quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cervos, nos arredores de Nova York!


Vista da janela: cervos entram em condomínio perto de Nova York/Fotos Moema Maciel

                               A leitora deste blog, a brasileira Moema Maciel, que vive com a família na  cidade de White Plains, no estado de Nova York, a 30 minutos de Manhattan, se surpreendeu ao abrir a janela e ver um bando de cervos caminhando tranquilamente pelas ruas do condomínio onde mora. Os animais vivem livremente na natureza nessa região que tem campos e bosques preservados. A cena registrada no outono americano  impressiona por ocorrer ao lado de uma das maiores cidades do mundo. "Mesmo estando tão próximos da Big Apple nos sentimos no interior", disse Moema, referindo-se à paisagem de árvores e animais silvestres desta cidade ao norte de Nova York. 
                             Os animais silvestres são protegidos pela comunidade. Moema lembra o que viu ao chegar à cidade em maio de 2010. "Muitos pássaros, esquilos e coelhos silvestres passeavam por nosso jardim", descreveu"Foi no outono que vimos os primeiros cervos. Geralmente eles aparecem nos fundos do condomínio, onde há um bosque com um pequeno lago natural. Lá também vivem patos silvestres. Uma cerca baixa separa o bosque do condomínio. Às vezes os cervos pulam essa cerca. Eles parecem ser calmos, mas não chegamos perto para conferir!" 
                            Na estação de inverno (dezembro, janeiro e fevereiro no hemisfério norte), a neve muda a paisagem. "Nessa época, os cervos aparecem com maior frequência. Acredito que vêm atrás de pastos. Os coelhos e os patos somem nessa temporada. Só os esquilos continuam no nosso jardim."  Atualmente, a brasileira Moema e sua família desfrutam das cores da primavera. "As árvores já começaram a florescer, os pássaros voltaram e cantam pela manhã. Os patos retornaram ao lago. Os coelhos? Ainda nao vimos nenhum...", disse ela. Mas, com certeza, os orelhudos vão aparecer! 
 
Nos fundos do condomínio: cidade é exemplo de convivência pacífica entre animais e seres humanos
                                 One of our readers, Brazilian citizen Moema Maciel, currently living with her family in the city of White Plains, NY, just a 30 minute ride from Manhattan, shares with us something special she experienced last fall. It was an ordinary morning. She woke up, opened her window and was amazed by the scene: a deer herd was strolling around her condo and some of the animals were calmly sniffing around in her yard. In this part of the country the woods and fields are well preserved, what makes life easier for the deer used to living in the wild. However, what is really amazing about the scene our reader reported is the fact that it takes place in the surroundings of one of the world  hugest cities. “We’re near the Big Apple, but we feel like living in the countryside”  Moema says, referring to the landscape full of trees and wild animals of New York northern suburbs.
                             The animals are protected by the community. Moema recalls something she noticed as soon as she arrived, on May 2010. “There were many birds, squirrels and wild rabbits in our garden. We saw our first deer in the fall. They usually show up in the back of our condo where there’s a piece of woodland with a small lake. Wild ducks live there too. There’s a small fence between the woodland and the condo, and sometimes the deer jump over it. They look very sweet but we’ve never got close enough to check it!"
                            In wintertime (from December to February in the Northern Hemisphere), the snow changes the landscape. “The deer come more often in wintertime. I think they come looking for food. The rabbits and ducks seem to disappear. Of all small animals, only the squirrels keep coming to our garden”. Now it is springtime in White Plains, so Moema and her family enjoy the colors: “The trees have already begun to flourish, the birds have returned and sing every morning. The ducks came back to the lake too. Rabbits? We haven’t seen them yet” she says. Give them time, dear reader,  they will surely show up again!
Na primavera, em White Plains: a volta dos pássaros
 

Mais uma foto, de um pato, enviada por Moema Maciel


Exibir mapa ampliado

terça-feira, 26 de abril de 2011

A universidade vai formar cães-guias

Os cães-guias são leais auxiliares dos deficientes visuais/Foto Divulgação


                  A universidade vai formar cães-guias para ajudar os deficientes visuais de São Paulo e possivelmente de outros pontos do País. O projeto é inédito e já saiu do papel. Cerca de 30 cães-guias deverão ser formados por ano lá no campus da Universidade de São Paulo (USP). O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinou decreto, neste mês, lançando o Programa Cão-Guia. O projeto inclui a construção de um prédio no campus da USP para abrigar o Centro de Referência para o Cão-Guia. O valor da obra é de R$ 2,5 milhões e o prédio terá canis e estrutura para receber até 92 cachorros. O Centro de Referência Cão-Guia será administrado em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. O diretor da FMVZ, José Antônio Visintin, e a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, estiveram na solenidade de lançamento do projeto. Segundo Linamara Rizzo, os cães-guias são uma grande ferramenta de acessibilidade, significando “independência e capacidade de autonomia para um deficiente visual”. Este é o primeiro centro público do gênero no País. O Estado finalmente assume sua responsabilidade na integração de cidadãos e animais. Aprovo o projeto que tem tudo para dar certo e formar esses animais maravilhosos, que fazem o serviço com dedicação e merecem todo o nosso respeito e gratidão.



