quarta-feira, 29 de junho de 2011

O resgate da Asa Branca

A ave Asa Branca (Patagioenas picazuro)
                  
                             No domingo, dia 26 de junho, uma tarde de muita chuva, os vizinhos João e Maria Rita vieram me chamar em casa, na zona sul de São Paulo. Eles encontraram no jardim do prédio, perto do Parque Severo Gomes, um pombo caído e machucado. Segundo o porteiro, a ave bateu em vidro do prédio e tombou no chão atordoada. Os amigos João e Maria Rita estavam determinados a cuidar daquele pombo. Fui lá ver o animal e dar uma força com meus poucos conhecimentos de aves. Percebi machucado no lado direito do peito, no bico. O pé direito não se movia, mas as asas não estavam quebradas. A ave ficou em uma caixa na cozinha. Sua recuperação era incerta, naquele momento. No dia seguinte, mais tranquilos, observamos com cuidado as penas de cor marrom e os olhos contornados por tecido vermelho. A ave comeu fruta. Talvez, não fosse um pombo doméstico, destes que vemos no Centro de São Paulo e do Rio de Janeiro. Fui procurar informações no belíssimo livro "Fauna Silvestre" de São Paulo, editado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (trabalho coordenado por Anelisa Ferreira de Almeida Magalhães e Marcos Kawall Vasconcellos). E lá na página 185 estava a foto de nosso amigo em um galho de árvore: o pombo resgatado é a ave Asa Branca (nome da espécie é Patagioenas picazuro), um animal considerado da fauna paulistana, que habita uma região extensa do Brasil e é comum no  cerrado nordestino. Em São Paulo, pode ser visto no Parque do Ibirapuera. A Asa Branca foi imortalizada na canção de Luiz Gonzaga. 
Na asa, a 'faixa' branca, característica da espécie
Imediatamente, fizemos contato com a Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre, o Depave3, da Prefeitura de São Paulo. Como estudante de Medicina Veterinária, sabia que a ave machucada precisava de cuidados especializados e que havia para ela um hospital específico mantido pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Coisa de primeiro mundo. Já estive lá outras vezes. Trata-se de uma equipe dedicada e competente, que cuida apenas de silvestres. Enviei um e-mail e eles solicitaram fotos do pombo. Graças aos cuidados de João e Maria Rita, a ave resistiu nestes dias de frio e foi entregue na tarde desta quarta-feira, dia 29 de junho, às 13h30 ao Depave3, onde será tratada e encaminhada, possivelmente, para a natureza. Esperamos uma breve recuperação do nosso amigo pombo Asa Branca, um lutador, que conta com as nossas orações.
Sexta-feira, dia 1.º de julhoA pedido dos amigos deste blog, segue o boletim dos veterinários de animais silvestres sobre o estado de saúde do pombinho: a ave está se recuperando bem, e comendo. Os exames mostraram que tem a clavícula quebrada, hematomas no corpo (peito) e o olho direito inflamado. Os veterinários estão confiantes em sua recuperação.

     Reproduzo aqui a letra (original) da canção de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira:

                               "Quando oiei a terra ardendo,
                                Qual fogueira de São João,
                                Eu perguntei a Deus do céu, ai
                                Por que tamanha judiação...
                                 
                                Que braseiro, que fornáia,
                                Nem um pé de prantação,
                                Por farta d'água perdi meu gado,          
                                Morreu de sede meu alazão...

                                Inté mesmo a asa branca
                                Bateu asas do sertão
                                Entonce eu disse, adeus, Rosinha,
                                Guarda contigo o meu coração...

                                Hoje, longe muitas léguas,
                                Numa triste solidão,
                                Espero a chuva cair de novo
                                Pra mim vortá pro meu sertão...

                                Quando o verde de teus óio
                                Se espaiá na prantação
                                Eu te asseguro, num chore não, viu
                                Que eu voltarei, viu, meu coração..."  
  

Um comentário:

  1. Olá....
    Faz 2 semanas que achei uma pombinha na frente de casa com a asa machucada. Dei agua, comida, remedio......... ela esta bem mais espertinha porém, a asa direita ainda está bem caída e ela tenta voar mas não consegue. Já tentei vários lugares mas ninguem quer saber de pombo. Como vou deixar o bichinho morrer ou deixar em qq lugar como já me aconselharam? Essas pessoas não tem coração? Sinto que ela quer voar, ela tenta bater as asas mas não consegue força para sair do chão.
    Pode me ajudar por favor?
    Débora-SP Capital

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