quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pesquisadores descobrem na região amazônica uma nova espécie de anta

Scientists have uncovered a new tapir in Brazil: Tapirus kabomani. Photo courtesy of: Cozzuol et al.
A nova anta identificada pelos cientistas/Foto do professor Mario Cozzuol
             
          A comunidade científica brasileira e mundial, e todos os amigos dos bichos, ganharam neste Natal um presente especial de Papai Noel, que nos é informado por meio de assessoria da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Nesta semana, o Journal of Mammalogy publicou artigo oficializando a descoberta de nova espécie de anta no Brasil, que tem hábitos noturnos e vive na região Norte, entre Rondônia e Amazonas. Segue o comunicado:
                   "Uma nova espécie de anta, animal da ordem Perissodactyla  antas, cavalos, zebras e rinocerontes – foi descoberta nas áreas de campos amazônicos, ao norte de Porto Velho, na divisa entre Rondônia e Amazonas, na região Norte do Brasil. A Tapirus kabomani é a primeira nova espécie da ordem Perissodactyla encontrada nos últimos 100 anos e a primeira anta revelada em 150 anos. A descoberta foi reconhecida oficialmente nesta segunda-feira, dia 16 de dezembro, pelo Journal of Mammalogy, periódico científico voltado para estudos e pesquisas relacionados a mamíferos.
            Embora a espécie tenha sido reconhecida oficialmente em 2013, o estudo que revelaria a nova anta começou há 10 anos, tendo à frente uma equipe de professores e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A primeira evidência apareceu nas pesquisas realizadas pelo paleontólogo Mario Cozzuol, na época em que era professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).  Na ocasião, foi encontrado um crânio de anta diferente das demais. Após estudos morfológicos e genéticos a partir de materiais coletados com populações ribeirinhas, caçadores e índios Karitiana, concluiu-se que se tratava mesmo de uma nova espécie de anta. O estudo contou com a colaboração de oito autores de áreas distintas e, segundo o professor, todos foram imprescindíveis para o resultado.
              O professor Fabricio Santos, da UFMG, coautor do artigo que descreve a nova espécie e coordenador dos estudos genéticos, enfatiza que os dados de morfologia e genética foram muito coerentes. De acordo com Fabrício, eles permitiram a descrição de uma nova espécie de mamífero de grande porte, a qual já havia sido caçada no norte do Mato Grosso, pelo ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt, no início do século XX. O espécime capturado à época se encontra na coleção do Museu Americano de História Natural, em Nova York, nos Estados Unidos.
              A confirmação do novo mamífero teve apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que, entre 2010 e 2012, financiou um projeto que viabilizou os estudos. Para o paleontólogo Mario Cozzuol, o apoio da Fundação Grupo Boticário foi muito importante para a descrição desta que é a segunda espécie de anta encontrada no Brasil. “A Fundação contribuiu muito com as pesquisas. O apoio ao projeto permitiu coletar um grande número de exemplares da nova espécie para fazer a análise de DNA mais completa, análise de fezes, além da potencial distribuição da espécie, com a possibilidade de visita a alguns dos locais de ocorrência”, destacou Cozzuol. O estudo também contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Painting of the new tapir species. Painting courtesy of Fabrício R. Santos.
Desenho feito pelo professor Fabrício Santos do animal descoberto
A família das antas

A anta faz parte da família Tapiridae, grupo de mamíferos da ordem Perissodactyla, que habita a América Central, a América do Sul e o sul da Ásia. As antas são os maiores mamíferos da América do Sul, podendo pesar até 300 quilos. Entre as características que identificam esses animais estão as patas, que possuem três dedos nos pés traseiros e um adicional, bem menor, nos dianteiros. Outro detalhe é a tromba flexível, com no máximo 17 centímetros, e que possui pelosimportantes para decifrar cheiro e sentir umidade.

O habitat natural das antas são as florestas úmidas e próximas aos rios. Essas características dos habitats são importantes, pois frequentemente elas tomam banhos de água e lama, como forma de se livrar de carrapatos, moscas e outros parasitas. A alimentação, basicamente, é formada por folhas, frutos, brotos, ramos, plantas aquáticas, grama e pasto, sendo definida como herbívora.

Com a revelação da Tapirus kabomani, somam cinco espécies de antas descritas pela ciência. O novo animal encontrado passa a ser considerado o segundo maior mamífero sulamericano, pesando em média 100 kg, atrás apenas da ‘anta brasileira’ (Tapirus terrestris).


A Fundação Grupo Boticário no apoio à descoberta de novas espécies

Por meio das iniciativas de conservação da natureza apoiadas pela Fundação do Grupo Boticário já foi possível descrever 67 novas espécies de animais e plantas. Antes da Tapirus kabomani, as duas últimas descobertas foram uma ave, o pedreiro-do-espinhaço; e um anfíbio. O Cinclodes espinhacensis, pássaro que é da mesma família do joão-de-barro, foi encontrado na Serra do Cipó, localizada na região sul da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, a 50 quilômetros da capital mineira. A outra espécie encontrada, o Brachycephalus tridactylus, foi descoberta na Reserva Natural Salto Morato (PR), localizada no bioma Mata Atlântica, o mais ameaçado no Brasil.

Contato com a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.

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