domingo, 24 de abril de 2011

A mulher gato

A jornalista Neide Martingo: no universo dos gatos/Fotos Thiago Martingo
O universo dos gatos é ainda um campo cheio de mistérios. Poderemos amar e ser amados por estes felinos domesticados? A jornalista Neide Martingo, 44 anos, afirma que sim, sem dúvida. Ela tem um relacionamento especial com os gatos, consegue compreendê-los e ser compreendida por eles. A sua família, como ela conta, é formada pelos filhos Thiago, de 26 anos, e os gatinhos Nina, Miguel e Freddie. Os quatro são fontes de amor. Neide costuma dizer que quando chega em casa, depois de um dia de trabalho, encontra conforto e serenidade na energia felina. Ao contrário, portanto, do que afirmam alguns cientistas, de que os animais agem por instinto agradando o líder do grupo, temos aqui um depoimento sincero sobre o carinho e a afeição que unem homens e gatos desde o Egito antigo: 

AnimaisOk _ Quais sentimentos os gatos despertam em você?

Neide Martingo _ Os meus três gatinhos despertam amor em mim. Eles dão amor antes de receber, o tempo todo. Uma vez eu li, em algum lugar, que os animais sabem ensinar o ser humano a amar. E sabem mesmo.  Eu sempre adorei os animais, principalmente gatos e cachorros. Mas quando adotei a Nina, há pouco mais de três anos, fiquei muito surpresa. Ouço muitas críticas em relação aos gatos. Algumas pessoas dizem que eles são traiçoeiros e egoístas. Não são. Eles precisam ser conquistados. E são os melhores amigos e companheiros que alguém pode querer.
                                                                                                                                                                                     

Os gatos Freddie (à frente), Nina (ao fundo, deitada) e Miguel (à direita)
 AnimaisOk _ Quais as principais qualidades que você encontra nesses felinos?
Neide Martingo _ Não sei explicar a minha paixão pelos gatos. Há uma identificação muito grande entre mim e eles. A Nina, o Miguel e o Freddie sabem quando eu estou cansada, alegre, ou triste. O comportamento deles denuncia isso. Dependendo do meu estado de espírito, os três me tratam de um jeito. Incrível.

 
AnimaisOk_ O reencontro à noite, depois do seu trabalho, é revigorante. Por que?
Neide Martingo _ Às vezes, durante o dia, eu vejo as fotos dos três, de tanta saudade que sinto. Eu acredito que as pessoas que não gostam de gatos não os conhecem muito bem, só pode ser. Eu chego em casa e os três vêm correndo na minha direção. A Nina gosta de dar lambidinha no meu nariz, e esfrega o nariz dela no meu. O Miguel se esfrega nas minhas pernas e o Freddie quer colo, sempre. São três anjos que tenho.

AnimaisOK _ Você acredita que os animais têm vida espiritual?
Neide Martingo _ Sim. Gosto de pensar que um dia vou reencontrar meu Mingau, que já se foi.
    

O RESGATE DO GATO MINGAU
O gato Mingau (à frente) e Nina (ao fundo)
Em novembro de 2008, um gato que vivia com meninos e meninas de rua no Terminal Bandeira sobreviveu a um incêndio. Fiz uma reportagem na ocasião para o Diário do Comércio, jornal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em que contei a história dos jovens moradores de rua e do gato, Mingau. Esse era o nome do bichano. O menino que cuidava de Mingau, ambos sem-teto, deixou o gato com uma protetora na Praça Ramos, e essa senhora o levou a uma clínica veterinária para tratamento. A minha colega Neide Martingo deu continuidade à reportagem e localizou o gato. A conta do veterinário foi paga e Neide ficou responsável por Mingau. Acompanhamos também por duas semanas a trajetória daqueles meninos e meninas. O adolescente que cuidava do gato foi posteriormente retirado das ruas pela Vara da Infância e da Juventude, em trabalho conjunto com a Assistência Social da Prefeitura, e seguiu para um abrigo. Meses depois, foi adotado por uma família da zona norte da Capital. Foi um desfecho feliz. 
A seguir o depoimento de Neide sobre o inesquecível Mingau:

