Jane Goodall e os chimpanzés em Gombe, na Tanzânia/
Foto Divulgação Instituto Jane Goodall
Os chipanzés também fazem isso!
Jane revelou ainda que temos comportamentos parecidos com nossos primos e que, como eles, damos tapinhas nas costas dos amigos, mas estamos dispostos a enfrentar grupos da própria espécie considerados rivais.
Vale para o futebol? E a guerra?
Jovem autodidata, no início da carreira, entrou nas selvas da Tanzânia, na África, em 1960 para observar o comportamento de grupos de chimpanzés. Estava orientada por renomados cientistas da Inglaterra.
Mas desenvolveu uma técnica inesperada no trabalho: Jane conseguiu interagir e ser aceita por um grupo desses primatas.
Foi um macho idoso, chamado David Greybeard, quem lhe abriu as portas para o misterioso mundo dos macacos.
No sol, na chuva, desde o amanhecer, lá estava a jovem na floresta, sempre de bermudas, em meio a esses animais fortes e selvagens.
Não era tarefa fácil e nem isenta de riscos: quando seu filho Grub nasceu, ela e o primeiro marido construíram na varanda da casa na África uma jaula. O menino deveria brincar e comer dentro do recinto, protegido pelas grades.
Jane descobriu que chimpanzés capturavam bebês de outros primatas e até bebês de tribos humanas para comer. Não viviam só de frutas e sementes. E eram exímios caçadores que conversavam entre si nas investidas contra todo tipo de bicho.
"Os chimpanzés são muito parecidos conosco", diz Jane em seu livro "My Life With The Chimpanzees" (2010). "Seu sangue e suas respostas às doenças são como as nossas."
Ela observou que os chimpanzés são capazes de fazer ferramentas, como finos e compridos gravetos, para capturar cupins em túneis.
Eles têm uma infância longa como a dos humanos e podem aprender observando os familiares mais experientes. "A maioria dos animais não humanos não consegue fazer isso. Além disso, os chimpanzés se abraçam e se beijam quando se cumprimentam, como nós."
Jane festejou a observação de que chimpanzés adotavam filhotes orfãos do grupo, como o caso de Spindle (filhote) e Mel (jovem adulto), o que reforçou a descrição de que uns cuidam muito bem dos outros.
No seu livro, ela afirma que tanto chimpanzés e humanos podem ser gentis e amorosos quanto desagradáveis e odiosos.
Com os avanços nas pesquisas, Jane frequentou a Cambridge University, e tornou-se PhD em Etologia, e fez pesquisas também com gorilas e orangotangos. Sem medo da aproximação!
"Eu tenho fé na espécie humana", disse ela, lamentando a crueldade e a violência que fazem parte do cotidiano das sociedades humanas.
Jane Goodall dizia haver uma distinção fundamental entre humanos e os demais animais.
O Homo sapiens é o único que ameaça a vida no planeta Terra.
"Nós não somos inteligentes, se você é inteligente você não destrói seu único lar."
A cientista faleceu aos 91 anos na quarta-feira, 1º de outubro.
Chimpanzé utilizando ferramenta para caçar cupins/
Foto divulgação Instituto Jane Goodall
Para saber mais:
https://janegoodall.org/