terça-feira, 27 de agosto de 2024

Será que a culpa é mesmo do remédio?

  Os remédios estão cada vez mais sendo tratados como juiz de futebol, se a melhora do pet não é imediata ele leva a culpa por tudo; e ainda bem que não tem mãe.

 Nestes tempos de redes sociais e de Inteligência Artificial, tutores estão ainda mais ansiosos por uma melhora instantânea dos males que sofrem seus cachorrinhos e gatinhos! 

 Mas há um tempo para tudo nesta vida, e os organismos, que não são máquinas, têm fisiologia complexa, etapas para cada resposta a uma enfermidade e por isso as coisas não são imediatas. 

 Atualmente, a pressa, inimiga da perfeição, virou também adversária da cura, do restabelecimento da saúde dos pets em muitos casos em que há bons tratamento e medicamentos. 

 Por dois motivos: o primeiro é que toda recuperação, seja de um vômito, uma verminose ou uma diarreia é lenta, exige a correção de um desequilíbrio eletrolítico, de pH do organismo, e isso obedece à curva de ação do medicamento e ao relógio celular de todos os seres vivos. O segundo motivo é que todo remédio (todos) tem algum efeito colateral. Mesmo a simples Dipirona, comumente usada como analségico. 

 Há, porém, os casos mais alarmantes no cotidiano da medicina veterinária: aqueles em que o tutor apressado culpa o efeito correto (e esperado) de um medicamento de ser esse efeito o próprio problema.

  Um exemplo: o tratamento para os casos de infecção de cães e gatos por vermes intestinais e pelo protozoário Giárdia exige o uso de vermífugos. Seja aqui, seja nos Estados Unidos ou no Japão, as bulas dos vermífugos explicam que os vermes e a Giárdia serão mortos DENTRO DO INTESTINO. 

   Esses parasitas não saem do paciente se arrastando para morrer fora do corpo. 

   Fulminados dentro do intestino, vermes e protozoários liberam toxinas que vão provocar curta diarreia ou até vômito. Um mal estar passageiro, e previsto. 

   Se a expectativa é de cura imediata, sem transtornos, pronto, está formado o caldeirão em que o remédio (vermífugo) será o alvo das queixas.

   _ O problema foi esse remédio esquisito, diz a acusação. Meu bichinho não estava tão mal assim.

   A bulas no Brasil e as internacionais explicam que a intensidade da diarreia ou do vomito, nestes casos, são diretamente proporcionais ao grau de infeção por vermes ou protozoários. 

   Mas parece que ninguém tem mais tempo nem para ler a bula!

 

      

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Saiba onde vacinar (de graça) seu pet contra a raiva

  Você já pode levar seu pet para tomar a vacina contra a doença raiva de maneira gratuita. A prevenção é oferecida por prefeituras e tem no mês de agosto uma data tradicional de combate à raiva animal. 

   A vacina contra o vírus que causa a doença (vírus presente em alguns morcegos) é fundamental para a proteção de seu cão e de seu gato, e de toda a família. Já que se trata de uma zoonose, ou seja uma doença que os animais podem transmitir aos seres humanos.  

  Neste mês de agosto, a prefeitura do Rio de Janeiro lançou a campanha de vacinação antirrábica de 2024, inclusive com atendimento volante à população. Até na ilha de Paquetá os agentes vacinaram os pets gratuitamente. Os tutores podem ver o cronograma da campanha no link no fim do artigo.  

  Na cidade de São Paulo, o atendimento aos pets é permanente (realizado nas UVIS), e cães e gatos saudáveis, com idade superior a três meses, já podem ser vacinados. Não há necessidade de agendamento.  

  A prefeitura de São José dos Campos, no interior paulista, também mantém a oferta de vacinas gratuitas no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Conheça o endereço e os horários da vacinação contra a raiva no link no final deste artigo. 

   Esses são alguns exemplos de iniciativas de prefeituras no combate a doença. Verifique na sua cidade, junto à secretaria de Saúde, onde vacinar seu pet. 

  A vacinação de cães e gatos contra a doença raiva sempre foi uma iniciativa do poder público no Brasil e em muitos outros países. É a estratégia adotada para a proteção da população contra uma enfermidade que, uma vez evoluída no paciente, é fatal!


Conheça as datas e locais da campanha de vacinação contra a raiva da prefeitura do Rio de Janeiro: https://prefeitura.rio/tag/vacinacao-antirrabica/ 

Veja a lista de locais de vacinação permanente contra a raiva da prefeitura de São Paulohttps://capital.sp.gov.br/web/saude/w/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/noticias/5435.

Confira o local e os horários de vacinação realizada pela prefeitura de São José dos Campos: https://ccz.sjc.sp.gov.br/destaques-bem-estar-animal.php?pag=1



sábado, 10 de agosto de 2024

Tragédia aérea: lista de vítimas deve incluir Luna, a cachorrinha.