"Conheci o gato Mingau fazendo uma reportagem, num domingo. Ele “morava” com um grupo de crianças embaixo da passarela da Ponte das Bandeiras. O lugar pegou fogo, e o bichinho quase morreu. Lá ele comia ratos, à noite, para proteger as crianças. Elas foram para um abrigo. O Mingau, para minha casa. Meses depois, o Mingau teve câncer, e o levei num veterinário especializado em gatos. A pata traseira teve que ser retirada. Ficou tudo bem, aparentemente. Oito meses depois, descobrimos que o câncer tinha tomado conta de todos os órgãos. Não havia mais o que fazer. O Mingau estava sofrendo muito. E o deixei ir – não aguentava mais vê-lo sofrer. O que ficou foram as lembranças queridas de um gato que morou na rua e sofreu todo o tipo de violência. Mesmo com tantas dificuldades, ele era carinhoso, doce. Foi um grande amigo."


A reportagem sobre os meninos de rua e o gato Mingau na edição de 6 de novembro de 2008 do Diário do Comércio
Leia a reportagem do Diário do Comércio 


domingo, 17 de abril de 2011

O doutor dos olhos dos animais


Dr. Fernando de Barros Nóbrega Maia, oftalmologista de animais: examina os olhos de um gato

ESPECIAL DE PÁSCOA

Ele é especialista em tratamento de olhos de cães e gatos. Um médico veterinário dedicado ao complexo orgão da visão dos animais. Sabe muito sobre córneas, pupilas, cristalinos e doenças, como a catarata. O doutor Fernando de Barros Nóbrega Maia, médico veterinário formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), em 1998, é uma das maiores autoridades do País no assunto. Profissional com residência em clínica médica e cirurgia, e mestrado em Oftalmologia na USP. Atualmente, trabalha no Hospital Veterinário PetCare, no Morumbi, e na unidade do PROVET, na rua Divino Salvador, em Moema. Nas consultas, é possível perceber que ele une, ao conhecimento acadêmico, seu amor pelos animais. Fernando Maia tem para com os bichos um olhar especial. Por isso, já teve até um paciente orelhudo: o coelho Bininho. Embora sua especialidade seja em cães e gatos, Fernando Maia atendeu gentilmente o coelho e o curou de uma grave infecção nos olhos, o que evitou a cegueira.
A seguir, a ENTREVISTA EXCLUSIVA e o artigo sobre o dia em que Bininho foi ao oftalmologista.   



Dr. Fernando Maia e os sofisticados equipamentos

AnimaisOk _ Quais os problemas de olhos mais comuns em cães em uma cidade como São Paulo?
Dr.Fernando Maia _ Diagnosticamos com frequência úlceras de córnea, cataratas, ceratoconjuntivite seca (olhos secos).

AnimaisOk _ Quais as raças que exigem maiores cuidados com os olhos?
Dr. Fernando Maia _ As raças mais susceptíveis às lesões de córnea são as braquicefálicas, devido à maior exposição dos olhos, ou seja as Shih tzu, Lhasa Apso, Pug, Bulldog, entre outras.

             AnimaisOk _ Quais os problemas de olhos mais comuns em gatos?
            Dr. Fernando Maia _ Nos gatos, detectamos conjuntivites, úlceras de córnea, uveítes (inflamação intra-ocular).             AnimaisOk _ Há raças de gatos que exigem maiores cuidados? 
             Dr. Fernando Maia _ Sim. O gato Persa. Essa é a raça que exige maiores cuidados com os olhos, devido à conformação da face e projeção dos olhos.
            

            AnimaisOk _ Quais cuidados os proprietários de cães e gatos podem adotar diariamente para evitar problemas nos olhos de seus animais?
            Dr. Fernando Maia _ Secreções oculares devem ser limpas cuidadosamente com soro fisiológico. É muito importante que os proprietários fiquem atentos aos sintomas de problemas oculares - olhos vermelhos, secreção em excesso, coceira, olhos fechados ou piscando rapidamente. Se o animal apresentar um ou mais desses sinais, o proprietário deve procurar ajuda especializada.



O coelho Bininho: tratamento evitou a cegueira

AnimaisOk _ A doença de catarata é comum aparecer em animais idosos?
Dr. Fernando Maia _ A catarata pode ser senil, mas também são frequentes casos de catarata juvenil. Existem raças mais predispostas à catarata, como Poodle, Lhasa Apso, Cocker, Schnauzer e outras. Já entre os gatos, as cataratas são mais raras.
            
