O lobo-guará em recinto da Associação Mata Ciliar/Fotos de Ricardo Osman |
O seu cãozinho doméstico (Canis familiaris) tem primos bem próximos nas matas e campos do Brasil. São animais silvestres como o lobo-guará (Chrysocyon brachyrus) que vive em um longo território que se estende do cerrado do Nordeste do País até a Mata Atlântica da região Sudeste. É um cão de grande porte, muito esbelto e de pernas longas e finas, como descrito no livro "Mamíferos do Brasil", de Tomas Sigrist. Curiosamente, é um animal solitário, não vive, portanto, em matilha e se alimenta de frutos da árvore lobeira e de pequenos roedores, reptéis e aves. O animal da foto vive em um recinto da Associação Mata Ciliar, uma entidade que resgata, estuda, e preserva canídeos e outros animais silvestres, e quando possível, os devolve à mata. Sua sede fica em Jundiaí, interior de São Paulo.
No fim de semana de 28 e 29 de julho, a Mata Ciliar realizou o curso de Medicina Veterinária e Biologia de Canídeos Neotropicais. O curso foi coordenado pela bióloga Marília Fernandes Giorgete e recebeu estudantes, veterinários e biólogos de vários Estados do País. O autor deste blog participou do curso e conheceu de perto o trabalho extraordinário que é realizado por esta organização não-governamental para a preservação da vida selvagem no Brasil.
A fêmea de lobo-guará no experimento de enriquecimento ambiental |
Trata-se de um mundo que muitos que amam os cães desconhecem. Os hábitos e a dieta de cada espécie são específicas. No curso, os participantes puderam ver uma experiência de enriquecimento ambiental no recinto de fêmea de lobo-guará – foram usadas melancia e abóboras como novos elementos/alimentos para o animal.
Mas somente no domingo, todos puderam ver a complexidade dos resgates de animais selvagens, nos quais são utilizados tranquilizantes. O caso mais famoso foi o resgate da onça Anhanguera, atropelada na rodovia de mesmo nome, anos atrás. No segundo dia do curso, a aula prática foi realizada pela coordenadora da Fauna da Associação Mata Ciliar, Dra. Cristina Harumi Adania, e pelo professor e Dr. Paulo Anselmo Nunes Felippe, do Departamento de Epidemiologia da Mata Ciliar. "É preciso respeitar o tempo dos animais", disse Cristina Harumi, destacando a primeira lição. Respeito aos animais silvestres é o que mostram esses profissionais o tempo todo. Afinal, esses mamíferos não interagem conosco como os domésticos, e tanto na vida livre quanto em cativeiro têm diante de nós a reação de fuga ou ataque, se a área de segurança que estabelecem for invadida.
Enriquecimento ambiental com o cachorro-do-mato. |
Depois, com a ajuda de um puçá, o cachorro-do-mato de nome Filho, foi contido. O curso foi concluído com palestra sobre a vida dos animais em Zoológicos.
A CONTENÇÃO DOS CACHORROS-DO-MATO
Veja abaixo a sequência de fotos que mostram a contenção dos cachorros-do-mato, que teve início com a preparação correta dos dardos, o que não é tarefa fácil, e o cálculo das doses de anestésicos. Foram preparados três dardos, para o caso dos primeiros disparos não acertarem a musculatura do animal. Durante todo o tempo da contenção, as frequências respiratória e cardíaca foram monitoradas, assim como a temperatura corporal.A preparação dos dardos /Fotos Ricardo Osman |
O momento dos disparos em Sofia |
A fêmea Sofia já anestesiada |
Exames completos em Sofia. Temperatura, frequências respiratória e cardíaca foram continuamente monitoradas. |
Biometria: foram tiradas todas as medidas do animal. |
O centro cirúrgico da Mata Ciliar |
O cachorro-do-mato Filho anestesiado e examinado, após contenção com puçá. Agradecemos e parabenizamos os organizadores do curso |
Se você quiser saber mais sobre as atividades da Associação Mata Ciliar, acesse o site:
http://www.mataciliar.org.br/
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