sexta-feira, 26 de abril de 2024

Morte do cão Joca: uma tragédia anunciada!

   

O cão Joca e seu tutor/Fotos arquivo pessoal 

  Equipe da companhia aérea mal treinada, ausência de equipamentos para aferir temperatura dentro da caixa de transporte, desconhecimento dos riscos dos cães de apresentarem (no clima do Brasil) hipertermia (os cães não suam) e falta de um protocolo veterinário de emergência! 

    São alguns pontos que fazem da morte do Golden Retriever Joca, de 5 anos, durante voo pela companhia Gol, uma tragédia anunciada.    

   O embarque foi na segunda-feira, dia 22 de abril, no aeroporto de Guarulhos (São Paulo) e o destino era a cidade de Sinop, no Mato Grosso, mas Joca foi levado para Fortaleza, no Ceará, por um erro operacional da Gollog (braço da Gol). Lá aguardou dentro de caixa de transporte até ser reembarcado de volta para São Paulo onde chegou morto.

   Ele viajou no setor de carga da aeronave por causa do peso. Somente cães com peso inferior a 10 quilos (animal mais caixa) podem seguir com os passageiros dentro do avião.  

   Não foi o tempo extra de viagem que debilitou Joca. Há embarques em São Paulo para Portugal e Alemanha com 11 horas ou 12 horas de voo, mas os cães são mantidos sempre em ambiente a 22°C. Protocolo internacional!

   A equipe da Gol parece desconhecer que a raça Golden Retriever tem origem na Escócia. Então, a pelagem do Joca é feita para dificultar a perda de calor. O que agravou a situação.

    Somente as investigações e a autopsia vão indicar com clareza qual a causa da morte do Joca. Mas é certo que se tratava de um cão saudável e que a companhia garantira que o levaria em segurança até o destino. Não levou!

   A morte de Joca revela a necessidade urgente de uma legislação específica e de um novo plano de voo para o embarque de pets em avião no Brasil. 

   O caso teve grande repercussão nacional. O presidente Lula se manifestou sobre a perda do Joca, protetores de animais protestaram nas redes sociais, a Agência Nacional de Avião Civil (Anac) anunciou uma investigação sobre o caso e a companhia emitiu nota suspendendo por 30 dias qualquer embarque de pets no setor de carga viva dos aviões. 

   

ERRO GRAVE 

  O tutor do Joca, o engenheiro João Fantazzini, disse em entrevista a Ana Maria Braga, da TV Globo, que houve uma série de erros por parte da companhia e que a perda de seu "filho" é irreparável. 

   Fantazzini afirmou que encontrou o corpo de Joca todo molhado dentro da caixa de transporte. Se foi uma tentativa das equipes de resfriar o animal, trata-se de um grande erro. 

  Para sair da hipertermia é preciso oferecer ao cão ar frio (levar para o ar condicionado, por exemplo) para que inspire ar gelado e expire ar quente, retirando o calor interno, sobretudo do coração. Molhar um Golden Retriever adulto não ajuda, porque a camada de pelos (dupla) é praticamente impermeável, e mal chega a água à pele. 

   Outra falha: por que em Fortaleza Joca não foi examinado por um médico veterinário? Profissional capaz de aferir a temperatura retal, a frequência cardíaca e respiratória do cão!

  Pesquisas no Brasil não faltam. Em minha pesquisa de Mestrado pesquisei a "Termorregulação do Golden Retriever em exercício em clima subtropical", o de São Paulo. Lá estão os dados sobre o aumento da temperatura corporal da raça em temperatura ambiente alta. E quais locais do corpo são mais sensíveis ao calor. O artigo sobre a pesquisa ainda será publicado por revista científica.

    PET NÃO É BAGAGEM ! 

    Que Deus receba Joca e conforte seu tutor!                                     

   

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