             AnimaisOk _ A cirurgia de catarata em cães e gatos é hoje um procedimento bem conhecido pela Medicina Veterinária? O que substitui o cristalino que é retirado?
             Dr. Fernando Maia _ A cirurgia é recomendada em muitos casos e, hoje em dia, a técnica mais indicada é semelhante à utilizada em seres humanos, sendo possível até o implante de uma lente artificial em substituição ao cristalino extraído.

            AnimaisOk _ O que é preciso fazer para um médico veterinário se tornar um oftalmologista?    
            Dr. Fernando Maia _ Atualmente o conhecimento aprofundado em áreas específicas pode ser obtido em cursos de especialização, pós graduação, programas de residência e estágios em centros de especialidades.



O COELHO BININHO VAI AO OFTALMOLOGISTA


Bininho em sua casa, o Coelhódromo: infecção nos olhos 

O coelho Bininho (o nome vem do diminutivo de albino) precisou ir ao oftalmologista depois que surgiu uma infecção no olho direito. Ele tinha quatro anos de idade e o caso era grave. Liguei para o Dr. Fernando Maia e marquei uma consulta. Não sabia se ele toparia ajudar o paciente orelhudo. Mas Maia era nossa última esperança. E ele topou. Ao entrarmos na sala da consulta, fiquei surpreso ao ver o médico veterinário apagar todas as luzes e fechar as cortinas. Mas logo tive a resposta: o veterinário pegou seus sofisticados equipamentos, com luzes internas verdes, e começou a examinar cuidadosamente os olhos de Bininho. O olho direito estava perdido, mas o esquerdo poderia ser salvo e garantir ao coelho uma qualidade de vida boa no quintal de casa. Começamos naquele dia uma luta contra a cegueira. "Vamos precisar fazer um longo tratamento para salvar esta vista", disse o doutor.



Tratamento intensivo com colírios

Ele indicou uma lista completa de medicamentos e colírios. Bininho precisava receber, durante 45 dias, seis doses diárias de colírios e tomar ainda, via oral, um antibiótico. Os olhos deveriam também ser lavados diariamente com água boricada. Os colírios eram anestésicos (para a dor), antibióticos especializados e até serviam para conter as secreções. Saí da consulta agradecido e com esperança. Bininho respondeu muito bem ao tratamento. Ao final dos 45 dias, a vista esquerda estava salva. Ele não tinha mais infecções e podia ver normalmente com o olho esquerdo. Viveu bem assim em companhia da cachorra Estrela, de Buguinho, Tetê, Gordo, Chérie e Lua e da irmã Botinha e o pai Malhadinho. Por muitos anos, esse pequeno campeão orelhudo correu alegre e saltitante pelo "coelhódromo" (sua casinha no quintal da residência) e apareceu para pedir pãozinho na porta da cozinha.

Feliz Páscoa Para todos,
Forte abraço,
Ricardo Osman   


Para saber mais: a história de Bininho está contada no meu livro "Estrela e o Quarteto Mágico - a vira-lata abandonada, seus filhotes e outras estórias", no Capítulo 26.

ONDE ENCONTRAR O DR. FERNANDO MAIA:

Muitos leitores deste blog enviaram perguntas no Comentários ao Dr. Fernando Maia. Agradecemos a todos. Pedimos, porém, aos leitores que buscam tratamento para seus animais (cães, gatos ou coelhos) que entrem em contato direto com o Dr. Fernando Maia. SOMENTE O DR. FERNANDO MAIA EM CONSULTA PODERÁ INDICAR ALGUM TIPO DE TRATAMENTO. 
O Dr. Fernando Maia atende em São Paulo.

PROVET
Contatos:
Funcionamento da unidade: De segunda a sexta-feira das 08:00 às 21:00 horas e sábados das 08:00 às 18:00 horas.
Telefone: 55 (11) 5055-9271

PET CARE: Unidade Morumbi

Avenida Giovanni Gronchi, 3.001 - São Paulo - SP

Tel.:(11) 3740-2152 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Paixão por focas, lobos, leões e elefantes-marinhos


Banho de sol no Cabo Polônio, no Uruguai: um lobo-marinho-sul-americano macho (à esquerda) e uma fêmea de leão-marinho-sul-americano.
Foto de Thais Peixoto Gaiad Machado 
       
