domingo, 24 de abril de 2011

A mulher gato

A jornalista Neide Martingo: no universo dos gatos/Fotos Thiago Martingo
O universo dos gatos é ainda um campo cheio de mistérios. Poderemos amar e ser amados por estes felinos domesticados? A jornalista Neide Martingo, 44 anos, afirma que sim, sem dúvida. Ela tem um relacionamento especial com os gatos, consegue compreendê-los e ser compreendida por eles. A sua família, como ela conta, é formada pelos filhos Thiago, de 26 anos, e os gatinhos Nina, Miguel e Freddie. Os quatro são fontes de amor. Neide costuma dizer que quando chega em casa, depois de um dia de trabalho, encontra conforto e serenidade na energia felina. Ao contrário, portanto, do que afirmam alguns cientistas, de que os animais agem por instinto agradando o líder do grupo, temos aqui um depoimento sincero sobre o carinho e a afeição que unem homens e gatos desde o Egito antigo: 

AnimaisOk _ Quais sentimentos os gatos despertam em você?

Neide Martingo _ Os meus três gatinhos despertam amor em mim. Eles dão amor antes de receber, o tempo todo. Uma vez eu li, em algum lugar, que os animais sabem ensinar o ser humano a amar. E sabem mesmo.  Eu sempre adorei os animais, principalmente gatos e cachorros. Mas quando adotei a Nina, há pouco mais de três anos, fiquei muito surpresa. Ouço muitas críticas em relação aos gatos. Algumas pessoas dizem que eles são traiçoeiros e egoístas. Não são. Eles precisam ser conquistados. E são os melhores amigos e companheiros que alguém pode querer.
                                                                                                                                                                                     

Os gatos Freddie (à frente), Nina (ao fundo, deitada) e Miguel (à direita)
 AnimaisOk _ Quais as principais qualidades que você encontra nesses felinos?
Neide Martingo _ Não sei explicar a minha paixão pelos gatos. Há uma identificação muito grande entre mim e eles. A Nina, o Miguel e o Freddie sabem quando eu estou cansada, alegre, ou triste. O comportamento deles denuncia isso. Dependendo do meu estado de espírito, os três me tratam de um jeito. Incrível.

 
AnimaisOk_ O reencontro à noite, depois do seu trabalho, é revigorante. Por que?
Neide Martingo _ Às vezes, durante o dia, eu vejo as fotos dos três, de tanta saudade que sinto. Eu acredito que as pessoas que não gostam de gatos não os conhecem muito bem, só pode ser. Eu chego em casa e os três vêm correndo na minha direção. A Nina gosta de dar lambidinha no meu nariz, e esfrega o nariz dela no meu. O Miguel se esfrega nas minhas pernas e o Freddie quer colo, sempre. São três anjos que tenho.

AnimaisOK _ Você acredita que os animais têm vida espiritual?
Neide Martingo _ Sim. Gosto de pensar que um dia vou reencontrar meu Mingau, que já se foi.
    

O RESGATE DO GATO MINGAU
O gato Mingau (à frente) e Nina (ao fundo)
Em novembro de 2008, um gato que vivia com meninos e meninas de rua no Terminal Bandeira sobreviveu a um incêndio. Fiz uma reportagem na ocasião para o Diário do Comércio, jornal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em que contei a história dos jovens moradores de rua e do gato, Mingau. Esse era o nome do bichano. O menino que cuidava de Mingau, ambos sem-teto, deixou o gato com uma protetora na Praça Ramos, e essa senhora o levou a uma clínica veterinária para tratamento. A minha colega Neide Martingo deu continuidade à reportagem e localizou o gato. A conta do veterinário foi paga e Neide ficou responsável por Mingau. Acompanhamos também por duas semanas a trajetória daqueles meninos e meninas. O adolescente que cuidava do gato foi posteriormente retirado das ruas pela Vara da Infância e da Juventude, em trabalho conjunto com a Assistência Social da Prefeitura, e seguiu para um abrigo. Meses depois, foi adotado por uma família da zona norte da Capital. Foi um desfecho feliz. 
A seguir o depoimento de Neide sobre o inesquecível Mingau:

"Conheci o gato Mingau fazendo uma reportagem, num domingo. Ele “morava” com um grupo de crianças embaixo da passarela da Ponte das Bandeiras. O lugar pegou fogo, e o bichinho quase morreu. Lá ele comia ratos, à noite, para proteger as crianças. Elas foram para um abrigo. O Mingau, para minha casa. Meses depois, o Mingau teve câncer, e o levei num veterinário especializado em gatos. A pata traseira teve que ser retirada. Ficou tudo bem, aparentemente. Oito meses depois, descobrimos que o câncer tinha tomado conta de todos os órgãos. Não havia mais o que fazer. O Mingau estava sofrendo muito. E o deixei ir – não aguentava mais vê-lo sofrer. O que ficou foram as lembranças queridas de um gato que morou na rua e sofreu todo o tipo de violência. Mesmo com tantas dificuldades, ele era carinhoso, doce. Foi um grande amigo."


A reportagem sobre os meninos de rua e o gato Mingau na edição de 6 de novembro de 2008 do Diário do Comércio
Leia a reportagem do Diário do Comércio 


4 comentários:

  1. O mais bacana é que essa mulher gato não é uma vilã e ainda colaborou, com sua entrevista, para diminuir essa fama que os gatos possuem de serem vilões,o que, aliás, é algo absolutamente injusto.

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  2. Parabéns pela matéria!
    Os gatos são ótimos companheiros, assim como os cachorros. Também adoram carinhos, mimos e nos oferecem isso também. Não é verdade, de forma alguma que os gatos são traiçoeiros, só se apegar ao lugar e todo esse blá, blá, blá sem fundamento que dizem por aí.
    Graciela

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  3. Ai, que saudade do meu Mingau... Obrigada, Ricardo, você foi muito generoso. Um beijo.

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  4. nem mesmo os animais escapam de passar por momentos dificeis que sirva de lição a todos que mesmo na difuculdade e por tudo que passou o gato mingal teria tudo para ser arrediu, mas não até antes de falecer, ofereceu gratidão a sua dona e tenho certeza que ela tratou o mingal como um rei, parabens a voce que adotou o mingal são pessoa igual a voce e o Ricardo que fazem do mundo animal um lugar mais feliz. PARABENS A VOCEIS ANJOS.rogerio

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