica. Normalmente cria-se um círculo vicioso, no qual a intervenção humana, para resolver uma dificuldade, muitas vezes ainda agrava mais a situação. Por exemplo, muitos pássaros e insectos, que desaparecem por causa dos agro-tóxicos criados pela tecnologia, são úteis para a própria agricultura, e o seu desaparecimento deverá ser compensado por outra intervenção tecnológica que possivelmente trará novos efeitos nocivos. São louváveis e, às vezes, admiráveis os esforços de cientistas e técnicos que procuram dar solução aos problemas criados pelo ser humano. Mas, contemplando o mundo, damo-nos conta de que este nível de intervenção humana, muitas vezes ao serviço da finança e do consumismo, faz com que esta terra onde vivemos se torne realmente menos rica e bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto ao mesmo tempo o desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a avançar sem limites. Assim, parece que nos iludimos de poder substituir uma beleza insuprível e irrecuperável por outra criada por nós.
A Criação
66. As narrações da criação no livro do Génesis contêm, na sua linguagem simbólica e narrativa, ensinamentos profundos sobre a existência humana e a sua realidade histórica. Estas narrações sugerem que a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a Bíblia, estas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. Esta ruptura é o pecado. A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas. Este facto distorceu também a natureza do mandato de «dominar» a terra (cf. Gn 1, 28) e de a «cultivar e guardar» (cf. Gn 2, 15). Como resultado, a relação originariamente harmoniosa entre o ser humano e a natureza transformou-se num conflito (cf. Gn 3, 17-19). Por isso, é significativo que a harmonia vivida por São Francisco de Assis com todas as criaturas tenha sido interpretada como uma sanação daquela ruptura. Dizia São Boaventura que, através da reconciliação universal com todas as criaturas, Francisco voltara de alguma forma ao estado de inocência original.[40] Longe deste modelo, o pecado manifesta-se hoje, com toda a sua força de destruição, nas guerras, nas várias formas de violência e abuso, no abandono dos mais frágeis, nos ataques contra a natureza.
67. Não somos Deus. A terra existe antes de nós e foi-nos dada. Isto permite responder a uma acusação lançada contra o pensamento judaico-cristão: foi dito que a narração do Génesis, que convida a «dominar» a terra (cf. Gn 1, 28), favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. Mas esta não é uma interpretação correcta da Bíblia, como a entende a Igreja. Se é verdade que nós, cristãos, algumas vezes interpretámos de forma incorrecta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do facto de ser criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas. É importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que nos convidam a «cultivar e guardar» o jardim do mundo (cf. Gn 2, 15). Enquanto «cultivar» quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, «guardar» significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Cada comunidade pode tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras. Em última análise, «ao Senhor pertence a terra» (Sl 24/23, 1), a Ele pertence «a terra e tudo o que nela existe» (Dt 10, 14). Por isso, Deus proíbe-nos toda a pretensão de posse absoluta: «Nenhuma terra será vendida definitivamente, porque a terra pertence-Me, e vós sois apenas estrangeiros e meus hóspedes» (Lv 25, 23).
68. Esta responsabilidade perante uma terra que é de Deus implica que o ser humano, dotado de inteligência, respeite as leis da natureza e os delicados equilíbrios entre os seres deste mundo, porque «Ele deu uma ordem e tudo foi criado; Ele fixou tudo pelos séculos sem fim e estabeleceu leis a que não se pode fugir!» (Sl 148, 5b-6). Consequentemente, a legislação bíblica detém-se a propor ao ser humano várias normas relativas não só às outras pessoas, mas também aos restantes seres vivos: «Se vires o jumento do teu irmão ou o seu boi caídos no caminho, não te desvies deles, mas ajuda-os a levantarem-se. (...) Se encontrares no caminho, em cima de uma árvore ou no chão, um ninho de pássaros com filhotes, ou ovos cobertos pela mãe, não apanharás a mãe com a ninhada» (Dt 22, 4.6). Nesta linha, o descanso do sétimo dia não é proposto só para o ser humano, mas «para que descansem o teu boi e o teu jumento» (Ex 23, 12). Assim nos damos conta de que a Bíblia não dá lugar a um antropocentrismo despótico, que se desinteressa das outras criaturas.
69. Ao mesmo tempo que podemos fazer um uso responsável das coisas, somos chamados a reconhecer que os outros seres vivos têm um valor próprio diante de Deus e, «pelo simples facto de existirem, eles O bendizem e Lhe dão glória»[41], porque «o Senhor Se alegra em suas obras» (Sl 104/103, 31). Precisamente pela sua dignidade única e por ser dotado de inteligência, o ser humano é chamado a respeitar a criação com as suas leis internas, já que «o Senhor fundou a terra com sabedoria» (Pr 3, 19). Hoje, a Igreja não diz, de forma simplicista, que as outras criaturas estão totalmente subordinadas ao bem do ser humano, como se não tivessem um valor em si mesmas e fosse possível dispor delas à nossa vontade; mas ensina – como fizeram os bispos da Alemanha – que, nas outras criaturas, «se poderia falar da prioridade doser sobre o ser úteis».[42] O Catecismo põe em questão, de forma muito directa e insistente, um antropocentrismo desordenado: «Cada criatura possui a sua bondade e perfeição próprias. (...) As diferentes criaturas, queridas pelo seu próprio ser, reflectem, cada qual a seu modo, uma centelha da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É por isso que o homem deve respeitar a bondade própria de cada criatura, para evitar o uso desordenado das coisas».[43]...