                 Focas, lobos-marinhos e leões-marinhos costumam aparecer no litoral brasileiro, principalmente na estação de inverno no hemisfério sul. Esses mamíferos marinhos são trazidos da Antártica por correntes oceânicas e chegam a São Sebastião, Ubatuba e praias de Cabo Frio, no Rio. Cerca de 200 animais aparecem por aqui anualmente. Para falar sobre isso, entrevistamos um dos maiores especialistas brasileiros em focas, lobos, leões e elefantes-marinhos, o professor e veterinário Alex Sander Dias Machado, de 33 anos. Alex Sander fez mestrado em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres pela Universidade de São Paulo e concluiu o doutorado em Ciências na USP. Teve um período “sanduíche” na Escola Superior de Veterinária de Hannover, na Alemanha. Segue a ENTREVISTA EXCLUSIVA:
AnimaisOk: Quais as espécies de mamíferos marinhos que costumam aparecer no litoral brasileiro?
Alex Sander: Os mamíferos marinhos mais comuns por aqui são duas focas provenientes da Antártica, a foca-caranguejeira e a foca-leopardo; o elefante-marinho-do-sul, proveniente do extremo sul da Argentina (Terra do fogo, Uchuaia); o lobo-marinho-sub-antártico, proveniente da costa atlântica africana ou região sub-polar; o lobo-marinho-antártico que vem da Península Antártica; o lobo-marinho-sul-americano e o leão-marinho-sul-americano, que são os mais avistados, provenientes da costa uruguaia ou argentina.
 
AnimaisOk: Em que época do ano e por que esses animais aparecem no Brasil?
Alex Sander: No sul do País podemos avistar esses animais durante grande parte do ano, contudo no inverno as avistagens são mais frequentes na área que vai desde o Chuí até Cabo Frio, no Rio de Janeiro. A sazonalidade da maioria das ocorrências é devido ao deslocamento na direção norte da convergência subtropical formada pelo encontro das águas da Corrente Brasil com a Corrente das Malvinas, durante os meses de inverno, influenciando profundamente a composição da fauna de mamíferos marinhos e aves costeiras e marinhas nos Estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Geralmente a convergência ocorre entre o Uruguai e a Argentina, mas no inverno ela pode ocorrer até em frente ao estado do Rio. Essa mudança na corrente de águas frias vindas do sul é que faz com que animais antárticos ou sub-antárticos façam parte da fauna brasileira.

AnimaisOk: Quais são os principais locais em que eles aparecem?
Alex Sander: É possível que encontremos Pinípides em qualquer uma das nossas praias desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, mas a maioria das ocorrências são em áreas desabitadas e silenciosas. Cada espécie tem sua preferência pela geografia que está mais adaptada, por exemplo os lobos-marinhos são geralmente vistos em áreas pedregosas como costões, pontas ou ilhas.

AnimaisOk: O Brasil tem alguma espécie de pinípides?
Alex Sander: De acordo com o IBAMA e Ministério do Meio Ambiente na fauna brasileira existem sete espécies desses carnívoros marinhos que apresentam o corpo em forma de torpedo e patas na forma de remo chamados de Pinípedes ou Focóides.
AnimaisOk: O que deve fazer um banhista se encontrar o animal na praia?
Alex Sander: O primeiro passo é não se aproximar do animal. Deve tentar chamar entidades que trabalhem com esses animais marinhos, e até que chegue a ajuda especializada o banhista deve apenas observar em silêncio o comportamento do animal para poder fornecer algumas informações quando da chegada do médico veterinário ou biólogo. Pode fotografar o animal para posterior identificação da espécie caso o animal retorne sozinho para a água antes da chegada dos profissionais. O importante é permitir que o animal fique em traquilidade, sem ser molestado.
AnimaisOk: O Brasil deveria ter um guia de identificação desses animais?
Alex Sander: Sim. Um guia para facilitação da identificação destes animais a ser distribuído às comunidades costeiras ou turistas é algo fundamental para a melhor compreensão da importância ecológica das águas brasileiras no ciclo de vida destas espécies. A maioria dos brasileiros sequer sabe da existência de focóides em águas nacionais.



terça-feira, 12 de abril de 2011

Congresso de Bem-Estar Animal discute a situação dos cães e dos gatos abandonados e o papel dos bichos nas famílias


Dra. Rita de Cássia, coordenadora do ITEC: cursos especializados/Fotos Ricardo Osman

               O Congresso Internacional de Bem-Estar Animal, realizado na Universidade de São Paulo (USP), no último fim de semana, contou no domingo com debates valiosos. A presidente da Associação Médico Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (Amvebbea), Dra. Ceres Faraco, falou sobre os cuidados necessários com cães que trabalham em terapias de seres humanos, e recebeu no auditório as doutoras Rosângela Ribeiro, da Sociedade Mundial de Proteção Animal (World Society for the Protection of Animal, sigla é WSPA), e Rita de Cássia Maria Garcia, do Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC) de São Paulo, que falaram sobre os animais abandonados.

