sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Muito obrigado, Jane Goodall.

Jane Goodall e os chimpanzés em Gombe, na Tanzânia/
Foto Divulgação Instituto Jane Goodall


                    Jane Goodall 1934 -2025 


  A britânica Jane Goodall nos mostrou, em anos nas florestas da África, que não somos os únicos no planeta a usar instrumentos para facilitar a sobrevivência e nem originais ao elaborar sons para tornar eficiente a comunicação e a estratégia de uma caçada. 

  Os chipanzés também fazem isso!

   Jane revelou ainda que temos comportamentos parecidos com nossos primos e que, como eles, damos tapinhas nas costas dos amigos, mas estamos dispostos a enfrentar grupos da própria espécie considerados rivais. 

  Vale para o futebol? E a guerra? 

   Jovem autodidata, no início da carreira, entrou nas selvas da Tanzânia, na África, em 1960 para observar o comportamento de grupos de chimpanzés. Estava orientada por renomados cientistas da Inglaterra.

  Mas desenvolveu uma técnica inesperada no trabalho: Jane conseguiu interagir e ser aceita por um grupo desses primatas. 

  Foi um macho idoso, chamado David Greybeard, quem lhe abriu as portas para o misterioso mundo dos macacos.

  No sol, na chuva, desde o amanhecer, lá estava a jovem na floresta, sempre de bermudas, em meio a esses animais fortes e selvagens.

   Não era tarefa fácil e nem isenta de riscos: quando seu filho Grub nasceu, ela e o primeiro marido construíram na varanda da casa na África uma jaula. O menino deveria brincar e comer dentro do recinto, protegido pelas grades.

   Jane descobriu que chimpanzés capturavam bebês de outros primatas e até bebês de tribos humanas para comer. Não viviam só de frutas e sementes. E eram exímios caçadores que conversavam entre si nas investidas contra todo tipo de bicho.

  "Os chimpanzés são muito parecidos conosco", diz Jane em seu livro "My Life With The Chimpanzees" (2010). "Seu sangue e suas respostas às doenças são como as nossas." 

  Ela observou que os chimpanzés são capazes de fazer ferramentas, como finos e compridos gravetos, para capturar cupins em túneis. 

  Eles têm uma infância longa como a dos humanos e podem aprender observando os familiares mais experientes. "A maioria dos animais não humanos não consegue fazer isso. Além disso, os chimpanzés se abraçam e se beijam quando se cumprimentam, como nós."

    Jane festejou a observação de que chimpanzés adotavam filhotes orfãos do grupo, como o caso de Spindle (filhote) e Mel (jovem adulto),  o que reforçou a descrição de que uns cuidam muito bem dos outros.

    No seu livro, ela afirma que tanto chimpanzés e humanos podem ser gentis e amorosos quanto desagradáveis e odiosos. 

  Com os avanços nas pesquisas, Jane frequentou a Cambridge University, e tornou-se PhD em Etologia, e fez pesquisas também com gorilas e orangotangos. Sem medo da aproximação!

    "Eu tenho fé na espécie humana", disse ela, lamentando a crueldade e a violência que fazem parte do cotidiano das sociedades humanas.

   Jane Goodall dizia haver uma distinção fundamental entre humanos e os demais animais.

  O Homo sapiens é o único que ameaça a vida no planeta Terra.

  "Nós não somos inteligentes, se você é inteligente você não destrói seu único lar."

    A cientista faleceu aos 91 anos na quarta-feira, 1º de outubro. 


     

Chimpanzé utilizando ferramenta para caçar cupins/
Foto divulgação Instituto Jane Goodall






Para saber mais:

https://janegoodall.org/


 

      

      

Brasil: 10 anos sem registro de raiva em humanos!

    Um vírus, que tem no morcego seu hospedeiro natural, ameaça a vida dos seres humanos há milhares de anos e em todo o mundo. É o vírus da doença raiva, de alta letalidade, que afeta o Sistema Nervoso Central e alcança as pessoas principalmente pela mordida dos cães. 

   Se um cão tem contato com um morcego (positivo para raiva) ao caçar o mamífero voador, por exemplo, ele pode transmitir a doença ao ser humano. Perturbado, apavorado diante de água e incapaz de deglutir, o cão torna-se uma ameaça de uma hora para a outra e fica agressivo.

  A raiva foi ao longo da evolução da Humanidade uma das mais terríveis enfermidades, porque tem em nosso amigo e primeiro animal domesticado um transmissor. No início, a doença era chamada de hidrofobia (os pacientes têm medo de deglutir água).

  A batalha contra a doença, mas não a guerra, começou a ser vencida a a partir das descobertas do francês Louis Pasteur, que desenvolveu  vacina contra esse vírus letal em 1885. 

  No Brasil, o combate para valer começou em 1903, com a inauguração do Instituto Pasteur, em São Paulo, que passou a produzir a vacina antirrábica. A estratégia epidemiológica adotada contra a raiva é de vacinar anualmente quantos cães e gatos forem possíveis, cortando neste ponto a cadeia de transmissão que vem do morcego. Por isso, não há vacinação contra a raiva em massa em pessoas. 

  A estratégia tem dado certo no Brasil e no mundo.

 O Ministério da Saúde acaba de anunciar que o Brasil atingiu o marco de 10 anos sem registros da raiva (transmitida por cães) em humanos! É uma vitória e tanto se considerarmos que países da Ásia vivem epidemia da doença. 

 A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, do governo federal, Mariângela Simão, disse que entregará relatório sobre a conquista à Organização Mundial da Saúde (OMS). 

 "É um resultado histórico, fruto de campanhas gratuitas de vacinação de cães e gatos, distribuição de vacinas e soros para a população, e dedicação incansável dos profissionais do SUS", disse ela à Agência Brasil.

  No entanto, o Ministério da Saúde se refere apenas aos cães, embora os gatos domésticos e até animais silvestres, como macacos e gambás, possam transmitir a raiva aos humanos.

  Além disso, em cidades como São Paulo a vacinação gratuita em cães e gatos não é mais feita diretamente nas comunidades, como ocorria em todo mês de agosto. Atualmente, o cidadão precisa lembrar da necessidade da vacinação e levar seu pet aos locais indicados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).