A mensagem de cada criatura na harmonia de toda a criação
84. O facto de insistir na afirmação de que o ser humano é imagem de Deus não deveria fazer-nos esquecer que cada criatura tem uma função e nenhuma é supérflua. Todo o universo material é uma linguagem do amor de Deus, do seu carinho sem medida por nós. O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia de Deus. A história da própria amizade com Deus desenrola-se sempre num espaço geográfico que se torna um sinal muito pessoal, e cada um de nós guarda na memória lugares cuja lembrança nos faz muito bem. Quem cresceu no meio de montes, quem na infância se sentava junto do riacho a beber, ou quem jogava numa praça do seu bairro, quando volta a esses lugares sente-se chamado a recuperar a sua própria identidade.
85. Deus escreveu um livro estupendo, «cujas letras são representadas pela multidão de criaturas presentes no universo».[54] E justamente afirmaram os bispos do Canadá que nenhuma criatura fica fora desta manifestação de Deus: «Desde os panoramas mais amplos às formas de vida mais frágeis, a natureza é um manancial incessante de encanto e reverência. Trata-se duma contínua revelação do divino».[55]Os bispos do Japão, por sua vez, disseram algo muito sugestivo: «Sentir cada criatura que canta o hino da sua existência é viver jubilosamente no amor de Deus e na esperança».[56] Esta contemplação da criação permite-nos descobrir qualquer ensinamento que Deus nos quer transmitir através de cada coisa, porque, «para o crente, contemplar a criação significa também escutar uma mensagem, ouvir uma voz paradoxal e silenciosa».[57] Podemos afirmar que, «ao lado da revelação propriamente dita, contida nas Sagradas Escrituras, há uma manifestação divina no despontar do sol e no cair da noite».[58] Prestando atenção a esta manifestação, o ser humano aprende a reconhecer-se a si mesmo na relação com as outras criaturas: «Eu expresso-me exprimindo o mundo; exploro a minha sacralidade decifrando a do mundo».[59]
86. O conjunto do universo, com as suas múltiplas relações, mostra melhor a riqueza inesgotável de Deus. São Tomás de Aquino sublinhava, sabiamente, que a multiplicidade e a variedade «provêm da intenção do primeiro agente», o Qual quis que «o que falta a cada coisa, para representar a bondade divina, seja suprido pelas outras»,[60] pois a sua bondade «não pode ser convenientemente representada por uma só criatura».[61] Por isso, precisamos de individuar a variedade das coisas nas suas múltiplas relações.[62] Assim, compreende-se melhor a importância e o significado de qualquer criatura, se a contemplarmos no conjunto do plano de Deus. Tal é o ensinamento do Catecismo: «A interdependência das criaturas é querida por Deus. O sol e a lua, o cedro e a florzinha, a águia e o pardal: o espectáculo das suas incontáveis diversidades e desigualdades significa que nenhuma criatura se basta a si mesma. Elas só existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no serviço umas das outras».[63]
87. Quando nos damos conta do reflexo de Deus em tudo o que existe, o coração experimenta o desejo de adorar o Senhor por todas as suas criaturas e juntamente com elas, como se vê neste gracioso cântico de São Francisco de Assis:
«Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumia.
E ele é belo e radiante com grande esplendor:
de Ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã lua e pelas estrelas,
que no céu formaste claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
pelo ar, pela nuvem, pelo sereno, e todo o tempo,
com o qual, às tuas criaturas, dás o sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
pelo qual iluminas a noite:
ele é belo e alegre, vigoroso e forte».[64]
com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumia.
E ele é belo e radiante com grande esplendor:
de Ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã lua e pelas estrelas,
que no céu formaste claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
pelo ar, pela nuvem, pelo sereno, e todo o tempo,
com o qual, às tuas criaturas, dás o sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
pelo qual iluminas a noite:
ele é belo e alegre, vigoroso e forte».[64]
88. Os bispos do Brasil sublinharam que toda a natureza, além de manifestar Deus, é lugar da sua presença. Em cada criatura, habita o seu Espírito vivificante, que nos chama a um relacionamento com Ele.[65] A descoberta desta presença estimula em nós o desenvolvimento das «virtudes ecológicas».[66] Mas, quando dizemos isto, não esqueçamos que há também uma distância infinita, pois as coisas deste mundo não possuem a plenitude de Deus. Esquecê-lo, aliás, também não faria bem às criaturas, porque não reconheceríamos o seu lugar verdadeiro e próprio, acabando por lhes exigir indevidamente aquilo que, na sua pequenez, não nos podem dar....
"Assim nos damos conta de que a Bíblia não dá lugar a um antropocentrismo despótico, que se desinteressa das outras criaturas", Papa Francisco.
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