Dra. Ceres Faraco, presidente da  Amvebbea, e Dr. João Telhado

                           Dra. Rosângela fez uma apresentação sobre a situação de cães e gatos abandonados no Brasil. São 2,5 milhões de animais que vivem nas ruas do País e 70% dos animais abandonados já tiveram um lar. Os dados do RadarPet de 2009 contabilizam 25 milhões de cães e 7 milhões de gatos _ sendo que 70% são animais de companhia, 16% de guarda e 8% de guarda e companhia. Acrescentei, na hora das perguntas, que estes animais fazem parte da economia formal do País e lembrei que os donos dos bichos pagam muitos impostos (como o ICMS, embutido nos produtos), o que deveria ter uma contrapartida dos governos em serviços.

Auditório cheio no Congresso Internacional
  A Dra. Rita de Cássia falou sobre o curso FOCA, de Formação de Oficiais de Controle Animal, uma revolução que ela introduziu na capacitação dos agentes que capturam e tratam dos animais principalmente nos Centro de Controle de Zoonoses (CZZ) do Brasil.  "O problema do abandono exige das comunidades a solução do problema", disse Rita de Cássia. Métodos de castração e cursos sobre a Posse Responsável são fundamentais neste processo de controle da população dos animais domésticos. Mas isso não é suficiente. "Não adianta pensar fatiado sobre o problema. São preciso equipes multidisciplinares trabalhando nesta área". Ou seja, professores e agentes sociais dos governos devem se unir na tarefa de dar melhor qualidade de vida aos animais, evitar o abandono e trazer bem-estar para os bichos e seus proprietários.

Dra. Rosângela Ribeiro, da WSPA

Dra. Mauro Lantzman, da PUC de São Paulo
Foram inúmeras palestras interessantes, e vou falar delas no decorrer dos próximos dias. Mas destaco também a apresentação do Dr. Mauro Lantzman, veterinário e professor de Psicologia da PUC de São Paulo, especialista em comportamento. "Temos tendência de projetar características pessoais em nossos animais", disse ele na tarde de domingo, dia 10. E deu valiosas dicas de como analisar o bem-estar de um animal em uma família (avaliação física, ambiental, comportamental e psicológica). Ele destacou o comportamento afiliativo de humanos e cães, e da evolução adaptativa das espécies. "É preciso avaliar o ambiente e a dinâmica da família para entender o comportamento do animal", disse ele. "Qual o papel do cachorro em determinada família?".
                       O Dr. João Telhado Pereira, vice-presidente da Amvebbea, encerrou o Congresso Internacional de maneira emocionante. Ele pediu um minuto de silêncio "pelas atrocidades" cometidas por nós seres humanos contra os animais.
Para saber mais:  http://www.itecbr.org/  e  http://www.wspabrasil.org/

sábado, 9 de abril de 2011

Bem-estar animal é discutido em congresso internacional realizado na USP

Dra. Cristiane Schilbach Pizzutto fala sobre animais em Zoológicos

                                O conceito de bem-estar animal aplicado a animais domésticos, silvestres, exóticos e domesticados está sendo discutido neste fim de semana (9 e 10 de abril) no Congresso Internacional de Bem-Estar Animal, realizado na Universidade de São Paulo (USP) pela Associação Médica Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (Amvebbea). 
Dr. Néstor Calderón, da Universidade de La Salle
      As palestras deste sábado foram excelentes e acompanhei as apresentações. Destaco a da doutora Cristiane Schilbach Pizzutto que mostrou o trabalho de sua tese de doutorado com uma fêmea orangotango do Zoológico de São Paulo. A doutora Cristiane fez um projeto de "enriquecimento" do ambiente em que vivia a orangotango que melhorou a qualidade de vida do primata, e emocionou a platéia neste sábado. O animal vivia há anos no cativeiro do zoológico que não tinha uma única árvore. A doutora Cristiane mandou construir uma árvore artificial de 9 metros de altura e colocou nela cordas que simulavam os cipós. O resultado foi espetacular com a fêmea orangotango subindo na árvore já no primeiro dia, depois de alguns momentos de surpresa. "O enriquecimento de um ambiente ou da alimentação não depende tanto de dinheiro, mas de boa vontade", disse a doutora Cristiane. Enriquecer a alimentação significa, por exemplo, esconder os alimentos atrás de troncos ou dentro de caixas de forma a estimular a busca pelo animal. Na natureza, um felino chega a gastar 25% de seu tempo caçando. Os animais não encontram os alimentos nos potes. As situações que simulam o habitat de cada espécie contribuem para o bem-estar dos animais. 
                              Outro palestrante, o doutor Néstor Calderón, da Universidade de La Salle, na Colômbia, destacou aspectos éticos do conceito de bem-estar. "Somos muito afetivos com os animais domésticos na cultura latino americana, mas não nos dispomos muito a cuidar deles. Cuidar é diferente, exige dedicação e trabalho", afirmou o especialista. Ele destacou que, segundo o conceito de bem-estar, um animal deve estar "saudável, confortável, bem alimentado e seguro" em sua vida ao lado das pessoas. Ele contou que em Madri, na Espanha, já existem até especialistas em Psiquiatria Veterinária.
                              A presidente da Amvebbea, doutora Ceres Faraco, falou sobre os problemas enfrentados pelos animais domésticos no Brasil, vítimas de maus-tratos e do abandono. "Não está assegurado o bem-estar dos animais domésticos. Eles pagam um alto preço por conviverem intimimamente com os seres humanso. Não é fácil ser um animal de companhia", disse ela.
                             O congresso continua neste domingo, dia 10, a partir das 8 horas, no prédio da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).