 

Cachorrinha Luna/Foto Associação Cidadã de Proteção Animal, de Cascavel

   Ela não estava na primeira lista de passageiros divulgada pela companhia Voepass, responsável pelo avião ATR-72-500, que caiu na sexta-feira, 9 de agosto, na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo.   No terrível acidente morreram 62 pessoas, entre passageiros e tripulantes da aeronave. 

      Mas no sábado, dia 10, mais um óbito foi confirmado: o da cadelinha Luna, cujo corpo foi encontrado entre os destroços do avião, em um condomínio em Vinhedo. A Voepass confirmou que um cãozinho havia embarcado em Cascavel, cidade do Paraná, de onde partiu o avião ATR, mas a lista oficial das vítimas no site  não incluiu  Luna (veja em  https://www.voepass.com.br/empresa/site/passaredods.html).  

   A Associação Cidadã de Proteção aos Animais (Acipa), da cidade de Cascavel, localizada no Paraná, foi enfática ao afirmar que Luna, de 6 meses de idade, estava a bordo e deve entrar na lista das vítimas da tragédia em Vinhedo. O total passa a ser 62 humanos e 1 pet.

  Nas suas página do Instagram, a Associação fez uma homenagem a Luna e revelou que ela viajava com seus tutores, uma família venezuelana, para Guarulhos (SP). A cachorrinha fora adotada. A família fez todos os esforços possíveis para embarcar com Luna, mesmo diante de dificuldades financeiras:

 "Estamos todos consternados com a tragédia. Entre os passageiros havia uma família de venezuelanos com sua cachorrinha Luna. Ao contrário do que muita gente faz, eles fizeram de tudo para conseguir levar a Luna com eles na volta para o país de origem", diz a nota da Associação Cidadã de Proteção aos Animais, cujo endereço no Instagram é Acipacvel. 

   Se os tutores não deixaram Luna para trás, por ser a nova integrante da família, cabe agora a Voepass dar mais detalhes do embarque da cachorrinha, se foi dentro do avião ou no departamento de Carga Viva e reconhecer a sexagéssima terceira vítima

   Tudo indica que as promessas de autoridades e companhias aéreas de que os pets seriam tratados com mais respeito (promessas essas surgidas após o caso Joca, do Golden Retriever que morreu durante voo da Gol) ainda estão longe de ser uma realidade. 

     

domingo, 4 de agosto de 2024

Paris 2024: Liberté pour les chevaux.

Os jogos Olímpicos na visão dos cavalos não devem ter nada de festivo e fraterno: são feitos de suor, lágrimas e sangue. Neste sentido, Paris não é uma festa para os equinos!

O cavalo Nimrod de Muze, da equipe brasileira de hipismo, teve ferimentos por esporas na semana passada, durante salto, e o sangue derramado desclassificou o cavaleiro Pedro Veniss. A inspeção veterinária da prova documentou o ferimento e decretou a punição ao Brasil!

Foi a segunda vez em uma Olimpíadas que integrante de equipe brasileira é punido  por machucar um cavalo, ocorreu também em 2016. 

Semanas antes deste grave incidente, um escândalo de maus-tratos a um cavalo abalou Paris. 

Um vídeo publicado nas redes sociais mostrava a cavaleira britânica Charlotte Dujardin, uma veterana do hipismo, medalhista, chicoteando dezenas de vezes um cavalo durante um treinamento. O vídeo não era fake, foi gravado há quatro anos, e por isso Charlotte deixou Paris e voltou para a Inglaterra. Não competiu! 

Então, temos chicotes, esporas, sangue, suor e lágrimas!

Ninguém sabe ao certo como se sente um cavalo (Equus caballus), uma presa na natureza, que anda sobre as unhas (o casco), ao ser montado por um primata, o Homo Sapiens, e ser obrigado a saltar sobre barris, obstáculos de madeira e tábuas.

Por que em vez de correrem por planícies como seus ancestrais, devem agora repetir infinitas vezes o mesmo chato percurso? E pior: participar de uma competição após um voo terrível de avião, pois a maioria chega a uma Olimpíadas em aeronaves. 

As informações históricas dizem que os cavalos participaram das Olimpíadas na Grécia antiga, quando os homens ainda veneravam a Zeus. E mulheres não podiam assistir às corridas. Depois de intervalos, retornaram oficialmente aos Jogos em 1900.

Não bastasse o sofrimento terrível que os cavalos passaram durante as guerras do século passado, agora eles são convocados para Jogos que buscam celebrar a Paz e a Amizade entre os povos. 

Se é para comemorar a Paz e a Fraternidade, e enaltecer o esporte e a saúde de todos, que o hipismo seja banido das Olimpíadas. 

Não há espaço, diante das luzes que vimos em Paris, para esses saltos nas trevas e na dor!

Salve a Revolução Francesa: égalité, liberté et fraternité