Mais informações no site: http://www.amvebbea.com.br/

                                  

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os cães comunitários do município de Jacareí


Dona de casa cuida de cães comunitários no bairro Nova Aliança/Foto Valter Pereira/PMJ/Divulgação
                                 A Prefeitura de Jacareí, no interior de São Paulo, lançou uma campanha inédita a favor daqueles cachorros que vivem em meio à comunidade e não têm um dono específico. A prefeitura decidiu regularizar a situação destes animais conhecidos como "cães comunitários" e, para isso, usou a lei estadual em vigor, aprovada pelo governador em abril 2008. É a lei de número 12.916. A legislação permite a existência do cão comunitário, e o protege contra maus-tratos, mas coloca como condição que o animal seja castrado e vacinado, tenha um temperamento manso e tenha um responsável por ele na comunidade, que deve ser registrado no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da cidade. A informação que temos é que a iniciativa deu certo em Jacareí, os animais que vivem em praças e ruas não precisam sair destes locais e estão sendo assistidos pelas pessoas que gostam deles. A iniciativa pode ser copiada por outras cidades paulistas.
                                A lei 12.916 é um dos maiores avanços sobre o assunto no Estado de São Paulo. Foi proposta pelo deputado Feliciano Filho e proíbe a eutanásia pelo Poder Público em animais sadios. No artigo 4.º fala do cão comunitário. O inciso 1.º diz: "O animal reconhecido como comunitário será recolhido para fins de esterilização, registro e devolução à comunidade de origem, após identificação e assinatura de termo de compromisso de seu cuidador principal." O inciso 2.º acrescenta: "Para efeitos desta lei considera-se cão comunitário aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de dependência e de manutenção, embora não possua responsável único e definido."  
                               Portanto, o cão comunitário é um animal protegido pelo Estado. Se for alimentado com regularidade e levado ao veterinário, pode ter uma vida feliz na comunidade.
                               Romeu, o ex-cão comunitário: Tive pessoalmente uma experiência positiva com cão comunitário, em bairro da zona sul de São Paulo. Foi com o vira-lata Romeu, que encantou os moradores da rua e conquistou inúmeros amigos. Até festa de Natal foi feita para o Romeu. Depois de dois anos vivendo ao lado de uma guarita de segurança de rua, em sua casinha, e devidamente registrado no CCZ de São Paulo, Romeu foi adotado por uma família maravilhosa, e agora seu dono é o seu João, engenheiro aposentado. Romeu vive em uma bela e confortável casa, cercado de carinho e cuidados.
 
O vira-lata Romeu, de São Paulo, hoje um animal adotado.
                            
                     

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A ressurreição da onça

A onça-parda que sobreviveu a atropelamento na Via Anhanguera, interior de São Paulo/Divulgação


Se gato tem sete vidas, onça também tem. Gatos e onças são felinos. A onça-parda da foto conseguiu sobreviver a um atropelamento na Via Anhanguera, em São Paulo, foi resgatada no meio do asfalto, tratada durante mais de um ano e solta nas matas da Serra do Japi, em Jundiaí, para viver novamente em liberdade.
 A onça-parda da foto é um macho e recebeu o nome de Anhanguera. A espécie é Puma concolor, também conhecida como Suçuarana. Esse animal foi atropelado em setembro de 2009 e uma equipe de resgate da Organização Não-Governamental (ONG) Mata Ciliar conseguiu com competência tranquilizá-lo e retirá-lo da pista. A onça foi levada com ferimentos leves para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres da organização. O tratamento incluiu restauração de dente canino. Finalmente fortalecida, ganhou a liberdade em fevereiro último. No momento, o animal é monitorado por meio de um rádio-colar.

A ação é inédita e serve de exemplo para todas as concessionárias de rodovias do País. A ressurreição da onça, que em outros tempos, estaria morta, não é milagre. O trabalho da Mata Ciliar só foi possível graças a parceria mantida com a CCR AutoBan, que administra o sistema Anhanguera-Bandeirantes. Empresa e ONG desenvolveram projeto de resgate de animais.

Anhanguera, vai com Deus!
Abraços,
Ricardo Osman         
Foto do momento em que a onça é solta na natureza/Divulgação


                             Veja as cenas do resgate do felino na Via Anhanguera (vídeo acima)

domingo, 3 de abril de 2011

Príncipe William e a noiva Kate Middleton não querem presentes de casamento. Eles sugerem doações



                         Não há lista de presentes de casamento em lojas sofisticadas de Londres para o casal Príncipe William e Catherine Middleton. Se alguém quer dar um presente para os noivos, que sobem ao altar na sexta-feira, dia 29 de abril, deve fazer o que eles sugerem: ajudar uma entidade beneficente em trabalhos sociais, com crianças, ou na conservação da vida selvagem, através de doações.
                          Príncipe William e Catherine Middleton selecionaram alguns programas, de atuação internacional, que constam do site oficial do casamento real. Lá estão, entre outros, o que se propõe ajudar crianças por meio da Arte e do Esporte, e o que protege animais ameaçados de extinção.
                          Em relação à vida selvagem, o projeto específico é o da organização "Conservação para as futuras gerações" (Conservation for future generations), que atua na preservação de animais na África e na Ásia e em projetos de educação. O programa protege tigres, rinocerontes (como o do cartaz) e elefantes. Muitos dos projetos são da Zoological Society of London. O site informa que todos os recursos doados aos noivos serão administrados pela Fundação Príncipe William e Príncipe Harry.


Para saber mais: http://www.officialroyalwedding2011.org/

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Rainha da Inglaterra e dos cães e gatos de rua

Equipe do Battersea Dogs & Cats Home, em Londres/Foto Divulgação


Rainha na inauguração
O casamento do príncipe William e Kate Middleton, na Abadia de Westminster no dia 29 de abril, em Londres, é rara oportunidade para conhecermos melhor a família real da Inglaterra. Saber que os cães e gatos sem-teto de Londres têm uma protetora especial, a Rainha Elizabeth II. Sua Majestade é patrona do Battersea Dogs & Cats Home, um abrigo para cães e gatos encontrados ao relento nas ruas ou abandonados em residências. 
O Battersea foi fundado em 1860 e a Rainha Elizabeth II tornou-se patrona da instituição uma década depois do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1956. Sua Majestade fez questão de inaugurar pessoalmente, em 1986, o complexo Bell Mead. Muitos vira-latas, cães de raça e bichanos desamparados devem ter estranhado a movimentação no local. Também em 1991 a Rainha inaugurou o canil Tealby. Naquele ano, o Battersea deu início à avaliação do comportamento dos animais no abrigo, algo inovador e fundamental para a adoção.  


Príncipe William e Kate Middleton/Divulgação

Fundado por Mary Tealby, o abrigo funciona no 4 Battersea Park Road, no sudoeste de Londres. Há uma equipe que sai às ruas para recolher animais ao relento, e que também é acionada quando os donos falecem e não há quem tenha disponibilidade para cuidar deles. Faz um trabalho avançado para os padrões do Brasil.

No abrigo, existem veterinários para cuidar dos animais e equipes para encontrar novas famílias para eles.  O Battersea Dogs & Cats Home é aberto ao público e, por isso, minha mulher Claudia, integrante da equipe de AnimaisOk, pode visitar as instalações e conversar com os responsáveis pelo projeto quando esteve em Londres. Ficou muito bem impressionada. “No Battersea, tudo é organizado e limpo. Chama a atenção o rigor com que a equipe faz a doação dos animais. Todos os interessados passam por um processo de seleção, em que são avaliados quesitos como estilo de vida, tipo de residência, disponibilidade de tempo, para que seja recomendado o animal que tem mais chances de se adaptar ao novo lar. Por exemplo, se uma família que mora em um apartamento pequeno quiser adotar um cão de temperamento agitado e com muita energia, será aconselhada a escolher um animal mais adequado. A adoção é feita mediante pagamento de uma taxa, e os adotantes devem assinar um termo de responsabilidade pelo bem-estar do animal. Em caso de denúncia por maus tratos, além de responder a processo, o proprietário fica sem seu pet, que é recolhido ao abrigo", disse Claudia. 
Ficamos felizes em saber que na terra de Charles Darwin, o pai da Zoologia e da Biologia modernas, os cães e os gatos são também súditos de Sua Majestade.


Para saber mais: http://www.battersea.org.uk/